Aos onze dias do mês de janeiro de 2020
Por Edson Rodrigues
Nesta última quinta-feira, nove de janeiro, uma entrevista do prefeito de Araguaína, Ronaldo Dimas, publicada por um veículo de comunicação, provocou uma resposta imediata do governador Mauro Carlesse.
Fatos assim, provocação e reação, são corriqueiros na política. O problema é o nível que tanto Dimas quanto Carlesse impuseram ao “debate”, da forma mais rasa possível, com acusações e insinuações, ao invés de propostas e soluções dos problemas que ambos apontaram.
Enquanto Dimas insinuou que o governo do estado “está em sérias dificuldades em viabilizar recursos federais e pagar a folha do funcionalismo”, afirmando, ainda que “o governo de Carlesse não tem nem nível para ser classificado”, Carlesse foi direto ao ponto, desmentindo as dificuldades financeiras, afirmando que o governo está pagando em dia seus funcionários e terminou acusando Dimas de tomar para si obras realizadas pelo governo do Estado em Araguaína, inclusive um tal de “buracão”, no qual Dimas “cairia dentro, se o governo do Estado não tivesse consertado”.
O povo não gosta mais desse tipo de discussão, de acusações, de denuncismo e de troca de farpas. O povo quer ouvir propostas e planos de governo, soluções para suas demandas e afirmações de que o Estado e sua cidade vão rumar para o progresso. Uma discussão assim, não tem vencedores, apenas perdedores e, o pior, é que o povo e a cidade também entram no grupo dos perdedores.
MOMENTO DE TRÉGUA
Ao invés de ficarem se digladiando verbalmente, em um tom abaixo da crítica, o momento é de baixar as armas, afinal, ninguém sabe, ainda, como será a composição dos grupos políticos que disputarão as eleições de outubro deste ano, muito menos as de 2022.
Antecipar o embate, principalmente entre os dois maiores expoentes políticos do Executivo tocantinenses, é optar por virar vidraça para os adversários e armá-los com munições que antes eles não tinham.
Araguaína é o segundo maior colégio eleitoral do Tocantins, com grande influência nos resultados das eleições majoritárias, como as que vão acontecer em 2022. Tanto para Dimas quanto para Carlesse, não será um bom negócio ter suas imagens maculadas por um bate-boca desnecessário ante aos eleitores que já não estão muito satisfeitos com o modus operandi da política tocantinense.
O momento é de trégua, não de embate.
LIDERANÇAS
Tanto Ronaldo Dimas quanto Mauro Carlesse são lideranças expoentes na política tocantinense e estão, hoje, em lados opostos, obviamente, distanciados e com uma convivência apenas institucional.
Em situações como esta, nem Dimas deveria ter baixado o nível em sua entrevista muito menos Carlesse ter seguido o mesmo tom. Os dois ocupam cargos importantes e deveriam da o exemplo tanto para os demais políticos quanto para a população, de que o nível da prática política do Tocantins mudou para melhor. Dimas foi infeliz em suas colocações e Carlesse perdeu a oportunidade de se mostrar acima desse tipo de política, ignorar as provocações e mostrar tudo o que já fez por Araguaína e pelo Tocantins.
Quem mais perdeu com esse bate boca foi a população de Araguaína, que achava que tinha um bom prefeito, mas descobriu que apesar de bom, Ronaldo Dimas ainda prefere o jogo da velha política.
Esse estremecimento, essa troca de farpas entre o prefeito de Araguaína e o governador do Estado tem que ter um fim, antes que o povo de Araguaína comece a sofrer com esse “cabo de guerra”.
NOSSA OPINIÃO
Ser e fazer oposição a um governo é a parte mais saudável de qualquer democracia. O problema é que existem os momentos certos para colocar essa oposição em prática. A provocação de Dimas e a reação de Carlesse acabaram por antecipar o processo eleitoral municipal e, por conseqüência o processo eleitoral majoritário de 2022.
A hora que os dois escolheram para digladiar via imprensa é errada e ruim para os dois, a partir do momento em que há a probabilidade de um precisar do outro até 2022 e, sem uma convivência ao menos institucional entre Dimas e Carlesse, uma aproximação se torna impossível.
Conhecendo bem a política, sabemos que ela não é exata como a matemática e dois mais dois pode não ser quatro. Antecipar os processos sucessórios pode fragilizar a convivência meramente institucional entre Dimas e Carlesse, e como líderes que são, os dois devem, imediatamente, calçar as sandálias da humildade e buscar um mínimo de entendimento, como fazem os grandes líderes políticos.
MANDELA
Quem acompanha a história já viu vários exemplos de políticos e opositores venais se unirem por uma causa nobre. Hoje, a história de Nelson Mandela está fazendo sucesso na televisão brasileira em uma minissérie. Mandela ficou preso por 27 anos por ser opositor – e negro – ao regime sul africano. Quando foi solto, com a maioria da população do país formada por negros, candidatou-se à presidência e foi eleito por maioria esmagadora.
Ao invés de se vingar do tempo de cárcere e dos anos de discriminação do governo branco em relação á população negra, uniu o país, aproveitou o que cada lado – brancos e negros – tinha de melhor, e fez da África do Sul a maior potência econômica do continente africano e ficou por quase uma década no poder.
OUTROS EXEMPLOS
Mais perto do Tocantins, temos os exemplos de Ronaldo Caiado e de Iris Rezende. O primeiro oriundo da UDN e da Arena. O segundo um dos líderes do PMDB – hoje MDB.
Adversários históricos, Caiado, hoje, é governador de Goiás e Iris prefeito de Goiânia, mas colocaram seus posicionamentos políticos antagônicos de lado, e se uniram pelo bem da capital do Estado de Goiás, que é a mola propulsora de todo o estado goiano.
No Tocantins, tivemos o saudoso João Cruz, o João do Povo, modeba de carteirinha, que se uniu à José Wilson Siqueira Campos, que se uniram em uma chapa majoritária quando o Tocantins precisou que todos remassem para o mesmo lado, e se elegeram para impulsionar o progresso do nosso Estado.
Hoje, temos o senador Eduardo Gomes, eleito o mais bem votado do Estado pelo Solidariedade, mas que, após eleito, filiou-se ao MDB para ter mais poder de influência no Senado Nacional e, hoje, é o segundo secretário da Mesa Diretora da Casa de Leis, líder do governo do presidente Jair Bolsonaro e relator setorial do orçamento do ministério do Desenvolvimento Regional, e vem atuando em benefício do Estado do Tocantins, sem olhar a cor partidária dos prefeitos, carreando recursos para todos os municípios, preocupando-se apenas com o povo tocantinense.
Em conversa reservada com um aliado do governador Mauro Carlesse, nos foi confidenciado que ele já estaria farto de mentiras, ilações e insinuações maldosas sobre o seu governo e que nenhuma delas – como a de Ronaldo Dimas – ficaria sem resposta: “para cada tapa que levarmos, daremos dez”, afirmou.
Segundo esse aliado, mesmo organizando as finanças do Estado, pagando o funcionalismo em dia, recuperando as rodovias, investindo na Saúde e na Educação, o governo ainda é alvo de críticas: “não vamos mais apanhar calados. Já chega”
Tomara que os “dez tapas” sejam amostras das ações do governo e dos resultados alcançados.
Oremos!