Sistema de propina da empreiteira, entretanto, não tem menção direta alguma a respeito do sítio usado pelo ex-presidente Lula, diz a Polícia Federal
Por iG São Paulo
Em um laudo juntado, nesta quarta-feira (16), ao processo contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – referente às obras no sítio de Atibaia, no interior de São Paulo –, peritos da Polícia Federal (PF) apontaram a movimentação de R$ 700 mil das contas do setor de propinas da Odebrecht.
Segundo os especialistas, esse dinheiro saiu de um caixa único da empreiteira abastecido por diversas obras, tanto no Brasil quanto no exterior, inclusive da Petrobras. O documento foi anexado à ação penal sobre o sítio de Atibaia , em que Lula é réu por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
De acordo com a força-tarefa da Operação Lava Jato, esse imóvel pertence a Lula e as reformas foram custeadas como forma de repasse dissimulado de propina. Segundo os procuradores, o ex-presidente recebeu propina de R$ 1,02 milhão da Odebrecht , OAS e Schahin por meio de obras feitas no imóvel.
Essa acusação é baseada na delação premiada do engenheiro Emyr Diniz Costa Júnior que disse ter recebido exatamente R$ 700 mil para a compra de materiais e serviços relacionados à obra.
Costa Júnior entregou ao juiz Sérgio Moro uma planilha no mesmo valor, em novembro de 2017 e, segundo o engenheiro, o pagamento teria saído do departamento de propinas da empreiteira.
De acordo com o laudo, foram identificados realmente dois pagamentos de R$ 300 mil e R$ 400 mil que totalizam os R$ 700 mil usados em Atibaia. Os valores, de acordo com os peritos, saíram da obra “UO011203 –AQUAPOLO”.
A obra é a mesma cujo nome aparece nos documentos apresentados pelo engenheiro da Odebrecht à Justiça Federal no Paraná. Para os peritos, os valores são oriundos de dinheiro de obras da Petrobras. A defesa do ex-presidente Lula nega que ele tenha recebido benefícios ou vantagens indevidas.
Sem menções ao sítio de Atibaia
Ainda no mesmo laudo, a PF diz não ter encontrado menções ao imóvel nos sistemas usados pela Odebrecht para gerenciar o pagamento de propinas.
De acordo com o laudo, foram analisados 11 discos rígidos e dois pendrives que contêm os dados dos sistemas Drousys e MyWebDay, utilizados pelo Setor de Operações Estruturadas da empreiteira.
“Não foram encontradas, no contexto da ação penal, até a data de emissão deste laudo, nas pesquisas efetuadas no material examinado (Sistema Drousys e Sistema MyWebDay), documentos ou lançamentos que façam referências a termos tais como sítio de Atibaia , sítio, Atibaia e Santa Bárbara”, escreveram os peritos.