OPERAÇÃO ÁPIA PODE SER O CAMINHO PARA O INFERNO DE MUITOS POLÍTICOS TOCANTINENSES, CONDUZIDOS PELA PF
As mordomias da vida abonada de político serão as primeiras a ser perdidas. Mas os pequenos detalhes é que os levarão ao desespero
Por: Edson Rodrigues
Na próxima terça-feira fará cinco dias que a Justiça Federal decretou as prisões dos suspeitos de terem praticado crime contra o patrimônio público no Tocantins, levando o Estado a ter prejuízo calculado em 1,2 bilhão de reais. Caso a Justiça decida prorrogar as prisões para preventivas, ou seja, por tempo indeterminado, não apenas os cinco dias da prisão temporária, os envolvidos serão com almas no purgatório, prontas para ir para o inferno, sem data para sair.
Caso isso venha a acontecer, é sinal de que a coisa é muito mais feia do que todos pensam, e pode piorar ainda mais, pois mais as prisões podem ocorrer. A questão é que, para a Justiça, cada caso é um caso, para cada um é imputado um crime e para cada crime uma culpabilidade, uma pena, dependo do grau de participação no crime.
Os órgãos federais, como TCU, CGU, MPF e PF, estão juntando as provas dos crimes contra o patrimônio público e, avaliando individualmente a participação de cada um. É bem aí que está o perigo e a gravidade de cada tipo de envolvimento.
DELAÇÃO
A prisão preventiva está regulamentada no terceiro capítulo do código de processo penal e, como já dissemos, não tem prazo pré-definido, e pode se tornar o verdadeiro inferno na vida dos envolvidos. Será uma longa jornada sem o convívio de familiares, sem as mordomias de seus lares, como ar-condicionado, banho quente, sabonete cheiroso, xampu para lavar as madeixas (quem ainda as tem, claro), sem o vinho importado no happy hour, sem os queijos especiais, sem os jantares nos melhores restaurantes e sem a hospedagem VIP nos melhores hotéis do País e do exterior.
Mas o pior, mesmo, que vai realmente fazer falta serão as coisas simples da vida, aquelas que até o mais simples dos cidadãos estão acostumados, como o pãozinho com manteiga e o café quentinho pela manhã, O arroz e feijão fresquinhos saídos da panela, na hora do almoço, a cama com lençóis limpos e cheirosos ao dormir, o chuveiro com água abundante e quente, o vaso sanitário normal, como todos conhecemos, não aquele do buraco, um papel higiênico que seja, ao menos, suave... Certamente será dessas pequenas coisas que os atingidos pela investigação sentirão mais falta. Mas, o pior, mesmo, o que vai deixar muita gente deprimida e à beira do desespero, será a perda da liberdade e a distância de mães, esposas, filhos e familiares. Isso pode levar até à loucura.
E é por isso que se fala cada vez mais em delação premiada. Fala-se e vê-se, cada vez mais flagrados em atos de corrupção sob as garras da Justiça clamarem por dias a menos nessa situação e apelarem aos acordos de delação premiada.
Se alguns dos tocantinenses flagrados pela Operação Ápia resolver colaborar com a justiça para diminuir seu sofrimento e tempo de “inferno”, de cadeia, e falar tudo que sabe e praticou, com provas, aí, meus caros, pode arrumar um pavilhão, pois vai muito “santo” pro xilindró.
E tem mais um agravante. Se boa parte deste dinheiro sujo foi para o caixa dois de campanha de candidatos eleitos, como dizem as fontes em Brasília, aí os mandatos vão para o lixo, sem contar, caros tocantinenses, que o Ministério Público, para garantir o ressarcimento aos cofres públicos, poderá pedir o bloqueio de bens e contas bancárias dos envolvidos.
O inferno astral de muitos próceres tocantinenses parece estar começando, com o processo ainda em fase de provas. Não é justo que façamos qualquer pré-julgamento, mas, com tranquilidade, podemos dizer que todos os envolvidos estão a um passo do inferno.
EM TEMPO
A justiça federal no Tocantins autorizou, na noite desta sexta-feira 14, a libertação de Luciene da Silva Oliveira, gerente da empresa CRT, e do empreiteiro Renato Hollunder, todos presos no dia 13, durante a operação Ápia.
É bom lembrar, também, que só os culpados devem ser punidos e que ter o nome citado na Operação, não é sinônimo de culpa