Peemedebistas acreditam que diretório do PT está blefando e que dificilmente entregará cargos que ocupa no primeiro e segundo escalões do governo
Por Edson Rodrigues
O PT do Tocantins, quinto partido em número de filiações, com pouco mais de 12.700 membros, conta com três deputados estaduais, com a ressalva que nenhum deles foi eleito, pois entraram pelo voto de legenda, até hoje nunca conseguiu eleger um deputado federal e sua única participação no Congresso Nacional, hoje, é o suplente de senador, Donizete Nogueira, quem deve votar contra o processo de impeachment de Dilma Rousseff, poisocupa a vaga da senadora Kátia Abreu, do PMDB, licenciada para ser ministra da Agricultura,
Esse mesmo PT do Tocantins estará reunido neste sábado para decidir por sua permanência – ou não – no governo Marcelo Miranda. Essa reunião terá como motivação o posicionamento das duas deputadas federais tocantinenses, Dulce Miranda Josi Nunes, do PMDB, que votaram pela continuidade do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, do PT.
Após o resultado da votação, o PT do Tocantins emitiu uma nota, assinada pelo presidente estadual da legenda, Júlio César Brasil, em que se dirigiu às deputadas federais tocantinenses usando palavras como fascistas e traidoras, criando um clima nada favorável à convivência dos dois partidos no Estado.
Segundo um cacique do PMDB, a nota é apenas “uma satisfação” do PT estadual para a cúpula nacional do partido.
CONFIRA A NOTA NA ÍNTEGRA
“Impeachment/Golpe: Nota do Partido dos Trabalhadores do Tocantins à imprensa
O Partido dos Trabalhadores do Tocantins vê com tristeza e preocupação, o avanço do golpe. O dia 17 de abril de 2016 está marcado como o dia em que corruptos tentaram manchar a história de uma presidenta honesta, credenciada por 54 milhões de brasileiros, para dar continuidade a um projeto de governo que se difere pelo respeito a todos e todas.
Os fascistas, conservadores e hipócritas utilizaram o nome de Deus e de suas famílias para cravar um punhal e ferir de morte a democracia brasileira. Ironicamente, diziam “Tchau Querida”, se referindo a democracia, a liberdade, a ética e a vontade do povo, demonstrada nas urnas.
Porém convém relembrar que a luta e a caminhada não acabaram. Agora, mais do que nunca, haverá mais luta e resistência ao avanço do conservadorismo e da Direita Fascista. A Batalha agora será no Senado e no STF.
Ser militante em um momento difícil como este não é fácil, pois somos colocados a prova a cada minuto. Mas sabemos que a Luta nunca foi mais fácil para os companheiros do passado, e eles a fizeram e escreveram capítulos de muita honra e muito orgulho. Cabe a nós e a nossa geração fazer a resistência e o enfrentamento do agora. Resistir, enfrentar e avançar. Este será o nosso mantra. Ontem o mal saiu vencedor, mas não prevalecerá. Agora, mais do que antes, é preciso estarmos unidos e mobilizados, pois a Luta Continua!
Estamos igualmente entristecidos e decepcionados pela maneira como o PMDB do Tocantins se portou ontem na Câmara: Como verdadeiro oportunista e aproveitador. Nós do Partido dos Trabalhadores do Tocantins, nos sentimos traídos pelos votos das deputadas Dulce Miranda e Josi Nunes, que preferiram abraçar o golpe, ao invés de ficar do lado do povo e da democracia.
Reafirmamos que o PT do Tocantins participa do governo do Estado, porque ajudou a elegê-lo. Sem nós, Marcelo Miranda não teria ganhado as eleições. Não estamos neste governo de favor.
Ressaltamos também, o apoio integral que a bancada do PT na Assembleia Legislativa do Estado deu ao Governo até aqui. Porém, iniciamos ainda hoje um debate com nosso partido para discutir a nossa permanência ou não, neste governo.
A luta continua. Vamos lutar até depois do fim. Pois, lutamos “pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo” (Olga Benário Prestes).
Júlio César Brasil
Presidente Estadual do PT-TO”
Baseado nesses fatos, Júlio César Brasil, juntamente com a cúpula estadual do partido e a bancada na Assembleia Legislativa, decidiu convocar essa reunião para definir a entrega dos cargos que o PT mantém no governo Marcelo Miranda.
ANÁLISE CAULTELOSA
Dois membros do alto escalão do governo Marcelo Miranda nos fizeram uma análise, no mínimo, cautelosa das ações empreendidas até então pelo PT tocantinense: “o governo não respondeu à nota nem irá responder. Achamos que foi uma atitude precipitada do presidente do Partido dos Trabalhadores, em expor e detratar nossas duas deputadas federais, sem levar em consideração que uma delas é a primeira-dama do estado e outra, uma das políticas mais atuantes e combatentes pela causa do povo tocantinense.
Além de pejorativo nos termos, o PT foi afoito e vemos essa nota mais como uma bravata, um blefe, pois a conta é muito simples: o PT tem, nada menos que, 373 cargos temporários, mais de 150 cargos de comissionados, sem contar com os cargos de confiança, que incluem o secretário estadual da Educação, que gere o maior orçamento dentre todas as pastas do governo. Isso sem falar em diretores de colégios estaduais espalhados por todo o Estado.
Seria muito simples, mas nada fácil o PT abrir mão de todos esses cargos ir para a oposição e ficar sem essa representatividade ante os cidadãos e eleitores tocantinenses.
Na nossa opinião, o PT deveria estar agindo de uma maneira totalmente contrária ao que vem fazendo até agora, após a votação no Congresso. Eles deveriam estar tratando o governador Marcelo Miranda com toda a pompa e cerimônia possíveis, pois é esse o tratamento que recebe do governo do Estado, que sempre os considerou bons companheiros de batalha, pois é consciente do papel que o PT exerceu na corrida eleitoral, mas nem por isso vamos deixar que faltem com o respeito em relação aos nossos quadros, seja quem quer que seja, muito menos aceitaremos qualquer insinuação de chantagem por parte de um partido do qual o povo brasileiro tem nojo, um partido que levou o país para a pior crise econômica da sua história. Não cogitamos simplesmente abandonar o PT. Vamos agir com parcimônia, diplomacia, e de forma democrática.
Eles estão blefando e jogando a política suja. Isso é inadmissível”, sentenciaram nossas fontes.