“Três pecados na política: furar fila, interromper jogo de futebol, atrasar almoço”
MÁRIO COVAS
Por Edson Rodrigues
Chegou a hora da “onça beber água”. São 18 dias até a eleição municipal mais insólita da história política brasileira, em que novas variáveis foram incluídas na busca pelo voto, dando um nó na cabeça de políticos e institutos de pesquisa, que tentaram, em vão, analisar as tendências do eleitorado em um ano em que as pessoas foram impelidas a ficar em casa para se proteger da pandemia de Covid-19 e a coleta de dados para basear propostas e confeccionar planos de governo teve que ser feita, quase que totalmente, de maneira virtual e sem a eficácia esperada.
Primeiro, as pesquisas apontavam uma abstenção recorde. Agora, com a pandemia mais sob controle e as pessoas de volta ás ruas, a situação mudou totalmente, com mais de 88% da população afirmando que vai exercer seu direito de voto e escolher os próximos prefeitos e vereadores de seus municípios e o dado que mais preocupa os postulantes é o número de eleitores indecisos. O percentual da indecisão vence qualquer candidato que está na primeira colocação nas pesquisas mais atuais dos cinco maiores colégios eleitorais do Tocantins.
Na Capital e nos demais municípios, ainda há muito jogo a ser jogado e, caso a maioria dos indecisos opte por uma mesma candidatura a “voz das urnas” pode trazer muitas surpresas após as 19h do dia 15 de novembro.
PESQUISAS EM AÇÃO
As pesquisas qualitativas conseguiram, ao menos, detectar um dado muito importante para todos os candidatos, que é a falta de perspectiva de milhares de tocantinenses que compõem a base da pirâmide social do Estado e que, em sua maioria, são chefes de família, homens e mulheres, que estão desempregados, trabalhando em subempregos, que não recebem nem 65% e que já estão preocupados com o fim do auxílio emergencial pago pelo governo federal, por conta da pandemia.
Outro dado importante diz respeito aos jovens tocantinenses, em sua maioria sem curso superior, sem profissão definida, ociosa e vulnerável à depressão e ao stress.
As pesquisas feitas via telefone dificilmente conseguem detectar o pensamento real do eleitor, principalmente os de baixa renda que, mesmo com a popularização dos telefones celulares, não têm, em sua maioria, acesso integral à internet.
Outra parcela significativa desses eleitores pesquisado por telefone, é composta por servidores públicos municipais e estaduais, que respondem de acordo com a conveniência do governo para o qual trabalham, com medo de estarem sendo gravados, mas na hora de digitar o voto, na “solidão” da cabine eleitoral, acabam escolhendo outro candidato.
A INFLUÊNCIA NA PANDEMIA
A pandemia de Covid-19 deixou várias lições para partidos, candidatos e eleitores. Em primeiro lugar, ela atingiu em cheio o seio das famílias, mudando convicções, posicionamentos e filosofias de vida, ressaltando a importância de dar atenção às questões familiares, principalmente no que tange o cuidado com seus entes queridos.
Muitas famílias foram esfaceladas com a perda de um ou mais membros. Outras foram atingidas pelos reflexos econômicos, com o fechamento de vagas de trabalho, demissões e cortes de salário. Outras, ainda, passaram a depender exclusivamente dos programas sociais de distribuição de renda do governo federal e com a distribuição de cestas básicas pelos governos estaduais e municipais.
Muitos estarão, no dia da eleição, totalmente endividados, o que abre a possibilidade de que os votos desses cidadãos impactados pela pandemia, seja mais consciente, mais independente, mais preocupado em eleger pessoas capazes de administrar e legislar em tempos de crise.
Por isso tantos indecisos nas pesquisas mais atuais e, da mesma forma, tantas possibilidades de surpresas em 15 de novembro, uma vez que esses votos podem ou decidir a favor de candidatos que já estejam na liderança ou virar o jogo, elegendo postulantes que não pontuavam tão bem nas pesquisas, uma vez que votos nulos e brancos, na casa de 3% a 5%, não vão interferir em muita coisa – a não ser onde esses índices forem maiores que os votos recebidos por alguns candidatos que se consideram eleitos.
EMPRESAS DE PESQUISAS E OS RESULTADOS
Esta eleição também será determinante para o futuro de algumas empresas de pesquisas, pois transformou o trabalho de identificar tendências em um labirinto, e dificultou a ação daquelas que trabalham sob “dupla encomenda”, pois a disparidade de resultados será assunto de reportagens, matérias e discussões nos bares e esquinas.
As empresas ficarão com todo o ônus dos resultados encomendados, pois, os veículos de comunicação que os reproduzirem, não terão parcela na “culpa”, pois foram “induzidos” ao erro. Muitas empresas e institutos de pesquisa poderão estar se despedindo do mercado após as eleições, pois estão apresentando “milagres” tão grandes que até os aliados do “beneficiado” estão reclamando de tamanha cara de pau.
Casos assim já ocorrem em Palmas, Gurupi e Porto Nacional, em que nem os políticos nem os analistas e nem o eleitor dão crédito ao trabalho, mesmo que feitos por empresas nacionais. Algumas já viraram motivo de piada e de chacota, atrapalhando o trabalho das que trabalham pautadas na correção e na seriedade, pois são colocadas “no mesmo barco” pela opinião pública.
2022 VEM AÍ
Nos próximos 15 dias que antecederão a eleição, O Paralelo 13 irá guardar os resultados das pesquisas realizadas em diversos colégios eleitorais e compará-los ao que disserem as urnas, no dia 15 de novembro.
Após a comparação, uma matéria criteriosa e meticulosa irá mostrar onde houve acertos e onde os “erros” foram gritantes, para que, principalmente o eleitor, saiba em quem pode confiar na hora das pesquisas em 2022.
Apesar da vantagem apresentada por alguns candidatos nas pesquisas realizadas neste momento da campanha, nos cinco maiores colégios eleitorais, como Cinthia Ribeiro, em Palmas e Celsinho, em Paraíso, os eleitores das camadas menos favorecidas da sociedade, que compõem a maioria dos indecisos detectados nas coletas de dados, têm, ainda, o potencial de causar surpresas.
Em municípios como Araguaína, Gurupi e Porto Nacional, ainda há muita “lenha a ser queimada” e a disputas será voto a voto, com uma participação crucial dos vereadores, que são o verdadeiro elo entre o candidato a prefeito e os eleitores.
Em Porto Nacional, inclusive, apesar de todas as pesquisas indicarem a liderança do ex-prefeito, Otoniel Andrade, o quadro sucessório, definitivamente, não está decidido.
Nesses municípios, só após a abertura das urnas e a totalização dos votos para se conhecer o vencedor.
PLANOS DE VOO TERÃO QUE SER REFEITOS
E será a voz das urnas que vai definir se muitos dos postulantes a um cargo eletivo em 2022serão ou não obrigados a mudar seus planos de voo em pleno “ar”, ou seja, após definir a que cargo gostariam de concorrer em outubro de 2022.
Serão mudanças radicais, principalmente para os candidatos a deputado estadual e federal, que dependem diretamente do resultado das eleições de 15 de novembro próximo para avaliar se terão condições de ser os representantes dos seus eleitores na Assembleia Legislativa ou na Câmara Federal.
Alguns, não conseguirão nem um, nem outro, caminhando de braços dados rumo a um sepultamento político coletivo, sem direito a velório, por conta das más escolhas, más campanhas e más atuações políticas ao longo dos últimos anos.
No fim deste Panorama Político, trazemos um quadro comparativo entre o número de habitantes e o número de beneficiados pelo Bolsa Família, nos cinco maiores colégios eleitorais do Estado, para que os eleitores possam ter uma noção mais exata da capacidade de influência dos eleitores indecisos, nas eleições deste 15 de novembro.
ADVERSARIOS DE CINTHIA PARTEM PARA TUDO OU NADA
Em Palmas outro fator passa a pesar na disputa pelo voto para prefeito: o distanciamento, cada dia maior, de Cinthia Ribeiro em relação aos outros postulantes, em todas as pesquisas de intenção de voto, transformaram a atual prefeita no principal alvo de alguns dos candidatos que não aceitam a situação.
A diferença é que, enquanto esses candidatos-detratores se preocupam em arranjar “pedras”, a prefeita, com muita elegância, responde cada ataque com uma proposta, cada pedra com uma nova parceria com o governo federal.
Cinthia conta com o apoio do líder do governo de Jair Bolsonaro no Congresso Nacional, senador Eduardo Gomes, e da deputada federal Dorinha Seabra que tem assento cativo na mesa-diretora da Câmara Federal e é uma das parlamentares em franca ascensão no cenário político nacional. Esses apoios somados à posição nas pesquisas, está gerando um total descontrole nas candidaturas de oposição, que se dividiu em 11 nomes, com muitos desses preocupados apenas com os milhões do Fundo Partidário – que frustrou muita gente – e que, agora, estão “no mato sem cachorro”, sem condições de cumprir, sequer, os compromissos de campanha.
Restou a essa turma agredir e atacar a prefeita Cinthia Ribeiro e seu principal aliado, Eduardo Gomes, esperando por uma reação contrária dos dois, que nunca virá, pois Cinthia e Eduardo sabem que é muito feio “chutar cachorro morto”.
PRINCIPAIS COLÉGIOS ELEITORAIS – HABITANTES E ATENDIDOS PELO BOLSA FAMÍLIA
PALMAS - 306.296 habitantes – 13.542 beneficiários do Bolsa Família
ARAGUAÍNA – 183.00 habitantes – 8.055 beneficiários do Bolsa Família
GURUPI - 87.545 habitantes – 2.871 beneficiários do Bolsa Família
PORTO NACIONAL – 53.316 habitantes – 4.055 beneficiários do Bolsa Família
PARAÍSO – 51.891 habitantes – 1.941 beneficiários do Bolsa Família