Senado aprova PL das Fake News; projeto segue para Câmara

Posted On Quarta, 01 Julho 2020 06:09
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Relator dz que projeto combate anonimato irresponsável. veja como cada senador votou

 

Por Marcelo Brandão

 

O Senado aprovou hoje (30) o Projeto de Lei (PL) 2.630/2020, que propõe medidas de combate à propagação de notícias falsas. O projeto, conhecido como PL das fake news, teve 44 votos favoráveis e 32 votos contrários. O texto segue para a Câmara. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, comemorou o resultado em sua conta no Twitter.

 

“A nova lei é imprescindível para a proteção da vida de todos os brasileiros. Precisamos entender esse universo e reconhecer que liberdade de expressão não pode ser confundida com agressão, violência ou ameaça”, disse Alcolumbre. O presidente da Casa já demonstrava seu apoio à aprovação do texto, desde sua concepção. O projeto é de autoria do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e foi relatado por Ângelo Coronel (PSD-BA).

 

Coronel, além de relator do PL, é presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga a disseminação de notícias falsas. “É fundamental saber com quem estamos debatendo. E no anonimato não sabemos com quem estamos debatendo e como nos defender. Minha principal preocupação foi vencer o anonimato irresponsável”, disse ele durante apresentação do seu relatório.

 

Contas falsas em redes sociais
O projeto estabelece normas para trazer transparência a provedores de redes sociais e de serviços de troca de mensagens privada. O PL busca o combate à divulgação de notícias falsas postadas em anonimato ou com o uso de perfis falsos e de disparos em massa. Ao mesmo tempo, o texto fala em garantir liberdade de expressão, comunicação e manifestação do pensamento.

 

As empresas responsáveis pelas redes sociais e serviços de troca de mensagens são umas das mais afetadas pelo projeto. Cabe a elas uma série de obrigações para evitar a disseminação de conteúdos falsos e difamatórios.

 

Protesto de Deputado durante CPI das Fake News

 

O PL proíbe o funcionamento de contas automatizadas que não sejam expressamente identificadas como tal. O texto também proíbe as chamadas contas inautênticas, perfis criados para simular a identidade de outra pessoa e enganar o público. Os impulsionamentos de mensagens publicitárias continuam valendo, mas os serviços de redes sociais e de troca de mensagens devem informar, de forma destacada, o caráter publicitário dessas mensagens.

 

Os provedores de rede social e de serviços de troca de mensagens também deverão desenvolver formas de detectar fraude no cadastro e o uso de contas em desacordo com a legislação. O provedor e rede social, como Twitter e Facebook, por exemplo, deverá tomar medidas imediatas para apagar conteúdos que sejam de dano imediato de difícil reparação. Publicações que incitem violência contra uma pessoa ou um grupo de pessoas ou que contenham conteúdo criminoso, como incitação à pedofilia, são proibidas.

 

Agentes políticos
O PL considera de interesse público as contas do presidente da República, de ministros de Estado, além de deputados e senadores em redes sociais. Dessa forma, essas contas não poderão restringir o acesso de outras contas às suas publicações. “É um ônus que o indivíduo deve suportar em razão da função que exerce. Se eu tenho minha conta oficial como senador, eu posso ter a minha conta particular. Eu posso ter uma conta para conversar com a minha família e meus amigos”, disse Coronel.

 

Divergências
O resultado da votação, com um placar dividido, refletiu as divergências expressas durante a sessão. Alguns senadores se mostraram contrários à votação da matéria. Para Major Olímpio (PSL-SP), os senadores favoráveis estão “votando com o fígado”, no ímpeto de combaterem as notícias falsas das quais muitos deles são vítimas. Para Olímpio, a proposta “mata a vaca para matar o carrapato”.

 

Um dos críticos mais incisivos foi Plínio Valério (PSDB-AM). O senador defendeu que o projeto fosse discutido em audiência pública e só fosse para voto quando as atividades no Senado já estivessem normalizadas, com votação presencial, no plenário. Valério afirmou que o projeto é “inoportuno e que abrange a tudo e a todos”.

 

O senador tucano, junto com Olímpio e Espiridião Amin (PP-SC) apresentaram uma Questão de Ordem pedindo a retirada do projeto de pauta. Alcolumbre rejeitou a Questão de Ordem dos três parlamentares. O presidente do Senado argumentou que o projeto foi pautado três vezes para ser votado, mas foi retirado para que fosse melhor discutido.

 

“Não devemos confundir a divergência no mérito com a divergência no procedimento. A matéria teve sim uma discussão muito mais ampla do que a assegurada no regimento do Senado. Não tem razão, nem política nem regimental, para adiar a deliberação da matéria de hoje”, disse o presidente da Casa.

 

Entre os favoráveis à votação da matéria está Weverton Rocha (PDT-MA). Para ele, os argumentos de que o PL retira a liberdade de expressão não são verdadeiros. Ele afirmou que o projeto apenas visa retirar o anonimato em determinados casos. “Não podemos cair nessa narrativa errônea de que essa é uma lei da mordaça. Você pode me criticar, me chamar de qualquer coisa, mas você tem que dizer quem você é”.

 

Rogério Carvalho (PT-SE) também apoiou o projeto. Ele entende que o projeto 2.630/2020 é importante para começar o debate de uma regulamentação sobre o tema no país. Ele ainda citou os perigos da disseminação de notícias falsas no contexto da pandemia da covid-19. “Se a gente não tem o debate em cima da verdade, não construímos um debate honesto, esclarecedor. E a gente acaba induzindo a sociedade a erros que podem custar muito caro. Inclusive, custar a própria vida ou milhares de vidas, como em uma pandemia como esta”.

 

Como cada um votou

Senador Partido UF Voto
Acir Gurgacz PDT RO SIM
Alessandro Vieira Cidadania SE SIM
Alvaro Dias Podemos PR NÃO
Angelo Coronel PSD BA SIM
Antonio Anastasia PSD MG SIM
Arolde de Oliveira PSD RJ NÃO
Carlos Fávaro PSD MT SIM
Carlos Viana PSD MG NÃO
Chico Rodrigues DEM RR SIM
Cid Gomes PDT CE SIM
Ciro Nogueira PROGRES PI SIM
Confúcio Moura MDB RO SIM
Daniella Ribeiro PROGRES PB SIM
Dário Berger MDB SC SIM
Eduardo Braga MDB AM SIM
Eduardo Girão Podemos CE NÃO
Eduardo Gomes MDB TO NÃO
Eliziane Gama Cidadania MA SIM
Elmano Férrer Podemos PI NÃO
Esperidião Amin PROGRES SC NÃO
Fabiano Contarato REDE ES SIM
Fernando Coelho MDB PE NÃO
Fernando Collor PROS AL NÃO
Flávio Bolsonaro Republica RJ NÃO
Humberto Costa PT PE SIM
Irajá PSD TO SIM
Izalci Lucas PSDB DF NÃO
Jader Barbalho MDB PA SIM
Jaques Wagner PT BA SIM
Jarbas Vasconcelos MDB PE SIM
Jayme Campos DEM MT SIM
Jean Paul Prates PT RN SIM
Jorge Kajuru Cidadania GO NÃO
Jorginho Mello PL SC NÃO
José Maranhão MDB PB SIM
José Serra PSDB SP ABSTENÇÃO
Kátia Abreu PROGRES TO SIM
Lasier Martins Podemos RS NÃO
Leila Barros PSB DF NÃO
Lucas Barreto PSD AP SIM
Luis Carlos Heinze PROGRES RS NÃO
Luiz do Carmo MDB GO NÃO
Mailza Gomes PROGRES AC NÃO
Major Olimpio PSL SP NÃO
Marcelo Castro MDB PI SIM
Marcio Bittar MDB AC NÃO
Marcos do Val Podemos ES NÃO
Marcos Rogério DEM RO SIM
Maria do Carmo Alves DEM SE SIM
Mecias de Jesus Republica RR SIM
Nelsinho Trad PSD MS SIM
Omar Aziz PSD AM SIM
Oriovisto Guimarães Podemos PR NÃO
Otto Alencar PSD BA SIM
Paulo Paim PT RS SIM
Paulo Rocha PT PA SIM
Plínio Valério PSDB AM NÃO
Randolfe Rodrigues REDE AP SIM
Reguffe Podemos DF NÃO
Renan Calheiros MDB AL ABSTENÇÃO
Roberto Rocha PSDB MA NÃO
Rodrigo Cunha PSDB AL NÃO
Rodrigo Pacheco DEM MG SIM
Rogério Carvalho PT SE SIM
Romário Podemos RJ NÃO
Rose de Freitas Podemos ES SIM
Sérgio Petecão PSD AC SIM
Simone Tebet MDB MS SIM
Soraya Thronicke PSL MS NÃO
Styvenson Valentim Podemos RN NÃO
Tasso Jereissati PSDB CE SIM
Telmário Mota PROS RR SIM
Vanderlan Cardoso PSD GO NÃO
Veneziano Vital do Rêgo PSB PB SIM
Wellington Fagundes PL MT SIM
Weverton PDT MA SIM
Zenaide Maia PROS RN NÃO
Zequinha Marinho PSC PA NÃO