Tão combatentes na hora de decretar greves por atraso no pagamento, entidades não se manifestam sobre perda milionária
Por Edson Rodrigues
O juiz em exercício na 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, Paulo Assed Estefan, decretou a falência da empresa Porcão Licenciamentos e Participações e da sua incorporadora Brasil Foodservice Manager. De acordo com o magistrado, na decisão, a dívida é de R$ 4,8 milhões. A decisão é de terça-feira (7).
A ação foi proposta pela empresa Hard Rock Café, que cobra do Porcão o pagamento da dívida de R$ 682 mil. O valor foi repactuado entre as duas empresas a partir de uma dívida de R$ 4,8 milhões. A Hard Rock Café informou no processo que o Porcão não quitou a dívida que possuía com a empresa.
O que essa notícia tem a ver com o Tocantins? Simples, o Instituto de Gestão Previdenciária do Tocantins (Igeprev) tem R$ 303 milhões investidos na churrascaria Porcão, cuja falência foi decretada.
Como foi dito acima, a decretação da falência é do dia sete deste mês e lá se vão oito dias e nenhum dos combativos sindicatos dos servidores públicos do Tocantins ou entidades afins teve a iniciativa de se manifestar por meio de qualquer tipo de mídia, eletrônica ou tradicional.
Perguntamos a esses “líderes sindicais” o porquê desse silêncio em meio a mais uma comprovação de que os sindicatos estavam “cegos, surdos e mudos” entre 2011 e 2013, quando o dinheiro dos servidores que “representam” estava sendo aplicado em fundos mais que podres? Será que greves e pedidos de impeachment, arrogância e valentia, são mais importantes que lutar pelos servidores aposentados?
O ESQUEMA
De acordo com a investigação, o Igeprev fez investimentos de alto risco ilegalmente. O dinheiro que poderia ter sido investido em fundos com retorno certo foi desperdiçado em aplicações que não renderam e que ainda fizeram com que o próprio dinheiro colocado lá não pudesse ser recuperado. As aplicações investigadas aconteceram entre 2011 e 2013.
A PF afirma que o esquema era uma forma de desviar dinheiro público, comprando os papeis por valores acima do mercado e dividindo os lucros entre políticos e gestores.
O prejuízo confirmado aos cofres públicos é de R$ 263.648.310,47, conforme o inquérito. Segundo a PF, também foram constatadas aplicações no montante de R$ 1.176.842.671,64 em 27 fundos sem liquidez e com possíveis prejuízos.
DESCASO
Enquanto tudo isso ocorria com o dinheiro das aposentadorias dos servidores do Estado, os sindicatos de diversas categorias, liderados pelo SISEPE, e outras entidades representativas preocupavam-se em atazanar a vida dos tocantinenses com greves e mais greves por causa de salários, progressões e promoções, que não estavam sendo cumpridas por causa da crise econômica que se abateu sobre todo o País.
Ou seja, enquanto a economia fraquejava, os sindicatos incitavam greves que pioravam a circulação de dinheiro e a geração de impostos, transformando a situação em um verdadeiro caos.
Mas, caos, de verdade, vai ficar a vida dos servidores aposentados se o Igeprev não conseguir arcar com suas aposentadorias.
Os processos que correm na Justiça contra os gestores que permitiram as aplicações em fundos podres ainda não apontaram culpabilidade ou inocência dos envolvidos. Nem assim os “líderes” sindicais se dignam a cobrar celeridade e transparência nos processos. Talvez as informações até estejam lá, à disposição, mas os sindicatos devem estar fazendo uma “greve de responsabilidade” e se furtam do seu papel e da sua representatividade.
Enquanto isso, tal qual avestruzes, os sindicatos enfiam as cabeças nos buracos, e fingem que não é com eles...
Quem te viu, quem te vê!!!