Ao participar de lançamento de memorial, ex-presidente diz que celebrar e lembrar a democracia é lutar para manter direitos, e que PT e CUT devem voltar às ruas e usar camisas vermelhas outra vez

 

Lula discursou na noite desta terça-feira no lançamento de um site chamado ‘Memorial da Demcoracia’. Falou sobre os protestos anti-Dilma. Isinuou que as manifestações ocorrem porque um pedaço da sociedade brasileira sofre de “irracionalidade emocional”.

Munido de seus autocritérios sobre a racionalidade, Lula enxerga nas manifestações contra a corrupção e a favor do impeachment de Dilma Rousseff coisas que o comum dos mortais não vê. Para ele, o asfalto ronca contra a democracia, a favor do congelamento do salário mínimo, pela eliminação dos direitos das empregadas domésticas e por menos negros nas universidades.

Lula comparou as manifetações contemporâneas às passeatas do passado, frequentadas por vários dos militantes que escutavam o seu discurso, feito num sindicato, em São Bernardo. Tomado pelas palavras, o morubixaba do PT acha que não se fazem mais protestos como antigamente.

“[…] Aqui, neste sindicato, ninguém pode reclamar, porque todo mundo já xingou alguém e já carregou uma faixa contra alguém. Então, a gente não pode estar nervoso por manifestações contra nós. Temos de encarar isso com uma certa normalidade”, disse Lula.

Ele prosseguiu: “Agora, a gente tem de saber por que eles estão se manifestando. Aqui tem gente que foi presa, que foi torturada, e em torno de que a gente lutava? Sempre que fomos para a rua, fomos reivindicar melhores condições de vida para o povo brasileiro”.

Nesse ponto, Lula comparou as agendas das velhas passeatas e dos protestos que fustigam Dilma, o PT e ele próprio:

“A gente ia para a rua para valorizar o salário mínimo; tem gente agora indo pra rua contra o aumento do salário mínimo. Nós cansamos de ir pra rua tentando melhorar a condição de vida da empregada doméstica; tem gente indo à rua agora contra as melhorias para as empregadas, que eles preferem chamar de secretária, mas não querem pagar direitos. Fomos para a rua defender as cotas para o povo negro nas faculdades. Tem gente indo para a rua contra.”

Lula estimulou a militância petista a pegar em lanças: “Contra esses, a gente tem que lutar. Se a gente não fizer esse debate, estaremos enfraquecendo o processo democrático neste país.”

Numa versão planetária do ‘nós contra eles’, o sábio da tribo do PT grudou nos brasileiros que descem ao meio-fio a pecha de elite preconceituosa: “Vocês estão vendo o que está acontecendo com a crise de imigração na Europa, e aqui no Brasil também, com os haitianos. Existe uma política de preconceito contra as pessoas mais humildes do mundo inteiro.”

Lula ironizou os panelaços que soam nas noites de transmissão de pronunciamentos de Dilma e de propagandas do PT na televisão. “As pessoas baterem panela quando tem pronunciamento nosso é um ato democrático. Não incomoda ninguém, não atrapalha tanto. O problema é que a empregada depois vai lavar a panela e aí é difícil. Se tiver amassada, vai ser complicado.''

Numa rara concessão à irracionalidade, Lula admitiu a certa altura que talvez seja o caso de o petismo fazer uma concessão à autocrítica: “A única coisa é que temos que medir […] se nós estamos fazendo aquilo que nos propusemos a fazer. Se a gente está certo ou se a gente está fazendo tudo ou se tem alguma coisa para a gente fazer. E a gente tem que medir a pressão para saber também por que eles estão se manifestando.''

Lula reconheceu que os petistas também estão sujeitos à condição humana. “Temos que levar em conta que cometemos erros. Temos defeitos.” Mas logo recobrou a racionalidade plena: “Ninguém fez mais o que nós fizemos por esse país.''

Onde Lula enxerga “erros”, a Polícia Federal, também às voltas com um surto de “irracionalidade emocional”, enxerga crimes. Horas antes de o cacique do PT discursar em São Bernardo, a PF indiciara em Curitiba mais 14 investigados na Operação lava Jato. Entre eles dois “gerreiros do povo brasileiro”: José Dirceu e João Vaccari Neto.

Dirceu foi indiciado por formação de quadrilha, falsidade ideológica, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Vaccari coleciona as mesmas imputações, além de uma outra: integrar organização criminosa. Sobre os indiciamentos dos dois amigos, Lula não disse nada. Ainda assim, deve-se torcer para que o orador mantenha o seu maravilhoso esforço para atingir a lucidez que falta às ruas.

Mantendo-se do lado racional da vida, Lula não tardará a descobrir a identidade do sósia que enlameou seus dois mandatos. Está claro que alguém muito parecido com o líder máximo do PT privatizou a Petrobras, entregando-a ao conluio que juntou burocratas, políticos e empreiteiros numa pilhagem nunca antes vista na história desse país.

Se conseguir achar o sósia que se fez passar por ele, Lula desfrutará do benefício adicional de ter alguém para responsabilizar pela irracionalidade de ter vendido Dilma ao eleitorado como uma gerentona infalível.

 

Do blog de Josias de Souza e Redação

 

Posted On Quarta, 02 Setembro 2015 07:44 Escrito por O Paralelo 13

Além do deputado, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), já se manifestou contra a aprovação do novo imposto

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse à reportagem nesta sexta-feira (28) que, na sua opinião, a proposta da nova CPMF defendida pelo governo Dilma pode promover a união da cúpula do PMDB.

"Acho que o governo pode unir o PMDB novamente com a nova CPMF. Todos contra: eu, Michel Temer e Renan Calheiros", ironizou Cunha.

Além do deputado, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), já se manifestou contra a aprovação do novo imposto. Alguns peemedebistas, no entanto, tentam ajudar o governo a obter apoio para aprovar a medida.

É o caso do governador do Rio, Luiz Fernando Pezão. Segundo a reportagem apurou, Pezão procurou Cunha pedindo ajuda, mas o deputado disse achar quase impossível a aprovação.

Para Cunha, a proposta não passa "nem na CCJ" (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara.

Empresários e líderes políticos atacaram nesta quinta (27) a proposta do governo de recriar a CPMF, imposto sobre transações financeiras que foi extinto em 2007 e que agora é visto pela equipe econômica da presidente Dilma Rousseff como essencial para equilibrar o Orçamento de 2016.

Renan disse que a recriação é inoportuna em meio à recessão que o país enfrenta. "Com a economia em retração, é um tiro no pé", afirmou.

A ideia pegou de surpresa o vice-presidente Michel Temer. Nesta quinta, pela manhã, ele disse que havia só um "burburinho" sobre a recriação do imposto.

"A primeira ideia é sempre essa: não se deve aumentar tributo, mas, por outro lado, há muitas vezes a necessidade, não estou dizendo que nós vamos fazer isso."

À tarde, Dilma mandou avisá-lo que o governo decidira propor a medida, mas ainda estava avaliando a sua viabilidade no Legislativo.

 

Posted On Sexta, 28 Agosto 2015 14:54 Escrito por O Paralelo 13

Luiz Fux levou ao Plenário nesta noite seu voto-vista pelo prosseguimento da ação, mas propôs a concentração, em um só processo, de todas as ações em trâmite na Corte com o mesmo objetivo

O Plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu, por maioria de votos, na noite desta terça-feira (25), dar prosseguimento à Ação de Investigação de Mandato Eletivo (AIME) 761, proposta pela Coligação Muda Brasil – que teve o candidato Aécio Neves (PSDB) à Presidência da República nas eleições de 2014 –, contra a Coligação Com a Força do Povo, da candidata Dilma Rousseff, além do vice-presidente Michel Temer e do próprio Partido dos Trabalhadores (PT) e do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB).
O julgamento, porém, não terminou, uma vez que a ministra Luciana Lóssio pediu vista dos autos. Isso porque o ministro Luiz Fux levou ao Plenário na noite desta terça-feira (25) seu voto-vista pelo prosseguimento da ação, mas propôs a concentração, em um só processo, de todas as ações em trâmite na Corte com o mesmo objetivo, “para que tudo seja julgado de uma só vez”.
De acordo com o ministro Luiz Fux, “não é interessante para a Justiça Eleitoral a existência de múltiplos processos, cada um julgado em um momento. A reunião de todos esses processos é salutar e tenho procurado fazer isso nesta Corte, para evitar decisões conflitantes”.

 

Pedido

O PSDB afirma, na AIME, que durante a campanha eleitoral de 2014 houve: abuso de poder político de Dilma pela prática de desvio de finalidade na convocação de rede nacional de emissoras de radiodifusão; manipulação na divulgação de indicadores socioeconômicos – abuso cumulado com perpetração de fraude; uso indevido de prédios e equipamentos públicos para a realização de atos próprios de campanha e veiculação de publicidade institucional em período vedado.
Sustenta, ainda, que houve: abuso de poder econômico e fraude, com a realização de gastos de campanha em valor que extrapola o limite informado; financiamento de campanha mediante doações oficiais de empreiteiras contratadas pela Petrobras como parte da distribuição de propinas; massiva propaganda eleitoral levada a efeito por meio de recursos geridos por entidades sindicais; transporte de eleitores por meio de organização supostamente não governamental que recebe verba pública para participação em comício na cidade de Petrolina (PE); uso indevido de meios de comunicação social consistente na utilização do horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão para veicular mentiras; despesas irregulares – falta de comprovantes idôneos de significativa parcela das despesas efetuadas na campanha – e fraude na disseminação de falsas informações a respeito da extinção de programas sociais.
A legenda alega que os fatos analisados em seu conjunto dão a exata dimensão do comprometimento da normalidade e legitimidade do pleito presidencial de 2014. Argumenta, ainda, que mesmo as questões que, isoladamente, não sejam consideradas suficientes para comprometer a lisura do pleito, devem ser analisadas conjuntamente entre si.
O PSDB também pede: a requisição, a diversas entidades sindicais, dos montantes gastos com publicidade no período de campanha eleitoral; ao cerimonial do Palácio da Alvorada, a relação dos eventos ali realizados durante o período da campanha eleitoral, bem como das pessoas que deles participaram; de gastos realizados pela Associação Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA Brasil) com transporte e alimentação de agricultores para participar do evento de Dilma Rousseff nas cidades de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA); à Presidência da República, a relação dos valores repassados direta ou indiretamente (inclusive às associações vinculadas) à ASA Brasil; cópia dos inquéritos policiais que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF) e na Justiça Federal - 13ª Vara Criminal da Seção Judiciária do Paraná a respeito da "Operação Lava Jato"; a realização de exame pericial na empresa Focal Confecção e Comunicação Visual Ltda., com a finalidade de se apurar a efetiva destinação dos recursos advindos da campanha de Dilma; a solicitação de informações à empresa de telefonia celular Oi Móvel S.A. a respeito de quem fazia uso de determinada linha telefônica no período de campanha e se esse mesmo usuário possuía outras linhas e quantas mensagens foram por eles enviadas no período eleitoral; a inquirição em juízo, como testemunhas, das pessoas de Paulo Roberto da Costa, Alberto Yousseff, Herton Araújo e o usuário da linha telefônica.
Por fim, a Coligação Muda Brasil pede a cassação dos mandatos de Dilma Rousseff e Michel Temer.

 

Julgamento
A relatora da ação, ministra Maria Thereza de Assis Moura, em decisão individual proferida no início de fevereiro deste ano, negou seguimento à AIME, alegando fragilidade no conjunto de provas. Ao levar o caso para julgamento do Plenário em 19 de março deste ano, o ministro Gilmar Mendes pediu vista e, na sessão do dia 13 de agosto, foi a vez de o ministro Luiz Fux também pedir vista do agravo ajuizado na ação.
Antes, porém, o ministro Gilmar Mendes deu provimento ao recurso apresentado por Aécio Neves e pela Coligação Muda Brasil para dar início à tramitação da AIME. O ministro João Otávio de Noronha antecipou o voto e acompanhou a divergência aberta por Mendes.
Ao votar, Gilmar Mendes afirmou que “nem precisa grande raciocínio jurídico para concluir que a aludida conduta pode, em tese, qualificar-se como abuso do poder econômico, causa de pedir da ação de impugnação de mandato eletivo”. Disse ainda verificar que existe, no caso, “suporte de provas que justifica a instrução processual da ação de impugnação de mandato eletivo quanto ao suposto abuso do poder econômico decorrente do financiamento de campanha com dinheiro oriundo de corrupção/propina”.
O ministro destacou ainda que “os delatores no processo da Lava-Jato têm confirmado o depoimento de Paulo Roberto da Costa no sentido de que parte do dinheiro ou era utilizada em campanha eleitoral ou para pagamento de propina”.
Lembrou que o delator Pedro Barusco teria dito que o Partido dos Trabalhadores recebeu entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões entre 2003 e 2013, “dinheiro oriundo de propina, e que, possivelmente, foi utilizado, pelo menos em parte, na campanha presidencial de 2014”.
O ministro afirmou que o que se busca é “verificar se, de fato, recursos provenientes de corrupção na Petrobras foram ou não repassados para a campanha presidencial, considerando que o depoimento do diretor da companhia, Paulo Roberto da Costa, pelo menos em uma primeira análise, revela um viés eleitoral da conduta, pois desnecessário qualquer esforço jurídico-hermenêutico para concluir que recursos doados a partido, provenientes, contudo, de corrupção, são derramados nas disputas eleitorais, mormente naquela que exige maior aporte financeiro, como a disputa presidencial”.

Com informações do TSE

Posted On Quarta, 26 Agosto 2015 08:28 Escrito por O Paralelo 13

A crítica aos 39 ministérios esteve na pauta da oposição durante a campanha eleitoral de 2014 e ganhou eco entre partidos aliados, como o senador Renan Calheiros (PMDB), após o aprofundamento da crise. Governo demorou para perceber gravidade da crise, diz Dilma ela afirmou que a reforma administrativa anunciada pelo Palácio do Planalto vai cortar, além de dez ministérios, 1.000 dos cerca de 22,5 mil cargos de confiança existentes hoje.

 

Mergulhada em um crise política e econômica, a presidente Dilma Rousseff (PT) decidiu “cortar na própria carne”, sinalizando para uma, ainda imprecisa, reforma política. A crítica aos 39 ministérios esteve na pauta da oposição durante a campanha eleitoral de 2014 e ganhou eco entre partidos aliados, como o senador Renan Calheiros (PMDB), após o aprofundamento da crise.

A economista e professora da Faculdade Boa Viagem, Amanda Ayres, acredita que o anúncio “aponta para um maior compromisso” do governo em superar a crise. “Ela (a reforma) vem com efeito retardado. Todo mundo sempre questionou a quantidade de ministérios. Mas diante do quadro de falta de confiança, acaba apontando para um maior compromisso”, pontuou. Contudo, ela ressalta que “cortar ministérios” é apenas a “ponta do iceberg” para que o momento de recessão seja superado. “Uma boa reforma é aquela que revise a qualidade dos gastos públicos de uma maneira geral. Não apenas faça cortes. Na gestão pública atual existem gastos muito mal feitos. Temos hoje ministérios muito semelhantes”, completou.

Para o cientista político e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Hely Ferreira, a opção da presidente por fazer uma reforma em meio à crise reforça aquela “velha prática de se empurrar com a barriga do brasileiro”. “Acaba sendo mais difícil para o governo. Porque o poder de barganha fica maior daqueles que não tem espírito público, ainda mais com uma presidente fragilizada”, disse.

Líder das minorias, o deputado federal Bruno Araújo (PSDB), espera que as reduções levem de fato a um volume substancial de economia. “Mas vem com atraso e sob pressão”, frisou. Também cauteloso sobre o anúncio, o deputado Tadeu Alencar espera que o racionamento produza um efeito que não seja “para inglês ver”. Questionado se ele acredita que a diminuição de ministérios irá afetar a relação, já esgarçada e tumultuada, com o congresso, o deputado socialista fez questão de lembrar que a atual estrutura para "mimar" a base não surtiu efeitos e uma prova disso foi a crise no primeiro semestre. "Os 39 ministérios não foram suficientes para manter a base hamônica. O momento é de austeridade e a iniciativa do governo deve ir além dessas pactuações", disse.

Para um dos vice-líderes do governo, deputado Silvio Costa (PSC), o governo mostra que está “ampliando o diálogo com a opinião pública” e que o gesto é mais relevante que o impacto financeiro. “Existe uma discussão estéril sobre a quantidade, como se esse fosse o motivo maior da crise econômica.  Então, o impacto financeiro não é tão relevante. Vamos reduzir, mas não do tamanho da relevância que a oposição sempre valorizou”, disse ele, sinalizando para a base. Segundo ele, a iniciativa da presidente atende ainda aos pedidos de partidos da base aliada. "Não devem ter problemas com isso, de cortar ministérios. Muitos deles não subiram na tribuna para pedir a redução?", alfinetou. 

Com Folhapress

Posted On Terça, 25 Agosto 2015 07:03 Escrito por O Paralelo 13

O plenário do Senado aprovou há pouco, por 45 votos a favor e 27 contra, o projeto de Lei que reduz as desonerações concedidas pelo governo a 56 setores da economia. Com a aprovação, o governo encerra a votação do chamado ajuste fiscal.

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira, 19, em segundo turno, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos em casos de crimes hediondos, homicídio doloso (com intenção de matar) e lesão corporal seguida de morte. O tema, que tramitava há 22 anos na Casa, segue agora para o Senado.

 

No Senado o relator do projeto na Casa, senador Eunício de Oliveira (PMDB-CE), apresentou o mesmo texto aprovado na Câmara dos Deputados. Como os senadores rejeitaram todas as emendas propostas, o projeto que segue agora para sanção da presidenta Dilma Rousseff.

Até a apresentação do relatório, havia a expectativa de Eunício incluir alguma emenda de mérito, alterando o texto aprovado na Câmara. Mesmo criticando alguns pontos do projeto, o relator manteve o texto.

Criada em 2011 pelo governo, a renúncia fiscal atingiu, em 2014, cerca de R$ 22 bilhões. A proposta trocava a contribuição patronal de 20% sobre a folha de pagamentos para a Previdência, por alíquotas incidentes na receita bruta das empresas. O texto do projeto aumenta as duas alíquotas atuais de 1% e 2% para, respectivamente, 2,5% e 4,5%. O governo estima que a mudança poderá resultar em uma arrecadação de cerca de R$ 10 bilhões.

A oposição criticou o aumento na alíquota, sob o argumento de que a mudança geraria desemprego. “Eu não tenho dúvida que as empresas que não têm a quem vender e estão em processo de retração, se lhes retirar [a desoneração], a alternativa vai ser desempregar pessoas até para tentar sobreviver”, disse o senador Agripino Maia (DEM-RN).

Ao defender o projeto, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), afirmou que nem todas as desonerações concedidas se transformaram em investimento para a manutenção de empregos. “Sabemos que a proposta que aí está não é a melhor. A Câmara [dos Deputados] promoveu uma série de mudanças na proposta original que gerou distorções. Mas achamos que é fundamental que se possa tomar essa medida e fechar o ajuste fiscal”.

Com a aprovação, o aumento de alíquotas valerá após 90 dias de publicação da futura lei. O projeto aprovado concede aumentos diferenciados para alguns setores. No caso dos setores de call center e de transportes rodoviários, ferroviários e metroviários de passageiros, a taxa passa de 2% para 3% .

Na outra faixa de alíquota, de 1%, haverá um aumento menor, para 1,5%, nas empresas jornalísticas, de rádio e TV; no setor de transporte de cargas; no transporte aéreo e marítimo de passageiros; nos operadores de portos; no setor calçadista; na produção de ônibus e de confecções.

O setor de carnes, peixes, aves e derivados continua a ser tributado com 1% da receita bruta.

 

Câmara aprova em 2º turno PEC que reduz a maioridade penal

 

O PT promete voltar ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o trâmite da PEC na Casa. "Vou pedir ao Supremo para apreciar nosso mandado de segurança. A votação foi totalmente inconstitucional e antirregimental. Todas as regras foram violadas", afirmou o vice-líder petista Alessandro Molon (RJ).

Na votação em primeiro turno foram 323 votos a favor, 155 contra a redução da maioridade e duas abstenções. Nesta quarta, foram 320 a favor, 152 contra e uma abstenção. Por se tratar de mudança na Constituição, a proposta precisava ser votada em segundo turno e necessita de 308 votos para o texto ser mantido.

A votação rachou o plenário. Alegando que jovens menores de 18 anos hoje têm "licença para matar", que Casas de atendimento a menores já são presídios e citando crimes que chocaram o País, votaram favoravelmente à redução PMDB, PSDB, PRB, PR, PSD, PTB, DEM e Solidariedade.

"Hoje estamos aqui para fazer história. Estamos ouvindo a voz da sociedade. O Brasil quer a redução da maioridade penal, a sociedade não quer mais perder seus filhos para a violência", pregou a deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ).

A liderança do governo, PT, PSB, PDT, PCdoB, PROS, PPS, PV e PSOL orientaram voto contra a PEC. "O que nós estamos fazendo não vai resolver a violência. Quem mata no Brasil é o adulto. O jovem pode se recuperar", apelou o peemedebista Darcício Perondi (PMDB-RS), que votou na contramão de seu partido.

 

Pedalada

Em julho, uma manobra apelidada pelos deputados governistas de "pedalada regimental" viabilizou a votação do tema duas vezes. Deputados governistas acusaram Cunha de golpe e recorreram ao STF.

Na ocasião, o ministro Celso de Mello disse não ver argumentos jurídicos para suspender a tramitação da PEC porque a aprovação da proposta dependia ainda da votação em segundo turno.

O ministro afirmou, no entanto, que sua decisão não impedia que um novo questionamento fosse feito no futuro. Em nota divulgada antes do início da votação, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, reiterou sua posição contrária à PEC e destacou que a medida não vai diminuir a criminalidade.

"A redução da maioridade penal é para nós algo insustentável. Caso isso seja aprovado nós teremos um erro jurídico, um erro do ponto de vista dos estudos científicos e um colapso no sistema prisional. Estaremos gerando mais violência e ferindo a nossa Constituição. Não podemos ser favoráveis a uma medida que trará enorme dano à segurança pública de todos os brasileiros", afirmou o ministro.

O governo alega que a medida impacta negativamente as contas da União, podendo gerar um gasto anual de R$$ 2,3 bilhões porque será necessário ampliar as unidades prisionais para manter aproximadamente 40 mil adolescentes presos por ano.

"Não há como construir presídios para atender a essa demanda. E, ao invés de gastarmos bem, que é investir unidades onde se busque a ressocialização, estaremos gastando em presídios de adultos de onde dificilmente esses jovens serão recuperados", insiste o ministro em nota.

O ministério defendeu mudanças no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), como ampliação no tempo de internação dos infratores para crimes hediondos.

Com Estadão Conteúdo e Agência Brasil

Posted On Quinta, 20 Agosto 2015 07:41 Escrito por O Paralelo 13
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