O processo sucessório é uma estrada cheia de curvas sinuosas em um tempo nebuloso para vários pretendentes a um cargo eletivo em dois de outubro. Até hoje, a 45 dias das convenções partidárias, nenhum dos pré-candidatos majoritários, de nenhum partido ou grupo político, conseguiu deslanchar. E todos sabem o porquê dessa situação: a antecipação equivocada de todo o embate eleitoral.
Por Edson Rodrigues
Todos os que colocaram seus nomes para a avaliação popular, apontando o cargo que pretendiam, acabaram tendo problemas no meio do caminho. Problemas que podem ser chamados de tropeços, desvios equivocados, intervenções alheias, acordos precipitados e, até mesmo, amizades desfeitas.
Por enquanto os candidatos ao governo são Wanderlei Barbosa, que entrou no páreo por uma razão natural, Ronaldo Dimas, o primeiro a colocar sua pretensão em voga, Paulo Mourão, o primeiro a achar que tinha a legenda a qual pertence a lhe apoiar incondicionalmente, e Osires Damaso, que mostrou sua força e prestígio pessoais para estar candidato.
Mas, uma simples consulta familiar já serve para mostrar que nenhum deles é unanimidade ou maioria entre os eleitores. Cada um por uma razão distinta.
IRAJÁ ABREU MANDANDO RECADOS...
O senador Irajá Abreu, presidente estadual do PSD, um político bem avaliado, com uma atuação discreta, porém firme, reafirmou, esta semana, ainda não ter um candidato a governador, mas fez um reconhecimento público acerca do crescimento político da pré-candidatura ao governo do deputado federal Osires Damaso, a quem teceu elogios políticos.
Enquanto isso, a mídia local deu notícias sobre um hipotético pré-anúncio (se é que isso existe) por parte de Irajá Abreu, sobre o fato dos líderes nacionais do PSD já estarem informados acerca de uma possível candidatura do próprio Irajá ao governo do Estado. Fato que jamais pode vir separado da informação de que Irajá é filho da também senadora Kátia Abreu, candidata à reeleição na chapa do governador Wanderlei Barbosa, que conta com o total apoio dos deputados estaduais, membros do Republicanos – partido presidido pelo próprio Wanderlei – que, em sua maioria, são contrários à reeleição de Kátia e estão inclinados a apoiar a candidatura da deputada federal Dorinha Seabra ao Senado.
Ou seja, um imbróglio triplo, com diversos conflitos de interesse e outros muitos nós a serem desatados.
RONALDO DIMAS EM BRASÍLIA
Esta semana, a mídia, a classe política e a população tocantinenses permanecem aguardando um esclarecimento do ex-prefeito de Araguaína e pré-candidato ao governo, Ronaldo Dimas, sobre a operação da Polícia Federal que cumpriu mandados de busca e apreensão em sua casa e em seu escritório político, a mando da Controladoria Geral da União.
Dimas é um cidadão que há décadas se relaciona com a população tocantinense por meio de cargos públicos, seja como secretário de governo, deputado federal ou prefeito por dois mandatos, tendo conseguido eleger seu sucessor e maioria dos vereadores da atual gestão do segundo maior colégio eleitoral do Tocantins, com a fama de não ter nenhuma mancha em seu currículo e de ter sido um dos melhores gestores da Capital do Boi Gordo. Logo, é quase um dever de Dimas esclarecer o porquê de seu nome estar entre os citados pela CGU, principalmente no momento em que tem companheiros de partido (PL), correligionários e seguidores trabalhando o seu nome para ser o próximo governador do Tocantins.
A situação de Dimas, portanto, ainda é um tanto quanto nebulosa, apesar de não ser indiciado, muito menos acusado de qualquer coisa, assemelhando-se a de muitos outros agentes públicos e empresários que colocaram – ou pretendem colocar – seus nomes no páreo eleitoral de dois de outubro. Aqueles que praticaram atos não republicanos e os que eram seus gestores e confiaram a eles cargos públicos, estão tendo picos de pressão – alta ou baixa, ou os dois juntos, em alguns casos – sempre que pousa um avião da Polícia Federal no aeroporto Lysias Rodrigues, em Palmas. Ninguém sabe quando ou se esta será a sua vez de receber uma visita dos “homens de preto”, tornando o conhecimento das peças que realmente estarão no tabuleiro sucessório, um enigma difícil de ser decifrado.
QUEM DISPUTARÁ O SEGUNDO TURNO COM WANDERLEI???
Dessa forma, ninguém sabe quem irá disputar o segundo turno com Wanderlei Barbosa. O deputado federal Osires Damaso, apesar de não ter, ainda, o apoio de nenhum prefeito, exceto o de Celsinho, de Paraíso do Tocantins, conta com o total apoio do ex-prefeito de Palmas, Carlos Amastha, do empresário e líder político gurupiense Oswaldo Stival, do deputado estadual Júnior Geo, que conquistou o respeito e o reconhecimento de muitos palmenses e tocantinenses por sua atuação na Assembleia Legislativa.
Paulo Mourão, o pré-candidato ao governo mais bem preparado segundo os analistas políticos, vem enfrentando problemas pontuais com a cúpula estadual do Partido dos Trabalhadores, mas conta com o apoio da cúpula nacional e, principalmente, do ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que prometeu vir ao Tocantins utilizar seu prestígio em busca de votos para Mourão.
Ronaldo Dimas liderava as pesquisas de intenção de votos para o governo até que veio a Operação Cantilianas, que, digamos, por aproximação, derrubou sua popularidade junto à população tocantinense.
O próprio Dimas só deve resolver sua situação ao se pronunciar sobre o ocorrido, depois de ter conseguir, em Brasília, na sede da CGU, se informar sobre o porquê da inclusão do seu nome na Operação. Só após ouvir do próprio Ronaldo Dimas as informações que são necessárias para a formulação de uma opinião é que a imprensa tocantinense poderá afirmar se Dimas tem ou não condições de permanecer pré-candidato ao governo.
EDUARDO GOMES PODE VIR A SER CANDIDATO A GOVERNADOR???
Apesar de ser o “sonho de consumo” de milhares de tocantinenses, incluindo dezenas de prefeitos e lideranças políticas, classistas e religiosas, o senador Eduardo Gomes tem sido claro quanto à sua participação no processo eleitoral de dois de outubro. Segundo ele, o “plano B” do PL é seguir o “plano A”, que tem Ronaldo Dimas como candidato ao governo
Eduardo Gomas, inclusive, já está de “mudança” para Palmas, juntamente com sua família, onde promete fazer um corpo a corpo com os eleitores, neste segundo semestre, levando a bandeira de Dimas como governador e a de Dorinha Seabra para o Senado.
Líder do presidente Jair Bolsonaro no Congresso Nacional e campeão em liberação de recursos para os 139 municípios tocantinenses, assim como para o governo do Estado, Gomes é considerado pelos analistas políticos, hoje, o melhor “cabo eleitoral” de qualquer candidatura para dois de outubro.
DORINHA MAIS PERTO DO SENADO
A pré-candidata a senadora, Dorinha Seabra, está de vento em popa na sua caminhada, contando com apoio suprapartidário. Sempre com os pés bem firmes no chão e estudando os caminhos que toma, Dorinha Seabra jamais deixou de reconhecer e mostrar gratidão a todos que a apoiam, mas vem tratando sua postulação ao Senado como uma decisão de foro íntimo, ouvindo seus principais apoiadores e conselheiros, para decidir qual pré-candidatura ao governo ganhará o apoio dos seus eleitores.
Sempre humilde, Dorinha tem deixado transparecer que sua decisão será baseada na opinião de suas bases, na sabedoria e na razão – e nos conselhos de Deus –, e que deixará “o coração de ledo”, quando for tomar sua decisão.
NOVIDADES PARA O SENADO
Nas últimas 72 horas, vem havendo uma grande agitação nos bastidores políticos do Tocantins, envolvendo, inclusive a classe empresarial, com a possibilidade do surgimento de uma nova candidatura ao Senado, que já teria, inclusive, os dois suplentes definidos. A decisão dependerá de uma reunião a ocorrer hoje, em São Paulo e outra em Brasília, que pode dar o “ok” para esse movimento.
Não se pode esquecer, também, outras possibilidades para o Senado, como Ataídes Oliveira, com um trabalho de peso junto aos vereadores do interior, do ex-governador Marcelo Miranda, presidente estadual e “soldado” do MDB tocantinense, e do ex-governador Mauro Carlesse, que foi presidente da Assembleia Legislativa e, enquanto esteve no governo, tinha o apoio incondicional da ampla maioria dos deputados estaduais.
Diante desse quadro sucessório exposto neste “Olho no Olho”, a única certeza é que mudanças profundas podem ocorrer no tabuleiro sucessório envolvendo os nomes que disputarão o governo e a única vaga disponível no Senado, ficando a definição para depois das convenções partidárias ou da última operação da Polícia Federal antes das eleições.
Só nos resta aguardar...