É justo que a oposição procure meios de frear uma cobrança que considera abusiva e desnecessária, mas um membro da base de “apoio” contestar essa ação é, no mínimo, oportunista
Por Edson Rodrigues
O governo Marcelo Miranda passa por uma saia justa num dos piores momentos para que ela aconteça.
Em meio a vitórias, conquistas e ações que vêm resgatado sua credibilidade junto à opinião pública, uma série de ações da oposição, que vão desde projetos pedindo a revogação à abaixo assinados pedindo o fim da cobrança das novas taxas de inspeção veicular ambiental, um membro de sua “base aliada”, o deputado estadual Ricardo Aires, do PSB, entrou com um pedido de revogação da criação da taxa, alegando que o Estado tem outros meios para fazer o mesmo serviço.
O MÉRITO DA QUESTÃO
O deputado Eduardo Siqueira Campos ressaltou que já tramitava na Justiça uma ação que pede a anulação dessa cobrança, baseada no fato de o Tocantins ter uma frota considerada pequena e um número de habitantes que não justificaria tal cobrança, e que o ex-governado Siqueira Campos entendeu por bem não implantar a cobrança.
Outra alegação de Eduardo é a de que a empresa foi contratada por credenciamento e, não por licitação e que a idade da empresa não comprovaria experiência suficiente para a execução dos serviços a contento.
Até aí, tudo bem. É o papel da oposição.
FOGO AMIGO CONFUNDE E EXPLICA AO MESMO TEMPO
Mas o que mais surpreendeu em toda essa movimentação contra a cobrança foi a atuação oportunista e estranha do deputado estadual Ricardo Aires, do PSB.
Para início de conversa, Aires é vice-presidente do PSB, partido do prefeito de Palmas, Carlos Amastha, inimigo venal do governador Marcelo Miranda. O ponto mais grave é que Ricardo Aires foi voto decisivo pela rejeição de contas do governador Marcelo Miranda e de sua inelegibilidade por oito anos.
Tratar-se-ia de uma artilharia calculada mas sem poder de letalidade tão significativo, não fosse o prestígio de que goza Ricardo Aires na “base aliada” de Marcelo Miranda.
Simplesmente não faz sentido o governo aplicar uma lei e uma pessoa que se diz aliado a esse governo, na mesma semana, apresentar projeto contra essa lei.
Além de criar um clima se saia-justa dentro de um governo que o que menos precisa é de saias justas, ainda confunde a população sobre a credibilidade da equipe que comanda e apóia o Estado e coloca em xeque a capacidade do governador em manter sob controle a sua equipe.
Não entramos no mérito da real necessidade dessa taxa nem da lisura da empresa que – indiretamente – a aplica. Salientamos, apenas que uma ação do governo, por mais que seja herdade e precise ser colocada em prática, sofra sabotagens de que se diz membro da “base aliada” desse governo e ostente benefícios e indicações sem ser incomodado.
Afinal, que mistério é esse que envolve a relação entre Marcelo Miranda e Ricardo Aires? A população, o eleitorado, quer saber...