USINAS HIDRELÉTRICAS NO TOCANTINS: LUCROS BILIONÁRIOS APÓS DESTRUIR RIQUEZAS NATURAIS. E AINDA HÁ POLITICOS ANUNCIANDO MAIS QUATRO MINIUSINAS PARA BREVE

Posted On Segunda, 05 Julho 2021 06:47
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O Tocantins registrou perdas ambientais e turísticas irreparáveis com a construção da Usina Hidrelétrica Luís Eduardo Magalhães

 

Por Edson Rodrigues e Luciano Moreira

 

A formação do seu lago fez desaparecer diversas praias naturais, principalmente a de Porto Nacional que, assim como as demais, atraía milhares de turistas todos os anos, vindos de várias partes do Brasil, aquecendo a economia, enchendo hotéis, pousadas, pensões e restaurantes, oxigenando os cofres públicos municipais e estaduais com a arrecadação de impostos.

 

Ex-prefeito Otoniel Andrade e o ex-governador Siqueira Campos

 

Na época, os administradores envolvidos pelo senso de urgência e a necessidade acabaram pecando, sendo omissos e coniventes, mesmo que involuntariamente, concordando com os termos de compensação, que se mostraram insuficientes, e acabando com o ganha-pão de milhares de pessoas, entre hoteleiros, donos de pousadas, pensões, restaurantes e até barraqueiros e barqueiros da praia, que perderam seus meios de sustento. Ao mesmo tempo, as cidades abrangidas pelo lago, deixaram de arrecadar milhões de reais em impostos deixados pelos turistas, situação que repercutiu nos cofres estaduais.

 

Praia de Porto Real

 

Vale ressaltar que os prefeitos das cidades que perderam suas praias não tinham forças, sozinhos nem juntos, para competir com os interesses econômicos do governo do Estado e da Investco, empresa responsável pela construção da Usina do Lajeado, principalmente ante o acovardamento das Câmaras Municipais e da Assembleia Legislativa, e da inação da própria população, por desconhecimento ou falta de vontade.  A Usina seria construída, quer quisessem ou não.

 

O certo é que a Investco/Celtins vendeu os ativos da Usina e os compradores e atuais donos, são  responsáveis solidários dos danos e reparos provocados pela construção da Usina, que podem ser cobrados por meio de uma Ação Popular movida pela própria comunidade afetada, assim como outra Ação pode ser movida pelas famílias diretamente impactadas, residentes na Jacutinga e em Pinheirópolis, que viviam da produção de murici, buriti e mangaba, que eram vendidos na cidade e eram o pilar de sustentação financeira dessas famílias.

 

SÓ PREJUÍZO E MAIS GANÂNCIA

 

E quem pensa que produzir energia no “fundo do quintal” barateia os custos, está muito enganado.  O povo tocantinense, hoje, paga a sétima tarifa de energia mais cara do Brasil, pois não há concorrência no fornecimento, apenas uma empresa distribui a energia e de forma um tanto quanto questionada em relação à qualidade do serviço prestado.

 

Vista Aérea da praia

 

Dessa forma, os lucros da empresa de energia são astronômicos, tornando os únicos beneficiários a própria empresa e o governo do Estado, que lucra com a arrecadação de impostos das contas pagas pelos seus próprios cidadãos, pois a energia excedente, exportada para outros estados, não paga imposto ao Tocantins, que não recebe um centavo.

 

E ainda há coisa pior por vir.  Um parlamentar, como assento na Câmara Federal, anunciou, com regozijo, a construção de mais quatro minusinas em território tocantinenses, ou seja, se já exportamos energia com o que produzimos, vamos ter mais prejuízos ambientais e econômicos, e seremos “barriga de aluguel” para dar lucro à empresa de energia, pois, uma vez exportada, nada volta como imposto para o Tocantins.

 

Se isso vier a acontecer, será mais um ato vergonhoso de descaso para com o Tocantins e seu povo, além da assinatura de uma certidão de subserviência pelos deputados estaduais, prefeitos e vereadores das cidades que irão receber essas “obras”.

 

O Paralelo 13 faz este editorial como um alerta para que os governantes e a própria população não se omitam novamente, não sejam coniventes nem meros observadores enquanto nossas riquezas naturais são dilapidadas.

 

Reajam, entrem com ações nas justiças estadual e federal, se antecipem e evitem que o mal seja repetido.

 

O grupo que domina a Energisa já vem tendo lucros bilionários às custas da energia produzida no Tocantins e os danos sofridos pelos municípios impactados precisam ser reparados e compensados.  Não havendo possibilidade de uma solução amigável, que o Ministério Público assuma as dores desse povo sofrido, que vem sendo extorquido por tarifas de energia elétrica exorbitantes.

Praia de Porto Real antes do lago Fotos de Daniel Cavalcante 

 

O Paralelo 13 tem o dever de e a obrigação de mostrar os fatos e alertar os nossos irmãos tocantinenses, que são nascidos aqui ou que escolheram o Tocantins para criar suas famílias.  Precisamos agir unidos para proteger o nosso Estado e suas riquezas.

 

Estaremos juntos com o povo e como os demais veículos de comunicação nos municiando para mais essa batalha que se avizinha, em defesa dos interesses do nosso povo e do nosso Estado.

 

Vamos nos esmerar na busca e levantamento de informações para, quando for oportuno, denunciar mais esse descaso com os nossos cidadãos, informando o nome desse parlamentar, pois não ficaremos omissos, nos fazendo de cegos, surdos e mudos como muitos costumam fazer, inclusive na época da construção da Usina do Lajeado.

 

Esperamos, sinceramente, que a atual legislatura não se mostre tão omissa quanto os deputados estaduais da época da aprovação da Usina Luis Eduardo Magalhães, inclusive os representantes de Porto Nacional, assim como os vereadores e o prefeito.

 

Jamais seremos omissos para que não haja desculpa para os “representantes do povo” na Assembleia Legislativa alegarem desconhecimento ou “poucas informações” acerca do assunto, pois iremos abastecer o Tocantins de todas as informações possíveis, impactos e malefícios que essas obras trarão em seu bojo.

 

Foto da pesquisadora professora Edith Hedwig Lotufo, mostra o Coreto que foi demolido sem nescessidade

 

Precisamos discutir Projetos de Estado e não abrir mão de nossas riquezas naturais.  Temporadas de praia acontecerão depois da pandemia, mas áreas alagadas jamais retornarão ao seu estado natural.

 

A população tocantinense precisa estar atenta.  E nós seremos o despertador!