O chamado “centrão” é formado por um grupo de deputados federais pertencentes a diversos partidos de direita e de centro-direita. Muitos desses parlamentares enfrentam problemas com a Justiça, com processos por atos não republicanos, assim como dirigentes dos partidos aos quais pertencem, alguns em pleno exercício de seus mandatos na Câmara e no Senado
Por Edson Rodrigues
Pois esse mesmo centrão, que no momento apoia o governo de Jair Bolsonaro, mais especifica e fortemente na Câmara Federal, onde são maioria, reúne boa parte dos mesmos partidos que apoiaram e desapoiaram, de acordo com a conveniência e o caminho dos votos, os ex-presidente Lula, Dilma Rousseff e Michel Temer – este último sabe bem o preço que teve que pagar para abortar um impeachment contra si.
Ex-presidentes Fernando Collor, Sarney, Lula, Dilma e FHC
Mesmo sabendo desse perigo “iminente”, o presidente Jair Bolsonaro não viu outro jeito de manter seu mandato politicamente viável, e deu assento aos políticos do centrão em seus ministérios e até no Palácio do Planalto.
Agora, enfrenta dois reveses em um curto espaço de tempo. O primeiro, foi a não aceitação, por parte do presidente do PP, Ciro Nogueira, da filiação do próprio Bolsonaro em seu partido. O segundo, foi a entrevista que deu, logo depois, para o jornal Valor Econômico, muito conceituado entre agropecuaristas, empresários e investidores internacionais, afirmando que “se a eleição fosse hoje, Bolsonaro não se elegeria” para, logo depois, elogiar o ex-presidente Lula, com quem goza de boa convivência.
As declarações de Ciro Nogueira foram mais que um “cartão amarelo” para o presidente Jair Bolsonaro. Foi um cartão “laranja”, bem próximo do vermelho.
AMEAÇA REAL
Juntando as declarações de Ciro Nogueira com o fato da simples hipótese da filiação de Jair Bolsonaro ao Patriota, seguindo seu filho, senador Flavio Bolsonao, ter causado um racha imediato no partido – nanico, diga-se de passagem, que, em qualquer outra situação, comemoraria ganhar um senador e um presidente da República em seus quadros – e a protocolização de uma ação pedindo a anulação da convenção, realizada ainda ontem (31/05), com a alegação de que houve mudanças “rasteiras” no estatuto do partido para permitir a filiação de Flávio Bolsonaro, pode-se afirmar, sem medo de errar, que Jair Bolsonaro está sob uma ameaça real de “desapoio” do centrão.
Basta lembrar que Ciro Nogueira, senador da República, é, hoje, o líder do centrão.
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Por hoje, é só. Até breve!