Como disse um dos “cardeais” do datafolha, resultados de pesquisas necessitam que “se olhe pelo retrovisor”
Por Edson Rodrigues
Não precisamos nem fazer muito esforço para lembrar da eleição suplementar de julho passado, em que as pesquisas de intenção de votos e a “rádio peão” concordaram em apontar que tanto Amastha quanto Vicentinho Jr. Tinham condições de vencer Carlesse ainda no primeiro turno.
Por causa das pesquisas – e do resultado final da eleição – Carlesse acabou aparecendo com o “azarão”, que vence os favoritos. Os institutos de pesquisa ficaram desacreditados, principalmente por não terem conseguido detectar o nível recorde de abstenções (53,54%), e por errarem de longe o que as urnas definiram.
Pois, agora, com o início da campanha eleitoral para a eleição ordinária de outubro próximo, começa tudo de novo. As cartas estão na mesa e o povo na expectativa, tentando se esquivar das “armadilhas” das pesquisas e das falsas promessas dos candidatos.
Resumindo, não há voto vinculado muito menos cartas marcadas. A eleição 2018 será um verdadeiro “cabaré de cego”, em quem conseguir enxergar com um olho será rei. É cada um por si, e Deus para todos.
REDES SOCIAIS
Com a determinação, na mini-reforma eleitoral do ano passado, de que o tempo oficial de campanha será cortado pela metade (de 90 para 45 dias) e de que haverá um limite de gastos para os candidatos, a influência da internet — um meio mais barato para propaganda — cresce exponencialmente, prevê Márcia Cavallari, CEO do Ibope Inteligência. Segundo ela, pelo menos 39% dos eleitores planejam utilizar as redes sociais e a web para se informar sobre o pleito deste ano — em 2014, eram 13%. "Na eleição presidencial, qualquer mudança impacta de forma muito rápida. E isso se intensificou com a rapidez com que a informação circula nas redes sociais", diz Cavallari.
Para Alessandro Janoni, diretor de pesquisa do Datafolha, essa volatilidade maior já pôde ser sentida na última disputa no Tocantins, por exemplo, quando o resultado se mostrou totalmente diferente das pesquisas. "A internet e, principalmente, as redes potencializaram a formação de opinião. Elas reúnem todos os vetores: conteúdo, crítica ao conteúdo e defesa. E justamente num fator de formação de opinião importante, composto por amigos e parentes", diz Janoni.
Assim, ainda que uma pesquisa feita no sábado anterior à votação aponte a vitória apertada de um candidato, seu concorrente pode se beneficiar de informações trocadas online nas horas seguintes e, dada a intensidade crescente da troca de conteúdos relacionados à política via internet, levar o cargo. Não por acaso, o instituto norte-americano Gallup decidiu não acompanhar com pesquisas de intenção de voto a última corrida presidencial dos Estados Unidos.
INTENÇÃO X VOTO
Os institutos de pesquisa brasileiros não manifestam a intenção de tomar uma atitude tão radical quanto a do Gallup, mas seus dirigentes se preocupam com a forma como as pesquisas têm sido interpretadas pela imprensa e pelo eleitorado. Murilo Hidalgo, presidente do Paraná Pesquisas, admite que seu instituto pode errar, mas garante ter um "histórico mais de acertos do que de erros" em seus 26 anos de história.
"Existe uma deturpação por parte dos meios de comunicação. A manchete dispara o resultado da eleição, mas a pesquisa está apontando apenas a intenção de voto. Além disso, a divulgação da pesquisa passou a ser usada como peça de marketing pelos candidatos", diz Hidalgo. O próprio pesquisador reconhece, contudo, que os levantamentos sobre intenção de voto contribuem para atrair recursos para as campanhas, já que medem a viabilidade das chapas — essa lógica será posta à prova numa eleição sem doações empresariais.
Para Márcia Cavallari, do Ibope, é preciso ficar claro que a pesquisa não tem o papel de adivinhar o resultado. "Temos de conscientizar a mídia e a população de que a pesquisa não é um oráculo infalível. Ela tem o papel de mostrar como a opinião está se formando, para que lado está indo, mas não o número exato do resultado". Na mesma linha, Janoni, do Datafolha, resume em poucas palavras: "A pesquisa sempre reflete o passado, nunca prevê o futuro".
CAMPANHA DIFERENTE
As redes sociais, portanto, transformaram as campanhas eleitorais. Os partidos se tornaram “barrigas de aluguel”. Nas ruas e avenidas, é difícil ver um carro com o “furadinho” de um candidato, pois a vinculação já não faz mais parte do repertório do eleitor.
80% do eleitorado acham que todos os políticos são corruptos, 10% desconfiam disso e o restante prefere não se manifestar. Diante desse quadro podemos afirmar, taxativamente, que pelo menos 3 candidatos à deputado federal estão com suas reeleições garantidas, enquanto que na Assembleia Legislativa, serão em torno de 15 os reeleitos.
Isso, claro, nos baseando no que disseram, acima, os especialistas, que as pesquisas apontam o passado e não o futuro.
CUIDADOS IMPORTANTES
Da mesma forma que as pesquisas não são confiáveis, assim também o são os climas de oba-oba e de já ganhou que tomam conta de algumas campanhas.
Além de subestimar os adversários, isso demonstra uma incapacidade de identificar a vontade popular – ou a falta dela – para com alguns segmentos políticos.
A campanha, na verdade, só começou com o Horário Gratuito de Rádio e TV no ar e, mesmo assim, nem todos os partidos conseguiram entregar seus primeiros programas. Ou seja, por mais pesquisas que existam, a campanha política deste ano se divide entre o antes e o depois do Horário Gratuito de Rádio e TV – e com ressalvas.
Atualmente, de cada 100 pessoas, no máximo seis admitem terem visto o Horário Eleitoral Gratuito, e apenas três realmente prestaram atenção ao que foi dito e exposto.
REDES SOCIAIS
O papel das redes sociais na eleição se mostra ainda mais relevante quando observadas as taxas de acesso à internet no Brasil e o crescimento do número de usuários de Facebook, Whatsapp e Twitter nos últimos anos.
Uma pesquisa realizada pela Ipsos e Fecomércio-RJ estimou que 70% dos brasileiros tinham acesso à internet. Desse total, 69% afirmou que usava o celular como principal forma de navegar. Além disso, mais de 90% dos entrevistados declarou, na pesquisa, que acessar as redes sociais é seu principal intuito quando entram na internet.
O número absoluto de pessoas que utilizam as redes sociais também aumentou muito da eleição de 2014 para cá. De acordo com informações publicadas pelo colunista Nilson Teixeira, do jornal Valor Econômico, o número de contas de Whatsapp e Facebook mais que dobrou desde 2013, chegando a 120 milhões em 2018 – lembrando que cada pessoa pode ter mais de uma conta em cada rede social.
O horário [de rádio e TV], especialmente os spots veiculados ao longo da programação, será uma ferramenta mais poderosa e eficiente apenas para os partidos e coalizões que disponham de maior tempo na televisão e no rádio.
Aqueles que possuem pouco tempo certamente tentarão compensar a pouca visibilidade explorando e maximizando as novas mídias digitais, as redes sociais.
Em resumo, tanto TV quanto internet desempenham um papel central nas campanhas eleitorais, especialmente nas disputas majoritárias como a Presidência, governos estaduais e Senado.
Nas campanhas proporcionais (deputados), com a exceção daqueles “puxadores de votos” que os partidos e coalizões privilegiam nas inserções do horário de rádio e TV, os demais candidatos deverão conjugar uma campanha no estilo tradicional, que envolve o contato presencial e face a face, com os recursos da mídia digital, como os sites, Facebook, Instagram e os aplicativos de mensagem rápida como o WhatsApp.
SENADO DA REPÚBLICA
Com duas vagas em disputa o quadro para o Senado ainda é nebuloso e mostra uma campanha acirrada, cheia de pegadinhas, em que o postulante ao senado deve andar “colado” no candidato a governador, o que, no Tocantins, pode significar uma derrota acachapante.
Aquele candidato que não tiver uma estrutura de campanha paralela ao candidato ao governo, pode cair na armadilha do eleitor que não vota, em hipótese alguma, por partido ou por coligação.
É obvio que há redutos de candidatos proporcionais e de candidatos ao Senado que não aceitam a associação ao candidato ao governo de sua chapa, o que torna as eleições de outubro próximo a mais absoluta incógnita.
CONCLUSÃO
Ninguém, nenhum candidato a nada pode afirmar que “só Deus para me derrotar”. É preciso tomar cuidado com todos á sua volta, com os “demônios” da traição.
Apenas após os próximos 15 dias de campanha poderemos ter um rascunho mais nítido da situação, principalmente para o Senado.
O certo é que muitos institutos de pesquisa querem enfiar “goela abaixo” dos eleitores de que não haverá segundo turno no Tocantins. Esse é um ledo engano ou uma simples artimanha de quem trabalha “sob contrato” para o candidato X ou Y.
O segundo turno é praticamente certo e será um “Deus nos acuda”, pois os proporcionais passarão a ter uma importância enorme no tabuleiro político e muito “amigo” virará inimigo e vice-versa.
Segundo os especialistas nacionais, quem terá grande influência junto ao eleitor indeciso serão os veículos de comunicação impressos e online, juntamente com as rede sociais.
Só não entende quem não quer.
Logo, afirmar que não haverá segundo turno não passa de um chute.
Nunca será um gol!