Em Goiás e São Paulo foram lançadas linhas de crédito para empresas afetadas por tarifas, enquanto diplomacia brasileira tenta reverter sanção dos EUA
Por Hariane Bittencourt
Durante encontro com empresários, o governador do Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), anunciou nesta terça-feira (22) a criação de três fundos estaduais para apoiar empresas goianas afetadas pelo tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos. Uma das principais medidas prevê a liberação de R$ 314 milhões em créditos de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).
“Vamos continuar buscando o diálogo. Não há motivo para nossos setores serem penalizados, sempre fomos parceiros do governo americano”, afirmou Caiado.
Em São Paulo, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) também anunciou uma linha de crédito de R$ 200 milhões para apoiar empreendedores impactados pelas novas tarifas americanas.
Enquanto os estados atuam no plano econômico, o governo federal mantém sua aposta na negociação diplomática. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, declarou nesta quarta-feira (23) que diplomatas brasileiros têm nove dias para reverter a tarifa de 50%, que entra em vigor no dia 1º de agosto.
“Estamos conversando com diversos setores do governo americano. A intenção é estreitar a relação e mitigar os danos econômicos”, afirmou o senador Nelsinho Trad, que preside a Comissão de Relações Exteriores do Senado.
O chanceler também se reuniu com os oito senadores que embarcam na próxima segunda-feira (29) para os EUA. A missão buscará interlocução direta com congressistas e empresários norte-americanos.
Setores em alerta
Nesta quarta-feira(23), o vice-presidente Geraldo Alckmin se reuniu com representantes do setor farmacêutico, que demonstraram preocupação com uma possível suspensão de direitos de propriedade intelectual, como as patentes.
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O agronegócio brasileiro também está em alerta. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) destacou que, em 2024, o Brasil exportou US$ 12 bilhões em produtos agropecuários para os EUA. Com as novas tarifas, os exportadores temem um aumento de até 50% no preço final dos produtos, o que poderia tirar a competitividade do país no mercado norte-americano.
O ex-presidente Michel Temer voltou a se manifestar sobre o tema, classificando a medida de Trump como “injustificáveis e inadmissíveis”. Ele também criticou a revogação dos vistos de ministros do STF por parte do governo americano e defendeu o diálogo diplomático como solução para a crise.