Após a entrevista do ministro da educação, Ricardo Vélez afirmou em entrevista que “a universidade para todos não existe” a frase virou título de matérias em vários veículos de comunicação. Mas será que foi isso mesmo que ele quis dizer?
Por Luciano Moreira e Edson Rodrigues
Cada veículo de comunicação no mundo tem um dono, e seu dono tem interesses, sejam comerciais, políticos ou ideológicos. Da mesma forma, cada veículo de comunicação é uma empresa e toda empresa visa ao lucro. A questão é: uma empresa trabalharia contra si mesma, no caso, as de comunicação, publicando matérias que co0ntrariassem seus fins mercadológicos e financeiros?
A resposta é simples: NÃO! Ninguém trabalha para perder dinheiro.
Pois ao levar para o título uma frase retirada de um contexto muito mais amplo, os veículos de comunicação querem chamar a atenção para a frase, não para o contexto como um todo.
Em entrevista ao Valor Econômico, o ministro da educação Ricardo Vélez realmente disse a frase “universidade para todos não existe”. Mas, ao se observar o contexto, pode-se notar que não era esse o real assunto, e que a frase foi “pinçada” para dar outra conotação.
Como sabe-se que 87% dos brasileiro que acessam notícias via internet leem apenas o titulo e o primeiro parágrafo, o estrago com a entrevista já está feito.
Ao longo da entrevista, ao lermos na totalidade, percebe-se que a frase serve para contextualizar uma das promessas de campanha do presidente Jair Bolsonaro sobre as mudanças que pretende realizar nos paradigmas da educação.
"A ideia de universidade para todos não existe", afirma Ricardo Vélez Rodríguez, ministro da Educação, em entrevista exclusiva ao Valor, a primeira desde que foi indicado ao cargo, em novembro do ano passado.
Segundo ele, não faz sentido um advogado estudar anos para virar motorista de Uber. "Nada contra o Uber, mas esse cidadão poderia ter evitado perder seis anos estudando legislação", diz. Para o novo comandante do MEC, o retorno financeiro dos cursos técnicos maior e mais imediato do que o da graduação, o que pode a diminuir a procura por ensino superior no Brasil.
As universidades devem ficar reservadas para uma elite intelectual, que não é a mesma elite econômica", diz Vélez, ressaltando que busca um modelo parecido ao de países como a Alemanha. Segundo o ministro, não está em estudo a cobrança de mensalidades em universidades públicas, mas é urgente reequilibrar seus orçamentos. O ministro também defende a continuidade do enxugamento do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), iniciado por Temer.
Vélez defendeu que os jovens utilizem o ensino técnico. Para o ministro, os cursos técnicos trazem um retorno financeiro maior e mais rápido aos jovens do que a graduação que, muitas vezes, fazem minguar as economias das famílias em busca de um diploma que o mercado de trabalho simplesmente vai ignorar, ante a escassez de empregos.
Trabalhar com informação é uma coisa difícil. Quantas e quantas reportagens já foram feitas mostrando engenheiros, médicos, advogados, biólogos, em filas de empregos para vagas de gari, atendente de lojas e até empacotador de supermercado – com todo respeito a essas profissões?
Será que esses mesmos veículos de comunicação, tão antenados aos problemas de desemprego, não entenderam as colocações do ministro?
Ou está surgindo uma nova versão das fake News, as fake manchetes?
Pense, leia, pesquise, antes de engolir tudo o que a imprensa tendenciosa está dizendo.
Fica a dica!