O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB) foi vaiado na quinta-feira, 16, durante ato de apoio ao ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Natal.
Com O Globo
Em seu giro de três dias por três estados do Nordeste, o pré-candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, viu o seu vice, Geraldo Alckmin, ser vaiado pela primeira vez. O petista ainda aproveitou a viagem para sacramentar a aliança com um governador do MDB, Paulo Dantas , de Alagoas, que participou de um ato ao seu lado.
Desde que Alckmin foi escolhido vice na chapa havia o receio entre os petistas de que ele fosse vítimas de vaias por parte da militância, como era rotina em 2002 com o então vice de Lula, o empresário José Alencar. O ex-governador de São Paulo, porém, vinha conseguindo escapar de passar por esse constrangimento.
Em alguns eventos, Alckmin era chamado ao palco ou ao microfone junto com Lula, justamente para não ficar exposto às vaias. Mas na última quinta-feira, o nome do ex-tucano, que enfrentou o PT em duas eleições presidenciais (2006 e 2018), foi vaiado nas duas vezes em que foi anunciado no estádio das Dunas, em Natal, onde foi realizado um ato a favor da pré-candidatura de Lula.
Coube à presidente do PT, Gleisi Hoffmann, defender Alckmin ao afirmar que no palanque de Lula poderia ter "gente com quem a gente divergiu, mas que é a favor da democracia e contra Bolsonaro". O pré-candidato a vice não comentou as vaias.
Juntar divergentes
No dia seguinte, em evento em Maceió, Lula defendeu Alckmin ao dizer que é preciso "juntar os divergentes para vencer os antagônicos", uma frase que tem sido repetida pelo ex-presidente para justificar a aliança com o antigo adversário.
No mesmo evento, Lula viu o governador local elogiá-lo. Paulo Dantas afirmou que o petista foi "o maior presidente que o Brasil já teve". O MDB lançou a senadora Simone Tebet (MS) como pré-candidata do partido ao Palácio do Planalto. Mas Dantas, aliados do senador Renan Calheiros (AL), não deve se engajar na campanha da sua colega de legenda e, sim, na do petista.
Ainda em Maceió, Lula, ao falar de Renan, rememorou uma passagem que acabou servindo de munição para que bolsonaristas o atacassem nas redes sociais. O petista contou que em 1998 procurou o então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) para libertar os sequestradores do empresário Abílio Diniz da prisão. Diniz havia sido sequestrado em 1989. Os sequestradores estavam presos há dez anos e entraram em greve de fome. Renan era o ministro da Justiça de FHC.
— Esses jovens, que tinham argentinos, tinha gente da América Latina, ficaram presos 10 anos. Teve um momento que eu fui conversar com o Fernando Henrique Cardoso porque eles estavam em greve de fome e iam entrar em greve seca que é ficar sem comer e beber. A morte seria certa. Aí então eu fui procurar o ministro da Justiça chamado Renan Calheiros — disse.
Lula relatou então que o tucano teria respondido que libertaria os presos se ele os convencesse a acabar com a greve de fome, o que acabou acontecendo.
Bolsonaristas usaram o trecho da fala de Lula em Maceió para acusá-lo de defender criminosos. O deputado federal Eduardo Bolsonao (PL/SP) publicou no Twitter: “Se alguém sequestrar seu filho ou cometer outra barbaridade e quiser ficar livre, certamente Lula intercederá pela soltura deste criminoso”.
Neste sábado, último dia de seu giro pelo Nordeste, Lula atacou o presidente Jair Bolsonaro (PL).
— Eu fico triste quando vejo as Forças Armadas batendo continência para uma pessoa que foi expulsa do Exército por mau comportamento — atacou o petista, em Aracaju.
Enquanto completava a sua viagem pelo Nordeste, Lula recebeu uma boa notícia do Sul. O PDT, do presidenciável Ciro Gomes, anunciou apoio ao pré-candidato petista em Santa Catarina, Décio Lima. Mas asituação no estado ainda não está definida. O PSB quer lançar o senador Dário Berger como candidato ao governo. As direções nacionais de PT e PSB trabalham pela união entre Lima e Berger.