Após quase 40 anos, o PSDB deve deixar de existir no mês de março. Dirigentes tucanos já acertaram a data para definir para qual sigla migrarão. O MDB, de Michel Temer, e o PSD, de Gilberto Kassab, disputam quem vai agregar os tucanos. Um dos motivos para articular a fusão é o enfraquecimento da legenda
Por Edson Rodrigues e Luciano Moreira
O partido que topar a fusão terá a terceira maior bancada da Câmara dos Deputados. No total, 13 parlamentares tucanos foram eleitos em 2022. O aumento também se dará no fundo partidário, a que os tucanos têm direito.
Entre os filiados ao partido há temor por uma debandada caso nada seja feito. Os principais caciques do PSDB e do MDB já se reuniram para discutir o futuro das siglas.
O MDB, por exemplo, tem 42 deputados. Caso o PSDB se junte ao partido o número vai a 55 deputados e encosta no União Brasil e PP. O fundo partidário e o tempo de TV durante campanhas eleitorais também aumentam.
O PSD também tem 42 deputados, caso o PSDB se junte ao partido de Kassab também haverá aumento no número de deputados, fundo partidário e tempo de TV.
Caso a junção se concretize, o PSDB, que governou São Paulo por décadas, governou outros estados e já esteve na Presidência da República, deixará de existir.
Entre os nomes históricos do partido estão o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Franco Montoro, Sérgio Motta, Mario Covas, José Serra e Geraldo Alckmin, que hoje está no PSB.
José Serra,Geraldo Alckmin , Mário Covas, Fernando Henrique Cardoso, Franco Montoro
O presidente nacional da sigla tucana é Marconi Perillo, ex-governador de Goiás. Também foi senador, deputado federal e estadual pelo seu estado. Secretário de Governo e Relações Institucionais do estado de São Paulo, Gilberto Kassab é o presidente nacional do PSD. O MDB, que também tenta atrair os tucanos, tem como presidente o deputado federal Baleia Rossi (SP).
A última vez que o partido venceu uma eleição presidencial foi em 1998. Nascida em 1988, a legenda sempre teve candidato próprio em eleições presidenciais. Mário Covas (não eleito) conseguiu o quarto lugar em 1989. Fernando Henrique Cardoso se elegeu em 1994 e em 1998. Em 2002, o PT venceu, com Lula, que teria o seu primeiro mandato. Os tucanos nunca mais ganharam um pleito presidencial desde então.
FHC passa Faixa presidencial para Lula
No Senado, as maiores bancadas são PSD (15), PL (12), MDB (11), PT (8), União Brasil e Podemos (7 cada), PP (6), PSB (4), PDT (3), PSDB (3) e Novo 1. Outra liderança foi apontada como “sem partido” no raio X divulgado pela Agência Senado em 2022. Os três senadores tucanos são Oriovisto Guimarães (PR), Styvenson Valentim (RN) e Plínio Valério (AM).
TOCANTINS
Governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite e deputado Eduardo Montoan
Enquanto tudo está sendo decidido em Brasília, sem qualquer tipo de consulta às bases nas províncias, a extinção do PSDB tem um cenário complexo no Tocantins.
Há grandes conflitos de interesses entre os principais líderes e dirigentes das siglas envolvidas - PSDB, MDB e PSD, com destaque para o que cada uma delas pretende nas eleições majoritárias de 2026.
No MDB tocantinense há um presidente estadual recém-chegado, deputado federal Alexandre Guimarães, ávido em mostrar liderança e tomar as rédeas da legenda. O PSD tem o senador Irajá Abreu e o PSDB tem o casal Cinthia Ribeiro e Eduardo Mantoan no comando.
Ex-prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro é presidente estadual do PSD e presidente nacional do PSDB Mulher e seu esposo, Eduardo Mantoan é deputado estadual.
Por outro lado, há, também, interesses mútuos das três siglas em se unir. Caso a escolha do PSDB seja pelo MDB, os dois formariam um grandioso partido.
QUEM FICARÁ COM O COMANDO NO TOCANTINS
É certo que não haverá um “sim” imediato no Tocantins em qualquer hipótese de fusão que envolva o PSDB, mesmo que isso ainda seja uma tábua de salvação para a maioria das lideranças políticas impactadas, que podem sair reforçadas com a formação da nova força partidária, e poderão ser os “noivos” – os mais cobiçados – nas eleições de 2026.
Não resta dúvida de que a fusão do PSDB com qualquer uma das legendas se concretizando em março, o Tocantins terá, pelo menos, três candidaturas competitivas ao governo, além de abrir espaço para novas candidaturas ao Senado, à Câmara Federal e à Assembleia Legislativa, pois a partir dessa nova realidade, nenhuma hipótese pode ser descartada.
Nos próximos 45 dias, o caldeirão das articulações estará em ebulição entre os líderes nacionais das três legendas, debatendo e escolhendo a melhor estratégia de sobrevivência política de cada um.
Seria bom se as províncias fossem ouvidas e tivessem voz. Mas, como de costume, tudo deve ser empurrado goela abaixo.
Em Brasília todos se salvam. Nas províncias, salve-se quem puder...