REFLEXÃO DE DOMINGO
Ganhar a eleição municipal em Palmas é questão de sobrevivência política em 2026.
Sem arrodeios, a vitória de Janad Valcari deixou de ser um projeto pessoal e passou a ser o projeto de um grupo político numeroso e cheio de “pesos pesados”, a começar pelo governador Wanderlei Barbosa, passando pelos deputados federais e estaduais, até o senador Eduardo Gomes.
O Tocantins é um dos poucos estados brasileiros que opera “no azul”, com equilíbrio nas contas públicas, servidores, fornecedores e prestadores de serviço com pagamentos em dia. Wanderlei Barbosa é o segundo governador mais bem-avaliado em popularidade no Brasil e tem em Palmas o seu próprio colégio eleitoral, onde ninguém de sua família jamais perdeu uma eleição.
A pré-candidatura de Janad Valcari vinha, apesar da liderança em todas as pesquisas, estagnada, enquanto as demais ganhavam território, com destaque para o ex-deputado Eduardo Siqueira Campos, que chegou a empatar, tecnicamente, com a candidata do PL.
A chegada do governador aos 45 minutos do segundo tempo- no tempo certo, segundo ele próprio – é um reforço determinante na postulação de Janad, juntamente com os senadores Eduardo Gomes, presidente do PL pelo qual Janad concorrerá à eleição, e Dorinha Seabra, do União Brasil, e são capazes de fazer a diferença no somatório final dos votos.
A questão é que a eleição de Janad à prefeitura de Palmas passa, agora, a ser determinante para o futuro político dos que a apoiam, em especial de Wanderlei Barbosa e de Eduardo Gomes, que devem disputar, juntos, as duas vagas que se abrirão no Senado para o Tocantins em 2026. Assim como uma hipotética derrota da candidata do PL será debitada na conta do governador e no senador.
Vale sempre ressaltar que não existe varinha mágica para a transferência de votos. Não bastam os apoios de Wanderlei e Eduardo para garantir a vitória de Janad. O mesmo vale para as outras candidaturas apoiadas por Wanderlei e Eduardo nos demais municípios tocantinenses, nas quais os dois também devem estar presentes durante a campanha, prestigiando seus candidatos.
O comando político da candidatura de Janad, com muita habilidade e trabalho, a manteve em primeiros lugar em todas as pesquisas de intenção de voto realizadas, mas essa liderança chegou, no momento da homologação da sua candidatura, ameaçada pelo crescimento exponencial de Eduardo Siqueira Campos, do Podemos.
Por isso o apoio de Wanderlei Barbosa foi visto com alívio por Janad, que chegou a comentar isso em seu discurso, durante a Convenção do PL.
OPOSIÇÕES FAZENDO BEM FEITO O DEVER DE CASA
Ante ao poderio político-partidário de Janad, o ex-deputado estadual Eduardo Siqueira Campos usou da sua experiência política para diminuir a desvantagem e, praticando a estratégia do “de portas em porta”, conseguiu subir fortemente nas pesquisas e realizou a sua convenção, repleta de apelo sentimental e nostalgia, na feira coberta do Aureny III, setor que leva o nome da sua saudosa mãe e criado durante sua primeira gestão na prefeitura, quando seu pai, saudoso ex-governador Siqueira Campos, comandava o Palácio Araguaia. Sua convenção não teve a presença de nenhum deputado federal, estadual ou senador, mas teve a presença maciça do povo, maior patrimônio em uma eleição.
Seu crescimento nas pesquisas virou assunto da mídia nacional e tirou a candidatura de Janad Valcari da zona de conforto na qual esteve durante todo o período de pré-campanha.
Outra candidatura que vem ganhando musculatura, mas em ritmo menor, é a do deputado estadual Júnior Geo, do PSDB, apoiado pela prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro, presidente estadual da sigla, e pelo seu esposo, deputado estadual Eduardo Mantoan, cuja convenção ocorre nesta segunda-feira, na Capital.
Geo é um candidato que não pode ser subestimado e seu crescimento aumenta a possibilidade de um segundo turno, coisa que Janad Valcari vai fazer de tudo para evitar, e que acende a luz de alerta no Palácio Araguaia e na Assembleia Legislativa, fortemente comprometidos com a candidatura de Janad.
CUIDADOS A SEREM TOMADOS: VAIDADES
Os três principais líderes políticos engajados na campanha de Janad Valcari – Wanderlei Barbosa, Eduardo Gomes e Dorinha Seabra – têm, todos, a consciência da obrigação da vitória para não “contaminar”, de forma antecipada, seus futuros políticos nas eleições majoritárias de 2026. Seus históricos políticos mostram que quase todos passaram pela Câmara Municipal de Palmas e foram presidentes em suas legislaturas – Wanderlei, Eduardo Gomes, Gaguim e a própria Janad – e, depois disso, ninguém ficou sem mandato, passando por deputado estadual, federal, senador e governador. E isso faz muita diferença!
Agora que o jogo será iniciado, oficialmente, sob as regras eleitorais, com o registro das candidaturas, as inserções de Rádio e TV e os debates, qualquer vaidade, qualquer “luxo” ou “não me toques” serão sentidos, observados e avaliados pelos eleitores. Todo cuidado será muito pouco.
Lembrando que o Palácio Araguaia não consegue eleger o prefeito da Capital há 24 anos, a última vez que isso aconteceu foi com Nilmar Ruiz, eleita com o apoio de Siqueira Campos, em 2000, com menos de 500 votos de vantagem para Raul Filho. Esse é mais um tabu a ser superado pelo grupo político de Janad Valcari, em caso de vitória.
ELEIÇÃO INDEFINIDA
Com tudo isso em jogo – e a ser jogado – o Observatório Político de O Paralelo 13 pode afirmar, sem medo de errar, que a sucessão municipal de Palmas está completamente indefinida, com um pleito que se horizonta extremamente profissional em termos de marketing, assessoria de imprensa e assessoria jurídica/contábil, e qualquer erro, por mínimo que seja, pode ser fatal para todas as candidaturas.
A coordenação da campanha de Janad Valcari, sob o comando do seu esposo, Ordiley, até agora não cometeu nenhum erro capaz de provocar desgaste da imagem da candidata do PL.
Mas, como já falamos em análises anteriores, essa tendência de aglomerar partidos em sua base de apoio beira a formação de mais um Titanic político (vide o caso de Marcelo Lelis e Cirlene Pugliese), sob o risco de muitos dos líderes que subirem no palanque do grupo político, partir, imediatamente após a sua participação, para suas propriedades rurais, seus domicílios eleitorais e esquecerem da importância da vitória de Janad em Palmas.
Além das lideranças, os aspones e baba-ovos não serão pessoas bem quistas nas campanhas, e o grupo de Janad parece já ter percebido isso.
Para finalizar e confirmar como a sucessão de Palmas está indefinida, um novo dado pode se somar a tudo o que foi falado até agora nesta análise: Palmas tem, hoje, 44 mil eleitores a mais que na última eleição municipal, sendo que quatro mil deles estão na faixa etária entre 16 a 22 anos, segundo dados do TRE.
O número de eleitores do sexo feminino é superior ao dos masculinos e traz um recado aos partidos e candidatos de que não será fácil o convencimento pois a maioria será de eleitores novatos em Palmas, e esses eleitores já não dependem tanto de um emprego no município, muito menos do Governo do Estado.
A iniciativa privada e os concursos públicos realizados pelo Estado e pela prefeitura, fazem com que este eleitorado novo não seja tão dependente de um cargo comissionado de um ou dois salários mínimos.
E, venhamos e convenhamos, 44 mil votos podem, facilmente, decidir uma eleição na Capital do Tocantins.
Ficam as dicas!!