“Em todos os países democráticos, oposição é governo em potência. Só poderá haver oposição em país em que haja esperança para a oposição”
GILBERTO AMADO
Por Edson Rodrigues
Os dirigentes e líderes partidários de oposição ao Palácio Araguaia devem levar como lição o recado que lhes foi transmitido por meio das urnas da Capital e dos grandes e médios colégios eleitorais.
O recado é claro em apontar que a oposição perdeu uma grande chance de demarcar território em diversas regiões do Estado, principalmente em Palmas, o maior colégio eleitoral. A vencedora, a atual e futura prefeita, Cinthia Ribeiro, conseguiu uma vitória desmoralizante sobre os partidos que se opuseram e seus dirigentes, em que a soma dos seus votos é maior que a soma do segundo, terceiro e quarto colocados.
Cinthia contou com o apoio decisivo do senador Eduardo Gomes, líder do governo Jair Bolsonaro no Congresso Nacional, de um MDB unido, e dos deputados federais Dorinha Seabra e Carlos Gaguim e essa vitória deve ser considerada um grande alerta para a oposição e seus dirigentes.
Muitos, dificilmente, conseguirão se salvar da vala de sepultamento político. Já outros, saem fragilizados e enfraquecidos politicamente e ante a opinião pública, sobrevivendo com a “ajuda de aparelhos” na “UTI da vida pública”.
Como em política nada é eterno, pode ser que alguns deem a sorte de se recuperar para 2022, mas, para isso, precisarão de repaginar, se reinventar e buscar boas e novas amizades que lhes permita uma convivência política e o reconhecimento de que são as novas lideranças que ditarão o ritmo do “jogo político” a partir de agora.
A principal dessas novas lideranças é a do senador Eduardo Gomes, um político ético, agregador, articulado e, principalmente, que não tem vergonha de mostrar gratidão. Foi por essas características que ele se transformou, em pouco menos de dois anos, em um dos principais personagens da política nacional, alçado à liderança do governo federal no Congresso, cotado para presidente do Senado, além de exercer outras funções-chave de articulação e convivência com os demais Poderes.
ELEIÇÃO SEM COLIGAÇÃO
A eleição majoritária de 2022 será a primeira sem as coligações proporcionais e muitos dos atuais detentores de mandatos no Congresso Nacional e na Assembleia Legislativa vão precisar de muita articulação política para fortalecer seus partidos, pois não bastará ter muitos votos pessoais. A legenda precisa ser bem votada para ter um quociente eleitoral robusto para eleger o máximo de candidatos do partido, permitindo o aceso de novos líderes.
Acabou a época em que os partidos tinham apenas um “dono”. Agora, serão vários donos e cada um depende do bom desempenho do outro para que o partido consiga o máximo de cadeiras no parlamento, seja estadual, seja federal, e tenha condições de formar uma frente com influência e força para participar das principais decisões.
Se as oposições se utilizarem dos mesmos métodos que usaram nessa eleição municipal, atuando desunidas e fragmentadas, correm o risco de elegerem, no máximo, um deputado federal e três estaduais.
Esse é o recado que está escrito em letras garrafais no eco das urnas que acabaram de ser contabilizadas pela Justiça Eleitoral e que surpreenderam metade do País.