O governador Mauro Carlesse, após seu pronunciamento em Gurupi, quando fez duras críticas a um grupo de deputados e senadores tocantinenses, que fazem parte da oposição ao seu governo, e aos seus candidatos nas eleições estaduais de outubro de 2022 foi um ato estrategicamente pensado, pois aconteceu, justamente, na cidade onde Carlesse tem seu domicílio eleitoral, e onde precisava mostrar seu posicionamento político acerca do momento de antecipação do processo eleitoral que se avizinha.
Por Edson Rodrigues
Mauro Carlesse nada mais fez que demarcar seu território e mostrar aos seus conterrâneos eleitorais que tem o seu próprio grupo político e que está preparado para o embate sucessório.
Dessa forma, não haverá dúvidas sobre a composição da chapa que receberá o apoio de Carlesse, formada por nomes dos grupos políticos que compõem sua base de apoio, com deputados estaduais, dezenas de prefeitos, centenas de vereadores, ex-prefeitos e lideranças locais e regionais, além de, pelo menos, três deputados federais nos 139 municípios tocantinenses.
Independente de ser ou não candidato ao Senado, Carlesse deixou bem claro que não quer em seu grupo dois senadores e cinco deputados federais, os verdadeiros alvos de suas declarações.
FORTALECIMENTO
O lançamento de um programa de governo que engloba os 139 municípios, independente de cor partidária, é a prova de que Mauro Carlesse tem a intenção de fortalecer sua gestão com fortes características municipalistas, fazendo valer os recursos que tem em caixa para a execução das obras contidas no Projeto, que tem a capacidade de fazer do Tocantins um exemplo de gestão pública, com planejamento e respeito à Lei de Responsabilidade Fiscal.
O principal objetivo é atrair o máximo de prefeitos, vereadores e ex-prefeitos para o PSL, partido do qual Carlesse detém o controle no Estado.
A quinta-feira, 30 de junho, foi o marco político de um importante Projeto, que tem Carlesse à frente de um palanque formado pelo mesmo grupo político que venceu três eleições seguidas para o governo do Estado em um mesmo ano, suplantando seus detratores e demarcando, definitivamente seu território para as disputas pelas oito vagas a deputado federal, 24 para deputado estadual, uma para o Senado e uma para o governo do Estado, atraindo seus apoiadores e simpatizantes para o seu PSL.
Agora, cabe às demais forças políticas, antagônicas à Carlesse formar suas chapas. De acordo com o atual quadro político, tentando evitar uma polarização, haja vista a definição de uma chapa formada pelo PT e outros partidos de esquerda, que darão suporte à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva, em contraponto ao presidente Jair Bolsonaro.
BASTIDORES
Mas, segundo os bastidores, há uma terceira força política em formação, dando sinais de que, em breve, estará demonstrando sua força para o embate eleitoral, encabeçado pelo maior líder político tocantinense da atualidade, senador Eduardo Gomes, que apesar de toda a movimentação em torno do seu nome, ainda não se pronunciou como candidato ao governo.
Acreditamos que na hora e dia certos, Eduardo Gomes venha a confirmar sua candidatura, assim como o grupo esquerdista que deve se decidir entre as candidatura de Irajá Abreu ou de Paulo Mourão, tendo com candidata á reeleição para o Senado a combativa Kátia Abreu.
O afunilamento das três chapas se dará após a definição das regras eleitorais, com prazo marcado para o dia dois de outubro próximo, data em que o Tocantins passará a conhecer quem realmente está ou não no páreo
.
A FORÇA DE CARLESSE
O governador Mauro Carlesse (PSL) lançou na tarde desta quinta-feira, 1º, o programa “Tocando em Frente”, que promete um investimento de R$ 2,9 bilhões até o fim de 2022 com expectativa de gerar 104 mil empregos. A iniciativa é dividida em cinco frentes e chegará aos 139 municípios do Estado, com cada um recebendo o aporte mínimo de R$ 3 milhões.
Em breve discurso, Mauro Carlesse destacou que o programa é resultado do esforço fiscal da sua gestão, que tem como objetivo retomar o investimento na sociedade. “O objetivo nosso é fazer o que é possível. Fazer com que aquilo que a gente consiga receber seja transferido de volta para a comunidade. Nada daqui é muito espetacular, é simplesmente respeitar o dinheiro público”, disse o governador.
Mauro Carlesse ainda chegou a brincar com os secretários, sugerindo que o montante de investimentos poderia ser maior. Entretanto, o governador destaca que o valor a ser investido é o máximo que o Estado pode aplicar sem prejudicar as contas públicas. “Acho que é pouco ainda, a gente podia estar investindo o dobro disso aí. Mas é o limite dentro da nossa responsabilidade”, comentou.
O secretário-chefe da Casa Civil foi o responsável por explicar o programa. Os investimentos serão distribuídos em cinco eixos, sendo eles: infraestrutura e logística; agronegócio, produção e serviços; investimento privado, o social e a melhoria do ambiente de negócios. Os recursos virão de fontes variadas, indo desde o Tesouro Estadual, e passando por operações de crédito, convênios federais e Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE).
Cada segmento do “Tocantins em Frente” abrange uma série de projetos. Rolf Vidal, (foto) destacou alguns, como o já lançado Pró-Município, que prevê R$ 208 milhões para obras de pavimentação das 139 cidades. O secretário-chefe ainda anunciou um programa de transferência de renda para garantir gás de cozinha para famílias de baixa renda, que pretende beneficiar 28 mil lares com investimento de R$ 10 milhões. Já o “TO Mais Jovem” quer promover a capacitação e qualificação de 4 mil jovens de 16 a 21 anos para o mercado de trabalho. R$ 107 milhões serão investidos.
O secretário-chefe também anunciou um novo projeto que vai chegar nas 139 cidades do Tocantins, o Plano de Ação Municipal. Serão no mínimo R$ 2 milhões para cada prefeitura investir não em pavimentação, mas em equipamentos públicos. Rolf Vidal também falou do projeto “Terra Nossa”, que pretende trabalhar na regularização de 85 mil propriedades, cerca de 30% do território tocantinense. O Estado também quer estimular a produção de 80 mil toneladas de alimentos por meio do “Terra Forte”, que deverá receber R$ 63,7 milhões para gerar emprego e renda a 23 mil famílias.
Além de Rolf Vidal, os secretários da Fazenda, Sandro Henrique Armando, e o da Indústria e Comércio, Tom Lyra, também discursaram. O primeiro fez questão de destacar o trabalho de recuperação da credibilidade e de ajuste fiscal feito pelo governador Mauro Carlesse, que teria assumido um “problema monstro, enorme” em 2018. O índice de 43,5% da Receita Corrente Líquida (RCL) com gastos com pessoal foi destacado.“Nós chegamos aqui porque tem comando”, comentou. Já o titular da SICS comemorou a desburocratização para abertura de empresas feita na gestão e os números de geração de empregos do Tocantins, a maior da região Norte.
O presidente da Associação Tocantinense de Municípios (ATM) e prefeito de Talismã, Diogo Borges (DEM), (foto) foi um dos líderes políticos que discursaram na solenidade. “É um momento histórico para todos os 139 prefeitos. Não existe um que não esteja feliz que o governo do Estado vai injetar, no mínimo, R$ 3 milhões. Isso sim é ser municipalista, é fazer com que o prefeito seja valorizado”, comemorou.
Presidente da Assembleia Legislativa, Antônio Andrade também teve direito a fala e reforçou a comemoração de Diogo Borges. “Momento que ficará marcado na história deste Estado. Uma das coisas que me chamou a atenção foi os benefícios aos 139 municípios sem ver cor partidária”, disse o deputado, que também elogiou a “coragem” do governador Mauro Carlesse de promover o ajuste fiscal logo depois de eleito.
Cabe, agora, aos adversários políticos de Carlesse, tentarem apresentar algo maior ou mais abrangente, para ter chances de disputar, de igual para igual, o pleito de 2022.
Achamos, particularmente, muito difícil que isso aconteça...