Parece que a missão de escolher os políticos que merecem ser os representantes dos municípios na Assembleia Legislativa será um calvário maior para o eleitor do que para os próprios candidatos. Segundo estudos preliminares, pode haver nada menos que 365 candidatos a deputado estadual - ou mais - para que o povo tocantinense escolha 24 entre eles.
Por Edson Rodrigues
Só em Palmas, Capital do Tocantins, dos 19 vereadores, 14 são candidatos a uma vaga na Assembleia Legislativa. Dos 24 deputados estaduais, pelo menos 16 são candidatos à reeleição, sendo que 12 estão na base de apoio ao Palácio Araguaia, filiados ao Republicanos e em outras chapinhas dos partidos da base, todos trabalhando pela reeleição de Wanderlei Barbosa. Eles fazem parte das chapas proporcionais dos mais diversos partidos, sem contar com outras três chapas alternativas, popularmente chamadas de “chapinhas”, nas quais 90% dos candidatos têm domicílio eleitoral em Palmas, sem contar com os candidatos pelas federações e pela união de PSDB, MDB, Cidadania e União Brasil, que não será uma federação partidária.
Seguindo essa linha, nada menos que 70 pessoas com domicílio eleitoral em Palmas são candidatas a deputado estadual. O único alívio para o eleitor é que a maioria dessas candidaturas não terá gabarito nem infraestrutura suficiente para chegar a ser notada ou cogitada. Mesmo assim, os eleitores terão que “peneirar” mais de 300 postulantes a uma cadeira no parlamento estadual.
CANDIDATURAS LARANJAS: CADEIA E SEQUESTRO DE BENS
A boa notícia para os eleitores é que a Justiça Eleitoral prometeu ser implacável na identificação dos crimes eleitorais, principalmente em relação às candidaturas “laranjas”. O Ministério Público Eleitoral vai punir exemplarmente quem se atrever a tentar ludibriar a boa fé dos eleitores. Candidatos laranja serão presos e terão q ue devolver os recursos eleitorais recebidos indevidamente, mesmo que já tenham sido gastos. E a avaliação de boa ou má fé vai sair do número de votos conseguidos com os recursos recebidos, ou seja, não vai dar para mentir ou sequer tentar passar a conversa.
O pior é que, em sendo descobertos os candidatos laranja, os votos computados para eles serão retirados da somatória dos partidos e os dirigentes partidários serão responsabilizados pela distribuição de recursos do Fundo Eleitoral para os candidatos de oportunidade, e responderão por crime eleitoral com dolo muito mais contundente que o dos candidatos laranja.
TAREFA ÁRDUA
Só lembrando, as eleições de outubro próximo serão as mais difíceis da história, haja vista que um candidato dificilmente terá condições de se eleger apenas com os seus votos, ficando dependentes dos somatórios de cada legenda. A pulverização dos votos para deputado estadual, como mostrada no início desta matéria, é altamente prejudicial para as pretensões de todos os postulantes a cargos eletivos dos partidos.
No Tocantins, temos a tranquilidade de afirmar que será um número recorde de candidatos proporcionais nestes 32 anos de emancipação política. A vitória eleitoral será definida no olho no olho, na arte do convencimento, uma vez que, em relação aos Fundos Eleitorais, todos os partidos terão o seu, cabendo a cada um saber definir suas prioridades de gastos. Ganha aquele que souber fechar seus acordos sem deixar arestas a serem aparadas e possibilidades de voltar atrás às suas conquistas.
Como diziam os velhos “coronéis políticos”, será preciso muita sabedoria para “não salgar carne podre", ou seja, investir em pessoas que possam se tornar traidores. A arte de saber escolher parceiros e apoiadores será altamente recompensada.
Trocando em miúdos, ganhar a eleição de outubro próximo será tarefa hercúlea, pois, além de todos os detalhes políticos que podem separar os candidatos da vitória, ainda há a obrigação de saber contornar um eleitorado sofrido, achacado pelo desemprego, pela doença, pela fome e, principalmente, pela desconfiança em relação aos políticos em atuação, que os fizeram ponderar tantas variáveis em uma só eleição.
Desta forma, desejamos muita sorte aos candidatos a deputado federal ou estadual e que todos tenham muito cuidado no desenrolar de suas campanhas para não terminem sem cargo eletivo e cheios de problemas com as Justiças estadual e federal, ou mesmo os que consigam se eleger, não sejam impedidos de tomar posse por conta de deslizes eleitorais.
É bom lembrar que as autoridades fiscalizadoras federais estarão atentas às candidaturas que, porventura, se utilizarem de dinheiro pessoal ou não declarado, a famosa “caixa dois” na compra de apoio político, votos ou até mesmo para montagem de estrutura de campanha. Esses candidatos correm o sério risco de gastar seus recursos, serem eleitos mas, no fim, não conseguirem ser diplomados ou empossados por terem contas a acertar com a Justiça Eleitoral.
Em se tratando de Tocantins e de corrupção, é certeza que a Polícia Federal estará mais atenta que nunca neste período eleitoral, atuando com a rigidez e a eficiência de sempre.
Aos prefeitos, todo cuidado é pouco para não utilizarem a máquina administrativa em favor dos seus candidatos a deputado estadual e federal.
Será um verdadeiro “Big Brother” eleitoral, em que todos estarão de olho, 24 horas, nos movimentos de todos. Inclusive a imprensa!
Boa sorte!