RADIOGRAFIA POLÍTICA TOCANTINENSE

Posted On Domingo, 16 Fevereiro 2025 05:51
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É momento de demarcação de territórios políticos no Tocantins. Há fatos e ações sendo colocadas em prática, com cada grupo de lideranças dando o seu tom particular, de acordo com suas prioridades

 

 

Por Edson Rodrigues 

 

 

Na Assembleia Legislativa, por enquanto, a maior perdedora é a deputada estadual Janad Valcari. Candidata derrotada para prefeito de Palmas, Janad sequer figurou entre os favoritos nas eleições das Comissões internas da AL e suas presidências.

 

Informações de bastidores apontam para um total descompromisso do presidente da Casa, Amélio Cayres, para com Janad, que o ajudou em seu intento de ser o número um da mesa-diretora da AL. Segundo as fontes, tanto Amélio quanto seu grupo de apoiadores viraram, literalmente, as costas para Janad Valcari. Curiosa e coincidentemente, Janad declarou publicamente seu apoio à pré-candidatura de Dorinha Seabra a governadora, durante evento do governo do Estado.

 

Governador Wanderlei na eleição e posse de Eduardo Gomes como vice-presidente do Senado com Amélio Caires

 

Por falar em Amélio Cayres, o presidente da Assembleia Legislativa tem sido visto, nos últimos 60 dias, na maioria dos atos do governo do Estado, sempre em companhia do governador Wanderlei Barbosa, bem como nas viagens, seja para o Nordeste, seja para os Lençóis Maranhenses, na Suíça, em Brasília, no Bico do Papagaio, em Gurupi.

 

Segundo os bastidores, Amélio foi alçado à condição de pré-candidato ao governo, mas, até conseguir decolar, vai levar um bom tempo – isso, se decolar – para ser conhecido nas regiões Central, Sul e Sudeste, e conseguir a simpatia não só dos líderes políticos, como da população dessas regiões.

 

Prefeita Josi Nunes declara apoio à senadora Professora Dorinha para o governo do Tocantins em 2026 

 

Amélio disputa os mesmos territórios – e votos – com a senadora Dorinha Seabra, que conta com o apoio dos prefeitos dos principais colégios eleitorais e do Vale do Araguaia, com direito a vídeo gravada pela prefeita de Gurupi, Josi Nunes, confirmando seu apoio à Dorinha, ao senador Eduardo Gomes.

 

Eduardo Gomes, inclusive, também declarou apoio à candidatura de Dorinha ao governo em 2026.

 

Por outro lado, o vice-governador, Laurez Moreira, continua em peregrinação política em todas as regiões do Tocantins, visando, também, alavancar sua pré-candidatura ao governo do Estado.  Laurez já conta com o apoio do prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira Campos.

 

DOIS GOVERNADORES

 

Aliás, não adianta tentar tapar o sol com a peneira. Wanderlei Barbosa e Laurez Moreira, definitivamente, não falam a mesma língua e estão mais afastados politicamente do que nunca.

 

E esse distanciamento faz com que pareça que o Tocantins tem dois governadores. Em todos os atos do governo, de entrega de obras à recepção de autoridades do governo federal, lá estão os dois, Wanderlei e Laurez. O primeiro cuidando da liturgia do cargo e o outro gravando vídeos como se governador fosse.

 

Na viagem oficial à Suíça, Wanderlei Barbosa levou junto o presidente da Assembleia Legislativa, Amélio Cayres e, mesmo assim, não passou o cargo à Laurez Moreira, amparado pela “PEC do Laurez”, aprovada na própria AL, que permite ao chefe do Executivo se ausentar do cargo por 15 dias sem a necessidade de transmissão de cargo apo vice-governador. Mesmo assim, Laurez participou de vários atos em diversos municípios como o faria como governador em exercício.

 

 

Na última semana, Wanderlei Barbosa esteve, oficialmente, em Brasília, onde participou de audiências com vários ministros da gestão Lula, acompanhado de deputados federais, do presidente da Assembleia, Amélio Cayres e dos senadores Eduardo Gomes e Dorinha Seabra. Enquanto isso, Laurez Moreira também viajou à Brasília, com agenda oficial e tudo, quando foi recebido pela ministra do Planejamento, Simone Tebet, a quem reivindicou a pavimentação da BR-242, a conhecida Travessia da Ilha do Bananal, como parte do Projeto de Integração Nacional.

 

Essas movimentações de Laurez vêm gerando um “climão” no governo do Estado, e têm sido vistas como constrangimento e provocação. Os aliados do vice-governador já não escondem que a vice-governadoria vem sobrevivendo “a pão e água” e que perdeu toda a infraestrutura de trabalho, inclusive cartão corporativo e outras vantagens.

 

GOVERNADOR WANDERLEY BARBOSA

 

Primeira Dama Karinne Sotero, o Governador Wanderkei Barbosa, Senador Eduardo Gomes e  esposa  Arlinda Carla Oliveira

 

A aproximação do governador Wanderlei Barbosa com o senador Eduardo Gomes e com o presidente da Assembleia Legislativa, Amélio Cayres, tem sido interpretado como busca por amparo político que garanta a governabilidade, principalmente pelo fato de Eduardo Gomes ter chagado à vice-presidência do Senado.

 

Porém, caso o escolhido pelo grupo palaciano para disputar o governo do Estado seja Amélio Cayres, Wanderlei sabe que não contará com o apoio de Eduardo Gomes, que está compromissado e fechado com a candidatura da senadora Dorinha Seabra.

 

Segundo os bastidores da política, os mais sábios aconselharam o governador Wanderlei Barbosa a esperar que o próprio Amélio Cayres “ligue o desconfiômetro” e acorde para a realidade.

 

A não ser que haja um “milagre político” e Amélio Cayres tenha competitividade. Mas, todos sabem que se o grupo palaciano tentar alimentar duas candidaturas (Dorinha e Amélio), apenas conseguirá abrir caminho para que Laurez Moreira tenha a sua candidatura turbinada pelas oposições e pelos descontentes.

 

AMÉLIO CAYRES GOVERNADOR E ALEXANDRE GUIMARÃES SENADOR

 

Deputado federal Alexandre Guimarães e Wanderlei Barbosa 

 

Falando de forma clara, se os eleitores tocantinenses forem os mesmos das eleições municipais do ano passado, nem Amélio nem o deputado federal Alexandre Guimarães terão chances em suas pretensões políticas.

 

Os dois têm quase ou nenhum serviço prestado aos 139 municípios tocantinenses, sem nenhum benfeitoria ou obra que sirvam como motivação para os eleitores, em meio aos milhares de obras feitas nesses 36 anos de emancipação política do Tocantins. Fato que nos leva a pensar, sem medo de errar, que caso os dois levem à frente suas vidas políticas com esses projetos – governador e senador – vão acabar 2026 sem mandato.

 

Não que sejam ruins, muito pelo contrário, mas os dois precisam entender que não têm “cacife político” nem o que mostrar, que justifique suas eleições ao governo e ao Senado, respectivamente, para vencer uma eleição contra pessoas que tanto fizeram pelo Estado.

 

EDUARDO SIQUEIRA E MARILON BARBOSA: DEMONSTRAÇÃO DE CIVILIDADE

 

Enquanto isso, em Palmas, os dois chefes dos Poderes Executivo e Legislativo – Eduardo Siqueira Campos e Marilon Barbosa – vêm dando mostras de civilidade e boa convivência política.

 

Eduardo é filho do idealizador e construtor de Palmas, José Wilson Siqueira Campos e de Dona Aureny, que tanto fez pelos menos favorecidos.

 

Marilon é filho de Fenelon Barbosa, primeiro prefeito da Capital, e de Dona Maria Rosa, que também se destacou pelo cuidado com a população de baixa renda.

 

Os dois, Eduardo e Marilon, já se encontraram por diversas vezes em atos públicos e mostraram uma maturidade política exemplar, declarando harmonia, respeito e união de forças por Palmas e pelo desenvolvimento da Capital do Tocantins, independentemente da posição política de cada um – Marilon é irmão do governador Wanderlei Barbosa e Eduardo Siqueira Campos apoia a pré-candidatura de Laurez Moreira ao governo, um posicionamento antagônico ao Palácio Araguaia.

 

É óbvio que a vitória nas eleições de 2024 colocaram Eduardo em uma situação privilegiada e de destaque, após vencer a deputada Janad Valcari, que era apoiada pelo Palácio Araguaia. Por si só, essa vitória já garante um território político invejável para Eduardo, pois, dependendo de sua atuação, novamente como gestor público, o prefeito de Palmas pode ganhar a simpatia daqueles que não votaram nele e ter, nas mãos, o maior colégio eleitoral do Tocantins.

 

Eduardo, usando a “marca registrada” Siqueira Campos, ressurgiu das cinzas e tem pela frente um novo desfio político, que é administrar a Capital, mesmo com todos os problemas recebidos da última administração e, ao mesmo tempo, fazer a boa política e agregar ao seu redor os principais líderes da oposição ao Palácio Araguaia e ajudar a construir uma candidatura vitoriosa, tanto para o Executivo estadual quanto para os Legislativos estadual e federal e, no mínimo, uma das duas vagas ao Senado.

 

Prefeito de Palmas Eduardo Siqueira em entrevista 

 

A estratégia política adotada por Eduardo Siqueira Campos, colocando nomes como Vicentinho Alves e Ronaldo Dimas em seu secretariado, pessoas que têm serviços prestados em diversas regiões do Estado, além de Sérgio Marques, o Soró, na secretaria de Governo e Élcio Mendes na Comunicação, dois craques no que fazem, vindos da primeira gestão de Josi Nunes, em Gurupi, que garantem ao prefeito de Palmas um assento de muita importância na mesa de negociações para definir as chapas majoritárias nas eleições de 2026.

 

Até agora, tudo caminha bem para Eduardo, em todos os sentidos.

 

WANDERLEY BARBOSA E SEU FUTURO POLÍTICO

 

 

Para garantir seu futuro político, primeiro o governador Wanderlei Barbosa precisa sair da bolha que o impede seu crescimento político e evitar, urgentemente, uma “decaída” política, semelhante à vivida pelo presidente Lula, que tem sua popularidade despencando por falta de comunicação assertiva de seus atos e determinações políticas e, hoje, tem 40% de rejeição e apenas 24% de aprovação, segundo a média das pesquisas divulgadas.

 

Wanderlei deve fazer uma profunda reflexão enquanto os números ainda lhe são favoráveis.

 

EVITAR SER “COMIDA DE ONÇA"

 

Afinal de contas, ficar sem mandato e sem papel de liderança política ao fim de um mandato é pedir para virar “comida de onça” de juiz de primeira instância e sofrer ordens de busca e apreensão e, até, de prisão, assim como aconteceu com os ex-governadores Marcelo Miranda, Sandoval Cardoso e Mauro Carlesse, presos sem julgamento em última instância, porém, desmoralizados politicamente.

 

Wanderlei tem que sair dessa bolha o mais rápido possível e tomar uma decisão política sobre o seu futuro e perspectivas.  Hoje, tem chances reais de ser um dos eleitos para o Senado, assim como sua esposa, Karinne Sotero, para a Câmara federal.

 

Para isso, precisa abrir mão do mimimi e das intrigas políticas, focando, apenas, em realizar o máximo até o fim de seu mandato e sair consagrado e reconhecido pela população, que daria o aval em qualquer pleito que decida participar. Qualquer birra pode virar, depois, um arrependimento.

 

A sucessão estadual, de fato, já está nas ruas, com todos os predicados que precisa para tornar urgente uma mudança de estratégia na forma de condução do governo do Estado e no relacionamento com veículos da imprensa e formadores de opinião.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Diante desta radiografia, ainda que inicial, acima descrita, vale lembrar que vivemos em um país democrático em sua essência e que nenhum pré-candidato deve ser subestimado – vide a eleição de Eduardo Siqueira Campos em Palmas – e que todos possuem legitimidade em suas aspirações políticas de se candidatar a qualquer cargo eletivo, desde que estejam habilitados junto à Justiça Eleitoral para o registro de suas candidaturas.

 

O momento é de demarcação de território e 2025 será o ano da semeadura política, da construção dos grupos de apoio e de deixar claro à população dos 139 municípios o que cada um fez por ela e pelo Tocantins, e o que pretendem fazer nos cargos de governador, senador, deputado federal e deputado estadual.

 

Será a partir dessa prestação de contas que a escolha de cada eleitor será formatada.

 

Boa sorte a todos!

 

 

 

Última modificação em Domingo, 16 Fevereiro 2025 06:46