No território tocantinense não há Judas nem santos, até que se prove o contrário. Todos rezam pela mesma cartilha, a do poder como interesse único e, com as eleições de 2022 se aproximando, a cada dia cresce esse interesse entre muitos que se julgam capazes e merecedores de se tornar governador do Estado.
Por Edson Rodrigues
Sem discutir os méritos dos atos que afastaram Mauro Carlesse do governo, até os cegos políticos sabem que o Tocantins é um dos pouquíssimos estados brasileiros com a eesconomia sob controle e um orçamento “virgem” para 2022, com chances reais de fechar o ano que vem com a mesma tranquilidade financeira.
Isso se deve, sem contestações, ao trabalho técnico elaborado pelas equipes das secretarias da Fazenda e do Planejamento, que sugeriu ações profundas, impopulares em muitos momentos, mas que foram acatadas e entendidas como necessárias pela Assembleia Legislativa.
Esse trabalho transformou a realidade financeira e econômica do Tocantins, criando condições para manter as obrigações em dia, agir contra a pandemia de Covid-19 que assola o mundo, investir em obras estruturais, oxigenar as economias dos municípios e manter a capacidade de receber recursos e firmar convênios com a União, baseado em uma ótima atuação da bancada federal tocantinense.
QUE A JUSTIÇA FAÇA JUSTIÇA COM OS TOCANTINENSES
As investigações da Polícia Federal estão em pleno andamento. Apesar do que se fez de bom pelo Tocantins, maus gestores e maus agentes públicos não podem ficar impunes.
Tudo o que o povo tocantinense quer é Justiça. E justiça, nesse caso, será a revelação dos culpados e a retratação dos inocentes. Que a população tocantinense saiba quem a traiu e quem se manteve fiel ao desenvolvimento do Estado
Os eleitores tocantinenses precisam dessas informações – quem fez o que, quem ajudou, quem não concordou, mas se omitiu – nomes e sobrenomes, para que possa formular seu voto em 2022 sem medo de errar.
Se a Justiça condenar Mauro Carlesse, precisa condenar, também, quem se locupletou, junto com ele, seja do quinto ou do primeiro escalão do governo. Seja empresário, seja comerciante, seja prestador de serviço. E quem comete crime contra o patrimônio público, está atentando contra a vida dos cidadãos. E merece punição exemplar.
PLACAR SUCESSORIO ZERADO
Já alertamos, em outra oportunidade, como a política praticada por alguns quadros do Estado do Tocantins tem o poder de criar “gafanhotos”, falsos profetas e despertar a cobiça dos fracos de caráter que acabam chafurdando na lama da corrupção depois de eleitos.
Nestes 34 anos à frente de O Paralelo 13, graças a Deus, com um ótimo relacionamento com a classe política, com a classe empresarial, com os sindicatos, profissionais liberais, e uma credibilidade inabalável junto aos leitores e eleitores do nosso Estado, podemos, hoje, afirmar com tranquilidade e com estupefação que, em momento algum, desde a criação do Tocantins, nunca presenciamos um momento político tão nebuloso como o atual.
A grande pergunta, feita todos os dias nos bastidores políticos e nas esquinas dos municípios é “será que Mauro Carlesse retornará ao governo do Estado”?
Nem juristas, nem advogados, nem políticos detentores de mandatos no Congresso Nacional, na Assembleia Legislativa, nas prefeituras, nas Câmaras Municipais e nos demais Poderes, ninguém se arrisca a tentar responder a pergunta acima. Todos se calam. Muitos por pura cautela, outros por puro temor, mas, muitos por estarem cabreiros, “pisando em ovos”, principalmente os “amigos gatos”, aqueles que não se sabe se são amigos de Mauro Carlesse ou amigos do poder.
Muitos desses “amigos gatos” correram em declarar “amor eterno” ao governador em exercício, Wanderlei Barbosa, mas, gaiatos como são, o fizeram “à sete chaves”, sem exposição pública desse novo posicionamento. Entre eles, inclusive, há um detentor de mandato no Congresso Nacional que tem sido visto diariamente na antessala do gabinete governamental do Palácio Araguaia.
Essa movimentação, essa acomodação de forçar neste primeiro momento, indica claramente que o “placar” da sucessão estadual voltou à estaca zero, ou seja, todas as pré-candidaturas estão passando por momentos de revisão de planejamento e posicionamento, e só devem voltar aos trabalhos após os próximos “baculejos” das autoridades federais contra atos não republicanos perpetrados no Tocantins, que devem continuar, pelo menos, até o natal, adiando as movimentações sucessórias até o Carnaval de 2022.
Até lá, a única certeza será o aumento no consumo de Rivotril, Aprazolan, Calminex e Maracujina ou qualquer outro calmante que consiga devolver o sono aos que sabem que fizeram coisas erradas e que a Polícia Federal ainda não chegou até eles, e que esse dia, certamente, chegará.
O Poder Judiciário entrará em período de férias forenses, mas a competente Polícia Federal, o orgulho do povo brasileiro, e o combativo Ministério Público permanecerão trabalhando, cumprindo suas funções até que todas as provas e todo o processo investigativo seja concluído.
Só então saberemos os nomes de quem é inocente e de quem é culpado, e enfrentará as barras da Justiça.
TABULEIRO SUCESSÓRIO: SEM NOMES, MUITO MENOS,PARTIDOS
Nas entrelinhas da política tocantinense, toda essa metamorfose por que passará o processo sucessório de 2022, será consequência, mais uma vez, de um processo vexatório de sangramento ético e moral pelo qual o Estado do Tocantins passa, novamente, infelizmente mostrando que os poderosos tratam o nosso Estado como uma republiqueta de quinta categoria, daquelas dos livros e filmes que acolhem em seu âmago espertalhões, proxenetas, ladrões de galinha, falastrões, picaretas e oportunistas de toda espécie.
A única certeza que se tem, ante tudo o que está acontecendo, é que, se conseguir emplacar uma nova filosofia de governo e, junto com sua equipe, passar incólume pelas investigações e Mauro Carlesse tiver seus pedidos de liminar e habeas corpus negados pela Justiça, o governador em exercício, Wanderlei Barbosa passa a ser, se não o maior, um dos maiores favoritos para a sucessão Estadual de 2022.
Ante o quadro que se apresentava antes do afastamento de Mauro Carlesse, o poder pode ter sido entregue “de bandeja” nas mãos de Wanderlei Barbosa.
Por hoje é só!