SUCESSÃO MUNICIPAL NOS QUATRO MAIORES COLEGIOS ELEITORAIS DO TOCANTINS É QUESTÃO DE HONRA PARA UNS E DE SOBREVIVÊNCIA PARA OUTROS

Posted On Segunda, 19 Outubro 2020 04:30
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“Se alguém tivesse me dito que um dia eu me tornaria um Papa, eu teria estudado mais”

 

 PAPA JOÃO PAULO I

 

 

Por Edson Rodrigues

 

O Paralelo 13 vem observando, juntamente com outros especialistas em análises políticas, o panorama nos maiores colégios eleitorais do Tocantins – Palmas, Araguaína, Gurupi e Porto Nacional – traçando um esboço após a divulgação das primeiras pesquisas de intenção de voto, mostrando sem arrodeios, os efeitos colaterais que os resultados das urnas podem trazer junto com o nome dos eleitos, levando sempre em conta que uma vitória em um grande colégio eleitoral garante uma cadeira cativa ao grupo político vencedor, no mínimo, nas discussões sobre a sucessão estadual em 2022.

 

Enquanto isso, os derrotados estarão praticamente fora de qualquer possibilidade de ascensão política em 2022, e terão todo o ano de 2021 para reavaliar suas carreiras, pretensões e posicionamentos, ficando reféns da aceitação de outros grupos políticos ou da adesão de novos aliados.

 

As pesquisas registradas no TRE, hoje, sinalizam para um “sepultamento coletivo” de carreiras de políticos que apostaram todas as suas fichas – até as mais escondidas – em candidaturas de apadrinhados que não tinham nem eleitores nem condições de atrair votos, pois nunca tiveram “vida própria” na política. E essa vala terá que ser bem funda e larga.

 

Enquanto isso, o caminho parece se abrir, definitivamente, para uma nova leva de políticos, inteligentes, engajados, bem preparados e, principalmente, fichas-limpas, assim como para os da velha guarda que mantiveram suas reputações e souberam se manter antenados às novas maneiras de fazer política e de jogar o jogo político.

 

Pela primeira vez, sem as coligações proporcionais, bastões da política correm o risco de ser muito bem votados e ficarem sem as vagas que tanto almejam nos Executivos e Legislativos municipais.

 

Confira, a seguir,  a análise dos panoramas políticos nos principais colégios eleitorais do Tocantins até este fim de semana.

 

I - GURUPI

Gurupi é o território político do governador, Mauro Carlesse e ele, governador, já foi taxativo: é questão de ordem vencer a eleição com a ex-deputada federal Josi Nunes, que é um poço de simplicidade, exala carinho e muita simpatia. Na Capital da Amizade, seu concorrente é Gutierres Torquato, escolhido pessoalmente pelo prefeito Laurez Moreira, considerado um dos melhores prefeitos da atual gestão em todo o Tocantins e o melhor de Gurupi em anos. Ou seja, é uma questão de honra para ambos, Carlesse e Laurez.

 

A questão é que a escolha de Laurez por Gutierres, segundo os bastidores, foi “goela abaixo” dos seus aliados, além do “ungido” já ter dado mostras de ser um candidato “roda presa” e já ganhou o apelido de “melancia de Itu. Grande, pesado e difícil de ser carregado”.

Josi Nunes e Mauro Carlesse

 

Em Gurupi a divisão das forças política é clara. Um grupo é liderado pelo governador Mauro Carlesse, que se destaca politicamente por ter vencido três eleições estaduais consecutivas e conseguido reenquadrar o Estado na Lei de Responsabilidade Fiscal e estar construindo um Hospital na cidade.

 

Tem uma candidata a prefeita preparadíssima, com passagens pela Assembleia Legislativa e pela Câmara Federal, se mantendo ficha-limpa e tem o apoio irrestrito do senador Eduardo Gomes, líder do governo de Jair Bolsonaro no Congresso e o mais bem votado da história política do Tocantins. Gomes já garantiu que trabalhará como elo entre a administração de Josi Nunes e os recursos do governo federal.

 

Enquanto isso, não se discute a capacidade de gestão de Laurez Moreira, mas percebe-se que ele foi “picado pela mosca azul da vaidade política”.  Segundo líderes de sua base política o fato de ter escolhido Gutierres Torquato como seu sucessor o levou a relevar diversos nomes de lideranças políticas importantes para a sua gestão, causando um descontentamento geral, equiparado a um “balde de água gelada” na cara de muitos companheiros de administração.

 

“O sentimento dentro do nosso grupo político é de que Gutierres é um ‘filho bastardo’, que chegou no meio do jogo e quer herdar toda a herança construída por nós, junto com Laurez”, nos confidenciou, anonimamente, um dos membros da base política do atual prefeito de Gurupi.

 

O resultado disso é refletido no crescimento acima do normal de Josi Nunes nas pesquisas registradas no TRE e já divulgadas, aonde ela já aparece à frente do candidato de Laurez.

 

 II - ARAGUAINA

Em Araguaína a situação do candidato ungido pelo prefeito, Ronaldo Dimas, é muito semelhante à do pupilo de Laurez Moreira, em Gurupi.  Dimas foi um gigante como prefeito, transformando Araguaína em um canteiro de obras, o maior do Estado e da Região Norte do Brasil.  Enfrentou a pior crise sanitária entre os municípios tocantinenses com a pandemia do Coronavírus, em que morreram centenas de pessoas não só do município, mas de cidades vizinhas, do Sul do Pará e do Maranhão, que procuraram o serviço de Saúde Pública de Araguaína.

 

Os danos foram contabilizados “na conta“ de Dimas, que conseguiu receber uma quantidade vultosa de recursos federais, conseguidos pelo senador Eduardo Gomes, líder do governo Jair Bolsonaro no Congresso nacional, que será suficiente para que seu sucessor ainda receba os cofres abarrotados dos recursos recebidos via Gomes e outros encaminhados pelos parlamentares estaduais e federais.

Prefeito Ronaldo Dimas 

 

Mesmo assim, Ronaldo Dimas paga um preço alto por não ter investido na mídia local, muito menos nos veículos de comunicação tradicionais do Estado, o que lhe deixa apenas 27 dias para transformar sua boa popularidade e sua boa avaliação como gestor, em votos dos eleitores da Capital do Boi Gordo para a candidatura do seu ungido, Wagner Rodrigues.

 

Caso consiga essa vitória, Dimas sairá muito fortalecido para a eleição majoritária de 2022, quando será candidato a governador ou a deputado estadual.

 

Caso contrário, terá que fazer modificações radicais em seu plano de voo, durante o ano de 2021.

 

III - PORTO NACIONAL

 

Em Porto Nacional, Capital da Cultura Tocantinense, a vestimenta da moda é a roupa camuflada e a atração são grandes peças teatrais encenadas quando o assunto é a sucessão municipal, com as intervenções dos três candidatos sendo notadas por todos.

 

Ronivon Maciel é o mais novo dos três. O atual vice-prefeito rompeu, no último ano, com o prefeito, Joaquim Maia, deixando de ser seu “cúmplice” e tornou-se seu adversário da fonte na qual bebeu nos últimos três anos, participou das ações e nomeou aliados.

Carlinhos Braga Joaquim Maia Otoniel Andrade e Ronivon Maciel

 

Caso Ronivon vença, os louros terão que ser divididos com seus principais apoiadores, como seus primos, o deputado Federal Vicentinho Jr., e o ex-prefeito Paulo Mourão.

 

Já Joaquim Maia, se reeleito, o será por méritos próprios, juntamente com os seus aliados políticos que o acompanharam o tempo todo, muito diferente de sua primeira eleição, na qual contou com o apoio de Paulo Mourão, de cinco deputados estaduais – Valdemar Jr., Nilton Franco, Ricardo Aires e Cleiton Cardoso, entre outros. Nesta sua candidatura à reeleição, não tem nenhum desses apoios, que, aliás, não participaram de nenhuma inauguração de obra ou reunião, deixando Maia isolado em sua província, na dependência de suas próprias forças para convencer o eleitorado de que merece permanecer por mais quatro anos em seu “governo de um homem só”.

 

OTONIEL ANDRADE

O ex-prefeito de Porto Nacional, Otoniel Andrade, vem se mostrando uma pessoa antenada, conectada às novas filosofias políticas e renovado como gestor.  Traz em sua candidatura apoios importantes que podem lhe garantir uma administração moderna, promissora, geradora de empregos.

 

A probabilidade de captação de recursos federais, com o apoio do senador Eduardo Gomes, líder do governo de Jair Bolsonaro no Congresso Nacional, que inclusive cumpra agenda este fim de semana na cidade, para confirmar seu apoio total e irrestrito à Otoniel, soma-se ao posicionamento favorável de outros congressistas em Brasília, do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Toinho Andrade, junto com outros deputados estaduais, o que garanta a Otoniel o primeiro lugar em todas as pesquisas já realizadas até agora, inclusive as com registro no TRE.

 

Apesar de ser o alvo dos ataques dos seus adversários à prefeitura, que gastam 85% de seus discursos para atacar sem piedade as antigas administrações de Otoniel, usando todas as armas que a Lei Eleitoral lhes permite, o “baixinho” tem fingido que não é com ele, numa atitude inteligente, que deixa seus detratores sem ação, falando sozinhos.

 

Otoniel tem fala em projetos e em planejamento futuro, mostrando em telões as muitas obras que deixou como legado em suas administrações passadas, indicando que pode fazer muito mais, conectado ao governo de Mauro Carlesse e com o apoio da Assembleia Legislativa, além do trânsito em Brasília do senador Eduardo Gomes.

 

O ex-prefeito tem como bandeira resgatar a autoestima dos portuenses, principalmente dos moradores de Luzimangues e dos demais distritos, assim como dos empresários e da juventude, que precisam de um governo que dê suporte às suas iniciativas e oportunidades de crescimento igualitário.

 

IV - PALMAS

No maior colégio eleitoral do Tocantins, Palmas, Capital, parece que as oposições se uniram para abrir caminho à reeleição da prefeita Cinthia Ribeiro (DEM).  Dada a largada oficial, Cinthia já aparece, na última pesquisa divulgada, com mais do dobro de intenções de voto que o segundo colocado, Professor Jr. Geo, deputado estadual pelo PROS.

 

Ao que parece, o “eu” e o “meu” das oposições venceram o “nós” e o “nosso”.  Dois candidatos já desistiram após resultados pífios nas primeiras pesquisas – os deputados federais Vicentinho Jr. e Osires Damaso – e voltaram suas atenções para suas bases no interior.

Candidatos a prefeito de Palmas

 

Segundo os principais analistas políticos, a estratégia das oposições, em Palmas, foi cega e insensível quando deixou de pensar na coletividade para pensar em projetos pessoais de poder.  Com 11 candidaturas, os votos se pulverizaram, abrindo caminho livre para que Cinthia Ribeiro se consolidasse na liderança das pesquisas de intenção de voto, crescendo a cada dia.

 

A conta é simples: cada acréscimo de percentual de votos para um oposicionista, Cinthia aumenta em, pelo menos, a metade desse acréscimo o seu percentual, pois se um oposicionista ganha votos, outros perdem e esses votos acabam caindo no colo de Cinthia.

 

A prefeita, aliás, vem agindo de forma estratégica em cima dos erros da oposição, divulgando suas obras e projetando o que poderá realizar em um próximo mandato, com o apoio do senador Eduardo Gomes e da deputada federal Dorinha Seabra, que garantem a execução as obras em andamento e a realização das que estão em planejamento, via emendas impositivas e recursos federais.

 

A última pesquisa de intenção de voto, registrada junto ao TRE traz Cinthia com 23% contra 11% de Jr. Geo na modalidade espontânea, em que só é perguntado em qual candidato o pesquisado votaria, e aumenta para 36% a 14% na modalidade estimulada, em que a pergunta é feita citando o nome dos candidatos.

 

A verdade é que o jogo eleitoral começa agora para os candidatos e coordenadores, que devem estar atentos aos efeitos “maré” e “gangorra” que ocorrem nas semanas intermediárias das campanhas eleitorais, em que há uma acomodação e uma mobilidade maior das intenções de voto, fazendo dos próximos 27 dias, um período crucial para o sucesso ou para o fracasso das candidaturas.

 

SUPRESAS

Por outro lado, três candidaturas oposicionistas nos chamam a atenção.  A primeira é a do candidato chapa-branca do Palácio Araguaia, Eli Borges, cuja candidatura nem participou da largada, muito menos da decolagem e, se não receber apoio político e estrutural, e oxigenação dos aliados palacianos, vai continuar no “chove e não molha” até o fim, constrangendo a imagem do governo de Mauro Carlesse e comprometendo suas pretensões políticas para 2022.

 

A outra candidatura praticamente natimorta é a do vereador Thiago “que passa a vergonha de colocar Amastha em seu nome” Andrino, que patina sem sair do lugar nas pesquisas, mesmo com os apoios luxuosos da ex-prefeita Nilmar Ruiz e do desistente, deputado federal Vicentinho Jr.

 

Será preciso um caminhão de criatividade – e isso custa tanto em dinheiro quanto a quantidade necessária – para que sua chapa consiga, pelo menos, eleger um vereador que seja.

 

E a terceira candidatura é a que vem surpreendendo positivamente.  Estamos falando do deputado estadual portuense Jr. Geo.  Sangue novo na política estadual, vem sendo bem avaliado em Palmas pelos eleitores que decretaram o fim da velha política, com coronéis, xerifes e fichas-sujas.

 

Apesar de não ter um bom tempo no Horário Eleitoral Gratuito de Rádio e TV, Geo vem se destacando em suas caminhadas e participação nas redes sociais, onde interage de igual para igual com os jovens, comerciante e empresários.

 

Jr. Geo tem um grupo de auxiliares de campanha formado por voluntários, que não recebem um centavo de gratificação e trabalham por acreditarem na causa, sem a interferência de caciques ou líderes da velha política.

 

Trocando em miúdos, Jr. Geo tem muita gente do “povão” em sua campanha, coisa que falta em muitas outras, e que faz uma diferença enorme.

 

Mas, como já cansamos de falar, política não é uma ciência exata e muita coisa ainda pode acontecer nesses 27 dias restantes e modificar drasticamente o quadro atual.

 

O tempo é o senhor do destino....