Saiba qual é o tema em que o presidente ficou falando e nem seu eleitor acreditou
Por Matheus Leitão / VEJA
O Brasil chegou a 100 milhões de pessoas integralmente vacinadas, enquanto o grupo de pessoas que não querem se vacinar é muito pequeno, ínfimo. O dado é para ser comemorado porque tem diminuído o número de mortes pelo coronavírus no Brasil. Mas há também um fator político.
Os números mostram que o presidente Jair Bolsonaro não tem influência, ao menos neste quesito, nem sobre as pessoas que até hoje ainda dizem que votarão nele nas próximas eleições. O presidente tem uma aprovação em torno de 20% a 25%, mas não há no país o mesmo número da população que não quer se vacinar.
Apenas 9% dizem que não se imunizaram ou não pretendem se vacinar. Ou seja, cada vez que se forma uma fila, cada vez que tem essa busca pela vacina, cada vez que aumenta o número de vacinados – isso mostra que ele, o presidente, não consegue conquistar nem todos os bolsonaristas raiz, a sua base mais próxima de eleitores.
Ou seja, o dado da vacinação no Brasil é, sim, uma espécie de termômetro político.
Revela que o presidente não consegue cativar totalmente os corações dos que ainda são seus eleitores. Claramente um indicador de como ele não tem influência mais sobre nem no eleitorado que ainda diz que vai votar nele. É um fato que as pessoas estão indo se vacinar, mesmo com toda campanha dele diária contra a vacinação.
O presidente continua na campanha antivacina e voltou a falar que não vai ser vacinado, criando um indicador que não existe, falando que tem “anticorpos”.
Como se anticorpos não fossem como o que a ciência diz que são. Eles vêm e vão. Anticorpos não são a garantia para sempre de que você está protegido contra alguma coisa.
Bolsonaro fica nesta ficção e claramente quer, desde o primeiro momento da pandemia, usar todo tipo de argumento para desmoralizar a vacina, para descredenciar a vacina. E os brasileiros, majoritariamente, quase unanimemente, vão atrás do que? Da vacinação.
Nos Estados Unidos, em alguns estados, sobretudo aqueles mais trumpistas, houve sim uma resistência à vacinação. Mas o presidente brasileiro não conseguiu isso.
Todo presidente influencia, tem uma voz importante quando toma uma decisão. É por isso que os líderes se deixam se vacinar em público ou fazem coisas para demonstrar como deve ser feito, como deve se comportar.
Os líderes vão aos lugares das tragédias exatamente para demonstrar compaixão, porque este é o sentimento que devem ter os líderes. E o sentimento deve ser estimulado nas pessoas, pensar no próximo, no povo atingido por qualquer tragédia.
Esses gestos presidenciais , dos líderes, são para fazer isso: para estimular comportamentos. E ele faz todo tipo de gesto contra a vacina.
Contudo, o brasileiro quer ser vacinado, 100 milhões já foram integralmente vacinados, as filas sempre foram grandes, todo mundo sempre acompanhou os calendários. E quando ele falou contra a vacinação de adolescentes, os estados reagiram contra e as pessoas levaram os adolescentes para vacinar.
Tão preocupado na reeleição, Bolsonaro deveria estar atento. Isso é um sinal importante da falta de densidade até eleitoral dele. Se ele é um líder, e nem os que o seguem até hoje não acreditam no que ele diz, é o começo do fim…
Chama o abandono do líder pelo seu eleitor.