MINISTRO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E RECÉM-ELEITO PRESIDENTE DO TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL, LUÍS ROBERTO BARROSO DIZ QUE DEMOCRACIA FORTE ELIMINA GOLPE

Posted On Segunda, 25 Mai 2020 06:07
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Em entrevista nas “paginas amarelas” da Veja, Barroso também fala sobre credibilidade das urnas eletrônicas e da importância da imprensa e das Forças Armadas para o atual momento

 

Da Redação

 

Em entrevista às “páginas amarelas” da revista Veja, o ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso foi franco e direto quanto aos assuntos que movimentam o cenário político e jurídico brasileiro.  Na mais importante das indagações Barroso diz que não haverá golpe, pois “as instituições brasileiras estão funcionando bem. Apesar de alguns protestos e reações contrárias, aqui e ali, o Legislativo e o Judiciário funcionam com independência e altivez.  A Imprensa também é livre (...) Não vejo nenhum sinal preocupante em relação à democracia.  Mais do que isso, vejo nas Forças Armadas o desempenho de um papel exemplar.  Nos últimos 30 anos, se existe um lugar de onde não veio notícia ruim foi das Forças Armadas.  O germe do golpe não existe mais no Brasil.

 

Barroso também revela desconforto com a participação do presidente Bolsonaro em manifestações que pediam o AI-5, a volta da ditadura e defendiam o “fechamento” do STF: “esse episódio acendeu uma luz amarela no coração e na mente de todos os democratas – e a reação foi vigorosa e imediata. (...) nessa situação achei que era necessário um gesto de defsa das instituições, da Constituição e da democracia.  Mas o que esse episódio revelou foi uma sociedade muito vigorosa na defesa da democracia.  Vieram protestos da Câmara, do Senado, do Supremo, da mídia, dos partidos políticos, num espectro que vai da esquerda à direita”.

 

Quanto ao combate à corrupção e à alegada morosidade do STF, Luís Roberto Barroso admitiu que são muitos processos a serem julgados e que “esperava-se por uma reação mais vigorosa do Supremo nos casos da Lava Jato, como se esboçou no mensalão. O exercício da competência criminal trouxe um desgaste para o STF (...). Não obstante disso, o Brasil mudou, acabamos com o fetiche do corrupto rico, poderoso e intocável.  A sociedade brasileira deixou de aceitar o inaceitável”.

 

Sobre o possível adiamento das eleições municipais deste ano por conta da pandemia de Covid-19, Barroso  afirmou que a possibilidade é real: “acho que ainda é cedo para decidir sobre o adiamento, mas preciso reconhecer que hoje essa é uma possibilidade real.  Junho será o momento de definição.  A minha posição é tentar evitar ao máximo o adiamento. Mas, se não der, teremos que prorrogar os mandatos dos prefeitos e vereadores por um prazo mínimo”.