Após decidir montar uma chapa de candidaturas “puro-sangue” e não aceitar nenhuma candidatura de deputados com mandato em seu grupo político, senador Irajá Abreu se tornou “persona non grata” para os atuais deputados estaduais.
Por Edson Rodrigues
A decisão de Irajá é facilmente compreensível, uma vez que é baseada no futuro do seu grupo político, ante a tendência de renovação que se instala em relação ás eleições de dois de outubro próximo. Por isso, sua decisão criou certa indisposição entre os atuais deputados estaduais que se sentiram descartados como parceiros políticos pelo senador, principalmente depois que Irajá decidiu cortar qualquer vínculo político com a base de apoio à reeleição do governador Wanderlei Barbosa e, a cada dia, vem se distanciando mais do conglomerado político palaciano.
E, se os deputados estaduais estão incomodados com o senador Irajá Abreu, a situação é ainda mais conflituosa com a também senadora Kátia Abreu que, mesmo com a rejeição da maioria dos parlamentares da base de apoio ao Palácio Araguaia, continua agindo com candidata palaciana ao Senado.
Ou seja, não é apenas uma “sensação” ou um indicativo de que o clã dos Abreu a cada dia se afasta mais do palácio Araguaia. É um fato.
EM QUAL PALANQUE SUBIR?
Enquanto isso, o senador Irajá Abreu deixa claro à imprensa que ainda não tem candidato ao governo – ao contrário de sua mãe, que despeja elogios ao governador Wanderlei Barbosa – e, com isso, vem demarcando seu território na política tocantinense, como presidente estadual do PSD, sempre mirando o futuro, que pode ser daqui a quatro anos ou, até mesmo, em outubro próximo, pois Irajá vem conversando com seus companheiros e correligionários, pedindo confiança para que possa tomar uma decisão que contemple, da melhor forma, a todos do partido.
O Observatório Político de O Paralelo 13, há duas semanas e meia, noticiou um jantar entre Irajá com o deputado federal Osires Damaso, pré-candidato ao governo, e seu grupo político, com representantes de partidos de menor estatura, como o Avante, que apoiam a postulação de Damaso.
Esse encontro dá o toque de lógica às atitudes recentes de Irajá. Com uma chapa proporcional já definida, ou o senador irá apoiar a candidatura de Damaso ao governo ou ele mesmo, Irajá, será candidato a governador.
Qualquer dessas duas hipóteses dará uma nova configuração ao tabuleiro sucessório de dois de outubro, criando mais um fator de divisão ou um aglutinador de votos em torno de uma candidatura.
WANDERLEI TRABALHA E AGUARDA DEFINIÇÕES
Por outro lado, o governador Wanderlei Barbosa segue trabalhando para “costurar” a frente de partidos que irão alicerçar sua candidatura à reeleição, formada pelos partidos dos deputados estaduais que o apoiam – em torno de 19, dos 24 parlamentares – e estão umbilicalmente ligados ao Palácio Araguaia.
É, então, chegado o momento de “descer do muro” para a maioria dos indecisos ou morosos. “Rezar para dois santos” ou “acender uma vela para Deus e outra para o diabo” já deixou de ser opção. O processo de afunilamento eleitoral já está em andamento e quem insistir em permanecer no muro, corre o risco de “levar pedrada dos sois lados”.
Wanderlei já deixou claro que não abrirá mão de indicar o seu candidato a vice-governador, e a expectativa é de que esse nome seja o do ex-prefeito de Gurupi, Laurez Moreira.
Ou seja, muitas definições começam a aparecer e muitas outras estão para ser anunciadas nos próximos dias, ante a aceleração das articulações em todos os grupos políticos. A indefinição deixa as bases confusas e elas vêm cobrando de seus líderes um posicionamento para que possam passar a atuar com segurança no processo sucessório.
E quem precisa definir logo qual será seu posicionamento é o senador Irajá Abreu, pois é quem tem mais decisões a tomar. Ou sai, ele próprio, candidato ao governo, ou declaras apoio a uma das atuais candidaturas – Ronaldo Dimas, Paulo Mourão ou Osires Damaso.
A hora é agora!