Entre a cautela da "pupunha" e as armadilhas do poder no Tocantins

Posted On Quinta, 07 Agosto 2025 11:03
Avalie este item
(0 votos)

Por Edson Rodrigues

 

 

 

Embora o calendário oficial ainda nos mantenha relativamente distantes do ano eleitoral, os bastidores da política tocantinense fervem em um ritmo que desmente a aparente calmaria. A sucessão estadual de 2026 não é mais um sussurro é uma panela de pressão cujo chiado já ecoa forte nos corredores do poder. O Congresso Nacional, por exemplo, está longe de ser apenas o palco de debates sobre o futuro do Brasil, transformou-se no centro onde o tabuleiro da política do Tocantins está sendo meticulosamente montado.

 

 

As peças-chave desta partida são senadores, deputados federais e figuras de proa que já se movimentam. Seja para garantir a reeleição ao Senado, para construir a viabilidade de uma candidatura ao Palácio Araguaia, ou simplesmente para atuar como articuladores decisivos, a maior parte da classe política do estado joga suas cartas na capital federal. É lá que as alianças são costuradas, os apoios são medidos e os recursos, negociados. O jogo de 2026, para o Tocantins, começou longe de casa.

 

Nesse contexto, a sabedoria popular, nos oferece uma metáfora perfeita: o cozimento da pupunha. Quem já se aventurou na tarefa sabe que a pressa é inimiga da perfeição. É preciso ciência, conhecimento e, acima de tudo, a sensibilidade para baixar o fogo no momento exato. Do contrário, a iguaria "croa” fica dura, crua, intragável. Na política, a analogia é direta, uma articulação precipitada, uma candidatura lançada fora de tempo ou uma aliança mal cozida podem resultar em um projeto político que já nasce inviável. O tempo, como grande professor, ensina que a paciência vale mais que a ânsia pelo protagonismo.

 

 

 

E se "todo cuidado é pouco", este ditado se aplica com força ao grupo governista. Nos próximos 157 dias, o período que nos separa do ano eleitoral, a atual gestão enfrentará um triplo desafio, um verdadeiro teste de sobrevivência política: O fogo amigo, muitas vezes alimentado por disputas internas e pela vaidade, pode empurrar aliados valiosos para os braços dos adversários. Cada peça perdida no tabuleiro governista é uma peça ganha pelo outro lado.

 

Tão perigoso quanto alienar um parceiro é transformá-lo em mártir. Uma perseguição política, mesmo que velada, cria uma narrativa poderosa para o "vitimizado", que pode capitalizar a simpatia do eleitorado e ressurgir com força, seja como um dissidente barulhento ou como um futuro opositor.

 

A máquina pública e suas benesses são ferramentas de poder. Usá-las para apaziguar ou cooptar adversários declarados é uma estratégia de altíssimo risco. É como aquecer uma serpente no seio: a lealdade comprada é efêmera e em algum momento a picada é quase certa.

 

 

Aqueles que desejam continuar se alimento das benesses do poder, com empregos apadrinhados em cargos em comissão ou em direção, cargos de chefias e continuam a rezar para dois senhores, a porta da frente do Diário Oficial estão abertos como serventia da casa. Neste quesito só há duas arquibancadas: governistas e oposicionista. É preciso decidir em qual lugar sentar.

 

Oposições

 

Até o momento, o que se vê é um movimento fragmentado, carente de uma bandeira unificadora, de um projeto claro que dialogue com os anseios da população. Sem identidade, sem rotos e dividida, a oposição corre o risco de se tornar "comida de onça no agreste", como diz o dito popular. Uma presa fácil para a máquina governista, que, neste quesito, mantém o controle e é onde, por enquanto, somente o governador dá as cartas.

 

Em meio a essa guerra de posicionamento, surge a mais perigosa de todas as armas: a desinformação. Tanto a base governista quanto a oposição já começam a se alimentar de um banquete tóxico de mentiras, fofocas e fake news, muitas vezes "temperados com creolina", como em uma imagem forte e precisa. Este é um veneno que contamina pelos ouvidos e mata pela boca. Políticos e eleitores que se "empanturram" de narrativas distorcidas acabam por sucumbir ao próprio discurso, morrendo pela palavra mal calculada ou pela mentira que um dia acreditou ser verdade.

 

Mais do que articulação, os próximos cinco meses serão depuração. Será um teste de resiliência para não se envenenar com as próprias palavras nem com as intrigas alheias. Quem sobreviver a este período de cozimento lento e perigoso, com a audição seletiva e a boca prudente, chegará a 2026 com chances reais de sucesso. A sorte está lançada para ambos os lados, mas no jogo da política tocantinense, ela certamente favorecerá os mais cuidadosos. O tabuleiro sucessório está em erupção e todo cuidado é pouco. Qualquer erro pode ser fatal.

 

 

{loadposition compartilhar} {loadmoduleid 252}