Como maus assessores podem comprometer e desgastar um governo que luta para manter seus compromissos em dia
Por Edson Rodrigues
Após a decretação da greve pelo Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do estado do Tocantins, uma reunião emergencial na tarde desta segunda-feira (7), entre o governador em exercício, Osires Damaso, o presidente do Sintras, Manoel Pereira Miranda e o secretário estadual da Administração, Gefereson Oliveira Barros, fez acontecer uma das mágicas mais incríveis dos últimos tempos em terras tocantinenses.
Após afirmações de que não haveria recursos, os secretários da Administração e da Fazenda, Paulo Afonso Teixeira, esperaram a situação chegar ao seu ponto mais negativo para, enfim, pagar a segunda parcela do adicional noturno dos profissionais da Saúde tocantinenses.
As perguntas que ficam são as seguintes: se não tinha dinheiro, de onde apareceram os um milhão e trezentos mil reais? E se tinha o dinheiro, por qual motivo esperar que a situação de degradasse tanto, desgastasse tanto um governo que já passa por tantas dificuldades, a ponto de se deflagrada uma nova greve, para, simplesmente, fazer o trabalho deles e cumprir um acordo firmado pelo próprio governador Marcelo Miranda?
NOSSO PONTO DE VISTA
Nós, de O Paralelo 13, que acompanhamos a história política desse estado desde antes mesmo da sua criação, há 28 anos, já acompanhamos situações difíceis para todos os governos que passaram pelo Palácio Araguaia e sabemos que a atual é, de longe a pior delas.
O governador Marcelo Miranda tem feito de tudo para manter a máquina estatal funcionando. Aos trancos e barrancos vem costurando acordos, cumprindo outros feitos por governos passados e tentando harmonizar a situação para que a economia não pare de vez.
Se o próprio governador assinou o acordo com o Sintras, por que seus auxiliares deixaram de cumpri-lo, suscitando uma greve que prejudica a todos, sobretudo à população do Tocantins?
Podemos dar dois nomes para essa “desatitude”, para essa omissão: traição e incompetência.
Traição porque o descumprimento do acordo por parte dos secretários ocorreu quando o governador não estava em terras tocantinenses. Ele está na França fazendo o que os seus secretários deveriam estar fazendo em Brasília: buscando recursos para aplacar as mazelas do nosso povo e tentar driblar a situação periclitante pela qual nosso país passa.
Incompetência porque simplesmente não cumpriram seus papéis, não fizeram o que são pagos pra fazer, que é cumprir aquilo que seu chefe determina.
O resultado dessa inépcia, dessa apatia, é um desgaste que vem se somar a um momento de fragilidade geral, um momento em que os chefes dos Executivos estaduais lutam para manter pagamentos dos servidores, as contas em dia e, principalmente, livrar o povo das consequências do momento econômico ruim que afeta todo o Brasil.
DAMASO MOSTRA SABEDORIA
E não pensem, caros leitores, que a liberação do pagamento aconteceu apenas por causa da decretação da greve. O governador em exercício, Osíres Damaso teve papel decisivo no desentrave da situação, lembrando aos secretários que o pagamento foi acordado com o Sintras sob a palavra do governador Marcelo Miranda e que, portanto, deveria ser cumprido.
Damaso mostrou não só sapiência, como lealdade e maturidade política ao perceber que o ônus dessa greve cairia apenas sobre o colo de Marcelo Miranda e que os secretários omissos posariam de “joõezinhos sem braço”, aos olhos do povo.
A atitude de Damaso pôs fim a um desgaste desnecessário, evitável, e dá uma resposta ás vozes que vêm das ruas, aos gritos que saem dos hospitais públicos e corrobora com a opinião da maioria esmagadora dos analistas políticos de que o mal do atual governo são alguns péssimos tecnocratas que ocupam cargos chave na atual gestão.
O secretário da Administração, Gefereson Oliveira Barros, se mostrou moroso e inseguro. Já o secretário da Fazenda, Paulo Afonso Teixeira, esse mostrou ser mesmo inapto para o cargo e não deve durar muito no primeiro escalão do governo estadual.
RAPIDEZ E SABEDORIA
Rapidez e sabedoria. É isso que o povo tocantinense espera do governador Marcelo Miranda neste fim de ano. Esse é o presente que o Tocantins inteiro aguarda.
Rapidez na reforma do seu secretariado, na retirada dos secretários incompetentes, como os citados neste artigo, na troca deles por técnicos competentes e proativos.
E sabedoria para saber driblar a situação caótica da economia nacional, quando especialistas, empresários e industriais projetam uma inflação de mais de 14%, 55 milhões de brasileiros estão inadimplentes e montadoras de veículos e outras indústrias enfrentam retrações e cortes de funcionários.
Isso tudo enquanto a área política vê seus representantes entre os menos confiáveis para a população brasileira, a presidente enfrente a abertura de um processo de impeachment e o comandante desse processo tem seu mandato em risco por acusações de corrupção.
O cenário que se apresenta é terrível, mas 2016 pode ser melhor, pelo menos para o Tocantins.
Um estado com poucas indústrias, mas com muito para crescer. Um estado de gente boa e trabalhadora, com um governador humano e humilde, bem intencionado e que precisa se cercar de assessores mais parecidos com ele. Que tenham atitude, que se interessem pelo povo mais que pelos assuntos pessoais e que, finalmente, não comprometam a imagem de um governo que vem se desdobrando para resolver problemas e trazer melhorias. Secretários que saibam que acordos são feitos para serem cumpridos e que não se brinca com a palavra honrada, principalmente quando essa palavra não é a deles.
Quem viver verá!