“Não são as pessoas que nos decepcionam, geralmente nos decepcionamos com as expectativas que colocamos nas pessoas”
SURAMA JURDI
Por Edson Rodrigues
Os resultados das urnas, no último dia 15, nada mais foi que um sinal amarelo, de alerta, para vários segmentos partidários e a seus líderes, detentores de mandatos no Congresso Nacional, na Assembleia Legislativa ou não, e ao Palácio Araguaia, na pessoa do governador Mauro Carlesse.
Governador Mauro Carlesse
As urnas simplesmente derreteram algumas lideranças, como o ex-deputado Marcelo Lelis, do PV e o candidato do Podemos, Alan Barbiero, que não conseguiram vencer nem os percentuais de votos em branco, nem de votos nulos, com um desempenho abaixo de qualquer comentário entre os candidatos mais tradicionais.
O “ESMAGADO”
O ex-prefeito de Palmas, derrotado duas vezes consecutivas no pleito para governador do Estado na eleição suplementar e na eleição geral, na qual não conseguiu nem ir para o segundo turno, derrotado pelo ex-senador Vicentinho Alves, tentou montar uma “oposição ampla” e forte, com um candidato que se submeteu até a incluir o nome de Amastha em seu registro de candidatura, foi quem sentiu mais forte o “sopro quente” das urnas, conseguindo um vergonhoso quarto lugar, com apenas 12% dos votos em Palmas e elegendo apenas um prefeito pelo seu partido, o PSB, entre 139 possibilidades no Estado que tanto deseja governar.
Ex-prefeito de Palmas Carlos Amastha
O ex-prefeito da Capital, caso queira continuar na vida pública, terá uma missão hercúlea após os resultados pífios obtido nas urnas pela sua “frente oposicionista”, esmagada em Palmas, a cidade que deixou de lado para apostar em seu interesse pessoal de ser governador do Estado. Seu desafio inclui uma mudança de 180 graus nas premissas do seu partido e na sua conduta pessoal e reconquistar credibilidade pessoal e política a ponto de promover um crescimento do seu partido, com filiações de lideranças que queiram ser comandadas por ele, e ser candidatos a deputados federais ou estaduais sempre à sombra de Amastha que, nas duas opções, sempre será o principal, de acordo com sua personalidade histriônica.
OS QUE DIMINUÍRAM
A senadora Kátia Abreu tem uma vasta folha de serviços prestados ao Estado, como deputada federal, senadora e ministra da Agricultura no governo de Dilma Rousseff, com um destaque muito grande na mídia nacional. Mas, na hora de mostrar humildade, vem à tona o seu temperamento explosivo, e Kátia acaba pecando por falta de carisma. Talento político, a senadora tem de sobra, mas falta, ainda, saber cativar o povo mais simples.
Kátia marcou presença com seu PP, junto com Irajá Abreu, PSD e Vicentinho Jr. PL, apoiando a candidatura de Thiago Andrino em Palmas, mas não influenciou as sucessões de Araguaína, Gurupi e Porto Nacional. Mas ela não deixou de dar apoio logístico ao partido do seu filho, o também senador Irajá Abreu, do PSD, que elegeu o prefeito de Porto Nacional, Ronivon Maciel. Nos municípios de médio e pequeno porte, foram 22 vitórias, um número suficiente apenas para lhes dar tempo de não se juntar ao rol dos que serão “sepultados” na vala dos que enterram sua vida política no Tocantins.
A partir de agora, Kátia Abreu tem o ano de 20921 para pavimentar uma candidatura, por enquanto, para deputada federal, pois os espaços estão ocupados por forças superiores à dela para as vagas de senador e governador, mas nada que a impeça de se capacitar para disputar essas vagas, também, dependendo do decorrer dos fatos, pois, como sempre falamos, nada é exato na política.
Nilmar Ruiz, Carlos Amastha, Irajá Abreu, Thiago Amastha Andrino, Vicentinho Junior e Kátia Abreu
O governador Mauro Carlesse, apesar de ter mantido uma distância estratégica do pleito do último domingo, com exceção de Gurupi, onde foi, claramente, a favor de Josi Nunes, deixou que o Palácio Araguaia “atear fogo em muitas pontes” com a prefeita reeleita de Palmas, Cinthia Ribeiro, e com os prefeitos vitoriosos em eleger os seus sucessores, como Ronaldo Dimas e Moisés Avelino. Apesar disso tudo, governo do Estado é governo do Estado e ainda há dois anos para se reinventar, se repaginar e conseguir reconstruir essas pontes.
A pretensão política de Mauro Carlesse, que não pode concorrer à reeleição, é o Senado Federal. Com a configuração deixada pelas urnas e sua atual filosofia de governo, tudo indica que precisará “calçar as sandálias da humildade”, restaurar sua aproximação com o senador Eduardo Gomes e fazer da sua administração, a partir de 2021, um governo de coalizão, municipalista, prestigiando aqueles que lhe são fiéis, principalmente os companheiros da Assembleia Legislativa, resolver sua vida partidária, compondo com a presidente do diretório estadual do DEM, deputada federal Dorinha Seabra, ou ir para outro partido, já no início do ano, que lhe dê abrigo e liderança para ser candidato ao Senado, que, em nossa humilde opinião, seria o PTB, do seu aliado leal e prestativo, Toinho Andrade, presidente da Assembleia Legislativa.
É bom lembrar que o governador vai precisar se desvincular do cargo para concorrer ao Senado, deixando o governo do Estado com Wanderlei Barbosa ou com Toinho Andrade.
O candidato natural de vários partidos, prefeitos e deputados estaduais e federais tocantinenses, com apoio do Centrão no Congresso Nacional e do Palácio do Planalto, ao governo do Estado é o senador Eduardo Gomes. Sendo assim, como ficarão Wanderlei e Toinho Andrade para 2022?
A saída é apostar em Eduardo Gomes como o “arquiteto” para projetar essa ponte e dar rumos sólidos para essa transição.
Já para os nobres deputados federais e estaduais, com raras exceções, a luz de alerta também foi ligada após o resultado das urnas. Ninguém terá apenas dias “floridos” daqui para frente. As próximas eleições estaduais não terão coligações proporcionais, não haverá “oba-oba” e cada partido terá que escolher minuciosamente seus candidatos, não esquecendo das cotas para candidatas do sexo feminino, candidatos negros e as regras que definiram a divisão do Fundo partidário, que deixaram muitos candidatos “na campina”, serão as mesmas e todo o Tocantins tem menos eleitores que a cidade de Goiânia. Ou seja, as regras de divisão do “bolo” serão as mesmas deste ano, ou seja, uma decepção.
ELI BORGES
O deputado federal Eli Borges (foto), que se autoproclamou, do leito em que convalescia de Covid-19, como o “candidato do Palácio Araguaia” à prefeitura de Palmas e recebeu um profundo silêncio do governo do estado como resposta, pois o governador Mauro Carlesse calado estava e calado ficou, ao que tudo indica descumpriu um acordo no qual ele se licenciaria do seu cargo para que o aliado palaciano Lázaro Botelho assumisse, como deputado federal, o que fez com que qualquer possibilidade de apoio real do governo do Estado fosse retirado de forma imediata, saiu dessa eleição bem menor do que entrou.
Sua candidatura não decolou e ele terminou num vexatório terceiro lugar, com apenas 13% dos votos e muitos apoios perdidos entre lideranças de todo o Estado que o tinham como “tábua de salvação”, comprometendo qualquer pretensão de reeleição ou candidatura a outro cargo qualquer em 2022.
Eli Borges, hoje, é uma figura nebulosa na política tocantinense, com um futuro incerto e um presente de desafios.
EDUARDO GOMES
O senador Eduardo Gomes, hoje, o político tocantinense de maior destaque nacional. Líder do governo de Jair Bolsonaro no Congresso Nacional e relator setorial do Orçamento do Ministério do desenvolvimento, ele foi o grande vitorioso dessas eleições municipais, elegendo 87 prefeitos nos 20 maiores colégios eleitorais do Tocantins, inclusive na Capital, Palmas, onde muitos foram opositores à sua candidata, Cinthia Ribeiro.
Eduardo Gomes com prefeito eleito de Araguaína Wagner Rodrigues
Eduardo evitou fazer carreatas, barulho ou proferir bravatas. Preferiu fazer uma peregrinação de Norte a Sul, de leste a Oeste do Tocantins, gravar vídeos e entrevistas de apoio aos seus companheiros e não atacou ninguém que se opôs às suas preferências.
O senador nada mais fez nessa campanha que mostrar gratidão àqueles que o apoiaram na eleição para o Senado e o fizeram o mais bem votado da história política do Tocantins e, definidos os resultados, já está em Brasília, em reuniões com o presidente da República, líderes e vice-líderes partidários na Câmara e no Senado, articulando para as votações importantes que vão ocorrer na Câmara e no Senado, sempre defendendo os interesses do governo do qual é líder.
Ao mesmo tempo, Eduardo Gomes vem costurando milhões de reais em recursos a serem destinados aos 139 municípios tocantinenses a partir de 2021, correspondendo às responsabilidades e demandas de seus apoiadores – e dos que não o apoiaram – preparando uma grande base de aliados com dezenas de prefeitos, centenas de vereadores, ex-governadores, deputados estaduais e centenas de candidatos nas eleições de 2022, para as suas pretensões eleitorais, estando confortável para qualquer que seja sua escolha.
Assim transcorreram as eleições de 15 de novembro de 2020, exatamente como prevíamos, com a consolidação das lideranças que souberam jogar o jogo da boa política e o sepultamento coletivo dos que apostaram todas as suas fichas na ignorância dos eleitores.
A fila andou, e o eleitor é o grande protagonista, a partir de agora!