Com viabilidade técnica, é possível admitir sistema de voto impresso, diz Pacheco

 

Com Estadão Conteúdo

 

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), admitiu aprovar a proposta do voto impresso se houver viabilidade técnica. Conforme o Estadão/Político revelou, a medida tem maioria para avançar na comissão especial que discute o tema na Câmara. Aliados do presidente Jair Bolsonaro se juntaram a outros partidos para instituir um sistema de voto impresso na urna eletrônica em 2022.

 

Em entrevista ao site Jota, Pacheco deixou claro que confia no atual sistema eleitoral no Brasil, mas admitiu a possibilidade de aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) em tramitação na Câmara para eliminar dúvidas sobre a confiabilidade das urnas eletrônicas. "Se há senadores e deputados sustentando isso e se houver viabilidade técnica e operacional para uma implantação dessa natureza que dê maior confiabilidade ao sistema de escolha de candidatos, é perfeitamente possível nós admitirmos", disse.

 

Comportamento de Bolsonaro

 

Na entrevista, Rodrigo Pacheco disse não concordar com o desrespeito às normas sanitárias ao falar sobre o comportamento do presidente Jair Bolsonaro na pandemia de covid-19. Por outro lado, o senador avaliou como positiva a participação do chefe do Planalto no comitê criado para coordenar as ações de enfrentamento à doença. A declaração foi dada ao site após Bolsonaro promover mais um evento com aglomeração, desta vez em São Paulo, no fim de semana.

 

"Se cada qual age, sob o ponto de vista pessoal, usando máscara ou não, essa é uma coisa que é pessoal. Obviamente, eu não concordo com quem não usa máscara, com quem aglomera. Evidentemente, eu acho que essas não são posturas adequadas para absolutamente ninguém no Brasil", disse Pacheco, ponderando que o diálogo entre os Poderes tem sido "bom". "A existência desse comitê, eu considero que é fundamental para se ter essa instância de diálogo no Brasil, senão poderíamos ter momentos piores do que tivemos na pandemia."

 

 

Posted On Segunda, 14 Junho 2021 12:25 Escrito por

Tem muita gente que perdeu o sono

 

Ricardo Noblat

 

Na avaliação do presidente Jair Bolsonaro, até ontem o mais duro revés sofrido por seu governo, este ano, foi a decisão do Supremo Tribunal Federal que permitiu a instalação da CPI da Covid-19 no Senado. O desgaste tem sido grande desde então. Mas, ontem, finalmente, outra decisão superou a primeira em gravidade.

 

Os ministros Ricardo Lewandowski e Alexandre de Moraes mantiveram a quebra dos sigilos telefônico e telemático dos ex-ministros Eduardo Pazuello, da Saúde, e Ernesto Araújo, das Relações Exteriores, e de Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho do Ministério da Saúde, a “a capitã cloroquina”.

 

Na última sexta-feira, a Advocacia-Geral da União (AGU) apresentou um mandado de segurança ao Supremo no qual pedia a anulação da decisão da CPI de quebrar os sigilos de Pazuello. Antes, por sua conta e risco, Pazuello e Mayra deram entrada nos seus próprios pedidos.

A ação da AGU dizia que a CPI tomara sua decisão sem “qualquer fundamentação” e com base “na pressuposição genérica” de que o general Pazuello foi titular do Ministério da Saúde, o que não seria suficiente “para uma medida de extrema gravidade”.

 

Lewandowski simplesmente rejeitou-a. No seu entendimento, as medidas adotadas pela CPI são pertinentes com as investigações e não se mostram, “a princípio, abusivas ou ilegais”. Por razões semelhantes, Alexandre de Moraes também rejeitou o pedido feito por Araújo.

 

Teme Bolsonaro que a quebra dos sigilos dos três revele segredos embaraçosos para o governo guardados na memória de celulares e de computadores. Mais cuidadoso foi o ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente, suspeito de envolvimento com contrabando de madeira, que levou 19 dias para entregar seu celular requisitado.

 

A operação de combate à pandemia implicou em muitos gastos. Dirigentes e lobistas de empresas farmacêuticas pressionaram o governo para que comprasse respiradouros, testes, vacinas e drogas ineficazes contra o vírus. Ao que se viu, o governo estimulou a compra de drogas e empurrou as demais compras.

 

A direção da CPI está convencida de que muito dinheiro correu diretamente para o bolso de funcionários graduados do governo. Com os documentos que reúne, pretende provar. A conferir em breve se isso é verdade.

 

 

Posted On Segunda, 14 Junho 2021 06:02 Escrito por

Após motociata em SP, Bolsonaro discursa contra uso de máscara e defende Salles

 

Por Bruno Ribeiro e Pedro Venceslau

 

O presidente Jair Bolsonaro liderou neste sábado, 12, em São Paulo uma manifestação de motociclistas a favor de seu governo. A motociata levou ao fechamento da pista central da Marginal do Tietê, principal artéria da cidade, e da Rodovia dos Bandeirantes entre a capital e Jundiaí, no interior, em um trecho de pouco mais de 50 quilômetros, até retornar e acabar na região do Parque do Ibirapuera.

 

Ao final da manifestação, o presidente fez um discurso de cunho eleitoral em um caminhão de som em que reforçou suas posições contrárias aos procedimentos recomendados pelos cientistas para evitar a proliferação do novo coronavírus. Ele também aproveitou o ato para fazer um desagravo ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, alvo de investigações no âmbito do Supremo Tribunal Federal por suspeita de atuar a favor de madeireiros na Amazônia e por obstruir uma apuração da Polícia Federal que culminou na maior apreensão de madeira ilegal da história do País.

 

Bolsonaro voltou a contestar o uso de máscaras, criticou ações para garantir distanciamento social e fez nova defesa do “tratamento precoce” contra a covid-19 com uso de cloroquina – apontado como ineficaz pela comunidade científica. O presidente esteve sem máscara durante todo o ato e foi multado pelo governo de São Paulo por este motivo (mais informações abaixo). Os deputados federais Eduardo Bolsonaro e Carla Zambelli (ambos PSL-SP), e os ministros da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, e da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, também.

 

Tarcísio discursou na manifestação, e foi aclamado pelo público como “governador”. Ele é tido como possível candidato do presidente ao Palácio dos Bandeirantes no ano que vem.

 

Apoiadores acompanham discurso do presidente Jair Bolsonaro, no Ibirapuera. © Léo Souza/Estadão Apoiadores acompanham discurso do presidente Jair Bolsonaro, no Ibirapuera.
Os motociclistas que acompanharam o presidente, vindo especialmente de moto clubes da capital, do interior de São Paulo e dos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná, estavam em um número suficiente para circular o complexo do Anhembi, na zona norte, onde ocorreu a concentração, em uma fila de 5 quilômetros de extensão. Segundo a Polícia Militar, 12 mil motociclistas participaram do ato. Muitos deles portavam bandeiras do Brasil e não usavam máscaras. No Ibirapuera, havia ainda faixas contra o Supremo Tribunal Federal, a favor do “voto impresso auditável” e pedindo “intervenção militar”.

 

 

Salles permaneceu no carro de som ao lado do presidente. “O Ministério do Meio Ambiente era aparelhado e (Salles) fez um excelente trabalho”, afirmou Bolsonaro. O ministro discursou por cerca de um minuto, e repetiu o slogan do presidente “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”.

 

Ao agradecer os motociclistas pela motociata, Bolsonaro voltou a comentar um benefício já prometido para a categoria, de isenção de tarifas de pedágios em novas concessões rodoviárias executadas pelo governo.

 

Ele participou do evento vestindo um colete do representante de uma associação de proprietários de motocicletas Harley Davidson do Espírito Santo durante a visita ao Estado anteontem. “Acho que ele ficou satisfeito”, disse Marcus Fly, que não viajou a São Paulo para acompanhar o evento.

 

Bolsonaro usa capacete proibido em motociata

Durante o trajeto de moto, Bolsonaro utilizou um capacete do tipo coquinho, que não protege o maxilar nem possui viseira. O uso desse equipamento é proibido pela Resolução 453/2013 do Conselho Nacional de Trânsito. É considerado uma infração grave, sujeita a multa.

 

A Polícia Militar registrou ao menos um acidente no comboio, no km 30 da Rodovia dos Bandeirantes. Imagens da Band News mostram o momento em que motociclistas caem. Segundo a assessoria de imprensa da AutoBan, uma das vítimas teve ferimentos moderados e foi encaminhada a um hospital de Jundiaí; outras duas optaram por continuar no ato. Por nota, o Hospital Pitangueiras afirma que a vítima teve fraturas nas regiões do punho e do tornozelo e será submetida a cirurgia, mas o quadro é considerado estável.

 

O presidente uniu uma série de posições negacionistas de seus aliados em um único discurso, que buscou apresentar uma versão diferente da que o Brasil é um dos lugares com mais mortes por covid-19 no mundo. Até agora, 482 mil pessoas já morreram por causa do coronavírus no País.

 

Essa junção de teses afirma que o número de mortes no Brasil é superestimado e, caso fosse correto, o País teria menos mortes por 100 mil habitantes do que em outros países. Esse número menor seria resultado do tratamento precoce com uso de cloroquina defendido por ele e seus aliados. O discurso durou 28 minutos.

 

“O documento produzido pelo Tribunal de Contas União (TCU) que, apesar de não ser conclusivo, é bastante objetivo. O critério usado para governadores buscarem recursos era o número de óbitos por covid. Houve sim, pelo que tudo indica, a super notificação de casos de covid”, afirmou. “Quem aqui nunca ouviu de pessoas que reclamaram que seu ente querido faleceu de outra doença, e que colocaram como covid?”, questionou.

 

O documento do TCU que fala de super notificação, citado pelo presidente, foi questionado pelo órgão, que apura a conduta do servidor que produziu o documento.

 

Bolsonaro voltou ainda a criticar o uso de máscaras. “Eu propus ao ministro da Saúde que estude a possibilidade, levando-se em conta a ciência, de podemos ou não sugerir a não obrigatoriedade de máscaras para quem já contraiu o vírus ou já foi vacinado”, disse o presidente. “O vacinado não tem como transmitir o vírus”, disse o presidente (na verdade, mesmo quem já tomou a segunda dose pode ser infectado e transmitir a doença, mas tem reduzida as chances de precisar de internação e morrer).

 

Sem máscara, presidente é multado

O governo de São Paulo multou Bolsonaro em R$ 552,71 por violação a regra sanitária, pelo não uso de máscara enquanto participou da manifestação de motociclistas.

 

A disputa entre o presidente e o governador João Doria (PSDB), que tenta viabilizar sua campanha à Presidência no ano que vem, marcou a manifestação.

 

O governo do Estado, que havia disponibilizado mais de 6,2 mil policiais militares para acompanhar a motociata, articulou com a concessionária que administra a Rodovia dos Bandeirantes para veicular mensagens sobre a obrigatoriedade do uso de máscaras nas placas eletrônicas do trecho da rodovia percorrido pelo ato.

 

Segundo informações repassadas pelo governo estadual, o esquema de segurança montado pela Polícia Militar em parceria com o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) custou aos cofres públicos R$ 1,2 milhão. “A ação contou ainda com dedicação exclusiva de 5 aeronaves, 10 drones e aproximadamente 600 viaturas, entre motos, carros, bases comunitárias móveis e unidades especiais. Todo ato foi monitorado pelo sistema Olho de Águia, por meio de câmeras fixas, móveis, motolink e bodycams”, informou o governo, por nota.

 

Além do aparato formal, ostensivo, montado com pessoal do Comando Militar do Sudeste, das Polícias Federal, Militar e Civil, Bolsonaro tem um reforçado esquema de segurança próxima.

 

A manifestação custou ainda R$ 75,2 mil à Prefeitura de São Paulo, que contratou a empresa SPTuris para a organização do evento. Os recursos públicos pagaram a instalação de banheiros químicos, gradis para separação de público, geradores elétricos e som, além de seguranças.

 

O Estadão questionou a Presidência sobre os gastos federais, mas não obteve resposta.

 

Em referência indireta a Doria, Bolsonaro disse que quem adotou medidas de restrição ao comércio “agiu errado”. “O artigo 5.° da Constituição está o direito ao trabalho. De ir e vir. O governador que se diz um democrata mas é um ditador”, disse.

 

Ao passar a palavra para o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, Bolsonaro listou realizações do setor de infraestrutura do governo, como conclusão da Ferrovia Norte-Sul. O público começou a gritar “governador” em referência ao ministro.

 

O presidente também agradeceu aos PMs paulistas que trabalharam no evento. “Estaremos juntos aconteça o que aconteça”, disse. Ele costuma ter grande apoio na categoria.

 

Posted On Domingo, 13 Junho 2021 05:36 Escrito por

Texto prevê que, na repactuação de dívidas, seja garantido um mínimo existencial à sobrevivência, vai à sanção presidencial

 

Com Agência Senado

 

O Senado aprovou nesta quarta-feira (9) o Projeto de Lei (PL) 1.805/2021, que cria regras para prevenir o superendividamento dos consumidores, proíbe práticas consideradas enganosas e prevê audiências de negociação de dívidas. Foram 73 votos a favor e nenhum contra. A matéria vai agora à sanção presidencial.

 

O relator no Senado foi o senador Rodrigo Cunha (PSDB-AL). Para ele, o superendividamento é um problema social, não apenas individual. O texto aprovado busca reforçar as medidas de informação e prevenção do superendividamento, introduz a cultura da concessão responsável de crédito e amplia a conscientização da cultura do pagamento das dívidas, como estímulo à renegociação e da organização de planos de pagamento pelos consumidores.

 

O relator lembrou que o texto original da proposta é de 2012 (PLS 283/2012), fruto da comissão temporária que propôs alterações no Código de Defesa do Consumidor (CDC). O texto da comissão de juristas foi então encampado pelo então presidente do Senado, José Sarney, e tramitou quase 10 anos no Congresso. Para Rodrigo Cunha, a questão do superendividamento sempre foi uma questão importante, mas “ganhou contornos dramáticos diante dos efeitos econômicos adversos trazidos pela pandemia da covid-19”, já que muitas pessoas perderam emprego e renda durante a pandemia.

 

De acordo com o relator, Rodrigo Cunha (PSDB-AL), proposta facilita a renegociação de empréstimos consignados, coíbe propaganda enganosa e poderá liberar R$ 350 bilhões para a economia

 

— Muitas famílias viram sua renda reduzida de forma permanente após a perda de um de seus integrantes. Existem hoje 62 milhões de inadimplentes no Brasil, perfazendo 57% da população adulta. São pessoas e famílias que necessitam de apoio para se reerguer. Ao aprovar este projeto, resgatamos a dignidade de mais de 43 milhões de brasileiros, promovemos o pacto coletivo de inclusão e devolvemos mais de R$ 350 bilhões para economia, conforme dados da Ordem dos Economistas do Brasil. As medidas propostas poderão restaurar a paz e a dignidade de muitas famílias que experimentam hoje dificuldades para renegociar dívidas e preservar renda suficiente para garantir seu mínimo existencial. Esperamos que possa trazer impactos positivos para a economia, pois a reinserção dessas pessoas no mercado de consumo pode ajudar o processo de recuperação econômica — afirmou Rodrigo Cunha.

 

Entre outras medidas, o texto, que altera o CDC (Lei 8.078, de 1990) e o Estatuto do Idoso (Lei 10.741, de 2003), permite ao cliente desistir de contratar empréstimo consignado dentro de sete dias do contrato sem indicar o motivo. Para isso, o fornecedor da proposta deve dar acesso fácil a formulário específico, em meio físico ou eletrônico, no qual constarão os dados de identificação e a forma de devolução de quantias recebidas e eventuais juros. As regras do projeto não se aplicam, entretanto, a dívidas relacionadas a bens de luxo de alto valor.

 

Desconto em consignado

Em relação ao máximo que pode ser descontado do salário líquido, o texto aprovado mantém os níveis atuais da margem consignável (o total que pode ser usado para pagar as parcelas). São 5% do salário líquido para pagar dívidas com cartão de crédito e 30% para outros empréstimos consignados.

 

A novidade quanto ao limite do consignado para o cartão é que ele poderá ser usado ainda para saques nessa modalidade.

 

Se as regras forem descumpridas, na revisão do contrato o juiz poderá determinar o aumento do prazo de pagamento sem acréscimo, a redução de encargos ou a substituição de garantias para adequá-lo às novas regras.

 

Adicionalmente, o limite do consignado poderá aumentar excepcionalmente se, após repactuação aprovada pelo Judiciário, isso implicar redução do custo efetivo total, que é o total de juros e taxas relacionadas ao empréstimo.

 

Ofertas enganosas

Segundo o texto aprovado, será proibido fazer oferta de crédito ao consumidor, seja em propagandas ou não, com expressões enganosas, como “sem juros”, “gratuito”, “sem acréscimo”, “taxa zero” ou expressões semelhantes.

 

 

Nessas ofertas de crédito, será proibido ainda dizer que a operação poderá ser concluída sem consulta a serviços de proteção ao crédito ou sem avaliação da situação financeira do interessado.

 

Principalmente para grupos mais vulneráveis, como idosos, analfabetos, doentes ou se a oferta envolver prêmios, será proibido assediar ou pressionar o consumidor para contratar crédito ou comprar produto ou serviço.

 

Os credores não poderão condicionar o início de negociações sobre dívidas à desistência de ações na Justiça, ao pagamento de honorários advocatícios ou a depósitos judiciais.

 

Renegociação

A pedido do consumidor superendividado, o juiz poderá começar processo de repactuação das dívidas com a presença de todos os credores. Na audiência, o consumidor poderá apresentar plano de pagamento com prazo máximo de cinco anos para quitação, preservadas as garantias originais.

 

A novidade nesse tipo de procedimento é a observância do conceito de “mínimo existencial”. Um regulamento da lei deverá definir a quantia mínima da renda do devedor que não poderá ser usada para pagar as dívidas, com a intenção de impedir que a pessoa tenha de contrair novas dívidas para pagar despesas mínimas como água e luz ou mesmo pagar as dívidas antigas.

 

Credores que faltarem às audiências de conciliação sem justificativa terão suas dívidas suspensas, assim como os juros por atraso. Além disso, ficarão sujeitos compulsoriamente ao plano de pagamento se o consumidor souber o valor exato devido. E esse credor ausente não será priorizado na hora de receber o dinheiro de volta.

 

“Essa possibilidade oferece mais efetividade e agilidade à figura da conciliação, contribuindo para uma solução rápida que beneficiará superendividados e credores”, afirmou Cunha em seu relatório.

 

Foi também detalhada a participação, de forma concorrente e facultativa, dos órgãos públicos integrantes do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor na fase conciliatória e preventiva do processo de repactuação de dívidas.

O pedido de repactuação feito pelo consumidor não importará em declaração de insolvência civil e poderá ser repetido somente após decorrido o prazo de 2 anos, contado da liquidação das obrigações previstas no plano de pagamento homologado.

 

Segundo o texto, não poderão fazer parte dessa negociação as dívidas com garantia real (como um carro), os financiamentos imobiliários, os contratos de crédito rural e dívidas feitas sem a intenção de realizar o pagamento.

 

Se sair acordo com algum credor, o juiz validará o acertado, que poderá ser exigido no cartório de protesto (eficácia de título executivo). Deverão constar do plano itens como:

 

*aumento do prazo de pagamento e redução de encargos;

*suspensão de ações judiciais em andamento;

*data a partir da qual o nome sairá do cadastro negativo; e

*vinculação do plano de pagamento a condutas do consumidor que evitem o aumento da dívida.

 

Plano compulsório

Para os credores com os quais não houve acordo ou para os que não compareceram à primeira negociação, o texto prevê, a pedido do consumidor, que o juiz forneça um plano judicial compulsório de pagamento.

 

Os credores serão convocados, e um administrador nomeado pelo juiz terá 30 dias para apresentar um plano de pagamento com aumento de prazo e descontos.

 

Será assegurado aos credores, no mínimo, o pagamento da dívida original corrigida pela inflação do período e cinco anos para quitação total da dívida após o fim do prazo do plano proposto pelo devedor.

 

A primeira parcela desse resíduo deverá ser paga em 180 dias a partir da decisão judicial, e o restante em parcelas mensais e sucessivas.

 

Procon

Antes de ir à Justiça pedindo um plano de pagamento por acordo com os credores, o consumidor terá acesso a uma fase de conciliação com os órgãos de defesa do consumidor, como os Procons. Entretanto, esse tipo de atendimento especial será facultativo por parte desses órgãos.

 

Da mesma maneira, as conversas terão de ser com todos os credores e deve ser preservado o “mínimo existencial” do salário do devedor.

 

Nesse acordo, o consumidor também deve se comprometer a não fazer novas dívidas e adotar medidas para evitar o agravamento de sua situação de superendividado. O acordo deverá incluir a data em que o nome será excluído do cadastro de mau pagador.

 

Custo total

Tanto os bancos e financiadoras quanto aqueles que venderem a prazo deverão informar o consumidor previamente e de forma adequada qual é o custo efetivo total, a taxa mensal efetiva de juros e os encargos por atraso, o total de prestações e o direito do consumidor de antecipar o pagamento da dívida ou parcelamento sem novos encargos.

 

As ofertas de empréstimo ou de venda a prazo deverão informar ainda a soma total a pagar, com e sem financiamento.

 

Conforme a gravidade da conduta de não fornecer as informações de forma clara ao consumidor, o texto prevê, judicialmente, a redução de juros e o aumento do prazo de pagamento, levando-se em conta a capacidade de pagamento do consumidor, sem prejuízo de ações por danos morais.

 

Alteração rejeitada

O relator retirou o dispositivo acrescentado na Câmara que permitia ao credor a remessa de títulos ou documentos de dívida ao tabelionato de protesto, com a recomendação de prévia solução negocial. Isso seria feito a partir, exclusivamente, de comunicação ao devedor mediante correspondência simples, correio eletrônico, aplicativo de mensagem instantânea ou meios similares.

 

“Oferecemos reservas a esta inclusão, porque mesmo na hipótese de uma solução negocial o devedor precisaria arcar com as despesas de emolumentos, agravando assim a sua situação financeira”, alegou Rodrigo Cunha.

 

Alterações mantidas pelo Senado

Todas as outras alterações propostas no substitutivo da Câmara foram mantidas pelo Senado. Uma delas foi a supressão de mudança sobre a vedação de publicidade abusiva a criança. A Câmara entendeu que a questão seria melhor regulada pelas normas sobre publicidade e proteção à criança e ao adolescente. “Dada a delicadeza do tema, e considerando que o objetivo principal deste projeto é prevenir e tratar o superendividamento, razão pela qual essa questão não foi debatida na mesma medida que as outras que propomos aprovar. Portanto, somos favoráveis a manter o texto oriundo da Câmara”, declarou Cunha.

 

Todos os senadores que se manifestaram durante a votação apoiaram o PL, entre eles Esperidião Amin (PP-SC), Fabiano Contarato (Rede-ES), Cid Gomes (PDT-CE), Soraya Thronicke (PSL-MS), Zenaide Maia (Pros-RN), Kátia Abreu (PP-TO), Izalci Lucas (PSDB-DF), Nilda Gondim (MDB-PB) e outros.

 

Fonte: Agência Senado

 

Posted On Sábado, 12 Junho 2021 07:08 Escrito por

Avaliação negativa se mantém mesmo com perspectiva de melhora na economia e no controle do coronavírus

 

Por Marcelo de Moraes

Levantamento feito pela XP/Ipespe mostra a consolidação da avaliação negativa do governo de Jair Bolsonaro. A pesquisa mostra que 50% consideram a administração federal ruim ou péssima. Este dado é um ponto superior ao do levantamento feito em maio, mas representa o pior da série histórica, igualando a marca de maio de 2020. Além disso, desde outubro, essa avaliação só tem caído, passando de 31% para os 50% atuais. Ao todo, foram feitas 1.000 entrevistas, entre os dias 7 e 10 de junho, com margem de erro de 3,2 pontos percentuais.

 

No cenário eleição para 2022, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aparece quatro pontos porcentuais à frente de Bolsonaro. A vantagem é de 32% contra 28% do presidente. Na pesquisa passada, Lula e Bolsonaro apareciam empatados com 29%. Essa vantagem, porém, está dentro da margem de erro. Sérgio Moro caiu de 8% para 7%, Ciro Gomes de 9% para 6% e Luciano Huck de 5% para 4%.

 

Na simulação de segundo turno, porém, a diferença de Lula se acentuou em relação a Bolsonaro, chegando a nove pontos. Lula tem 45% contra 36% Bolsonaro. Na pesquisa passada, a diferença era apenas de 42% a 40%. Bolsonaro também perde numericamente no confronto de segundo turno para Ciro Gomes, por 41% a 37%.

 

Em relação à realização da Copa América, a maioria se mostrou contrária ao evento acontecer no Brasil. Ao todo, 64% foram contrários e apenas 29% favoráveis. Num recorre feito entre os entrevistados que têm avaliação negativa do presidente, esse número dispara para 83%. Enquanto 58% dos que têm visão favorável a Bolsonaro apoiam o evento.

 

Houve uma pequena melhora na percepção sobre os rumos da economia, com 29% acreditando que a economia está no caminho certo, contra os 26% indicados pela pesquisa anterior. Mesmo assim, os números ainda são francamente ruins em relação ao tema, já que 60% seguem avaliando que os atuais rumos são errados. O temor em relação à pandemia do coronavírus também baixou. Dessa vez, 45% disseram estar com muito medo do surto de coronavírus contra 50% do levantamento passado.

 

 

Posted On Sexta, 11 Junho 2021 18:19 Escrito por
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