Esta é uma eleição de continuidade. Pelo menos é o que aponta a primeira rodada de pesquisa Ibope para a prefeitura das 26 capitais do país, completada na sexta-feira. Das 13 cidades onde os atuais prefeitos tentam um novo mandato, em 11 são eles que lideram no ranking de intenção de voto
Com Agência Globo
Já no campo partidário, as legendas de centro estão se saindo melhor, enquanto no campo de esquerda o PSB emerge como principal força política até agora.
O panorama da liderança nas 26 capitais segundo o Ibope mostra que somente Marcelo Crivella (Republicanos), no Rio, e Nelson Marchesan (PSDB), em Porto Alegre, estão distantes de figurar no topo, mas podem alcançar um eventual segundo turno, pois figuram tecnicamente empatados na segunda posição.
Em suma, os candidatos à reeleição conjugam uma boa aprovação da gestão entre ótimo/bom e estão na cabeça do eleitor, uma vez que pontuam bem na pergunta espontânea, aquela em que o eleitor diz, sem ser apresentado aos nomes do candidatos pelo entrevistador.
Especialistas têm dito que a pandemia ajudou os prefeitos a aumentaram a visibilidade. Já mandatários que saíram mal avaliados do período mais crítico da crise sanitária terão maior dificuldade na campanha. Além disso, foram eles que formaram as maiores coligações, numa eleição com recorde de candidaturas. Ou seja, em grande maioria, contam com maior tempo de rádio e TV, além de maior acesso ao fundo partidário.
Alguns, porém, enfrentam o desafio de ter uma rejeição alta, o que pode pesar no segundo turno. A ausência de debates na televisão na maioria das cidades e o curto espaço de campanha joga a favor dos candidatos à reeleição.Sem espaços para que os novos possam desconstruir os candidatos da situação e construir uma oposição, fazer-se conhecido fica cada vez mais restrito aos neófitos. Fora com as limitações causadas pela pandemia de Covid-19 nas campanhas de rua. Há ainda um medo de arriscar com o “novo”, diferentemente das eleições de 2016 e 2018.
O cenário mais confortável é registrado em Belo Horizonte (MG), onde o prefeito Alexandre Kalil (PSD) seria eleito no primeiro turno se a votação fosse hoje. Segundo o Ibope, ele figura com 59% das intenções de voto dos eleitores. Além disso, sua gestão é rejeitada por apenas 13%.
Outro que encaminha uma eleição em primeiro turno é Gean Loureiro, em Florianópolis (SC). Além de ter 44% das intenções de voto, tem saldo de popularidade de 49 pontos — com 59% de ótimo ou bom e apenas 9% de ruim ou péssimo.
Loureiro é um dos cinco políticos do DEM na liderança nas capitais, partido que sai como protagonista na primeira rodada da pesquisa. Em que pese a liderança do MDB, com seis candidatos no topo, o DEM figura na liderança isolada em quatro capitais e em mais uma está em empate técnico. Seu parceiro histórico de alianças, o PSDB está na ponta com quatro candidatos.
Se o centro tem o MDB, DEM e o PSDB como principais forças na fotografia de momento, a esquerda vê o PSB ocupando o espaço no campo progressista. Em nove capitais, candidatos de legendas como o PSB, PT, PDT , PSOL e PC do B figuram na liderança das pesquisas. Destes, em cinco há um pessebista na liderança.
É mais que o dobro do PT, que optou por lançar candidaturas isoladas em metade das cidades do país para “recuperar o prestígio”, segundo o ex-presidente Lula.
Apenas em duas capitais — Vitória, com o ex-prefeito José Coser, e Fortaleza, com a deputada federal Luziane Lins — o partido figura numa liderança, mas empatado tecnicamente com outros candidatos. E nas principais capitais do país, o PT está patinando.
Em entrevista à Revista Época na última semana, Márcia Cavallari, CEO do Ibope Inteligência, afirmou que identifica nas pesquisas a mágoa do eleitorado contra o PT. Márcia afirma que ainda não será nesta eleição que o PT vai conseguir se recuperar em termos de imagem, após a devassa nas urnas em 2016.
No caso petista, cientistas políticos afirmam que o fator “Lula” pode fazer diferença, mesmo com essa não sendo uma eleição dos “padrinhos”. Em alguns casos, pode ser ele a única chance de congregar eleitores para chegar num eventual segundo turno. Mesmo que isso signifique afastar parcela do eleitorado. No caso da capital paulista, dois em cada cinco eleitores. Em São Paulo, o petista Jilmar Tatto oscilou positivamente na pesquisa divulgada na quinta, passando para 4% nas intenções de voto. No primeiro levantamento, divulgado no dia 8 de outubro, ele figurava com apenas 1% na pesquisa.
No entanto, o apoio do ex-presidente pode não ser garantia de sucesso. No Rio, a petista Benedita da Silva manteve os 7% de intenção de voto entre as duas pesquisas do instit
uto. O mesmo ocorreu no Recife, com Marília Arraes mantendo 14% entre os dois levantamentos, e em Belo Horizonte, onde o ex-deputado federal Nilmário Miranda oscilou negativamente de 2% para 1%.
Dinheiro não falta no bolso do partido para gastar em campanhas, um dos que mais irá receber recursos do bilionário fundo especial de campanha, ao lado do PSL, este último ausente de qualquer topo na corrida pela prefeitura das 26 capitais do país. Por isso, se a aposta é na polarização, tudo indica que ela está distante de se repetir.