Uma página em branco, um novo capítulo e porque não outro livro? Bem, ao que tudo indica, o governador Mauro Carlesse (PHS) tem trabalhado para iniciar a sua gestão em 2019 sem nenhuma amarra administrativa imposta pelo governo suplementar
A primeira ação, há pouco mais de 30 dias de um novo mandato é enquadrar as contas do Executivo na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), e não há outro caminho a não ser o corte de gastos que envolve a extinção de cargos comissionados.
Pouco dos contratos temporários tem sido renovados, a fusão de secretarias, e tantas outras medidas anunciadas gradualmente pelo Palácio parece buscar a solução para este que tornou-se um problema para todo o Tocantins, hoje o gasto é alto, e o investimento tem ficado em segundo plano.
É importante, que a equipe gestora analise minuciosamente cada fim de contrato e função, pois apesar da necessidade da redução de custos, as decisões não podem prejudicar o bom andamento do Estado em setores prioritários.
O governo decretou também o de Recolhimento da Frota de Veículos, análise sobre as locações de prédios e levantamento sobre os servidores que estão cedidos para outras instituições.
A última cartada
Sem direito à reeleição, Mauro Carlesse tem pela frente muitos desafios e, seu bom relacionamento com o Poder Legislativo Estadual não pode torná-lo refém dos interesses da Assembleia. Carlesse precisará de foco para diferir o relacionamento político, administrativo e pessoal.
Apoio
O atual governador poderá contará com o apoio dos deputados no Congresso Nacional. De Brasília pode vir a oxigenação financeira por meio de convênios, emendas parlamentares, e liberação de recursos juntos as instituições de crédito nacional e internacional.
No senado, contará com o apoio de Eduardo Gomes (SD), que conhece e tem uma proximidade com o Presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), e alguns dos futuros ministros. A proximidade de Eduardo Gomes com o presidente eleito veio de quando assumiu a função Primeiro Secretário Da Mesa Da Câmara, na época, Bolsonaro era deputado pelo Rio de Janeiro.
Eduardo Gomes (foto) tem demonstrado um bom trânsito na cúpula de vários partidos como PSDB, PTB e DEM. O vice-presidente nacional do Solidariedade, se reuniu em Brasília com membros da futura gestão do País, do Congresso Nacional, com políticos já conhecidos e também alguns eleitos para o próximo mandato. As articulações de Gomes poderão abrir portas para o Tocantins junto aos Ministérios.
Baseado nestas perspectivas, Mauro Carlesse terá que definir uma nova equipe de governo, com novas ideias e forças que o ajudarão a governar o novo, uma nova gestão que traga resultados eficientes. Estas ações devem iniciar pela Assembleia Legislativa e a eleição da mesa diretora. Carlesse pode não tomar do veneno que fez o Governador Marcelo Miranda ingerir goela abaixo, fato que o deixou subalterno ao Legislativo e inviabilizou o governo de decolar.
Esbarros
Nos últimos dias, temos acompanhado o desgaste que o governo passa diante da população tocantinense. O “Escândalo do Lixo”, ou a “Operação Expurgo” realizada pela Polícia Civil foi mais uma das ações negativas para o Executivo.
O suposto envolvimento de familiares do deputado Olyntho Neto, até então líder do Governo na Assembleia, a exoneração do delegado que conduzia as investigações, a entrega da liderança, e agora em sua 2ª fase as investigações levaram a polícia a uma fazenda, onde foi encontrado lixo dos hospitais enterrado. O caso pode ser destaque no Fantástico deste domingo.
A harmonia dos três poderes, independentes e harmônicos entre si, o Executivo, o Judiciário e o Legislativo...
A exoneração de membros do primeiro e segundo escalão, também é um fato acompanhado. De acordo com conversas de bastidores as dispensas se deram em função de ceder as vagas aos aliados na Assembleia e no Congresso.
As não renovações de milhares de contratos temporários e cargos em comissões também reduz a avaliação positiva do governador, no entanto, saberíamos que aconteceria diante do cenário econômico.
Um fato que surpreendeu, no entanto, foi o não repasse do duodécimo ao Tribunal de Justiça. A Corte ingressou uma ação liminar no STF para que obrigue o governo a repassar o dinheiro. O montante ultrapassa os 119 milhões de reais.
Inevitável
As medidas adotadas pelo governador Mauro Carlesse para reduzir os custos são realmente corretas, mas paralelamente ficam sem efeitos quando aumenta a contaminação do caso do lixo hospitalar, em que as investigações a cada dia aprofundam os crimes cometidos por parte da empresa de propriedade da família do seu ex-líder na Bancada, em que o ex-juiz eleitoral, João Olinto Garcia tem prisão decretada.
Amigos da Corte
Os líderes partidários, membros do Legislativo Estadual, do Congresso, prefeitos e todos aqueles que fazem parte da base e apoiaram a eleição de Carlesse seguem em silêncio. Mas aguardam, urgentemente, por parte do Palácio uma atitude política e administrativa para um lava mãos, se isentando da máxima culpa, caso não o faça, isso pode correr o risco de ficar com a podridão na sala de visitas do Palácio.
Mesmo que a sua assessoria coloque panos quentes com coletivas, inaugurações, e eventos positivos do governo, este caso contaminará a eleição da Assembleia, e um afastamento automático de membros do congresso nacional, além das sequelas no Palácio Araguaia.
Neste momento seria leviano avaliar e julgar as ações do governador, pois o real cenário da gestão Mauro Carlesse se definirá após as eleições na Assembleia.
Até lá, muita ventania, trovoadas e raios. Recomendamos evitar sair de casa enquanto o temporal não passar.