O jornal O Paralelo 13 inicia com o estrategista Lutero Fonseca uma série de entrevistas com autoridades do mundo político do Tocantins

 

Por Edson Rodrigues e Luiz Pires

 

MUDANÇAS NO PROCESSO POLÍTICO COM A CRIAÇÃO DAS FEDERAÇÕES E O FIM DAS COLIGAÇÕES

 

LUTERO – A mudança está acontecendo no país inteiro. Vai haver renovação em todos os níveis: Senado, Câmara Federal, Assembleia Legislativa... Mas, de onde vai sair e para onde vai essa renovação? Vai sair daquele que está sintonizado com o que o povo está querendo nesse momento. O povo quer honestidade, retidão e desenvolvimento para o Estado. Quem entender isso vai surfar no inconsciente popular.

 

P – Você acha que o trauma que os tocantinenses estão sentindo de dez anos para cá, quando nenhum governador conseguiu completar o mandato, vai pesar na decisão do eleitor este ano?

 

LUTERO – Claro que vai pesar na decisão do eleitor. Isso está virando crônico na nossa vida política, na nossa vida social. A derrubada de governantes na metade ou no fim do seu governo está nos traumatizando, sim. A população quer uma pessoa reta, uma pessoa que não tenha complicação moral, não tenha complicação política, que não esteja envolvida em querelas judiciais, criminais, políticas. Isso está refletindo na eleição no país inteiro e aqui não é diferente do resto do país. O Tocantins é um Estado conservador. O povo não quer mudança radical.

 

OS ELEITORES SÃO OS CULPADOS PELOS POLÍTICOS QUE ELEGEM

P – O Tocantins se tornou líder absoluto, superando o Rio de Janeiro e todos os outros Estados, em operações da Polícia Federal de combate à corrupção. Hoje as pessoas têm vergonha de falar que são tocantinenses. Só esse ano teve mais de 20 operações da Polícia Federal no Estado. Qual sua opinião sobre isso?

 

R – Os principais culpados somos nós, os eleitores. Não são os políticos. Nós fazemos a opção de votar em alguém. Nós não estamos fazendo a leitura certa dos candidatos, para saber quem são, como eles desenvolvem seu trabalho, como eles desenvolvem a sua vida pessoal, a sua vida política... nós devemos decidir quem vamos eleger. Ninguém vai para Governo, ou para deputado estadual, federal ou senador da República bandido. Ele aprende no começo, na sua base. É na base que ele começa, às vezes até sem mandato eletivo. Na base ele começa com a corrupção. O culpado disso tudo somos nós, os eleitores, que não nos informamos a respeito dos candidatos, não procuramos conhecer profundamente o candidato. A partir do momento que nós começarmos a ter essa consciência, nós vamos começar a mudar os políticos. A culpa não é do político. Somos nós, os eleitores, que escolhemos errado.

 

P – Um candidato à reeleição já com pretensões de deixar o Governo para se candidatar a senador ou qualquer outro cargo, pode pesar na decisão do eleitor?

 

LUTERO – Pesa muito e pesa negativamente. Nós temos exemplo claro aqui. O ex-prefeito de Palmas, em seu segundo mandato, renunciou no meio do mandato para ser candidato a governador e teve a resposta imediata dentro de Palmas, onde ele teve quase 60 por cento dos votos para prefeito e não teve nem 30 por cento para governador. A resposta é imediata. A população enxerga isso: está usando o Estado, a nossa carência para fazer um trampolim político. Isso o eleitor enxerga com clareza.

 

O ELEITOR QUER PROJETOS ESTRUTURAIS PARA O ESTADO

LUTERO – O Estado do Tocantins tem um défict estrutural gigantesco. As últimas grandes obras de desenvolvimento do Estado, que estruturou o Estado, foram feitas nos governos de Siqueira. Do último governo do Siqueira Campos para cá vem diminuindo e zerou. As pessoas entendem política como eleição. Não, um projeto político é o desenvolvimento da sociedade. O Estado vai ser o indutor desse crescimento social e econômico da região.

 

Por exemplo: revitalização do Projeto Rio Formoso. Ele foi feito a mais de 40 anos, quando ainda era Goiás, por Ary Valadão. Está precisando ser revitalizado para dar outra guinada na região sul e sudoeste do Tocantins. O Prodoeste, que pega Pium, Lagoa da Confusão e emenda como Formoso do Araguaia, tem 300 milhões de dólares do Banco Mundial esperando a contrapartida do Estado. Esses projetos vão tornar o Estado um dos maiores produtores de grãos do Brasil, somente nessa região, onde está a maior várzea irrigada do mundo.  Temos o projeto de fruticultura do Rio Manoel Alves... as estradas para o sudeste, onde o agronegócio está chegando com força. O agronegócio promove o desenvolvimento, com ou sem o Estado. As estradas vão facilitar a vida das famílias que moram naquela região há centenas de anos. O Bico do Papagaio não é diferente. Tem vários projetos de irrigação lá, tem vários projetos de fruticultura e o Estado tem o dever de ser o indutor do desenvolvimento social e econômico. O candidato tem que ter um projeto administrativo e político. O que que vai ser desenvolvido em cada região? Esse é o projeto político. E o projeto administrativo? É como vai ser desenvolvido. Nós temos que ter isso claramente definidos.

 

O ESTADO NÃO AGUENTA MAIS O FISIOLOGISMO POLÍTICO

LUTERO – Há muito tempo o Estado não aguenta o fisiologismo político. Há muito tempo a população está indignada com isso. A população, em sua grande maioria, quer se sustentar. Ela não quer o Estado que é pai e que é mãe. Muito pelo contrário, quando o Estado vira pai e mãe a carga tributária aumenta em cima de quem produz. Quem produz não é o Estado, quem produz é a sociedade. A sociedade produz emprego e produz a riqueza. O Estado consome parte dela. Temos que ter na cabeça que devemos ser empreendedores, sermos donos de nosso próprio nariz, produzirmos socialmente, produzirmos econômica e financeiramente. Nós temos de 15 a 20 mil funcionários comissionados no Estado, que é uma massa de manobra. É o deputado que indica, é o prefeito que indica, é o líder da região que indica. A maioria deles não vale 30 por cento do que ganha, não devolve em serviço à população, só serve para massa de manobra.

 

PODE HAVER RUPTURA EM NÍVEL NACIONAL, A PARTIR DO COMPORTAMENTO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA, COM A LIBERDADE DE EXPRESSÃO TOLHIDA E AMEAÇADA PELO PRESIDENTE DA REPÚBLICA?

 

LUTERO – De jeito nenhum, muito pelo contrário. Eu discordo de radicalmente desse pensamento e dessa pergunta. Hoje nós podemos falar mal do presidente de forma extremada sem nenhum cerceamento. Quem está tolhendo, quem está cerceando o direito de pensamento e de fala da nação brasileira é o STF. Quando eu falo qualquer coisa a respeito do STF, ou dos ministros que o integram, ou da eleição, começa o processo de investigação e julgamento... Toda a estrutura de investigação, de acusação e de julgamento se concentra em só órgão, que não foi criado para isso. O STF foi criado para resguardar a Constituição. Mas os ministros viraram militantes políticos, declaradamente de um lado específico. Eu não vejo o presidente da República cerceando ninguém. Todo mundo fala o que quer dele.

 

O JUDICIÁRIO ESTÁ USURPANDO DIREITOS DOS PODERES LEGISLATIVO E EXECUTIVO

LUTERO - Hoje o maior problema do país não é o Legislativo, não é o Poder Executivo, é todo o sistema de justiça do Brasil, incluindo o STF, judiciário, Ministério Público, defensorias públicas e OAB. Essa estrutura de justiça do Brasil tomou de assalto um pedaço do Estado brasileiro, fazem tudo e é fechado. Quem fiscaliza o fiscal? Não tem.

 

Essa estrutura é que precisa ser quebrada. Aliás, o Judiciário não é poder. Vou citar uma frase de José Dirceu, que é de esquerda e eu, pelo contrário, sou totalmente de direita – não de extrema direita -, mas acho que ele está correto: quem é poder é quem o povo votou. Votou foi no legislativo e no executivo. O judiciário é uma instituição para cuidar das querelas sociais, para manter a lei. Mas exercem um poder soberano, sem fiscalização. Um terço do Estado brasileiro está na mão do sistema de justiça brasileiro. O STF dando o exemplo contamina de cima pra baixo. Aí um juiz lá de uma cidadezinha do interior resolve cometer as mesmas loucuras que fazem os membros do STF.

 

A Justiça afronta os poderes executivo e legislativo, usurpando o poder principalmente do poder legislativo, entrando em uma seara que não é da sua conta. Entrando numa seara que está proibido constitucionalmente. Passou de todos os limites. Todos os membros do STF. Todo mundo reclama do Alexandre de Moraes... porque os outros dez não vai e desmonta essa medida que ele fez. Não, deixa acontecer. Ali está todo mundo comprometido com a militância política.

 

ANULAÇÃO DAS AÇÕES DA LAVA JATO NÃO ISENTA OS CRIMES DO PT E DE LULA

LUTERO – O juiz Sérgio Moro e a estrutura do Ministério Público do Paraná, da Lavajato, atropelaram todo um processo legal. Isso não quer dizer que não houve crime. Houve crime, foi comprovado. Um só diretor da Petrobrás devolveu 98 milhões de dólares e mais as delações com leniência das empresas, dos agentes políticos – vide Palocci. 51 milhões reais em espécie dentro de um apartamento de um diretor da Caixa Econômica Federal no Governo do PT, o senhor Gedel Vieira Lima. Há comprovação de todo o crime, tanto no mensalão quanto na Lavajto. O açodamento, o atropelo do juiz Sérgio Moro e da estrutura do Ministério Público que estava ao redor da Lavajato é que provocou a anulação dos processos. Mas houve o crime, tem os condenados. Todos os que foram condenados cometeram crime, só que fizeram um rito processual atropelado, açodado por vaidade. Ali era o caminho dos vaidosos.

 

O CANDIDATO DEVE SER ANALISADO PARA MERECER O VOTO

 

LUTERO - Temos que analisar o candidato. Quem é ele? Qual o serviço prestado ao Estado, no sentido da sociedade que mora no Tocantins? O que que você quer para o Tocantins? Não precisa ter mandato para ter serviço prestado. Alguns não têm mandato e têm serviço prestado. Outros têm vários mandatos e não têm serviço prestado de relevância para o Estado. Tranquilidade para decidir o que eu quero para minha cidade e para o meu Estado. Essa pessoa aqui dá conta de fazer isso, dá conta de melhorar as estradas, dá conta de reconstruir pontes quebradas ao longo dos anos? Pontes de vida, pontes políticas. De fazer o que deveria para o desenvolvimento de certa região e não se faz, porque está olhando interesses menores, que não sei se servem para o Estado e para o povo tocantinense. Olhe direito, observe o seu candidato a deputado estadual, federal, senador, presidente da República e governadores. Observe o que eles querem e o que eles fazem ao longo das suas vidas, tanto na vida pessoal quanto na vida política. Qual o projeto que eles têm para o Estado? Só então decida em quem votar.

 

O estrategista político Lutero Fonseca é pioneiro de Palmas e importante liderança na capital

 

 

Posted On Quarta, 15 Junho 2022 07:47 Escrito por

Decano do MDB, o ex-governador do Rio Grande do Sul, ex-senador e ex-ministro da Agricultura de José Sarney, Pedro Simon, de 92 anos, acumulou sete décadas consecutivas de atuação na vida pública. Com essa bagagem, insurge-se contra a ala lulista de seu partido e se tornou ardoroso defensor da pré-candidatura da senadora Simone Tebet (MDB-MS) à Presidência da República.

 

Por Pedro Venceslau

 

 

Nesta entrevista ao Estadão, Simon afirma que, em caso de polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno, votaria, pela primeira vez na vida, em branco. A seguir, os principais trechos da entrevista:

 

Uma ala do MDB defende o apoio do partido a Lula para a Presidência. A sigla é mais antipetista ou lulista?

 

MDB sempre foi um partido complexo. Liderou a campanha das Diretas-Já, a Assembleia Nacional Constituinte e o movimento pelo fim da tortura, mas sempre teve um grupo que ia para o outro lado. O grupo que apoiou o Lula na corrupção que foi feita sempre gostou de mamar nas tetas do governo. Hoje, não tenho dúvida de que nesse drama cruel que estamos vivendo – em que, de certa forma, querem determinar que metade do Brasil seja Lula e metade Bolsonaro –, o MDB reúne condições de dar a grande caminhada para um Brasil realmente democrático. Simone Tebet é um nome espetacular. É uma mulher digna, honesta e competente.

 

Mas como avalia a força dos emedebistas que apoiam Lula, como Renan Calheiros e Eunício Oliveira?

 

Esse grupo está identificado com a Operação Lava Jato. Está provado e reconhecido, embora os processos não andem porque o Supremo Tribunal Federal deixou na gaveta. A marca que eles deixaram é triste e dolorosa. Lula deveria estar na cadeia e essas pessoas deveriam estar respondendo a seus processos. Esses nomes têm condenações graves e sérias, mas o Supremo fez uma espécie de troca-troca: um não mexe com o outro.

 

Há muitos bolsonaristas no MDB também...

 

Os que querem Bolsonaro estão encantados com os favores, vantagens e emendas do Orçamento. A coisa está tão malparada que lembro de uma frase do doutor Ulysses (Guimarães) quando a gente se queixava do Congresso: “Se esse Congresso é horrível, espera até vir o próximo”. Bolsonaro está muito longe do que é bom para o Brasil. Eu defendi, lá atrás, uma tese de que o MDB deveria apresentar dois candidatos: a Simone e o (Sérgio) Moro (hoje no União Brasil). A ideia era não definir logo quem seria o candidato a presidente e vice. Aí, em agosto, fariam uma grande pesquisa.

 

Por que não deu certo?

 

Porque o Moro levou paulada de todos os jeitos. O Supremo soltou todo mundo, só falta colocar o Moro na cadeia. Então, ele largou e não é mais candidato. A salvação do Brasil se chama Simone. O pai dela (Ramez Tebet) foi presidente do Senado quando afastamos o senhor Jader (Barbalho).

 

O senhor acredita que a chamada terceira via pode sair unida? Ou o MDB deve ter chapa pura?

 

É lamentável que a terceira via não saia unida. Existem todas as condições de unir o PSDB e o velho MDB. O ideal seria eles estabelecerem, juntos, uma reação a essa máquina do lulismo, que quer ganhar a qualquer custo, e ao Bolsonaro, que usa a máquina do governo de maneira irresponsável. Se a Simone for lançada candidata, tenho a convicção de que esses partidos que não sabem o que fazer virão conosco. Os que não sabem o que fazer vão com ela.

 

O ex-governador João Doria (PSDB) seria um bom vice para Simone? Acha possível uma composição?

 

Eu respeito o Doria. Ele foi um bom prefeito e um bom governador. É honesto, decente e foi o grande nome da vacina, mas não sei o que ele fez que não soma. O ideal era ter o Moro de vice. Seria espetacular.

 

Como avalia o nome do ex-governador gaúcho Eduardo Leite (PSDB)?

 

Tenho respeito e gosto dele. É um homem bem-intencionado, mas foi irresponsável ao deixar o governo. Não devia ter entrado naquela prévias. Foi uma confusão. Acho difícil o Eduardo Leite ser candidato a governador. Ele renunciou e seria estranho voltar atrás. O mais provável é que ele dispute o Senado. Mas é um político que tem um futuro.

 

Em um eventual segundo turno entre Lula e Bolsonaro, em quem votaria?

 

É um drama, tchê. Deus não vai permitir isso. É um terror um homem de 92 anos, com 70 anos de cargos públicos, dizer isso, mas eu votaria em branco. Tem muita gente que está vivendo esse drama.

 

Se a senadora Simone Tebet for mesmo candidata ao Planalto, o senhor acredita que o MDB vai estar de fato fechado com ela ou traições serão toleradas nos Estados?

 

Se Simone for a candidata, acredito que sim. Lula não prestou conta dos erros que cometeu e Bolsonaro não sabe o que vai fazer. Eu acredito num milagre. Estou convencido de que o programa de TV vai mostrar quem é quem. Acredito num palanque único com União Brasil, MDB e PSDB. E mais: outros partidos vão fechar com ela. O povo vai se insurgir. Quais interesses levam parte do MDB a apoiar Lula ou Bolsonaro? Está na hora de Deus ser brasileiro.

 

O que é mais forte hoje no Brasil: o antipetismo ou o antibolsonarismo?

 

Dá empate. Fui fã do Lula no início do governo dele. Tomou posições corajosas, mas aí veio a Lava Jato. Lula acabou se comprometendo. E, se o Bolsonaro fizer um teste psicotécnico para tirar carteira de motorista, ele não passa.

 

Posted On Domingo, 15 Mai 2022 06:50 Escrito por

Segundo Lira, "brasileiros moderados de centro" estão se deslocando para o lado do presidente

 

Com SBt Notícias

 

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta 5ª feira (5.mai) que, no final deste mês ou em junho, o presidente Jair Bolsonaro (PL) deve ultrapassar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas pesquisas de intenções de voto para as eleições deste ano.

 

A declaração foi dada em entrevista ao Valor Econômico. "É uma expectativa que, pelas últimas pesquisas, ele passe no final de maio ou junho. Em fevereiro eram 16 pontos percentuais de diferença entre os dois. Em março eram 10 pontos percentuais e agora, 5. Em eleições majoritárias é tendência, quando vem ninguém segura", afirmou Lira, que apoia o chefe do Executivo federal. Pesquisa (estimulada) divulgada pelo Instituto Paraná na 4ª feira (4.mai) mostra Lula liderando a corrida presidencial com 40% das intenções de votos, contra 35,2% de Bolsonaro, que cresceu 2,5 pontos percentuais -- um pouco acima da margem de erro --, em comparação com o levantamento anterior.

 

Na entrevista desta 5ª feira, Lira disse ainda entender que a maioria da população brasileira é de centro-direita e este grupo "não quer ver o retorno de algumas condições que o candidato Lula representa". Entre elas, segundo o presidente da Câmara, fechamento de estradas e retorno do imposto sindical. De acordo com o político do PP, "brasileiros moderados de centro" estão se deslocando para o lado de Bolsonaro e isso vem fazendo o atual presidente "crescer nas pesquisas". Ele atribui a melhora do desempenho do integrante do PL também ao Auxílio Brasil, entre outras coisas.

 

Outro assunto abordado por ele foi os palanques estaduais de Bolsonaro. "Digo que os palanques serão arrumados em agosto. O que eu vou fazer, vou votar no presidente enquanto deputado e vou trabalhar para que todos os palanques em Alagoas apoiem o presidente", pontuou.

 

 

Posted On Quinta, 05 Mai 2022 16:06 Escrito por

O Supremo Tribunal declarou a inconstitucionalidade de uma lei do de Alagoas que concedeu aos procuradores do Estado a prerrogativa de portarem arma de fogo.

 

Por Pepita Ortega

 

Por unanimidade, os ministros acompanharam o voto do relator, Alexandre de Moraes, que considerou que não é cabível que o Estado outorgue o porte de armas de fogo a categorias funcionais não contempladas pela legislação federal.

 

"Além de extravagar as hipóteses da lei federal, a lei complementar alagoana introduz uma hipótese de autorização ao porte de arma cuja disciplina se revelaria incipiente a nível estadual, na contramão do regramento preciso desenvolvido em âmbito federal, com o Estatuto do Desarmamento, e em total desconsideração ao significativo avanço promovido por este marco legal de política criminal cujo escopo demanda a uniformidade de um regramento nacional", ponderou Alexandre em seu voto.

 

A decisão foi proferida durante julgamento realizado no Plenário Virtual da corte - no qual os ministros depositam seus votos à distância - entre os dias 18 e 25 de fevereiro. Os ministros acolheram a ação proposta pela Procuradoria-Geral da República, que sustentou que o Estatuto do Desarmamento não contemplou os Procuradores estaduais entre os agentes públicos que podem deter o porte de arma.

 

Ao defender a norma, o governo de Alagoas argumentou que o Estatuto do Desarmamento estabeleceu 'um rol meramente exemplificativo' para o porte de arma e argumentou que a lei estadual tem o objetivo de 'salvaguardar os procuradores, conferindo porte funcional tal qual aquele previsto para membros do Poder Judiciário e do Ministério Público'.

 

Em seu voto, Alexandre detalhou a criação do Estatuto do Desarmamento, ressaltando que, na referida lei, o porte de arma ficou restrito a um conjunto específico de agentes públicos, que eventualmente podem ter um porte funcional, concedido em razão de suas atribuições, mas ainda cumprindo as formalidades previstas na lei.

 

O ministro também destacou que o Poder Legislativo centralizou, em âmbito federal, dentro das competências de um órgão da União, a Polícia Federal, a atribuição de conceder o porte funcional para aqueles que 'comprovarem os requisitos legais para sua obtenção'. Assim, os agentes públicos estaduais e municipais se submetem à autorização de órgão federal.

 

Nessa linha, o magistrado entendeu que, caso fosse permitido que normas estaduais ou municipais concedessem o porte de armas a outros agentes públicos que não aqueles elencados na lei federal, 'parcela significativa da disciplina conferida ao porte de arma não se lhes aplicaria, por ausência de previsão legal'.

 

Isso porque o Estatuto do Desarmamento 'condicionou o porte de algumas categorias de forma peculiar, limitando-o operacionalmente para uns, além de afastar determinados requisitos para sua obtenção em relação a outros', explicou o ministro.

 

Posted On Quinta, 03 Março 2022 07:05 Escrito por

Líder do governo de Jair Bolso[1]narono Congresso Nacional, o senador Eduardo Gomes (MDB[1]TO) avalia que o Legislativo deve ter não mais que 90 dias de serviço efetivamente útil este ano até a eleição. Por isso, nada de grandes reformas no horizonte: Gomes prevê um esforço em torno de uma “pequena reforma tributária” focada nos impostos que incidem sobre combustíveis e diz que reforma administrativa, votada e aprovada, só para 2023.

 

Por Vandson Lima - Renan Truffi 

 

Gomes, que assumiu o cargo em outubro de 2019, substituindo a deputada Joice Hassel Mann (PSDB-SP), simboliza o pragmtismo do Centrão que passou a dominar as ações do governo em detrimento da ala ideológica do bolsonarismo: discreto nas redes sociais, é um dos parlamentares mais ativos nas negociações de bastidor do Congresso.

 

O estilo também se vê em sua leitura política. Gomes acredita que a eleição será tão polarizada entre Lula e Bolsonaro que se transformará em um “par ou ímpar ”, podendo ser liquidada já no primeiro turno “para um ou para o outro. Se a economia der o mínimo de recuperação, acredita que Bolsonaro se reelegerá . A seguir, os principais temas da entrevista ao Valor:

 

Balanço

 

 “Quem não acompanhasse a mídia diária e só visse resultado ia imaginar que existe uma harmonia muito grande entre Executivo e Legislativo. Aprovamos Lei do gás, marco do saneamento, capitalização da Eletrobrás, a reforma da Previdência, independência do Banco Central, Pronampe. Temos um resultado de três anos que não é para ser visto, mas lido. O cara que está viajando na Antártida lê e pensa: ‘É um show, esse Bolsonaro deve ser educado demais com os par[1]lamentares [risos]’”.

 

Pauta possível

 

“Ainda tem tempo, principal[1]mente depois do anúncio da carta-convite da OCDE, de fazer alguma coisa de introdução de re[1]forma tributária. Não acredito em reforma mais ampla agora. Outros fatores começaram a motivar debates que não tinham espaço para serem feitos, como re[1]discutir os impostos estaduais. Sempre foi uma barreira intransponível. Mas, como entrou [no cenário] o debate dos combustíveis, acabou abrindo um ambiente em que esse assunto vai ter de ser discutido. Tem um contexto ali para que a gente possa aprovar alguma coisa, mas o prazo é muito pequeno. Acho que vamos ter 90 dias de serviço útil de Congresso nesse ano até a eleição.”

 

Prioridade

 

“Vejo o governo com muito mais interesse em resolver a questão dos combustíveis, pelo tempo disponível e pelo efeito que isso tem na eleição, do que entrar em outros debates que precisam de mais tempo, como a reforma administrativa. Todo mundo sabe que tem de fazer a reforma administrativa, todo mundo quer fazer, mas não vai fazer em ano de eleição. Aposto mais nas pautas de recuperação econômica e de ambiente de saída da crise. Já é muito assunto pra três meses: PEC dos Combustíveis, vetos da BR do Mar e pode surgir uma ou outra coisa para adaptar o governo a esse convite da OCDE. Na pauta econômica, é mais ou menos isso.”

 

Reforma administrativa

 

“Tem um período de debate que é imprescindível, tem que preparar. Acho que até o meio do ano a gente consegue um avanço, para deixar algo já maduro para dois períodos interessantes: pela primeira vez, vamos ter junto eleição e Copa do Mundo. De[1]pendendo do resultado, quem ganha vai para dentro do Congresso estimular comissão de transição. Se o presidente se reelege, aproveita o calor das urnas para chegar com uma liderança já estabelecida. Vamos ter coisas preparadas no primeiro semestre para serem disparadas no final do segundo semestre, a de[1]pender do resultado da eleição.”

 

Ômicron

 

“Uma coisa que pode afetar é o pico da ômicron. A tendência é que tanto Câmara quanto Sena[1]do fiquem remotos até o Carnaval, isso evita alguma votação mais contundente.”

 

Agenda de costumes

 

“Não acredito em nada novo que já não foi apresentado. Tem muito assunto na Câmara e no Se[1]nado que já está amortecido e que eventualmente vai ser votado, mas não quer dizer que seja agora.”

  Bate-cabeça no governo “Existe, não tenha dúvida. Já foi pior, lá atrás foi pior. É questão de estilo e acho que foi mudando com a minha chegada, com a do Ciro [Nogueira, senador licenciado e hoje ministro da Casa Civil].”

 

Veto ao Refis do Simples

 

“Está aí uma coisa que é absolutamente sensível ao governo. O presidente não só gerou ambiente para a criação do Pronampe como sua ampliação e perpetuação co[1]mo política pública. Se tiver algum saldo positivo da pandemia, é este. É uma política central para este governo e será dada uma solução.” Alto índice de derrubada de vetos “Não vou discutir veto que foi feito por questão jurídica. Eu posso concordar com o conceito, mas o presidente não pode aprovar, vira pedalada. Isso aconteceu com algumas questões. O presidente foi consultado, disse que também aprovaria, mas explicou que do jeito que o Congresso fez ele não conseguiria sancionar.”

 

Veto a trecho do Orçamento

 

“Aprendi que você comemora o que passou e se concentra na solução do que não passou. Vão dar um jeito de achar espaço para boa par[1]te das coisas que foram vetadas agora. Vai ter recomposição. Para ser bem sincero, eu acho que ficou fácil de resolver. É pouca coisa esses R$ 3 bilhões [de despesas veta[1]das”. Foi pior nos anos anteriores.”

 

 Fundão Eleitoral

 

“Esse valor [de R$ 4,9 bilhões] é suficiente, embora tenha uma corrente que defenda o fim do Fundo Eleitoral para novas medi[1]das que tragam o financiamento privado para as campanhas. Aí tem vários modelos. Por exemplo: tem países que o cara faz uma doação para você e ele se obriga a doar o mesmo valor para outro fundo que vai abastecer o adversário. A regra do Fundo Eleitoral, pelas experiências das últimas eleições, você sabe pelo menos quanto custa [o pleito]. Quando você não tem o fundo eleitoral, a eleição custa R$ 30 bilhões, R$ 40 bilhões, foi o que aconteceu no petrolão.”

 

 Reajuste dos servidores

 

“O governo vai mostrar uma filosofia nessa área. Tinha ficado impedido por conta da PEC Emergencial, mas agora vai ser a primeira experiência com autorização para promover reajuste. Acho que o governo vai criar um modelo para promover reajustes, que pode g[1]rar credibilidade ou não. A forma como ele tratar é que vai gerar credibilidade com o funcionalismo ou não. E com o mercado também. Muita coisa do funcionalismo mu[1]dou nesse governo. Tem um desgaste do governo com os funcionários públicos, mas não necessariamente do Bolsonaro.”

 

Emendas de relator

 

“Duas coisas são importantes. Bolsonaro não fez resistência às emendas impositivas individuais, que era um processo que vinha do [ex-presidente Michel] Temer e ele ratificou, e com as emendas impositivas de bancada. O que mudou é a questão do formato. Mas já era uma política de evolução sobre o controle do Orçamento de dez anos para cá. Eu confio que haverá uma mu[1]dança nos critérios de distribuição. Mas acho, sim, que as emendas de relator vieram para ficar.”

 

Tônica das eleições

 

“Vai ser a vida das pessoas e qual governo pode estabelecer um processo de retomada efetivo. Existe um campo de 20% do eleitorado que vai se digladiar nas questões ideológicas, mas não vejo a população envolvida nisso. Vejo temas de qualidade de vida, de acesso à educação, saúde. Eu acho que esta eleição vai ser bem sem graça. Se não ti[1]ver uma mudança muito drástica, esta eleição está entre Lula e B o l s o n a r o.”

 

 Lula ou Bolsonaro

 

“O Bolsonaro está apanhando dia, noite e de madrugada e o Lula está sem apanhar ainda. Eu fico rindo muito quando falam do Nordeste: depois de quatro anos de governo, o presidente tem o dobro de votos que ele teve na eleição passada. Eu até desconfio que a gente pode ter uma eleição de primeiro turno. Para um ou para o outro. Pode ser um par ou ímpar. Se a economia der o míni[1]mo de recuperação, pode esquecer que o Bolsonaro é presidente por mais quatro anos.”

 

Candidatura do PSDB

 

“Eu tinha uma outra opinião há pouco tempo. Achava que quem ia levar esta eleição era o Eduardo Leite [governador do Rio Grande do Sul], um candidato fortíssimo: jovem, liberal, novo, nome bom, de um Estado importante, onde o Bolsonaro é forte. Com ele, ia ser uma eleição pegada. Eu acho o Lei[1]te um cara perigoso demais.”

 

Sergio Moro

 

“Não vejo consistência. Quem está melhor para isso [construir terceira via] já tem dificuldades para montar grupo político, co[1]mo é o caso do Ciro Gomes. Teve bons governos, mas a forma co[1]mo ele conduz isso [montagem da chapa] já é uma confusão.”

 

 Simone Tebet

 

“Estou analisando pesquisas e não vi ninguém ganhando na CPI uma projeção de cunho majoritário, em nenhum Estado. Não sei se a Simone conseguiu isso. Ela representa um Estado com vínculo muito forte com o agro[1]negócio, que hoje tem uma opção [Bolsonaro]. Ela tem desempenho para fazer. Não deu tempo ainda tempo para ela se mostrar, mostrar suas propostas.”

 

Rodrigo Pacheco

 

“O governo entende que, se pulverizar demais [as candidaturas], a tendência de Bolsonaro ir para o segundo turno é maior. Por exemplo, o Moro é forte com 8%, mas ele já teve 18% lá atrás. Agora, se o Rodrigo [Pacheco] aparecesse com 5%, ele seria forte porque é de Minas Gerais. O [ex[1]governador de São Paulo Geral[1]do] Alckmin e o [senador licenciado José Serra, quando foram candidatos, tinham quadro de liderança nas pesquisas ou, no mínimo, desempenho acima de 20%. Candidato para ser lançado tem que estar perto de 10%.”

 

Reforma ministerial

 

“A reforma ministerial de abril é um teste para Bolsonaro. Saem dez ministros e, pelo que entendi, vai ser utilizada a área técnica para não ter problema. Vai pegar o cara técnico que está tocando para assumir e não ter problema.”

 

Candidatura a governador

 

“Eu não tenho nenhum tipo de dificuldade de enfrentar os desafios que se colocarem, mas, por enquanto, eu considero a situação no Estado como tranquila para fazer a campanha do Bolsonaro. Não só por mim, mas há um grupo muito grande de lideranças e partidos. Lá nós teremos um candidato forte, independente de eu ser candidato ou não.”

 

 Mudança do MDB para o PL

 

“Não falei ainda com o presidente [Bolsonaro], vou conversar com ele. Estou no MDB. Apesar de ser um partido que briga muito com o presidente, também ajudou nos momentos mais difíceis.”

 

 

Posted On Segunda, 31 Janeiro 2022 14:15 Escrito por
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