Arrecadação de R$ 8,9 bi de leilão contribuiu para liberação
Por Wellton Máximo
Contando com parte dos recursos do leilão do excedente da cessão onerosa, que ocorrerá no início de novembro, o governo liberou R$ 7,27 bilhões que estavam contingenciados (retidos) no Orçamento Geral da União de 2019. O secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, anunciou o valor há pouco.
Para liberar os recursos, a equipe econômica considerou R$ 52,5 bilhões dos R$ 106,6 bilhões que deverão entrar nos cofres públicos com o leilão. Além disso, foi considerada a arrecadação de R$ 8,9 bilhões do leilão da 16ª rodada de concessões da Agência Nacional do Petróleo (ANP), ocorrido na última quinta-feira (11). Essas receitas extras compensaram a frustração de R$ 1,8 bilhão na arrecadação da Receita Federal registrada em setembro.
Os três fatores – cessão onerosa, leilão da ANP e frustração de receitas – reforçarão o caixa da União em R$ 59,906 bilhões em receitas líquidas. A liberação final para os órgãos do Poder Executivo ficou próxima dos R$ 7 bilhões porque o governo fará uma reserva de R$ 52,47 bilhões para ser paga à Petrobras e ser repartida com os estados e os municípios.
Apenas para o Poder Executivo, o governo liberará R$ 4,966 bilhões. Também serão liberados R$ 145,9 milhões para os Poderes Legislativo, Judiciário, Ministério Público e Defensoria Pública da União e R$ 2,156 bilhões para as emendas impositivas de parlamentares, totalizando R$ 7,268 bilhões.
Conservadorismo
Segundo Rodrigues, a liberação de recursos não considerou os R$ 7,8 bilhões do leilão de partilha da produção do pré-sal, previsto para ocorrer em 7 de novembro. O secretário explicou que a equipe econômica decidiu ser cautelosa nas estimativas com as receitas de petróleo no segundo semestre. “Se fosse considerado o leilão de partilha, o valor liberado poderia ser ainda maior, mas a gente decidiu ser conservador”, disse.
Em setembro, o governo tinha desbloqueado R$ 8,3 bilhões do Orçamento , a liberação de recursos na ocasião foi possível por causa da melhora na previsão para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país, de 0,81% para 0,85%, neste ano, à expansão da arrecadação nos últimos meses e à antecipação de dividendos de empresas estatais.
Com a decisão de hoje, o total de despesas discricionárias (obrigatórias) desbloqueado para órgãos do Executivo Federal sobe para R$ 15,5 bilhões. Até julho, o bloqueio efetivo no Orçamento chegava a R$ 31,225 bilhões. Caiu para R$ 22,077 bilhões no fim de setembro e para R$ 17,111 bilhões.
Venda de excedentes
Por meio da cessão onerosa, a União vende o direito de petroleiras explorarem o petróleo na camada pré-sal, sem licitação. Em 2010, a Petrobras pagou R$ 74,8 bilhões ao Tesouro Nacional para extrair até 5 bilhões de barris. Nos últimos anos, no entanto, descobriu-se que o pré-sal abriga até 15 bilhões de barris a mais do que o inicialmente previsto, o que requererá novo leilão.
Marcado para 6 de novembro, o leilão arrecadará R$ 106,6 bilhões e vai ofertar os excedentes em quatro áreas do pré-sal na Bacia de Santos: Atapu, Búzios, Itapu e Sépia. A Petrobras manifestou direito de preferência pelos campos de Búzios e Itapu, que renderá R$ 70 bilhões, dos quais 75% (R$ 52,5 bilhões) serão pagos ainda em 2019, e os 25% restantes (R$ 17,5 bilhões) serão pagos em 2020. A primeira parcela só será paga em 27 de dezembro.
Os R$ 36,6 bilhões restantes, sobre os quais a Petrobras não manifestou direito de preferência, não foram considerados na liberação de recursos. Esse valor cobre os campos de Sépia e Atapu, que serão leiloados à iniciativa privada.
Governador não comenta a crise do partido de Jair Bolsonaro, mas diz que PSDB está aberto a conversas com determinados parlamentares
Por Agências
O governador de São Paulo, João Doria , afirmou nesta segunda-feira (14) que pode conversar com deputados que venham a ser expulsos ou deixar o PSL . A legenda de Jair Bolsonaro está em crise pública após o presidente pedir para um apoiador “esquecer o partido” , na semana passada. Doria, que já deu abrigo ao deputado Alexandre Frota quando ele foi expulso do PSL, defendeu cautela neste momento.
"Nós não vamos avaliar, analisar ou opinar sobre crise de outros partidos. Não é hora ainda de tratar deste assunto. Vamos deixar o PSL serenar e, aí sim, as conversas poderão existir. Eu torço para que tudo ocorra bem", declarou Doria , após inaugurar a 22ª Edição da Feira Internacional do Transporte Rodoviário de Carga (Fenatran), em São Paulo.
Doria está tentando se distanciar do presidente Jair Bolsonaro, a quem apoiou no segundo turno da campanha presidencial do ano passado, como parte do projeto para se viabilizar como candidato em 2022. O governador recebeu Alexandre Frota, que saiu do PSL por criticar o presidente Bolsonaro . Doria disse que sempre teve relação com Frota. Mas afirmou que a sigla poderá receber novas deserções do partido do presidente.
"O PSDB é um partido muito aberto àqueles que tem as convicções liberais. Hoje é um partido pró-mercado, que luta pela desestatização e pelo país. Aqueles que se sentirem bem dentro desta atmosfera liberal serão sempre bem considerados".
Istoé destaca o 'reinado' da noiva de Lula no comando do PT; Veja fala sobre Irmã Dulce e Istoé destaca os “pastores de fuzil”
Da Redação
Istoé
A nova manda chuva do PT
Chegou a “dona do pedaço”. É o que sussurram os petistas quando a socióloga Rosângela da Silva, a Janja, noiva de Lula, irrompe entre as centenas de pessoas que se acotovelam na porta da Polícia Federal de Curitiba, no distante e frio bairro de Santa Cândida. Lá, evidentemente, ela dispõe de passe-livre. No PT, Janja está mais do que à vontade. Ela é a nova mandachuva do partido. Com o aval do ex-presidente petista, com quem deve se casar em breve, a socióloga distribui ordens, enquadra dirigentes partidários, dá orientações a Fernando Haddad e Gleisi Hoffmann, presidente da legenda, e até faz as vezes de tesoureira informal, ao se ocupar de questões de natureza financeira. Empoderada, Janja, nos últimos dias, avocou para si uma nova missão: a de preparar o PT para o pós-Lula Livre — o que ela e todos os petistas acalentam.
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Veja
A multiplicação dos Santos
“Beatíssimo Pai, a Santa Mãe Igreja pede a Vossa Santidade que inscreva a beata Dulce Pontes no Catálogo dos Santos e como tal seja venerada por todos os fiéis cristãos.” Com essa frase, dita em latim, o cardeal italiano Angelo Becciu, prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, inaugurou, no Vaticano, às 10h15 (hora de Roma) deste domingo 13, um momento histórico para o catolicismo brasileiro. Em seguida, o papa Francisco deu rápida anuência, oficializando a canonização da baiana Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes (1914-1992), a irmã Dulce, a primeira santa nascida no Brasil.
Uma relíquia será levada ao altar — fragmentos do osso da costela da freira, cuidadosamente guardados num tubo transparente, colado numa pedra ametista em formato de coração.
A missa, então, celebrará o nascimento de Santa Dulce dos Pobres, o epíteto pelo qual será conhecida. A consagração do “anjo bom da Bahia” terá sido a terceira mais rápida da história, apenas 27 anos depois de sua morte — perde para a santificação de Madre Tereza de Calcutá (dezenove anos após o falecimento da religiosa albanesa) e de João Paulo II (nove anos). A título de comparação, o processo do jesuíta espanhol José de Anchieta, o “apóstolo do Brasil”, vagou mais de 400 anos pelas gavetas da burocracia romana.
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Época
Entre bíblias e fuzis
Aos 23 anos, Wendel Rodrigues Oliveira é um homem de fé. Em 27 de junho, postou no Instagram uma foto da Bíblia em seu colo, com a legenda: “Indo à casa do pai agradecer por cada dia de vida e pela paz que ele vem concedendo à comunidade do Parque ( Paulista ) e pelo seu povo”. No mês passado, publicou por seis dias, bem cedo pela manhã, a frase “Bom dia com Jesus, povão”, com duas mãos espalmadas em oração. Mas ele é também um homem do crime, e o relógio de ouro na foto com o livro sagrado é só um indicativo de seu poder. Na comunidade que cita em suas preces, o Parque Paulista, um bairro em que moram mais de 30 mil pessoas de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, o jovem é conhecido como Noventinha e comanda o tráfico de drogas. Foragido da polícia, tem mandados de prisão em seu nome por isso e por assassinato.
Em meio às postagens de louvor a Deus, há ameaças aos rivais. “Nunca duvide do poder de Deus. Se Ele transformou
água em vinho, pode transformar sua vida em bênçãos e vitórias”, publicou o evangélico em 4 de setembro. Em duas oportunidades, compartilhou vídeos de clipes de cantoras gospel. No dia seguinte, o tom era outro: “Alemão nunca mais coloca o pé aqui e se tentar colocar é bala neles firme.
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Manchas de petróleo derramado na praia de Lagoa do Pau, no município de Coruripe, em Alagoas. As manchas já poluíram cerca de 138 áreas de litorais no estado do nordeste
Com Folhapress
O óleo que resultou nas manchas encontradas em mais de 130 localidades do litoral nordestino tem origem da Venezuela. É o que afirmou a pesquisadora Olívia Oliveira, em entrevista coletiva no Instituto de Geociências da UFBA (Universidade Federal da Bahia) na manhã desta quinta-feira (10).
De acordo com a professora, foram analisadas amostras coletadas nos litorais da Bahia e de Sergipe, numa parceria entre as universidades federais dos dois estados nordestinos e a Universidade Estadual de Feira de Santana (BA).
Todo o material coletado foi cadastrado no Lepetro, centro vinculado ao Instituto de Geociências da UFBA, com nove unidades laboratoriais nas áreas de geologia, química, microbiologia, geoquímica, petróleo e meio ambiente.
Foram selecionadas nove amostras, sete da costa sergipana e duas da baiana. Depois, feita a separação física e desidratação do material contaminante da areia e da água do mar. Em seguida, o óleo total foi injetado em cromatógrafos com detector de chamas para obtenção do fingerprint, ou seja, da impressão digital do material fóssil, em livre tradução.
"Os resultados das análises das amostras foram comparados com os resultados das análises de petróleo constantes na literatura e no banco de óleos do Lepetro, que possui amostras de diferentes bacias do Brasil e dos principais países produtores de petróleo."
A divulgação da análise do material colhido por pesquisadores da UFBA corrobora a afirmação feita na quarta (9) pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, durante audiência na comissão de meio ambiente e desenvolvimento sustentável da Câmara, com base em estudo feito pela Petrobras.
"Os resultados encontrados indicam uma bacia petrolífera que representa um ambiente geológico de formação de um conjunto de rochas que geraram petróleo", disse. "A indicação de similaridade com o petróleo produzido no país aqui citado fará referência apenas à região geográfica da referida origem geológica."
A professora afirmou, no entanto, que o incidente que resultou no passivo ambiental deverá ser alvo de investigação dos órgãos competentes. "Nosso papel se configurou como uma contribuição científica à sociedade. É o que chamamos de geoquímica forense", disse.
Ainda conforme a pesquisadora, o material analisado, por se tratar de petróleo cru, perdeu as características químicas por evaporação. "Já que sua viscosidade é alta, não podemos descartar a possibilidade de o material ser bunker, combustível de navio", afirmou.
Segundo a professora, por meio dos resultados das análises dos biomarcadores e dos isótopos de carbono, "observou-se uma boa correlação do óleo coletado nas praias com um dos tipos de petróleo que é produzido na Venezuela".
"Nenhum petróleo produzido no Brasil, com origem a partir da matéria orgânica marinha, apresenta distribuição dos biomarcadores e razão de isótopos de carbono similar aos resultados encontrados", disse a pesquisadora.
Neste domingo (13/10), o papa Francisco canoniza Irmã Dulce. Conhecida como o 'anjo bom da Bahia', entre as obras da religiosa está o Hospital Santo Antônio
Por Hellen Leite - Maria Eduarda Cardim
Ela nasceu Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes. Por amor aos pobres, tornou-se Irmã Dulce. Por muitos, foi chamada de “o anjo bom da Bahia” e agora entra para a história da Igreja e do Brasil como Santa Dulce dos Pobres. Com uma vida inteira dedicada aos mais necessitados, Irmã Dulce acreditou na fé em forma de caridade. A freira baiana será a primeira brasileira a ser canonizada após ter o segundo milagre reconhecido pelo Vaticano. A cerimônia, prevista para acontecer neste domingo (13/10), é um marco para a história da Igreja do Brasil.
Com aparência e saúde frágeis, irmã Dulce tinha a força de quem sabe o que quer. Foi combinando delicadeza e persistência que ela ingressou, ainda muito jovem, na vida religiosa. Foram essas mesmas qualidades que a levaram a criar um dos maiores e mais respeitados trabalhos filantrópicos do país: as Obras Sociais da Irmã Dulce (Osid).
Com uma mão, batia na porta de políticos, empresários e bem-nascidos; com a outra, acolhia pobres e doentes. Certa vez, conta o jornalista Graciliano Rocha, escritor do livro reportagem Irmã Dulce: a santa dos pobres (Editora Planeta), a freira pediu dinheiro a um comerciante que cuspiu em uma de suas mãos. Sem se abalar, ela estendeu a mão limpa dizendo que o cuspe era para ela e que, na outra mão, ele poderia colocar a oferta para os pobres.
A imagem paradoxal de Irmã Dulce, frágil e firme, é confirmada por quem esteve por perto da beata em algum momento dos 77 anos vividos pela santa. O consultor de marketing político e empresarial Renato Riella conheceu Irmã Dulce quando criança. Nascido em Salvador, durante a infância Renato morou no mesmo bairro em que Irmã Dulce fundou o Hospital Santo Antônio. “Fui vizinho dela durante muitos anos. Isso aconteceu no final da década de 1950 e início dos anos 1960. Eu tinha uns 8 anos”, conta. Hoje, aos 70, Renato relembra a relação da santa com os vizinhos do bairro. “Ela era muito pequena, mas muito corajosa. Vivia na rua, era disponível, andava de loja em loja pedindo doações”, recorda.
Renato a define como uma grande administradora. “Na época, a obra dela ainda era pequena e uma coisa pessoal. Ela fez tudo com muita garra e depois foi ganhando reconhecimento. Era uma buscadora de recursos para ajudar os pobres. Muito firme, rigorosa e até mesmo brava”, lembra. Apesar de todo rigor, Irmã Dulce sempre falava baixo e era superdiscreta.
Galinheiro
Um episódio, em 1939, mostra o poder empreendedor da santa brasileira. Embora estivesse acostumada a lidar com os pobres doentes, o biógrafo Graciliano Ramos conta que um caso marcou a freira. Quando trabalhava na organização que ela mesma fundou, a União Operária São Francisco, foi abordada por um jornaleiro que ardia em febre implorando para que a irmã não o deixasse morrer na rua. Ela não pensou duas vezes. Levou o garoto para uma casa abandonada em um bairro chamado Ilha dos Ratos. “Primeiro Irmã Dulce pediu a um banhista para arrombar a porta da casinha, depois, levou colchonete, candeeiro, leite e biscoito e instalou o menino no local”, detalha o biógrafo. Em pouco tempo, Irmã Dulce já tinha ocupado cinco casas abandonadas para tratar doentes.
Quando o proprietário dos imóveis descobriu as invasões, ficou furioso. Denunciou a freira à polícia, mas ninguém conseguia fazer com que a Irmã saísse do local e abandonasse os doentes. “Até que o dono das casas foi pessoalmente conversar com Irmã Dulce, e ela acabou o convencendo a ceder o local”, relembra. “Ela era muito boa sensibilizando as pessoas para a causa dos pobres”, conta.
Foram dez anos de atendimento nas casinhas até que em 1949, quando, com 70 doentes, Irmã Dulce ocupou um galinheiro ao lado do Convento Santo Antônio. Foi assim, em um simples galinheiro, que nasceu o Hospital Santo Antônio, o maior da Bahia. É possível fazer um tour virtual pelas obras da freira no site.
Quatro perguntas para Graciliano Ramos / Biógrafo de Irmã Dulce
Como o senhor descreve a personalidade de Irmã Dulce?
Ela sempre foi fraca de saúde, mas tinha uma força interior imensa. Recitava o rosário todos os dias e era uma empreendedora. Mesmo já idosa, tocava o dia a dia de um hospital, então, era acostumada a uma rotina pesada, levantava muito cedo e trabalhava até muito tarde. As freiras da congregação de Irmã Dulce, que conviveram de perto com ela, lembram dela como uma figura muito alegre e bem humorada, que costumava colocar apelidos nas pessoas. Durante 30 anos, ela dormiu sentada em uma cadeira por penitência. É surpreendente.
E como ela era como empreendedora?
Como chefe do hospital, ela era sempre muito atenta. Tinha obsessão por limpeza. Se visse uma coisa suja, mandava logo limpar e, se não tinha ninguém para limpar, ela mesmo limpava. Mesmo aos domingos, era comum vê-la com o escovão na mão. O hospital estava sempre limpo. Como era público, vivia superlotado, algumas pessoas eram atendidas no corredor, mas era um corredor impecável. A prova disso é que o índice de infecção hospitalar lá era muito abaixo dos outros hospitais.
Com frequência comparam Irmã Dulce com Madre Teresa de Calcutá. O senhor vê essas semelhanças?
Santa Teresa de Calcutá esteve no Brasil em julho de 1979 e encontrou Irmã Dulce. Elas se pareciam pelo fato de serem religiosas da mesma geração e por acreditarem que a vocação religiosa estava ligada ao acolhimento dos pobres. Ambas foram licenciadas de suas ordens religiosas. As diferenças entre elas estão basicamente no que cada uma fazia com os doentes. Santa Teresa de Calcutá recebeu muitas críticas por que as casas dela eram casas onde as pessoas não tinham um tratamento médico completo, muitas eram acolhidas e esperavam a hora da morte. No hospital de Irmã Dulce não era assim. Deus podia curar, havia oração, mas quem dava o diagnóstico e definia o tratamento eram os médicos.
Qual foi o impacto social, cultural e religioso de Irmã Dulce para a Bahia?
Hoje em dia temos saúde pública como um direito, mas no passado não era assim. Na Salvador dos anos 1950, os pobres não tinham atendimento, só podia ser atendido quem tinha carteira assinada. O colapso social na saúde só não foi maior por causa da Irmã Dulce. Obviamente, ela não resolveu todos os problemas da cidade, mas foi fundamental para centenas de milhares de pessoas. Ela ofereceu um exemplo de humanidade para gente de todas as religiões. Foi uma mulher que deu seu melhor e não se deixou contaminar pelo egoísmo. Na minha opinião, foi a brasileira mais espetacular do século 20. Ela antecipou em muitas décadas a chegada da mulher a posições de poder.
Papa João Paulo II mudou programação em visita ao Brasil para abençoar Irmã Dulce em hospital, há 29 anos
O Papa João Paulo II teve seu último encontro com Irmã Dulce em 20 de outubro de 1991, durante sua passagem por Salvador. Aos 77 anos, a freira estava internada havia nove meses no Hospital Santo Antônio, uma de suas obras, inaugurado em 1983. Em um quarto improvisado como UTI, ela já não conseguia falar e tampouco se mexer. Foi ali, no leito, que a religiosa recebeu a bênção do pontífice. Um encontro se futuros santos: a brasileira será canonizada neste domingo pelo Papa Francisco, o mesmo que canonizou João Paulo II, em 2014.