AS ELEIÇÕES MUNICIPAIS E OS PARTIDOS COADJUVANTES: O INÍCIO DO FIM

Posted On Segunda, 16 Outubro 2023 05:45
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O Observatório Político de O Paralelo 13 vê o resultado das eleições municipais de 2024 como o fim do reinado dos “donos” de partidos coadjuvantes, aqueles que se alimentam dos recursos do Fundo Partidário, e que correm o sério risco de perder o comando das comissões provisórias.

 

 

Por Edson Rodrigues

 

 

As pedras continuam sendo postas no tabuleiro das eleições municipais, com os principais partidos iniciando suas próprias “depurações”, separando o joio do trigo.  Esse tipo de movimentação pode ser vista já no último fim de semana, em São Miguel, no Bico do Papagaio, em evento com a presença do vice-governador Laurez Moreira abonando a ficha de filiação do candidato a prefeito apoiado pelo deputado Jair Farias, na presença de outras lideranças da região, entre refeitos, vice-prefeitos e vereadores, que foram prestigiar a filiação.

 

O vice governador Laurez Moreira abona ficha de Dr. Fialho ao PDT

 

Dr. Fialho é um médico conceituado em toda a Região do Bico do Papagaio. O presidente da Assembleia legislativa, Amélio Cayres e outros deputados estaduais não compareceram ao evento de filiação de Fialho ao PDT de Laurez Moreira, que teve o sinal verde por parte do PL do senador Eduardo Gomes e do União Brasil, do deputado Jair Farias.

 

PDT DE LAUREZ DE VENTO EM POPA

 

O vice-governador Lurez Moreira vem construindo uma base política com sua legenda, o PDT, da qual é o presidente estadual, que já conta com 20 Comissões Provisórias formalizadas e outras tantas em andamento, contabilizando dezenas de candidatos a prefeito e a vereador.

 

Conforme for o resultado das urnas, o PDT pode se transformar, no Tocantins, em um partido tão grande quanto já foi no Brasil, guardando as devidas proporções, é claro, revivendo sua história na defesa dos direitos dos trabalhadores.

 

Deputado Jair Farias 

 

Essa situação, certamente, irá gerar reações do grupo político de Amélio Cayres, que irão centrar suas ações para ter um candidato para concorrer com o agora candidato do PDT, de Laurez Moreira e do PL de Eduardo Gomes e Jair farias, Dr. Fialho.

 

Esse fato é só um indício de como 2024 será um ano importante para a classe política tocantinense. Quem fizer as melhores opções, sobreviverá. Quem deixar passar algum detalhe, corre o risco de caminhar para o fim da vida pública. Como pessoa ou como partido.

 

EFEITOS COLATERAIS

 

Já está mais que claro que as eleições de municipais 2024 serão um termômetro para as eleições majoritárias de 2026, medindo o potencial dos partidos e de seus componentes por meio da representatividade que sairá das urnas, principalmente nos 12 principais colégios eleitorais.

 

E justamente uma medição precisa na Região Norte do Tocantins, que reúne 46% dos eleitores tocantinenses, irá dar o tom de como se conduzirão as articulações para 2026, deixando muita gente de fora das mesas de negociação e acrescentando novos elementos que sairão reforçados das urnas.

 

Deputado Amélio Caires , presidente da Assembleia Legislativa

 

Nem mesmo o Palácio Araguaia poderá se esquivar dessa acomodação de forças, pois não bastará ter fundo partidário e tempo no Horário Obrigatório de Rádio e TV e, sim, muitos prefeitos e muitos vereadores a compor sua base de apoio.

 

As federações partidárias, com validade até 2026, estarão influenciando, também, com seus muitos efeitos colaterais, sejam negativos, sejam positivos, algumas findando seus “casamentos” outras agregando mais componentes e até com o surgimento de novas federações.

 

Isso significa muita infraestrutura partidária, muito dinheiro do fundo eleitoral e muito investimento por parte dos candidatos, o que não deixa espaço para a sobrevivência dos partidos coadjuvantes, aqueles que têm donos e candidatos profissionais.

 

Trocando em miúdos, que não tiver representatividade política estará de fora das vagas nas chapas majoritárias, seja governista, seja oposicionista.

 

SENADO: VIDA OU MORTE

 

Senador Eduardo Gomes

 

As eleições de 2026 terão duas vagas para o Senado – as de Eduardo Gomes e Irajá Abreu. No momento, existem várias pré-candidaturas nos diversos grupos políticos do Tocantins, inclusive dentro da própria Assembleia Legislativa.

 

O Senado é considerado o auge político, o Olimpo de todo homem público, mas, no Tocantins, se formos avaliar o desempenho da maioria dos senadores, pode ser considerado o cemitério político.

 

Infelizmente isso é um fato difícil de ser negado. Basta uma olhada no retrovisor e ver o que aconteceu com os senadores Moisés Abrão, Carlos do Patrocínio, Eduardo Siqueira Campos, Vicentinho Alves, Kátia Abreu, do saudoso João Rocha, entre outros.

 

Após o Senado, a maioria dos ocupantes das cadeiras reservadas na Casa Alta para o Tocantins desapareceu politicamente, deixaram de ser lideranças a serem consultadas pelos políticos estaduais. São políticos que passam de endeusados e idolatrados a renegados e obsoletos.

 

O senador Eduardo Gomes vem se destacando entre os demais por ser o líder em liberação de recursos federais para os 139 municípios tocantinenses, participar das reuniões de bancada, buscar incessantemente a aprovação das emendas impositivas, acompanhar o governador e demais membros do governo do Estado nas visitas aos órgãos federais em Brasília e abrir as portas dos ministérios do governo Lula aos enviados do governo do Tocantins.

 

Prefeitos Ji Nunes, Gurupi, Ronivom Maciel, Porto Nacional e Celso Moraes Paraíso

 

Já Irajá Abreu, embora tenha tentado fazer uma oposição louvável ao governo de Wanderlei Barbosa, acabou se especializando em denuncismo, numa espécie de “fiscal de porta” do TCU, do STF, do STJ e de todo e qualquer órgão de fiscalização ou investigação, pronto para apontar o dedo para os lados do Tocantins.

 

Tudo bem que isso faz parte da democracia, mas não de forma incisiva e irresponsável como vem sendo feito.

 

Se o saudoso Golbery do Couto e Silva salientou que “todo governo precisa de uma oposição forte, competente, atuante e responsável”, quando se referia a Tancredo Neves, Ulysses Guimarães e Leonel Brizola, o senador Irajá Abreu esqueceu de reunir em si os adjetivos listados por Golbery.

 

Tihago Dimas e Ronaldo Dimas

 

Irajá tem os dois pés nas candidaturas à reeleição de Wagner Rodrigues, em Araguaína, Josi Nunes, em Gurupi, Ronivon Maciel, em Porto Nacional e Celso Morais, em Paraíso. Todas candidaturas oposicionistas ao Palácio Araguaia e de municípios onde Irajá vem concentrando o envio de recursos federais.

 

Mas, caso não mude de atitude política o mais rápido possível, seu futuro político estará mais para o lado do cemitério que do Olimpo.

 

Na última reunião da bancada federal tocantinense com o governador Wanderlei Barbosa e com os ministros do governo Lula para indicar as prioridades do Tocantins para as emendas da bancada no PAC, Programa de Aceleração do Crescimento, junto ao Orçamento Federal, Irajá simplesmente não compareceu.

 

Será um ato falho desconhecimento ou arrogância política da parte do nobre senador?

 

As urnas, em 2024, darão a resposta.

 

 

Última modificação em Segunda, 16 Outubro 2023 09:21