O cenário político do Tocantins para 2026 já está em ebulição. Nos bastidores e nas movimentações públicas, a sucessão estadual ganha contornos de uma das disputas mais acirradas da história recente do estado. Com a entrada de novos e antigos nomes no tabuleiro, o segundo turno se desenha como uma certeza, não uma possibilidade
Por Edson Rodrigues
Em meio a movimentações estratégicas e declarações públicas, uma peça-chave pode redefinir completamente o jogo sucessório: o apoio do governador Wanderlei Barbosa ao presidente da Assembleia Legislativa, Amélio Cayres.
Com mais de 80% de aprovação popular e um portfólio robusto de obras e entregas, o governador se tornou o principal fiador político da próxima eleição estadual. Caso confirme sua candidatura ao Senado, Wanderlei deve deixar o governo e declarar apoio a um sucessor. Se esse apoio for mesmo direcionado a Amélio Cayres, como indicam os bastidores, o parlamentar praticamente carimba uma das vagas no segundo turno.
Amélio Cayres e o governador Wanderlei Barbosa
A presença de Amélio em um eventual segundo turno cria um novo ponto de tensão entre os demais pré-candidatos. Nomes como Professora Dorinha, Mauro Carlesse, Cinthia Ribeiro, Ataídes Oliveira e Laurez Moreira precisarão disputar voto a voto a segunda vaga, em um ambiente eleitoral que tende a ser fragmentado e polarizado.
Amélio Cayres
Atualmente com forte respaldo entre prefeitos, deputados e lideranças regionais, Amélio já se destaca como uma das pré-candidaturas mais consolidadas. Se vier com o selo de continuidade do governo Wanderlei Barbosa, sua capilaridade eleitoral deve crescer exponencialmente, tornando-o o favorito a ocupar um dos dois espaços no segundo turno.
Professora Dorinha
A senadora Professora Dorinha, com mandato garantido até 2030, rompe com o conforto do Senado ao se posicionar como pré-candidata ao governo estadual. A entrada de Amélio com apoio governista obriga Dorinha a intensificar articulações e ampliar alianças para garantir competitividade. Com adversários como Carlesse, Ataídes e Cinthia também em campo, o desafio será consolidar-se como a alternativa mais viável ao eleitorado que não migrar para o candidato do governo.
Mauro Carlesse
A mais recente reviravolta veio com a confirmação do ex-governador e empresário Mauro Carlesse de que pretende retornar à cena política como pré-candidato ao governo. Em conversa com o Observsatório Político de O Paralelo 13, Carlesse revelou o desejo de percorrer o estado de norte a sul, buscando reconectar-se com a população, as instituições e os segmentos organizados da sociedade. Seu discurso é de reconciliação, reposicionamento e defesa do legado de sua gestão, marcada por controvérsias, mas também por realizações.
Cinthia Ribeiro
Enquanto isso, a ex-prefeita de Palmas e atual presidente nacional do PSDB, Cinthia Ribeiro, movimenta-se estrategicamente. Embora o discurso seja de união, é evidente o distanciamento entre ela e o atual prefeito da capital, Eduardo Siqueira Campos. A fusão entre PSDB e Podemos, longe de selar alianças sólidas, escancara divergências internas que podem desembocar em candidaturas paralelas no próximo pleito. Cinthia dá sinais claros de que não está fora do jogo e sua articulação pode colocá-la novamente no centro da disputa estadual.
Ataídes Oliveira e Laurez Moreira
O tabuleiro, no entanto, está longe de ser definitivo. A possível candidatura do ex-senador Ataídes Oliveira, nome forte do empresariado, e a movimentação do ex-prefeito Laurez Moreira, criam novas combinações e tensões. Laurez, inclusive, pode ganhar viabilidade caso Wanderlei opte por deixar o governo, o que abriria espaço para outras articulações.
Eduardo Siqueira
O prefeito Eduardo Siqueira, por sua vez, precisa reagir. A boa avaliação conquistada nos primeiros 100 dias de gestão começa a se desgastar diante de críticas crescentes à saúde e à educação. Manter altos índices de aprovação exige respostas rápidas e ajustes urgentes. No atual contexto político, a margem para erro é mínima.
Disputa certa, resultado incerto
O cenário é dinâmico e desafiador. Tocantins caminha para uma eleição estadual polarizada, plural e, acima de tudo, imprevisível. A política local vive um momento de reconfiguração profunda, e as peças estão se movimentando rápido. De uma coisa, no entanto, já se pode ter certeza: o segundo turno é inevitável e a disputa pelo comando do Palácio Araguaia será intensa como nunca.