A antecipação da corrida sucessória presidencial escancarou a desunião da oposição, com a falta de um nome de consenso para agregar o centrão. Essa situação acaba gerando ações desarticuladas, que acabam descontextualizadas e soando a oportunismo político, como é o caso da ameaça de impeachment de Jair Bolsonaro, totalmente sem fundamentos e o desenrolar da CPI da Covid-19, que se tornou um palanque político, com a única intenção de desestabilizar o governo federal
Por Edson Rodrigues
Enquanto busca um nome, uma bandeira e um discurso em comum que possa ser posto à mesa e participar de forma competitiva da sucessão presidencial, que já nasceu polarizada entre Bolsonaro e Lula, o centrão permanece em direção indefinida, se apoia ou não o governo.
Apesar da instabilidade política, a Democracia continua plena e consolidada, assim como as instituições que abriga em suas diretrizes, apesar de alguns ainda tentaram mostrar uma força política que, definitivamente, não têm.
METAMORFOSE POLÍTICA EM ERUPÇÃO
A instabilidade política fica mais clara à proporção em que o andamento do processo se transforma em uma metamorfose em plena erupção, passando pela mudança repentina de caráter de alguns “pecadores” que insistem em se travestir de “salvadores da pátria” que, ao mesmo tempo em que criticam o governo, estão instalados em pleno Palácio do Planalto, nos ministérios, na Justiça, no Legislativo, nas cúpulas partidárias, mantendo-se perto do poder para continuar com sustentação política e sugando as benesses que aumentam seus patrimônios pessoais e políticos.
Afinal, o que são essas pessoas, senão “lobos em pele de cordeiro”, que só conseguem se manter por conta dessa proximidade com o governo, com medo de perder as “tetas” a que estão agarrados.
OS “BENEFÍCIOS” DA PANDEMIA
O governo federal enviou bilhões e bilhões para estados e municípios para socorrer as finanças e fazer frente aos gastos e reflexos da pandemia. O problema é que a maior parte desses recursos foi desviada para outros fins, como quitar folhas de pagamento dos servidores estaduais e municipais, deixando a população à mercê da Covid-19.
Esses gestores subestimaram os efeitos devastadores da pandemia, capazes de destruir não só vidas, mas a economia e os empregos. Por isso o país bateu a marca dos mais de 480 mil mortos, deixando um rastro de famílias órfãs, milhões de desempregados, milhões de micro e pequenas empresas com as portas fechadas e milhões de CPFs negativados junto ao SPC.
Apesar dos recursos de socorro, o governo federal também tem a sua parcela de culpa, situada na demora de reação contra a Covid-19, assim como a própria sociedade, principalmente os mais jovens, que participam de festas clandestinas e aglomerações, multiplicando a transmissão do vírus e colocando em risco todos os esforços da Saúde Pública.
CPI DA COVID-19
Presidente e Relator da CPI no senado
A CPI da Covid-1, até agora, só fez incomodar e provocar o governo, esquecendo da sua essência, que é apurar e investigar.
Formada em sua maioria por “pecadores”, com dezenas de processos na Justiça por atos não republicanos e que estão há anos correndo nas Cortes da Justiça, a CPI é, em si mesma, um monumento à impunidade, principalmente na figura do seu relator, senador Renan Calheiros, com mais manchetes nos noticiários policiais que políticos.
É Calheiros quem conduz os trabalhos de modo a centrar a responsabilidade pelo caos ao governo federal, mirando apenas no presidente da República, Jair Bolsonaro de uma forma tão gritante que deixa passar a oportunidade de investigar as irregularidades já encontradas, supostamente cometidas por prefeitos e governadores, até mesmo o hipotético “gabinete paralelo da Saúde”.
A CPI deixa transparecer que prefere os holofotes da mídia voltado para seus próprios membros, como forma de publicidade gratuita e espontânea em ano pré-eleitoral junto aos seus redutos políticos, em busca de uma redenção pelos seus pecadilhos do passado. Tanto que a tendência é que os “trabalhos” da CPI se estendam até meados de 2022, bem próximo da eleição, para que seus caciques permaneçam posando de bons moços e solidifiquem essa imagem na mente dos eleitores pela repetição noticiosa.
TIRO PODE SAIR PELA CULATRA
A CPI anda tão cega e obsessiva em sua intenção de minar o governo, que esquece do poder de articulação da sua “vítima”, o presidente Jair Bolsonaro, que corre o risco de se transformar não em um tiro no pé, mas no seu próprio lado esquerdo do peito.
Quanto mais a CPI durar, melhor para Bolsonaro, que já prepara vários pacotes de benefícios pós-pandemia, a serem postos em prática já no segundo semestre deste ano, com a abertura de linhas de crédito para micro e pequenas empresas e profissionais liberais e indústrias, coom carência a longo prazo e juros subsidiados, além de obras de Estado como casas populares, pontes e rodovias, com o objetivo de reaquecer a economia, turbinada pelo avanço do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, que cresceu 1,2% no 1º trimestre de 2021, na comparação com os três meses imediatamente anteriores, segundo divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em valores correntes, o PIB totalizou R$ 2,048 trilhões.
Se tudo continuar como está, entre março e maio de 2022 Bolsonaro deve figurar no topo das pesquisas de intenção de voto, lembrando que, até lá, o auxílio emergencial continuará contando como ponto positivo para o presidente, da mesma maneira que a “caneta” e o Diário Oficial da União.
Subestimar a coragem e a determinação de Jair Messias Bolsonaro nunca foi um bom negócio e, neste momento político, pode significar o suicídio de carreiras públicas, principalmente dos “caciques pecadores” da oposição, que tentam manipular a CPI da Covid-19.
BOLSONARO É SEU MAIOR INIMIGO
O governo de Jair Bolsonaro, por meio dos seus ministros e do agronegócio, numa espécie de compensação divina, está superando todos os obstáculos impostos pelos efeitos da pandemia, que já ceifou quase 500 mil vidas.
Infelizmente, o presidente, a cada vez que dá declarações à imprensa, é capaz de provocar crises contra si próprio, sejam elas políticas, institucionais, conflitos com os outros Poderes, tornando Brasília um foco de disseminação da discórdia, que acaba envolvendo o povo e a imprensa.
Bolsonaro precisa entender que, agindo dessa forma, acaba sendo o maior inimigo de si mesmo, e que o País não está preparado para sangrar nova e publicamente com um impeachment de seu presidente, assim como aconteceu com Collor e com Dilma.
Mesmo com sua popularidade em baixa, Bolsonaro consegue movimentar milhões de brasileiros e, no caso da instalação de um processo de impeachment, o Brasil corre o risco de presenciar verdadeiras batalhas campais, entre os apoiadores do presidente e a oposição.
O Congresso Nacional foi omisso por muito tempo por causa dos interesses pessoais de políticos que queriam se perpetuar no comando da Câmara e do Senado, o que contaminou toda a classe política.
Com a vitória dos governistas para o comando das duas Casas, a oposição resolveu antecipar a corrida sucessória e instalou uma CPI quase que totalmente formada por oposicionistas, descaracterizando sua função de investigar a aplicação dos recursos destinados ao combate à pandemia para promover um verdadeiro “circo dos horrores” mirando apenas no presidente da República, de forma oportunista e proposital.
O que vemos, a partir daí, é um acirramento perigoso de ânimos, que pode jogar o Brasil em um de seus piores momentos político e institucional da sua história.
O tempo dirá!