Thaís Souza
Com diversos troféus na bagagem, os 36 integrantes do Balé Popular do Tocantins retornaram nesta segunda-feira, 10, à Capital. O grupo participou do 5° Festival Internacional de Dança de Goiás, que aconteceu em Goiânia, no Centro Cultural Oscar Niemeyer, nos dias 4 a 9 de julho.
Sob a coordenação dos coreógrafos Jefferson Marques e Cristiane Freire, 36 tocantinenses competiram com cinco coreografias e foram premiados em todas elas. Na categoria infantil, 14 bailarinas, de 9 a 13 anos, conquistaram a 1ª colocação, com a coreografia Arraiá das Bailarinas, no estilo livre; já no jazz júnior, com a apresentação Pool Party, o grupo conseguiu o 2º lugar.
Na categoria jazz avançado, com apresentação solo da música Just Say, Bruno Maique Coutinho, de 22 anos, conquistou o 1º lugar. Entusiasmado, o bailarino relatou que as apresentações foram incríveis. Para ele, “o sonho de todo artista é ser premiado, independente da colocação, mas o principal objetivo nessa disputa era dar o meu melhor e fazer um trabalho bem feito”. Bruno Coutinho surpreendeu com a colocação, uma vez que disputou com bailarinos internacionais. Ele contou que foi convidado para substituir Maicon Cardoso, bailarino selecionado para realizar um intercâmbio de balé na American Academy of Ballet, em Nova York.
O 2º lugar de danças populares, na categoria juvenil, ficou com a equipe que apresentou um xaxado, com a coreografia O Retorno. Já no jazz avançado, o Tocantins conquistou a 3ª colocação, com interpretação da música Um novo tempo.
Para Lísia Fernanda Aires Neto, de 20 anos, que apresentou nas categorias jazz avançado e danças populares, “levar o nome do Estado em competição internacional e trazer troféus foi gratificante e nos entusiasma a melhorar cada vez mais”. A integrante do grupo explicou que, com as diversas apresentações, foi possível analisar as performances dos demais grupos e espera que a dança seja mais valorizada, e as pessoas adquiram outro olhar diante da arte que eles executam.
Cristiane Freire, coreógrafa da equipe, explicou que cada bailarino apresentou em duas modalidades. “Estávamos muito empolgados para participar da competição, no entanto nosso principal objetivo não eram as premiações, mas proporcionar aos bailarinos a vivência para que eles pudessem conhecer outras companhias e melhorar cada vez mais no trabalho que desenvolvem. É muito bom saber que, bem mais que talento, nossos artistas têm comprometimento com o que fazem. Os troféus foram consequência de um trabalho em equipe, desenvolvido com muito empenho e dedicação. Hoje estamos felizes e satisfeitos com os resultados”, concluiu a coreógrafa.
O Balé Popular do Tocantins é um projeto do Governo do Estado desenvolvido pela Secretaria de Estado da Educação, Juventude e Esportes (Seduc) que oferece aulas gratuitas de dança a mais de 200 crianças e jovens na Capital.
Evento
O Festival Internacional de Dança de Goiás está na sua 5ª edição e é realizado pelo Studio Dançarte, em parceria com o Governo de Goiás e o Conselho Brasileiro da Dança (CBDD). Bailarinos de todo o País apresentaram coreografias de ballet clássico, dança contemporânea, jazz, sapateado, danças urbanas, danças populares e estilo livre. Além das apresentações, as equipes participaram de palestras com profissionais renomados do Brasil, Chile e México.
Além de abrigar uma das maiores reservas de recursos naturais do mundo, o Brasil mantém uma riqueza incalculável quando o assunto é a região de chapadas.
Da Redação
O ecoturismo como é conhecido tem se tornado uma opção para aqueles que procuram aliar descanso, a beleza, sossego e contato com a natureza.
Segundo dados do Ministério do Turismo, o ecoturismo é um dos segmentos na área que mais tem crescido no País. Dados apontam que a expansão anual atinge até 15%. O segmento tem recebido cada vez mais estrangeiros e brasileiros que viajam a lazer, motivados pelos atrativos naturais, e aventuras.
São diversos os roteiros, que podem ser desfrutados durante todo o ano. A 30Km do Centro de Carolina, no Maranhão, no KM 543, no Povoado São João da Cachoeira, situa-se o Complexo Turístico Cachoeiras do Itapecuru. O local conta com conhecidas cachoeiras gêmeas, ou cachoeiras do Itapecuru.
Os passeios de caiaque estão entre as atrações mais divertidas no Complexo Turístico. O aluguel do bote, com a emoção de estar bem perto das quedas-d’agua, sai por R$ 30 a hora.
Com uma temperatura em torno dos 35º, as imensas duchas naturais que brotam da rocha suavizam o calor. O turista pode se hospedar em chalés ao lado das cachoeiras. No cardápio são ofertados inúmeros pratos típicos da região.
Trajeto
De Palmas a Carolina (MA), são 480km. Com saída de Palmas, passa pelos municípios de Paraíso do Tocantins, Miracema, Miranorte, Guaraí, Colinas do Tocantins. Conforme a sinalização em Colinas vire à direita e pela BR 230 chegará ao município de Carolina (MA). De carro, o trajeto é de aproximadamente 7horas de viagem.
Acomodações
O Complexo conta com 21 chalés que acomodam de duas a quatro pessoas. O local dispõe de garagem, sala, suíte, ar condicionado, televisor e frigobar.
As diárias variam conforme os aposentos. Iniciam ao meio dia, e encenrram as 12h do dia seguinte. As acomodações para casal custam R$ 205,00 a diária. O chalé triplo R$ 275,00 e quádruplo R$ 345,00. O pagamento pode ser efetuado à vista ou no crédito.
Alimentação
São ofertados serviços de bar, restaurante. Os pratos variam de R$ 45,00 a R$ 50,00 reais A La Carte, no qual servem duas pessoas, ou no self service que custa R$ 39,90 o quilo.
Dentre os pratos estão carne de sol, galinha ao molho, filé e frango frito, peixe ao molho, peixe frito, frango a passarinho, camarão ao alho e óleo, vinagrete, lingüiça calabresa, acompanhados de arroz, feijão, farofa e saladas. As porções contam com ovos de codorna, caldos de feijão e a tradicional panelada.
Os sucos são os mais variados, de abacaxi, acerola, bacuri, cajá e cupuaçu. Além de vodkas, whisky, ice, cervejas, vinhos e refrigerantes. Para quem gosta de doces, as sobremesas são variadas, doces, sorvetes e picolés de diversos sabores.
Privacidade
Em uma área de propriedade privada, com capacidade para receber mais de 600 visitantes por dia, a pousada situa-se ao lado das cachoeiras. A estadia no local garante café da manhã e acesso as áreas de lazer. Aconchegante, tranquilo e confortável, é um excelente local para descanso e passeios em família.
Segundo os responsáveis pelo local, a beira das cachoeiras formam-se prainhas, no qual é possível que crianças possam brincar, sem riscos de afogamentos. Ao entardecer, além de uma visão deslumbrante, o turista pode desfrutar de uma paisagem encantadora, com um pôr do sol admirável ao som dos cantos dos pássaros. O local é um convite para o aconchego, degustar de pratos típicos e saborear bebidas tropicais A reservas podem ser realizadas pelos telefones (99) 3531-2436 ou (99) 9 8128-9400.
Entre os últimos dias de março e o raiar de abril de 1964, após turbulento processo político encabeçado pela extrema direita brasileira, que se escorou nas Forças Armadas, forçando uma estratégica movimentação das tropas, o presidente João Goulart foi deposto.
Por Edivaldo Rodrigues
Em todo o Brasil focos de resistência se estruturaram e o combate aos generais governantes se consolidou, tendo em suas fileiras a expressividade de intelectuais renomados, políticos compromissados com os interesses do povo e principalmente jovens idealistas.
Em Porto Nacional, celeiro de cultura nacionalmente reconhecida, muitos de seus filhos, quase todos nascidos dentro das cercanias limítrofes que mais tarde se consolidaria ficticiamente como Vila Xurupita, foram vitimas deste conflito, dentre eles Pedro Tierra, Atos Pereira, Professora Dagmar, Cristóvão Teixeira, Getúlio Matos, Edmilson Pereira, que, por definitivo, tiveram suas vidas transformadas.
Não se sabe se pela expressiva capacidade intelectual da coletividade portuense, que imediatamente se posicionou contra o Golpe Militar de 1964, ou se por ser este município, na época, estratégico geograficamente e por isso membro do Conselho Militar das Américas, responsável pela elaboração do Tratado da Rota Aérea Internacional, o certo é que tanto o Exército, quanto a Aeronáutica, basearam, por muito tempo, centenas de seus homens no aeroporto local da cidade, oportunidade em que agiam dissimulados, camuflados em suas intenções e assim se portavam simpáticos para com os portuenses, criando com isso uma relação falsa de respeito e até de cordialidade, influenciando negativamente muitos jovens da localidade, desavisados daquela impositiva realidade ditatorial.
A chegada dos militares do regime golpistas a Porto Nacional, liderados por experientes pilotos de caças, na função de patrulha, além de comandantes de aviões de combate e de helicópteros, atiçaram a imaginação desses jovens sonhadores, que passaram a planejar uma ligação apaixonada com novas esperanças a serem alcançadas. Estes, oriundos das principais famílias portuense, passaram a desenhar mentalmente um futuro promissor para suas vidas, gravitavam pelo território da ficcional Vila Xurupita, aglomerado humano formado pelo largo da Catedral Nossa Senhora das Mercês e suas artérias viárias convergentes.
O ápice desse período se deu em janeiro de 1967, quando o grupamento de paraquedistas da Aeronáutica fez uma serie de exercícios nos céus de Porto Nacional. Vários desse militares desceram, com suas asas de lona, na Pracinha das Mercês, futuro “QG da Vila Xurupita”, e na Praça do Centenário. Nas duas localidades a tropa já era aguardada por dezenas de crianças e adolescentes, que a partir daquele momento passaram a planejar os próprios voos e pular com seus “paraquedas improvisados”, como sombrinhas e guarda-chuvas, além de outras invencionices moldadas com lençóis, cobertores e toalhas. Todo este aparato de tecido atado improvisadamente nas quatro pontas com cordas, arames e até barbantes.
As duas principais torres da Catedral Nossa Senhora das Mercês e um rochedo gigante, lambido pelas águas do rio Tocantins, seriam as rampas de partidas das traquinagens aéreas dos xurupitenses. Aprisionando as correntes daquela caudalosa aquavia, o Terceiro Paredão se apresentava imponente aos olhos de todos, que sem nenhuma outra referência, enxergavam nele uma altura abismal. Não muito diferente o campanário da igreja avançavam em direção ao céu, desenhando um “Altar de Perra Canga”, segredando sinos, morcegos e histórias. Dali, daqueles dois pontos estratégicos e antagônicos, crianças e adolescentes, daquela secular região de Porto Nacional, queriam imitar os opressores de 64, pois enxergavam em suas ações de ditadores uma outra forma de liberdade, para eles a liberdade enraizada nas asas do vento.
No dia 27 de fevereiro de 1967, sem nenhuma explicação plausível, foi anunciada a chegada do presidente da República, General Humberto Castelo Branco a Porto Nacional. Antes dele, cerca de 20 paraquedistas fortemente armados, coloriram de verde o céu portuense e desceram no aeroporto local com a missão de promover a segurança daquela autoridade. Os olhos das crianças e adolescentes paralisados pelas ruas, ruelas, becos e ladeiras da cidade, voltaram a brilhar e novas ideias começaram a tomar corpo, principalmente na cabeça de Dominguim Boy, que queria voar com suas próprias asas, e Eteraldo “O Malvado”, pretendente saltar livre por entre as nuvens.
Naquele período de chumbo, sangue, lágrimas e desesperanças, os anos corriam na velocidade da busca das liberdades cidadãs, e por isso, após meses incontáveis, dedicados a estudos aprofundados, Dominguim Boy, que liderou um projeto secreto para voar, preparou-se paciencioso para imitar os pássaros. Durante longas noites ele trabalhou na construção de um par de asas para que pudesse vagar pelas nuvens. Num “laboratório científico” improvisado, segredado por entre frondosas mangueiras, que sombreavam monturos e criações domésticas, que davam vida e burburinho àqueles largos quitais dos casarões da secular Rua do Cabaçaco, foi moldado um ousado e visionário projeto de liberdade.
Dominguim Boy, assessorado por seus mais próximos amigos, manuseou materiais caseiros, como arames, barbantes, tecido, penas de aves e algumas pedras que, segundo o mesmo, era para formar o contrapeso do seu corpo e desviar o balanço do pé do vento. Já Eteraldo “O Malvado”, que era um rapaz estranho, solitário e perverso, pois capturava pássaros em alçapões e arapucas e, em seguida, usando uma tesoura, cortava as duas pernas das minúsculas aves e as soltava num voo de encontro à morte certa, queria simplesmente ser o primeiro a saltar das torres da Catedral Nossa Senhora das Mercês, usando uma das sobrinhas de sua mãe.
E ele conseguiu. Furtivo e rasteiro Eteraldo “O Malvado” driblou “Seu Manel”, mítico guardião do mais emblemático tempo católico da Região Norte do Brasil, e no inicio de uma noite serena ele executou seu salto. Como era esperado por todos que conheciam as leis da física, a sobrinha fechou-se ao contrário e aquele pretendente a paraquedista despencou-se desprotegido, atingindo o solo com extrema violência, quebrando gravemente os pés, tornozelos e joelhos, o que obrigou seus pais a procurar tratamento especializado em Goiânia, onde o jovem portuense foi acometido por uma grave infecção bacteriana, o que levou a amputação de suas duas pernas. Quando a noticia chegou a Porto Nacional, muitos que o conheciam lembraram dos minúsculos pássaros com as pernas cortadas por ele.
O acidente de Eteraldo “O Malvado” virou tema de acalorados debates familiares, obrigando pais a alertar professores e estes a oficializar suas preocupações ao clero local. A tragédia anunciada obrigou os padres dominicanos a lacrar, com cadeados, as várias portas de acesso às principais torres da Catedral Nossa Senhora das Mercês. Precavidos, os religiosos franceses também aumentaram o número de seminaristas, exercendo o papel de vigias, na tentativa de vetar a escalada das paredes da igreja por alguns mais afoitos que elegeram o telhado daquele “Altar de Pedra Canga” como pista de saltos para voos.
Com esse impedimento ocorreu então a definitiva migração, em massa, desses “ícaros de primeira viagem”, para o Terceiro Paredão. Ali, todos os finais de semana, durante um longo tempo, ocorreram saltos de todos os tipos. Sombrinhas, guarda-chuvas, cobertores, toalhas de mesa, lençóis com as pontas amarradas por cordas, arames ou barbantes, coloriam o céu sobre o rio Tocantins, que em suas águas recebiam um especial grupo de sonhadores. Na “Semana da Asa” de 1974, as ribanceiras do Porto da Manga pareciam um formigueiro, e sempre no entardecer, num canto observando o burburinho, Dominguim Boy media e pesava o tempo, na expectativa do seu voo, que aconteceria na manhã do dia de domingo, final das celebrações que homenageavam aos aeronautas brasileiros, quando suas “Asas de Pedras” estariam prontas.
Ao raiar daquele dia histórico, após os ajustes finais no par de asas, construídas com tecidos, penas de aves, arame, barbantes e algumas pedras e a realização dos últimos encaixes no corpo, Dominguim Boy, sempre ladeado por seus principais assessores, dentre eles Dilmar Aires, Gá, Torres, Mercês Porroma, Dídimo, Nego Pacari e Capanga, partiu rumo ao Porto da Manga. Ele ia voar. A notícia correu a cidade e muitos curiosos invadiram as ribanceiras do rio Tocantins, próximas ao Terceiro Paredão, para presenciar o que com certeza se tornaria um acontecimento impar. E lá, daquele rochedo edificado pelas mãos da natureza, um corpo esguio, miúdo, de pele escura e cabelos crespos na moda “Black Power”, abriu os braços, moldurados por aquelas asas de sonhos e se lançou no vazio.
Ali, naquele rochedo secular, lambido pelo vento e pelas límpidas e bravias águas do rio Tocantins, se encontravam dezenas de admiradores daquele “jovem cientista”. A pequena multidão, organizada pelo respeitado Soldado Odonel, que impunha respeito a partir de sua barriga descomunal, era composta por adolescentes como os irmãos Cristóvão, Paulo, Pedro e Bira, além dos curiosos Honorinho, Vando e Gilmar, Teinha, Vanderlei, Neurimar e Lorivan, Tuzu, Pacau, Nem Capeta, Gabriel e Nego Tata, dentro outros. Naquele instante, um sem número de olhos arregalados focaram o menino-pássaro que abria e fechava suas “Asas de Pedras”, plainando suave no ar, fazendo volteios elegantes e impossíveis para os que não ousaram sonhar. Após um incontável tempo, Dominguim Boy abraçou as nuvens e em seguida pousou suave, no que foi ovacionado por aquela massa de admiradores. Assim era a Vila Xurupita.
O Balé Popular do Tocantins é um projeto do Governo do Estado e oferece aulas de dança gratuitas a estudantes de Palmas Por Núbia Daiana Mota Com muita dedicação e talento, os integrantes do Balé Popular do Tocantins foram aprovados na seleção do Festival Internacional de Dança de Goiás, que acontece de 4 a 9 de julho no Centro Cultural Oscar Niemeyer, em Goiânia. Os tocantinenses irão competir com cinco coreografias e concorrer à premiação em dinheiro que varia de R$ 2 mil a R$ 15 mil.
O primeiro grupo do Tocantins viaja para a capital goiana na próxima segunda, 3 de julho. Os 14 dançarinos apresentarão duas coreografias, na categoria infantil. No dia 5, quarta-feira, é a vez dos 22 bailarinos da turma juvenil embarcarem para a mostra competitiva, para disputarem com três coreografias. Um dos professores do grupo, Jefferson Marques, contou que a preparação dos bailarinos tocantinenses tem sido intensa para garantir bons resultados na competição. “Estamos ensaiando de segunda a sábado e muitas horas por dia. É uma verdadeira maratona de treinamento, nesta reta final, com aulas específicas para as turmas que vão participar do festival”, relatou. Segundo Jefferson, apesar de ansiosos com a competição, os dançarinos do Tocantins têm grandes chances de serem premiados. “A ansiedade é enorme para eles, principalmente para a turma infantil que vai competir pela primeira vez em um festival. Estamos confiantes, por conhecer o comprometimento, a dedicação e o talento do grupo que está bem preparado e com condições de competir em condições de igualdade. Queremos muito ganhar, porém esse não é nosso principal objetivo. A intenção é proporcionar essa vivência a eles, para que conheçam companhias de outros estados e até internacionais, vejam o nível da dança deles e aprendam com essa experiência”, ressaltou. O Festival Internacional de Dança de Goiás é uma realização do Studio Dançarte, em parceria com o Governo de Goiás e o Conselho Brasileiro da Dança (CBDD). Bailarinos de todo o Brasil apresentarão coreografias de ballet clássico, dança contemporânea, jazz, sapateado, danças urbanas, danças populares e estilo livre. O Balé Popular irá competir nas categorias infantil e juvenil com as coreografias: Encontros e Despedidas; Um Novo Tempo; Pool Party; O Retorno e O Arraiá das Bailarinas. A quinta edição do Festival inclui ainda atividades como workshops com profissionais renomados do Brasil, Chile e México. As aulas serão ministradas pela chilena Natalia Berrios, o mexicano Omar Carrum e os brasileiros Alice Arja, Cristina Helena, Danilo Santana, Tíndaro Silvano, Eliane Fetzer, Erick Gutoerrez, Karla Mendes e Israel Alves.
No aniversário do centenário de Luiz Gonzaga, comemorado agora em 2012, o Rei do Baião foi e está sendo lembrado como divisor de águas: apresentou ao Brasil a cultura do Nordeste, juntou a sanfona gaúcha com a nordestina e sua música continua viva na identidade do migrante pobre, desvinculado de suas raízes nas periferias das grandes cidades.
Por Robson Rodrigues
Apesar de toda a alegria das músicas que Luiz Gonzaga cantava sobre o Nordeste acompanhado do acordeom, da zabumba e do triângulo, é triste saber que um século passou desde que o maior expoente da música nordestina e denunciador do flagelo do sertão nasceu, mas as duras condições de vida do sertanejo permaneceram inalteradas e que os deserdados da chuva ainda continuam desamparados.
Certamente responsável por dar voz à cultura nordestina e um dos primeiros a trazer a sonoridade da região para o eixo Rio-São Paulo, o pernambucano Luiz Gonzaga (1912-1989) apresentou a realidade da histórica estrutura econômica e social do Nordeste para o Brasil, no contexto em que a migração para o Sudeste mais se acentuou: na década de 1950.
Ao passo que o baião de Gonzaga mostrava ao Brasil o sofrimento e também o que há de belo no Nordeste, ele falava individualmente com cada retirante marginalizado, que tem suas particularidades regionais fundidas nas grandes cidades, onde as elites insistem em chamá-lo de Paraíba ou baiano. Não é por acaso que esse gênero musical – dos acordeões aos teclados – se desenvolveu com força dentro das engrenagens da indústria cultural.
A temática de sua música trata das influências de onde veio. Carregada de regionalismo e lirismo, o sanfoneiro cantava temas locais de caráter universal ao falar de seca, migração, sertão e latifúndio. Gonzagão jogou luz sobre a triste realidade que sempre assolou a região. “Que braseiro, que fornaia / Nem um pé de prantação / Por farta d’água perdi meu gado / Morreu de sede meu alazão.”
Sua maior missão era sair pelo Brasil trovando as glórias de sua terra, incumbência imortalizada na letra de seu filho legítimo Gonzaguinha. “Minha vida é andar / Por esse país / Pra ver se um dia descanso feliz / Guardando as recordações / Das terras por onde passei / Andando pelos sertões / E dos amigos que lá deixei.”
O velho Lua fez grandes sucessores, como Dominguinhos, que trilham caminhos semelhantes. “Luiz Gonzaga foi o grande benfeitor de minha carreidera artística”, afirma o cantor que começou na vida de sanfoneiro em 1950, época de ouro do baião, em que Gonzaga era o rei e Dominguinhos era só José Domingos de Morais, um menino de oito anos que tocava com os irmãos em Garanhuns (PE).
Quatro anos depois, foi Chicão, o pai biológico de Dominguinhos, quem fez a ponte entre o pequeno músico e o rei do baião, que recebeu a família Morais dando de presente uma sanfona de 80 baixos. “Recebi das mãos dele [Luiz Gonzaga] minha segunda sanfona e nunca mais me afastei dele”, lembra Dominguinhos.
Não tardou e Dominguinhos vingou a promessa de grande sanfoneiro, dando continuidade ao legado da sanfona nordestina e hoje segue firme com o talento e a simpatia de seu mestre.
Cabra cantadô e escrivinhadô