KÁTIA ABREU, O TCU E SUAS VARIÁVEIS

Posted On Segunda, 13 Dezembro 2021 06:16
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O Observatório Político de O Paralelo 13 vem acompanhando as ações da senadora Kátia Abreu, em Brasília e no Tocantins, no embate pela vaga de ministra do Tribunal de Contas da União – TCU – que se abre com a indicação do ministro Raimundo Carreiro para a embaixada do Brasil em Lisboa.

 

Por Edson Rodrigues

 

Kátia tem ótimos relacionamentos e amizade com diversos membros dos Três Poderes, podendo ser citados os senadores Renan Calheiros e Ciro Nogueira (este último licenciado, exercendo o cargo de Ministro-chefe da Casa Civil do governo federal e presidente nacional do PP, partido que a senadora preside no Tocantins) e do ministro do STF, Gilmar Mendes.

 

Nos últimos três meses, a senadora tocantinense tem se dedicado às articulações para ser a indicada do Senado para a vaga no TCU, mas que, com três candidatos – Kátia, Antônio Anastasia e Fernando Bezerra – será decidida no voto, na próxima terça-feira, dia 14.

 

Irajá Abreu (a esquerda e Edson Tabocão (direita)

 

Como essa decisão fala alto em relação ao futuro político da senadora, Kátia vinha participando, sistemática e paralelamente, de reuniões na região do Bico do Papagaio, acompanhada do ex-prefeito de Araguaína, Ronaldo Dimas (considerado o melhor administrador da história do município e um dos melhores do Estado), do seu filho, o também senador, Irajá Abreu, e do empresário Edson Tabocão.

 

Esse “casamento” entra Kátia e Ronaldo Dimas acabou antes mesmo de chegar ao altar, com Kátia elegendo Irajá o seu candidato ao governo, com Tabocão como vice. Mas, com o afastamento relâmpago de Mauro Carlesse do governo do Estado, a mando do STJ e a posse do vice de Carlesse, Wanderlei Barbosa como governador, Kátia mudou novamente seus planos, se aproximando – junto com Irajá e Tabocão - do Palácio Araguaia e tornando-se aliada de “primeira hora” de Barbosa, que vem demonstrando ser um governador popular e hábil, conseguindo, inclusive, a indicação de membros do seu grupo político para cargos na nova equipe montada por Wanderlei Barbosa, como o Detran, por exemplo.

 

INDICAÇÃO DIFÍCIL

 

O Observatório Político de O Paralelo 13 foi um dos primeiros a noticiar o enfraquecimento da candidatura de Kátia à vaga no TCU.  Se antes ela era a preferida de Jair Bolsonaro para a vaga (muito por conta da presença de Ciro Nogueira na casa Civil, diga-se de passagem), tendo até se encontrado com o presidente no Palácio do Planalto para tratar do assunto, Kátia passou a ser preterida, em detrimento do líder do governo no Senado, o pernambucano Fernando Bezerra, que entrou na disputa que já contava com o senador mineiro, Atonio Anastasia.

 

Se antes era a favorita, o Observatório político de O Paralelo 13, em Brasília, já detectou que os articuladores do Palácio do Planalto somaram, hoje, apenas 18 votos em favor da senadora tocantinense, fazendo dela a menos cotada para vencer a votação no Senado.

 

Senado Fernando Bezerra e o presidente Jair Bolsonaro

 

Nos bastidores, corre à boca pequena que caso sinta-se fora do páreo, a senadora tocantinense pode desistir de concorrer à vaga e apoiar a candidatura de Antonio Anastasia, restando saber se ele conseguirá transferir seus votos e o apoio do senador Renan Calheiros, inimigo número um do Palácio do Planalto.  Ventila-se, também que, ao apoiar um candidato que não tem a preferência de Bolsonaro, Kátia possa perder, também, a presidência do seu partido no Estado, risco que, ironicamente, também corre se ganhar a vaga no TCU, pois Bolsonaro exigiria de seu chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, a devolução do “favor”, na forma do comando do PP no Tocantins.

 

Por ser uma mulher e uma política de personalidade forte e bastante destemida, a senadora Kátia Abreu, porém, não vai deixar pedra sobre pedra em seu discurso no Senado, caso se confirmem as articulações contra sua candidatura.  Certamente será um discurso fortíssimo, com potencial de produzir efeitos colaterais no Palácio do Planalto, com indiretas pontuais que terão como alvo não só Jair Bolsonaro como seus aliados.

 

Pelo menos, é isso que se espera da combatente e combativa Kátia Abreu.

 

Isso faz dos próximos três dias, um período de muita tensão, expectativa e reflexão, por parte da senadora Kátia Abreu.

 

IRAJÁ GOVERNADOR E EDSON TABOCÃO VICE

Terciliano Gomes, Ronaldo Dimas, Edson Tabocão e Irajá Abreu [da dir. para esq.] em reunião em Araguaína (Foto: Reprodução/Facebook/Irajá Abreu)

A possibilidade de Kátia Abreu não ficar com a vaga no TCU abre, também, caminho para que seu filho, Irajá Abreu seja candidato ao governo do Estado pelo PSD, tendo como vice o empresário Edson Tabocão, numa manobra para não deixar órfãos os candidatos a deputado federal ou estadual do seu grupo político.

 

De qualquer forma, o tabuleiro sucessório tocantinense para 2022 poderá ter novas peças após a votação da próxima terça-feira no Senado Federal.

 

Caso Kátia Abreu consiga a indicação para o TCU e caso não consiga, o certo é que Kátia pode sair vitoriosa, mesmo que a situação a deixe sem o direito de escolher o presidente da Comissão Provisória do PP.

 

Por outro lado, em um caso de derrota avassaladora, a senadora pode deixar muitos dos seus companheiros à deriva, vetada de subir em alguns palanques, participar de reuniões políticas, gravar entrevistas em favor de qualquer candidato e sem condições de ajudar, politicamente, o governador em exercício Wanderlei Barbosa em sua campanha pela reeleição, retornando ao Tocantins menor do que saiu.

 

Senadora Kátia Abreu e o governador Wanderlei Barbosa

 

Já o PDT, do seu aliado e secretário de governo, Jair Mariano, deve se juntar ao PT, do ex-presidente Lula, líder nas pesquisas de intenção de voto para a presidência da República em 2022.  O PDT deu um prazo até março do ano que vem para que Ciro Gomes, também candidato à presidência, chegue a, pelo menos, 19% nas pesquisas.  Caso contrário, o PDT caminhará com Lula.

 

Lembrando que, caso Kátia consiga a vaga no TCU, assume o seu suplente, Donizete Nogueira, petista e fiel escudeiro de Lula.  Com isso, os 80 funcionários do gabinete de Kátia Abreu serão substituídos e Donizete lançará sua candidatura à reeleição para o Senado, buscando, ao mesmo tempo, prestigiar seus companheiros de PT.

 

WANDERLEI BARBOSA

 

Enquanto isso, quem observa toda essa turbulência política de pertinho – e com muita atenção – é o governador em Exercício Wanderlei Barbosa, que ainda não deu uma palavra sequer a respeito de por qual partido será candidato à reeleição – ele tem prazo até março de 2022 para fazê-lo –, sobre coligações, sobre sua chapa ou sobre qualquer assunto que se refira à sucessão estadual.

 

Em São Bento, o governador em exercício, Wanderlei Barbosa ap çadp de deputados assina ordem de serviço autorizando Ageto a firmar termos de compromisso para realizar serviços de recuperação e revitalização das ruas e avenidas do município

 

Wanderlei está focado em administrar o Tocantins, destravando a máquina estatal, priorizando ações de impacto permanente para o povo tocantinense. Em janeiro do ano que vem deve anunciar as ações prioritárias para o restante do ano, em que terá como aliados os principais membros da Assembleia Legislativa que já deram todos os sinais de que caminharão juntos, em um mesmo palanque, na sucessão estadual.

 

Wanderlei também não se manifesta sobre o processo de impeachment aberto na Assembleia Legislativa contra Mauro Carlesse, alegando que isso é assunto para o Legislativo decidir.

 

Por hoje, é só...