O ex-presidente Lula (PT) voltou nesta terça-feira (3) a atacar o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL)
POR VICTORIA AZEVEDO
"Se a gente ganhar as eleições e o atual presidente da Câmara continuar com o poder imperial, ele já está querendo criar o semipresidencialismo. Ele já quer tirar o poder do presidente para que o poder fique na Câmara dos Deputados e ele aja como se fosse o imperador do Japão", afirmou Lula, ao discursar sobre a importância das eleições ao Congresso Nacional.
"Ele acha que pode mandar, inclusive administrando o Orçamento, que tem que ser administrado pelo governo, que é pra isso que o governo é eleito. E é o governo que decide cumprir orçamento aprovado pela Câmara em função da realidade financeira do país", continuou o petista.
O Japão é uma monarquia constitucional parlamentar, com chefe de governo (primeiro-ministro) e de Estado ocupado pelo imperador Naruhito, que assumiu em maio de 2019 e possui função cerimonial.
Lula participou de ato da executiva nacional do Solidariedade em apoio à pré-candidatura de Lula à Presidência nesta terça-feira (3), em São Paulo.
A aliança foi fechada após turbulência no mês passado, quando o presidente do Solidariedade, Paulinho da Força, foi vaiado em evento com Lula e sindicalistas.
Isso deu origem a um debate sobre possível saída do Solidariedade do bloco pró-petista, o que depois acabou sendo resolvido em reunião dele com a presidente do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR).
O petista estava acompanhado do ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), que irá compor a chapa presidencial como vice-presidente, e de Gleisi.
Presidente nacional do Solidariedade, Paulinho da Força alertou que a eleição não está ganha, que a aliança em torno de Lula pode ser "muito maior" e disse que a pré-campanha está "perdendo tempo" com algumas coisas, entre elas a "revogação da reforma trabalhista".
"Uma vaia aqui, uma internacional ali, a revogação da reforma trabalhista. Isso só joga água contra no nosso moinho. Ganhando a eleição, em dois meses a gente resolve a questão dos trabalhadores dentro do Congresso", disse.
Gleisi exaltou a aliança com o Solidariedade e afirmou que ainda há tempo para atrair outros partidos para a aliança em torno do nome de Lula.
"Agora, vamos juntos buscar apoio de outros partidos, de outros setores. Queremos fazer um grande movimento pela democracia, pelo Brasil. Para resgatar os direitos do povo e tirar o país dessa encrenca que está metido, nessa crise", disse.
A parlamentar também defendeu o nome de Alckmin como vice-presidente na chapa e afirmou que ele terá papel importante tanto nas discussões de proposta de governo quanto nas agendas, principalmente estabelecendo diálogo com setores como o agronegócio e o empresariado.
"Mostrando que não temos uma candidatura do radicalismo e do extremo. Aqui estão os democratas que estiveram sempre na luta pela democracia do Brasil. Que tiveram divergências ao longo da história, mas sempre essas divergências foram tratadas no âmbito da política, da disputa, dentro dos marcos da democracia."