O presidente Jair Bolsonaro irá se filiar ao Patriota. Pelo menos é o que garante seu filho, o senador Flavio Bolsonaro, recém-filiado ao partido. Bolsonaro vem, há tempos, desde a sua saída do PFL, legenda pela qual se elegeu, conversando com dirigentes nacionais de vários partidos – o último deles o PP, cujo presidente Nacional, Ciro Nogueira, em entrevista ao jornal Valor Econômico, afirmou que “se as eleições fossem hoje, Bolsonaro não seria eleito” – formulando sua opinião sobre os resultados das últimas pesquisas, que mostram queda nos índices de popularidade do presidente da República.
Por Edson Rodrigues
Mesmo assim, o senador Flávio Bolsonaro mostrou confiança em seu discurso de filiação, ao afirmar que “é motivo de muita honra ser convidado para entrar num partido em que, talvez, eu devesse ter me filiado lá atrás. Me sinto um dos fundadores, participei da escolha do nome. Minha vinda para esse partido é para somar. Quero fazer um convite para que a gente forme o maior partido do Brasil a partir das eleições de 2022", disse o parlamentar.
"Agora, com Bolsonaro na Presidência da República, não tenho dúvida que a gente pode construir partido maior ainda que o PSL", acrescentou o senador.
PIORES ÍNDICES
O governo do presidente Jair Bolsonaro tem a aprovação de 24% dos brasileiros, a pior marca de seu mandato até aqui, segundo pesquisa do instituto Datafolha. O percentual dos que consideram a gestão ótima ou boa era de 30% em março, quando foi feito o levantamento anterior.
Os que rejeitam o governo, considerando-o ruim ou péssimo, eram 44% e são 45% na última pesquisa, realizada no fim do mês de maio, com 2.071 entrevistas presenciais em 146 municípios de todo o Brasil. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.
Presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula
O governo atual, que assumiu o Palácio do Planalto em janeiro de 2019, é avaliado como regular por 30% dos entrevistados, percentual maior do que os 24% de março; 1% não opinou.
A nova rodada do Datafolha mostrou também um caminho pedregoso para Bolsonaro em sua já anunciada tentativa de reeleição, em 2022. Segundo o instituto, 54% dizem que não votariam nele de jeito nenhum, e o ex-presidente Lula (PT), seu principal adversário, lidera a corrida para a Presidência.
A série histórica da pesquisa mostra que, de dezembro para cá, a popularidade de Bolsonaro derreteu. A fatia de ótimo ou bom, que no último mês de 2020 atingia o recorde de 37%, foi caindo paulatinamente até chegar ao atual patamar de 24% (queda de 13 pontos percentuais).
Na mesma toada, o grupo dos que consideram o governo ruim ou péssimo, que em dezembro correspondia a 32%, cresceu sucessivamente até atingir os atuais 45% (alta também de 13 pontos).
Com os resultados mais recentes, é a primeira vez na série histórica do Datafolha sobre a avaliação do governo, iniciada em abril de 2019, que o presidente amarga, ao mesmo tempo, o maior percentual de rejeição e o menor de aprovação.
PARTIDO NANICO
Caso sua filiação no Patriota se confirme, o presidente Jair Bolsonaro terá que “cortar um dobrado” para conseguir apoios para sua reeleição. Isso porque o Patriota é um dos menores partidos do Brasil, quase sem representação no Congresso, com apenas cinco deputados federais, ou seja, é um partido “nanico” que pouco irá contribuir em número de votos para reeleger o presidente, assim como em relação ao tempo no Horário Gratuito de Rádio e TV e de recursos, no Fundo Partidário.
Pela situação do partido, tudo indica um certo desespero do presidente e dos seus filhos – 01, 02 e 03 como são chamados – pois todos estavam à procura de um partido que se entregasse de porteira fechada ao clã, oferecendo opções nos estados para que seus aliados, correligionários e simpatizantes possam se filiar e se candidatar ao governo, a deputados federais, estaduais e senadores.
Resta saber se a escolha pelo Patriota foi combinada com esses correligionários.
NADA CERTO AINDA
No fim da noite de ontem (31), mesmo depois de o senador Flavio Bolsonaro selar a filiação ao Patriota, o presidente da República, Jair Bolsonaro, afirmou à imprensa que ainda não fechou acordo com nenhuma sigla. “Nada decidido sobre o partido”, garantiu.
“Três em negociação ainda”, completou Bolsonaro em conversa rápida. As afirmações do presidente conflitam com falas do presidente do Patriota, Adilson Barroso, que garantiu hoje a integração do chefe do executivo federal na sigla: aceita “sem pedir uma bala”.
TOCANTINS
O Patriota, no Tocantins, era presidido pelo secretário de Governo da prefeitura de Palmas, Rogério Ramos que, no mês passado, deixou a legenda para se filiar ao PSL, do governador Mauro Carlesse, em uma demonstração de lealdade à Cinthia Ribeiro que, naquele momento, passava pelos 19 piores dias de sua vida política, sob a saraivada de denúncias feitas pela presidente da Câmara Municipal, Janad Valcari, que contava, então, com o apoio da maioria dos vereadores palmenses, sob a ameaça de um pedido de impeachment. Comenta-se, nos bastidores, que Rogério ramos será candidato a deputado estadual.
Senador Eduardo Gomes , presidente Bolsonaro e governador Mauro Carlesse
Com a saída de Ramos da presidência do Patriota no Tocantins, quem assumiu foi o vereador Folha Filho, que se elegeu pela legenda no último pleito municipal.
EDUARDO GOMES E CARLOS GAGUIM
Já a respeito do senador Eduardo Gomes, líder do governo Bolsonaro no Congresso Nacional e do deputado federal Carlos Gaguim, vice-líder do governo federal na Câmara dos Deputados, aguarda-se o desenrolar dos fatos e das movimentações partidárias, além da presença dos dois em território tocantinense para se ter uma noção dos caminhos que tomarão.
Gaguim, já é sabido, aguarda apenas a abertura da “janela partidária” para poder deixar o DEM sem risco de perder o mandato. Sobre Eduardo Gomes, continuam dominando as informações de bastidores que apontam uma possível migração de Gomes, junto com Gaguim, para o Patriota.
Eduardo Gomes já afirmou, por diversas vezes, que não sai do MDB, o que abrira as portas para que Gaguim assumisse a presidência do partido no Tocantins. Aliado do governador Mauro Carlesse, Gaguim pode, como presidente estadual do partido do presidente da República no Tocantins, trazer Jair Bolsonaro para o palanque de Mauro Carlesse no caso do governador se candidatar ao Senado Federal.
Embora tudo ainda esteja no campo das hipóteses, inclusive a ida do presidente Bolsonaro para o Patriota, “muita fumaça ainda sairá pela chaminé” e é bom que todos se mantenham avisados e preparados.
CANDIDATURA DE MAURO CARLESSE AO SENADO
O Paralelo 13 já publicou uma análise política sobre a possível candidatura governador Mauro Carlesse ao Senado, no ato de sua recente filiação ao PSL, ele conseguiu deixar um ponto de interrogação na cabeça de todos, pois não confirmou nem negou que será candidato, afirmando que “tudo tem a sua hora”.
Na verdade, Carlesse conseguiu solucionar o vácuo financeiro que o Tocantins atravessava, reenquadrando o Estado à Lei de Responsabilidade Fiscal, tem dinheiro em caixa para fazer um mutirão de obras nos municípios, seguindo a linha municipalista que adotou.
Carlesse demonstrou que, como político e empresário, foi capaz de vencer três eleições seguidas, sem perder um aliado sequer e deve estar aguardando para anunciar sua decisão para quando estiver com seu grupo de aliados, chapa e coligações majoritárias totalmente resolvidas e “azeitadas”, além das obras que prometeu em andamento, coisa que ele já deixou bem claro que não abre mão,
RACHA NO PATRIOTA
A convenção nacional do Patriota, na qual foi anunciada a filiação do senador Flávio Bolsonaro e pode abrir caminho para o ingresso do presidente Jair Bolsonaro, mal acabou e, ainda na noite de ontem, já estava sendo alvo de contestação na Justiça Eleitoral. Integrantes da sigla afirmam ter sido surpreendidos com a presença de Flávio, anunciado como líder da sigla no Senado, e acusam o presidente do Patriota, Adilson Barroso, de ter cometido uma série de irregularidades para obter a maioria, fazer mudança no Estatuto e favorecer a entrada do grupo de Bolsonaro.
Adilson Barroso (à esq.), presidente do Patriotas e o senador Flávio Bolsonaro
— Não sabíamos da filiação do Flávio. Ele (Barroso) votou um monte de mudanças no Estatuto que não foram discutidas com ninguém. Quer dizer, foi um assalto ao partido — disse Barros.
No domingo, nove membros do Patriota pediram ao Tribunal Superior Eleitoral para suspender as medidas adotadas pelo presidente da sigla. A ação foi distribuída ao ministro Edson Fachin, que ainda não se manifestou.
Na ação, os integrantes ressaltam que nunca foram contra a filiação de Bolsonaro, mas dizem que a decisão deve ser tomada de modo democrático. Na ação, os correligionários afirmam que a decisão de filiar Bolsonaro ao partido tem sido uma "vontade individual" de Adilson Barroso, desrespeitando a convenção nacional do Patriota.
Como falamos, ainda há muita “fumaça para sair pela chaminé.