Os prefeitos das cinco principais cidades do Estado, depois da Capital – Porto Nacional, Araguaína, Gurupi, Colinas e Paraíso – estão vivendo uma situação de alta tensão na corrida eleitoral que se desenvolve, com um ingrediente amargo que pode colocar em risco o futuro tanto de suas administrações quanto de suas carreiras políticas.
Essa situação é a definição de quem vão apoiar para deputado federal, pois, caso não estejam apoiando nenhum dos atuais parlamentares, esses prefeitos podem dar adeus á contemplações de seus municípios em emendas parlamentares impositivas e emendas de bancada, às possibilidades de investimentos na Saúde, na Educação e na Segurança Pública.
O prefeito de Araguaína, Ronaldo Dimas, resolveu assumir o risco por conta própria, esquecendo de ouvir a coletividade, de atentar para os interesses do município e colocou a própria carreira política em jogo ao lançar seu próprio filho como candidato a deputado federal. Para isso, teve que deixar de apoiar o candidato “oficial” da cidade, César Halum, que faz parte da coligação que apóia a reeleição de Mauro Carlesse ao governo do Estado, além de declarar apoio à candidatura de Irajá Abreu ao Senado, que aparece bem nas pesquisas, empatado com os três principais nomes na corrida sucessória.
Caso Dimas consiga eleger seu filho, dará um grande passo na sua trajetória política. Caso contrário, será a maior derrota que enfrentará.
PALMAS, UM CASO A PARTE
Já a principal cidade tocantinense, a Capital, Palmas, não precisa do termômetro das urnas para medir sua força política. A prefeita, Cinthia Ribeiro resolveu não apadrinhar individualmente nenhuma candidatura proporcional, nem deputado federal, nem estadual.
Seu apoio está pulverizado a vários candidatos componentes da coligação que apóia Carlos Amastha.
Cinthia vem demonstrando muito equilíbrio político, evitando entrar em picuinhas ou desavenças com quem quer que seja, um comportamento que é de muita valia para seu futuro político, pois deixa praticamente todas as portas abertas, tanto na Assembleia Legislativa quanto no Congresso Nacional, especialmente na Câmara dos Deputados.
DE VOLTA AO RISCO
Imaginem a situação de um prefeito de uma cidade de importância econômica no Estado, se as urnas mostrarem que, em sua casa, seu candidato a deputado federal não foi bem votado.
Como ficará a credibilidade desse prefeito para argumentar e cobrar alguma coisa com o deputado federal?
Não é segredo para ninguém que o Palácio Araguaia já arrumou um cantinho no freezer para o prefeito de Araguaína, Ronaldo Dimas, aonde deve “congelar” e ser esquecido.
Em conversa com um grão-mestre da cúpula do governo de Mauro Carlesse, os comentários sobre as atitudes de Dimas, nos últimos 14 dias, não foram nada promissores para o prefeito de Araguaína.
“Ronaldo Dimas ou está doido ou ganhou muito dinheiro. Ou é um brincalhão ou um desequilibrado”, comentou.
Pelo dito ou pelo não dito, deixemos as respostas com o tempo, senhor de todas as razões!
SENADO, UM SONHO DIVIDIDO
Já para o Senado, podemos dizer que uma das duas cadeiras em disputa virou o sonho de consumo de muita gente. As duas últimas pesquisas, registradas no TRE, mostram quatro candidatos com chances reais de eleição e aumentam a importância dos quatro maiores colégios eleitorais do Estado na decisão de quem ficará com as vagas, principalmente em Palmas, pelo volume de votos.
Já nas cidades pequenas e médias cidades, a divisão dos votos se dará em nível familiar, apontando diferenças quase milimétricas entre um candidato e outro.
Esse panorama mostra que os 10 principais colégios eleitorais serão decisivos e só leva a maioria aquele candidato que tiver uma boa estrutura de campanha, com capilaridade suficiente para atuar com a mesma força em todas as frentes de disputa.
PESQUISAS
Como já dizia o saudoso Tancredo Neves, “quando estivermos na frente das pesquisas, temos que trabalhar em dobro para nos manter na liderança. Se estivermos em desvantagem, temos que trabalhar o triplo para sermos os primeiros”.
Lá nos idos do século passado, o velho e bom Tancredo já sabia que essa história de dizer o que o resultado da pesquisa de tal instituto foi comprado não cola, só piora a situação do candidato.
O caminho certo é único: o trabalho.
Esse é o nosso conselho aos candidatos. Trabalhem, mas trabalhem muito, pois ainda há muitos fatos por vir, muitas coisas que podem intervir no resultado final e o embrião sucessório ainda está em fase de formação, principalmente para o Senado, e as pesquisas, algumas vezes, podem mais atrapalhar que ajudar.
O SIÊNCIO DO ELEITOR
Para quem já viveu períodos eleitorais no Tocantins, o silêncio dos eleitores, principalmente nos 10 maiores colégios eleitorais, diz muita coisa.
Os estudantes universitários e secundaristas, as entidades classistas, empresários, associações comerciais, nunca demonstraram u comportamento tão estranho, diferente das demais eleições, como estão demonstrando agora.
Todos evitam comentar sobre política. Bem diferente das eleições anteriores, em que as preferências eram escancaradas antes mesmo do período eleitoral. Hoje, não se vê nem carros adesivados. Ninguém quer ser associado a este ou àquele candidato.
Mudanças nesse comportamento só poderão ser notadas após o dia 20 de setembro, trazendo pesquisas mais assertivas e verdadeiras. Em mais de 30 anos como dirigente de O Paralelo 13, sou testemunha dessa transformação por que passa o eleitorado tocantinense. Um comportamento frio, desconfiado, que confunde até os institutos de pesquisa, que não conseguiram perceber essa tendência nas eleições suplementares de junho passado.
As dezenas de casos de corrupção nos governos passados, as atuais operações da Polícia Federal em território tocantinense, envolvendo desde a prefeitura de Palmas ao Palácio Araguaia, passando por vários órgãos, como a Câmara Municipal de Palmas, nas prefeituras do interior, como Porto Nacional, no Tribunal de Justiça do Estado e até no Ministério Público Estadual, dão uma pista dos motivos desse comportamento do eleitorado.
Desde há muito, todos os agentes públicos estão sob suspeita. Os cidadãos, os eleitores, não sabem mais em quem pode confiar.
Mas, apesar disso, precisamos escutar o que disse o Papa Francisco: “dizer que não gosta de política, não está nem aí para os políticos, reclamar das altas tavas de impostos e ficar revoltado, não adianta nada se as pessoas não participarem do processo político, dando o primeiro passo, votando no menos ruim”.
Por isso, seguimos o pensamento do Papa e aconselhamos os eleitores tocantinenses a participar ativamente da escolha dos nossos representantes, desde a Assembleia Legislativa à presidência da República, passando pelos deputados federais, senadores e pelo governador do estado. Assistam ás entrevistas, aos debates e aos programas eleitorais no Horário Gratuito, acompanhem as redes sociais, blogs, sites jornalísticos, telejornais e tudo o mais que estiver à sua disposição, com informações sérias.
Esses são os instrumentos para a formulação de um voto, pelo menos, pensado e coerente.
A história já mostrou que a abstenção eleitoral e a terceirização do voto só favorecem os piores candidatos...
Em nossa edição impressa da próxima semana, traremos reportagens, entrevistas e uma análise da conjuntura política sucessória.
Aguarde!