O Observatório Político de O Paralelo 13 tem percebido que a antecipação em quase dois anos do processo sucessório estadual foi equivocada e pode ter reflexos nocivos, a longo prazo, para a população tocantinense.
Por Edson Rodrigues
A briga por um dos cargos eletivos em disputa no Estado está tão acirrada, tão nervosa e tão indefinida, que os senhores candidatos ao governo estão esquecendo do que mais importa para o povo tocantinense: um plano de governo palpável, realizável e baseado nas grandes demandas do nosso povo.
Até agora, nenhum partido, nenhum grupo político e nenhum candidato fez, sequer, um seminário para discutir com as entidades classistas e representativas, as ideias, os temas que devem, obrigatoriamente, estar presentes nos planos de governo.
Ninguém procurou a Fieto, o Sebrae, a Federação da Agricultura, a OAB, as entidades que representam a Educação, os trabalhadores e os servidores públicos, para traças as primeiras linhas de um rascunho de plano de governo.
Isso só demonstra que os planos de governo correm o sério risco de serem feitos no estilo “maquiagem”, “perfumaria” ou, em outra palavra, proforma, ou seja, nenhum dos candidatos ao governo está demonstrando compromisso com o futuro e com o desenvolvimento do Tocantins. Estão, há dois anos, pensando apenas em chegar ao poder, da forma que der ou puder, sem deixar claro como pretendem assumir as rédeas da resolução dos problemas históricos do Tocantins, como a industrialização, a geração de empregos e a capacitação de mão de obra.
PRIORIDADE TOTAL
Tirar a população economicamente ativa do Tocantins da dependência de cargos nas administrações estadual e municipal é uma prioridade total. O governo do Estado não pode mais continuar sendo o maior empregador, pois gera uma acomodação na população e nas empresas, que não buscam formação, capacitação ou partem para o empreendedorismo.
É preciso ser feito um grande pacto com o Sebrae, com o Senac e com a Fieto para a capacitação da mão de obra necessária para que grandes indústrias e empresas possam investir no Tocantins sem precisar importar mão de obra, como tem acontecido desde a criação do nosso Estado.
Nossa juventude está chegando ao mercado de trabalho sem um curso técnico, um curso de inglês, um conhecimento específico de uma área de atuação no comércio ou na indústria, fazendo com que a maior preocupação dos pais dessa juventude seja arrumar um contrato com um político amigo da família para que o jovem receba, pelo menos, um salário mínimo, desempenhando uma função que não exija muito conhecimento, nas prefeituras, Câmaras Municipais e nos órgãos do governo estadual, muitas vezes se humilhando para que isso aconteça.
QUESTIONAMENTO E PROVOCAÇÃO
Essas questões precisam ser colocadas à mesa junto aos candidatos ao governo. Eles precisam ser questionados sobre como pretendem resolver esse problema, se têm essa preocupação ou essa prioridade em seus planos de governo.
As eleições de outubro não podem ser, simplesmente, a troca dos que não deram certo e a permanência dos que foram mais notados pela população. Elas precisam ser um marco na história do Tocantins como o pleito que vai mudar os rumos da nossa economia.
Os candidatos a governador precisam ser sabatinados, área por área, desde a pavimentação das estradas até a realização de concursos públicos, passando pela segurança, pela saúde, pela terceirização, pelas parcerias público-provadas, para que ou sejam desmascarados ou comprovem que estão realmente preparados para assumir um Estado pobre, sem industrias, com regiões inteiras, como o Bico do Papagaio e o Sudeste, dependentes apenas dos cargos públicos.
A geração de empregos e renda tem que ser estudada, região por região, com cursos profissionalizantes de acordo com as potencialidades de cada uma. De nada adiantam faculdades e universidades para formar médicos, arquitetos, engenheiros ou seja lá qual profissão for, se, para trabalhar, os novos profissionais terão que sair do Tocantins, pois não há crescimento econômico para absorver esses jovens privilegiados que conseguiram uma formação superior.
Isso precisa ser discutido e levantado junto aos candidatos ao governo para que eles, sem óleo de peroba, sem perfumaria e sem arrodeio, mostrem que têm planos, planejamento, capacidade e compromisso com o nosso povo.
Chega de reuniões políticas para discutir o sexo dos anjos e planejar picuinhas para prejudicar os adversários.
É hora do Tocantins ter candidatos a governador que saibam ser gestores, que sejam mais profissionais do que” políticos profissionais”. Que busquem as entidades que já citamos aqui para ajuda-los a priorizar ações que gerem desenvolvimento, que abram novos horizontes e que deem dignidade ao povo tocantinense.
Capacitação de mão de obra, industrialização e geração de empregos.
Se estes três assuntos não saírem da boca do seu candidato ao governo, repense seu voto. Pois sem esses pilares, o Tocantins continuará, eternamente, sendo “o Estado do futuro”, sem que esse futuro chegue, nem para você, nem para seus filhos, muito menos para os seus netos.
Reflitam!