Quando José Wilson Siqueira Campos disse do alto da tribuna da Assembleia Constituinte, no dia 6 de outubro de 1987, um ano antes da criação do Estado do Tocantins, que estava ali com as retinas impregnadas e a alma enriquecida das imagens do universo físico e espiritual de sua gente, das terras, dos rios, das belas e incomparáveis paisagens, do Bico do Papagaio, que o abandono e as injustiças tornaram violento, ele registrava naquela oportunidade a secular história libertária do povo do antigo Norte Goiano, uma trajetória de lutas e conquistas que os irresponsáveis vereadores de Palmas enlamearam no último dia 30 de novembro.
Por Edivaldo Rodrigues e Edson Rodrigues
Com a iniciativa de homenagear Iris Rezende Machado,com o Titulo de Cidadão Palmense, sendo ele uma das figuras publicas brasileiras que mais prejudicaram o processo separatista dos nortenses, este grupo de legisladores maculou a verdade, pois no final da primeira metade da década de 1980, ele foi decisivo com asespúrias articulações que barraram o sonho secular de todos nós. Nas inúmeras vezes em que projetos que propunham o rompimento dos grilhões do atraso como Sul de Goiás, avançavam no Congresso Nacional, o então governador goiano se agigantava em conveniências inconfessáveis e, em Brasília, juntamente com José Sarney, o ocupante da vez do Palácio do Planalto, barravam a criação do Estado do Tocantins.
O autor desta equivocada proposta foi o vereador Diogo Fernandes Costa Valdevino, no exercício de sua primeira legislatura. Trata-se na verdade de um “extraterrestre” em solo tocantinense, pois é natural de Brasília, de onde carregou até aqui as feições, atos e ações de “menino mimado”, criado e moldado nas agitações cavernosas do Planalto Central, talvez alimentado com mamadeira até os 17 anos. É deste berço que nasceu seu irresponsável desconhecimento da histórica caminhada do povo nortense, superando todos os tipos de obstáculos, inclusive as espúrias e velhacas movimentações de Iris Rezende Machado contra o sonho secular da gente tocantinense.
Certamente o atual prefeito de Goiânia não reivindicou tal homenagem, sabedor que é do seu passado desabonador para com o povo do antigo Norte de Goiás, mas o vereador Diogo Fernandes queria os holofotes de uma mídia conivente e acovardada, e assim obrigou o chefe do executivo goianiense a passar, intimamente, por este agigantado constrangimento, principalmente por ser a propositura do edil em questão sustentada na justificativa mentirosa que destaca “os importantes e relevantes serviços prestados à população tocantinense por Iris Rezende Machado”. E tem mais: os demais vereadores de Palmas, com histórico de pífias atuações em favor da coletividade local, chancelaram a patifaria do “menino mimado” de Brasília, jogando na lama o instituto “Titulo de Cidadão”, além de macular ainda mais a imagem politica, social e cultural da já desmoralizada Câmara Municipal palmense.
É inadmissível que vereadores da capital tocantinense desconheçam que o sonho libertário do povo do então Norte Goiano foi adiado por várias oportunidades, tendo sempre o homenageado em questão “prestando seus relevantes serviços”, contra a criação do Tocantins. Após uma longa e difícil caminhada, a proposta que viabilizaria o novo Estado foi apresentada e aprovada no Congresso Nacional, por duas vezes. Por ser um obstáculo aos grandes interesses políticos e econômicos de líderes e empresas do Sul de Goiás, com interferência decisiva dele, o novo “Cidadão Palamense”,em ambas as oportunidades os projetos foram vetados pelo então presidente José Sarney, que em 3 de abril e, em 9 de dezembro de 1985, respectivamente, fez desmoronar as esperanças de todos aqueles que se dedicaram à secular causa separatista.
Então deputado federal Siqueira Campos defendendo a criação do Estado
Se estes legisladores municipais de Palmas, desacreditados por suas posturas moldadas por interesses e conveniências cabulosas e sinistras, conhecessem um pouco da caminhada obstaculosa enfrentada por essa gente aguerrida, que por mais de duzentos anos sonhou a liberdade como principio de vida, renderiam incontáveis tributos aos ex-governadores Ary Ribeiro Valadão, que no período ditatorial entendeu ser o povo do Norte Goiano merecedor de ações desenvolvimentistas e, Henrique Santillo, então mandatário de Goiás,após o restabelecimento da democracia. Este, ciente do seu papel de líder, se integrou às fileiras tocantínias, e ali empunhou a bandeira separatista. Certamente eles, para os vereadores de Palmas, não produziriam a visibilidade midiática calculada, e por isso, em nome da politicagem deslavada, tinha que ser o prefeito de Goiânia, independente do seu passado desabonador para com o povo tocantinense.
A luta separatista aqui retratada, que teve Iris Rezende Machado como um dos seus mais ferrenhos adversários, e que ironicamente e, por força das atuações inconsequentes e irresponsáveis de um grupo de vereadores, que o laureou “Cidadão Palmense”, pelos “relevantes serviços prestados do povo tocantinense”, é destaque nas páginas da história onde se registram os grandes feitos dos verdadeiros líderes e idealistas, como foram os integrantes da ATI – Associação Tocantinense de Imprensa, reconhecida nacionalmente como uma instituição sempre voltada para a defesa das liberdades, da cidadania e principalmente em defesa da verdade, palco de grandes debates naquele período, momento em que reunia as mais expressivas figuras púbicas do Norte Goiano, e que deveria servir de exemplo para importantes veículos de comunicação da capital, que se ajoelharam em atendimento aos interesses mentirosos como foi a iniciativa do vereador Diogo Fernandes, que teve sua velhaca propositura transformada em manchete em todas as plataformas de noticias daquela semana.
Nesta travessia na linha do tempo, destaca-se também na história tocantinense, desconhecida e desmerecida pelos vereadores de Palmas, o idealismo do Juiz de Direito Feliciano Machado Braga, da comarca portuense, que através de manifestos, documentos oficiais e processos específicos, apontava a necessidade de se criar o Estado do Tocantins. Naquela oportunidade se consolidou como uma das figuras públicas mais admiradas pelo povo do Norte de Goiás, momento em que assumiu uma postura vanguardista, liderando naquele instante a centenária campanha separatista. Foi deste conjunto de manifestações populares que nasceram, sob a coordenação do aguerrido magistrado portuense, a “Comissão de Estruturação Jurídica do Estado do Tocantins”, presidida por ele, além do “Manifesto Tocantinense”, e da histórica placa como os dizeres: “Viva o Estado do Tocantins”. Por ser tão veemente e determinado nas suas posições, liderando manifestações, organizando congressos temáticos e debatendo diuturnamente os ideais separatistas, ele fazia questão de assinar documentos oficias, enfatizando sempre sua sonhada localização geográfica, e assim ele grafava: “Porto Nacional, Estado do Tocantins”. Certamente Diogo Fernandes e seus pares não sabem disso e nem querem saber, pois não há, por parte deles, compromisso com a verdade e nem tão pouco com os reais interesses tocantinenses.
O “menino mimado” de Brasília e seus pares na insana caminhada em busca de desmoralizar o povo tocantinense, deveriam saber que o prestação de relevantes serviços em prol desta causa separatista, tem nome e sobrenome, e pode ser encontrado em instituições como a CONORTE – Comissão de Estudos dos Problemas do Norte Goiano, fundada em 31 de outubro de 1981, com objetivo de lutar pelos ideais libertários do povo do norte, municiando tecnicamente os principais líderes que encabeçavam o movimento, foi de expressiva importância.A entidade era composta por economistas, engenheiros, arquitetos, professores universitários, estudantes, intelectuais, religiosos, dentre outras figuras públicas e profissionais liberais altamente preparados, como é o caso de Jose Caros Leitão, que se postou diferentemente de íris Rezende Machado. Este, com o titulo de “tocantinense da gema”, lutou, luta e continuará a lutar por um Tocantins sem “extraterrestres”, sem aventureiros irresponsáveis e principalmente por fazer ecoar através de seus atos e ações: CoYvY Ore Retama – “Esta Terra é Nossa”.
Foi desta terra, de Siqueira Campos, Feliciano Machado, José Calos Leitão, e muitos outros, que naquele período os jovens tocantinenses,vitimados pelo atraso imposto pelo rico Sul ao pobre Norte de Goiás, saíram para o exilio, na sua grande maioria em Goiânia, buscando ali conhecimento nas importantes universidades da capital goiana. Armados de idealismo lutavam diuturnamente pela causa separatista através de movimentos e agrupados na AJUT - Associação da Juventude Tocantinense, presidida pelo jovem estudante de Engenharia Civil Otonel Andrade, que ciente dos vetos aos projetos que criava o Estado do Tocantins, comandou manifestação nas escadarias do Palácio das Esmeraldas, de onde se ouviram os berros do então governador Iris Resende Machado, que ordenava: “Prendam os baderneiros e restabeleçam a ordem no indivisível Estado de Goiás.” Que vergonha, Diogo Fernandes!!! Que irresponsabilidade, Câmara Municipal de Palmas!!! Com a palavra o excelentíssimo senhor eleitor.