Bolsonaro promete indicar pastor para segunda vaga no STF

Posted On Terça, 06 Outubro 2020 05:09
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Bastante criticado por ter escolhido o desembargador Kassio Nunes Marques para a vaga do ministro Celso de Mello, presidente garante que próxima indicação, em 2021, será de um evangélico

 

Por Ingrid Soares e Augusto Fernandes

 

O presidente Jair Bolsonaro disse, na noite desta segunda-feira (5/10), que a sua próxima indicação para o Supremo Tribunal Federal (STF), em julho de 2021, será de um ministro que seja “pastor e terrivelmente evangélico”.

 

“A segunda vaga, com toda certeza, mais que um terrivelmente evangélico, se Deus quiser, nós teremos lá dentro (do STF) um pastor. Imaginemos as sessões daquele Supremo Tribunal Federal começarem com uma oração. Tenho certeza de uma coisa: isso não é mérito meu, é a mão de Deus”, afirmou Bolsonaro.

 

A declaração do chefe do Executivo aconteceu em um culto em São Paulo em homenagem ao aniversário do pastor Wellington Bezerra da Costa, presidente das Igrejas Evangélicas Assembleia de Deus do Brasil. Mais uma vez, Bolsonaro lamentou as críticas que tem sofrido por ter escolhido o desembargador Kassio Nunes Marques, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), para substituir o ministro Celso de Mello, que vai se aposentar na próxima terça-feira (13/10).

 

“Eu me lembro, um ano antes das eleições, estava em Santa Catarina no encontro de gideões e, do nada, veio (sic) à minha boca algumas palavras, que eu assumi um compromisso com vocês, nossos irmãos: vamos ter no STF um ministro terrivelmente evangélico. Agora mais ainda, alguns, um pouco precipitados, achavam que devia ser a primeira vaga que eu acabei de indicar”, comentou o presidente.

 

“Participação legal mais efetiva”

Bolsonaro ainda criticou a decisão do Supremo por ter dado a governadores e prefeitos a escolha sobre restrições e isolamento social em meio à pandemia. Ele afirmou que gostaria de ter tido uma “participação legal mais efetiva”. “Eu colaborei para com a união desse país, eu entendi os momentos difíceis que todos passaram, como nós passamos há pouco, estamos terminando. Apenas lamento não ter tido uma participação legal mais efetiva, mas quis Deus, em todos os momentos em que me manifestei, que pese a forma como trataram o chefe de Estado, hoje sabemos que estávamos certos, estava certo porque antes de tudo eu tinha Deus no coração para buscar as soluções”, apontou.

Na ala evangélica, o pastor Silas Malafaia, um de seus principais apoiadores, vem tecendo críticas ao presidente e à indicação pelas redes sociais. O pastor tem apontado que é “uma vergonha e decepção geral” a primeira indicação do presidente Bolsonaro para ministro do STF. Malafaia diz ainda que o indicado foi nomeado por Dilma, é amigo da "petralhada", com posições socialistas.

 

Coragem

Durante a fala na cerimônia, o mandatário destacou também que é necessário “coragem” para enfrentar os desafios e tomar decisões. Segundo ele, um presidente não deve temer eventuais desgastes. “Devemos ter coragem de enfrentar os desafios. A nós, chefes de Executivo, não podemos temer os desgastes porque como aprendi na carreira militar, pior do que uma decisão mal tomada é uma indecisão. Não fiquei indeciso em momento algum, senti-me sempre fortalecido porque estava com a consciência tranquila do papel que tinha pela frente e sempre dobrei meu joelho antes de tomar medida importantes para todos nós. Se Deus me colocou aqui pelas mãos de vocês, tenho certeza que essa missão será muito bem cumprida, porque antes de vocês me colocarem aqui ele havia me colocado em primeiro lugar”, concluiu.

 

“Seleção Brasileira”

Mais cedo, nesta segunda, Bolsonaro já havia defendido a indicação de Kassio Nunes. "Indicação para o Supremo, para muita gente, ficou igual escalar Seleção Brasileira: todo mundo tem seu nome, e aquele que não entrou o nome dele, ele reclama e começa a acusar o cara de tudo. Esse mesmo pessoal, no passado, queria que eu botasse o Moro (Sergio Moro, ex-ministro da Justiça)", frisou Bolsonaro, ao falar com apoiadores no Palácio da Alvorada.

 

Depois, o mandatário enumerou as qualidades do escolhido: "Ele (Kassio) é católico, tem uma vivência na ala militar. É mentira aquela questão que ele votou para o Battisti ficar aqui. Quem decidiu foi o Supremo, não foi ele", emendou, numa referência ao voto de Marques contra a deportação de Cesare Battisti, em 2015.