Os bloqueios à rodovias federais (e estaduais) conduzidos por caminhoneiros radicais precisam ser debelados imediatamente, sob pena de a desordem se espalhar para o interior dos grandes centros populacionais e perderem o controle, com risco a saques ao comércio e destruição de propriedades privadas.
Liberdade de expressão tem limites. A democracia brasileira está sendo vilipendiada com essas ações totalmente desequilibradas, com palavra de ordem no sentido de que haja intervenção militar e seja implantada uma ditadura no país. O que os radicais da extrema direita precisam entender é que as eleições foram transparentes e ganhou quem o povo escolheu.
E entender que o presidente Bolsonaro perdeu por erros cometidos por ele mesmo e por seguidores próximos. Ou o “pintou o clima” quando se referiu a adolescentes venezuelanas em Brasília e o preconceito de que estavam se preparando para se prostituir não pesou no resultado das eleições? Ou a postagem totalmente desequilibrada do “parceirão” Roberto Jefferson nas redes sociais da filha, ofendendo de maneira chula uma semana antes da eleição a ministra Carmem Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, também não pesou?
E a ordem para que o ministro da Justiça se deslocasse para acompanhar a prisão de Roberto Jefferson, depois de disparar 50 tiros de fuzil e jogar três granadas contra policiais federais, pesou ou não pesou no resultado final? A cena patética de um deputada federal bolsonarista em uma rua movimentada de São Paulo com revólver na mão perseguindo uma pessoa, foi a gota d´água.
As principais lideranças mundiais – entre elas os presidentes dos Estados Unidos e da França e o primeiro ministro da Alemanha – reconheceram Lula da Silva como o presidente legalmente eleito e a segurança do processo eleitoral brasileiro. O momento é de reconhecer a derrota e se preparar para um novo embate eleitoral, seja nas eleições municipais, daqui a dois anos, ou nas próximas eleições para presidente da República, daqui a quatro anos.
O radicalismo pode levar a enfrentamento pessoal e gerar até derramamento de sangue, mas não vai mudar a realidade. É hora de cair na real, baixar as armas e respeitar o resultado das urnas. A liberdade de ir e vir e o direito à propriedade não pode ser desrespeitado, e com eles a própria Constituição Federal, por radicalismo político de quem quer que seja.
Os fatos ocorridos na tarde desta segunda-feira (24), em que o ex-parlamentar Roberto Jefferson resistiu ao cumprimento de um mandado de prisão emitido pelo presidente do STF, Alexandre de Moraes, atirando contra policiais federais, nos traz a péssima lembrança de um passado de ditadura que deixou feridas incuráveis nas famílias das vítimas da opressão, e o medo de um futuro incerto e da reação dos extremistas ante à nova prisão de um dos seus precursores.
Por Edson Rodrigues
Felizmente, hoje, vivemos em uma Democracia, que nos permite ir e vir, nos expressar e termos uma imprensa livre. Desta forma, quem quer que seja que tente desrespeitar essa conquista tão duramente alcançada pelo povo brasileiro, colocando em risco os preceitos da nossa Constituição Federal, seja por qualquer motivação, merece castigo exemplar, de acordo, justamente, com o que reza a nossa Carta Magna.
Tudo começou com afrontas, xingamentos e palavras do mais baixo nível desferidos por Jefferson em direção à ministra do STF, Carmen Lúcia. Já em prisão domiciliar e com acesso restrito aos meios de comunicação e às redes sociais, Jefferson não só burlou as regras, como o fez de forma gravíssima, principalmente por se dirigir a uma mulher da forma com que fez.
Dar tiros de fuzil e jogar granadas em direção aos agentes da Polícia Federal foi só o arremate cínico de quem não demonstra respeito nenhum pelas nossas instituições. Agora, além dos crimes por que vinha sendo punido, Jefferson deve enfrentar muitos outros processos. Será jogado no limbo dos presídios federais e no esquecimento político eterno, pois, cidadãos de bem, jamais o terão como exemplo nem como alguém digno de sua confiança ou votos.
Seu partido, o PTB, deve expulsá-lo de forma curta e direta, a não ser que queira ter sua ideologia associada aos atos que o mundo, hoje repudia.
TOCANTINS
Esse é mais um exemplo de que o Observatório Político de O Paralelo 13 vem percorrendo um caminho reto e consciente em seus editoriais, análises e panoramas políticos, ao clamar ao povo tocantinense que não saia de casa armado, nem material nem mentalmente, nestes dias que aproximam a realização da votação do segundo turno presidencial.
Se o clima já estava acirrada, com os dois candidatos concorrentes se acusando mutuamente e incitando suas militâncias a não deixar desaforos sem resposta, o ato tresloucado de Roberto Jefferson pode motivar revides de seus asseclas – como aconteceu durante o próprio cerco à sua casa, em que jornalistas foram agredidos por correligionários do ex-parlamentar – as chances de vermos pessoas de mente fraca partindo para as vias de fato por causa de política aumentaram exponencialmente.
O primeiro turno presidencial, que ocorreu em conjunto com as eleições estaduais, transcorreu de forma tranquila e harmônica, com o povo aceitando o resultado das urnas e se preparando para deixar seu voto, no próximo dia 30, para o candidato que mais lhe agrada.
Não é hora de se discutir quem é mais ou maior. A hora é de se pensar no que é melhor para o Brasil, para a Nação, de pensar em fortalecer a nossa Democracia e manter nossas instituições firmes e fortes.
Clara que todos temos nossas opiniões e devemos mantê-las firmes, sempre respeitando a opinião alheia e o direito de cada um ter a sua. Devemos convergir e agir em conjunto, sim, para termos um Tocantins melhor, sem fome, sem pobreza, com geração de empregos e desenvolvimento.
Que o eleitor tocantinense não se deixe levar pelo clima belicoso instalado entre os dois QGs de campanha. Que pense no que é melhor para o seu Estado e para seus concidadãos, e que cobre dos parlamentares que elegeu como seus representantes, o mesmo respeito às Leis, à Constituição e à Democracia, do qual o povo tocantinense pode se orgulhar.
Por uma reta final sem mortes, sem brigas, sem conflitos e sem confusões. Por uma eleição democrática e discutida apenas no campo das ideais.
Depois dos fatos de ontem, os órgãos fiscalizadores e investigativos federais estarão agindo com mais rigor ainda para evitar que atos semelhantes ao perpetrado pelo ex-parlamentar não se repitam. Qualquer tentativa de revide ou de violência, será duramente reprimida, de acordo com os rigores da Lei.
Que o Tocantins passe bem longe disso.
É o que rogamos, em nome do Nosso Senhor, Jesus Cristo!
Por Edson Rodrigues
Os candidatos de oposição à candidatura do governador Wanderley Barbosa à reeleição precisam criar formas de assegurar os votos já conquistados e trazer para o seu lado os eleitores indecisos e os que admitem mudar de candidato, pois o chamado “voto útil” pode acabar com o sonho de um segundo turno no Tocantins.
Voto útil é o voto do eleitor que não tem identificação ou compromisso com nenhum candidato, mas que, influenciado pelas pesquisas de intenção de voto, acaba optando, no último momento, por votar no candidato que estiver em primeiro lugar nas pesquisas para não “perder” seu voto. É útil, mas não é consciente.
VOTO EM GOVERNADOR É UMA DECISÃO PESSOAL
No Tocantins, a maioria dos eleitores está nas classes C e D, cerca de 800 mil eleitores. São pessoas mais humildes, com menos posses, pouca escolaridade, mas formados na “escola da vida”, e tendem a escolher candidatos que, de alguma forma, tenham origens parecidas ou personalidade com a qual se identificam.
Pois, na eleição atual, o grande beneficiado com essa escolha pessoal da maioria dos eleitores é exatamente o governador Wanderlei Barbosa, a começar pela identificação de sua família com a população originária de Taquaruçu, que abriu mão da própria emancipação política para dar origem à Capital, Palmas. Fenelon Barbosa e a saudosa Dona Maria Rosa, tinham como prioridade os mais carentes, trazendo a cara e o “cheiro” do povo para a administração municipal, e geraram filhos-políticos com o mesmo jeito, hoje chamado de “curraleiro”, todos sem manchas em suas fichas políticas, humildes no trato com o povo e sempre ativos na causa social.
Wanderlei Barbosa, o Lelé, vem demonstrando respeito aos seus adversários, suas mensagens nos programas do Horário Obrigatório de Rádio e TV refletem sempre estar aberto ao diálogo e em constante atenção para com as demandas da população, comprometido em entender os gargalos são os obstáculos que impedem que as ações de governo tragam benefícios a todos os que precisam. Ou seja, tentando intensificar e tornar mais efetiva a atuação do governo em relação à totalidade da população.
Outro diferencial de Wanderlei é diversificar seu discurso, abrangendo desde os pequenos produtores familiares até a industrialização, preocupado em aquecer a economia do Estado de uma forma que todas as classes sociais sejam beneficiadas, pois, empresários satisfeitos, dividem a “bonança” com seus funcionários e, estes, com suas famílias.
MUDAR DE DISCURSO
Por isso, nestes poucos dias que faltam para o fim da campanha e o dia da votação, as oposições precisam mudar seu discurso, deixar os ataques e o denuncismo de lado e apresentar propostas palpáveis e realizáveis, para tentar diminuir a lideranças das campanhas de Wanderlei ao governo e de Dorinha Seabra para o Senado e mostrar aos eleitores que são, sim, capazes de entender o Tocantins como um Estado que precisa sair da estagnação e partir para atingir toda a pujança do seu potencial. Deixar de ser um Estado rico com um povo pobre.
Fake News e resultados de pesquisas falsas são vistos pelo povo – que não é bobo – como desespero de causa, falta de capacidade e má índole, o que pode resultar no sepultamento político de nomes e legendas após o resultado final, a ser apresentado ainda no próprio dia dois de outubro.
A noite do próximo domingo pode marcar uma nova era para o Tocantins.
Que Deus nos ajude!
A 16 dias da eleição, 69% dos eleitores brasileiros ainda não decidiram em que vão votar para deputado federal e 70% ainda não decidiram o voto para deputado estadual. É o que mostra a nova pesquisa do Datafolha, encomendada pela TV Globo e pelo jornal Folha de S. Paulo, divulgada na última sexta-feira (16).
Por Edson Rodrigues
Os mais indecisos são os jovens (16 a 24 anos), com taxa de 77% de indecisos, os que têm ensino fundamental, com 74%, e os que vivem na região Sul, com 75%.
A pesquisa mostra que entre os que já decidiram o voto para deputado federal (31%), 14% vão votar em candidatos do mesmo partido ou da mesma coligação do candidato em que vão votar para presidente. Ao mesmo tempo, 9% vão votar em candidatos de coligação ou partido diferente; 7% não souberam dizer.
TOCANTINS: AINDA HÁ TEMPO
No Tocantins a situação não é diferente. Faltando duas semanas para o dia dois de outubro, Observatório Político de O Paralelo 13 teve acesso aos resultados de pesquisas sobre as intenções de votos proporcionais encomendadas por diversos grupos políticos ou empresariais de várias vertentes e os resultados revelaram que, em média, 43,5% dos eleitores ainda não decidiram seus votos para as eleições proporcionais.
Como em todo o Brasil, a maior parte dos indecisos está entre os jovens de 16 a 26 anos de idade e nos maiores colégios eleitorais – Palmas, Araguaína, Gurupi e Porto Nacional.
Apesar da campanha do TSE incentivando jovens de 16 anos acima a tirar seu título de eleitor, os jovens não conhecem boa parte dos candidatos a estadual ou federal, principalmente os que estão concorrendo à reeleição, e poucos parecem dispostos a realmente discutir a política. Há um descontentamento massivo.
Os eleitores que são chefes de família, que sustentam seus filhos com muita luta e diante da precariedade do serviço público nem sempre têm tempo de buscar conhecimento ou aprofundar-se no universo político e, os mais idosos não têm o mesmo acesso às redes sociais, como os jovens, ficando limitados a definir seus votos pelo conhecimento prévio dos políticos tradicionais ou pelos programas do Horário Obrigatório de Rádio e TV.
Traduzindo, são muitos os eleitores a serem conquistados e, para felicidade dos candidatos, ainda há tempo para isso. Os números mostram que ninguém já ganhou, assim como ninguém já está derrotado.
AMBIENTE POLÍTICO PROPÍCIO A MUDANÇAS
Não é novidade para ninguém que sociedade clama por mudança. E essa necessidade de mudar, testar algo novo, recomeçar, só pode ser atestada nos eleitores que estão atentos à realidade política atual. Esses eleitores anseiam por mais representatividade e desejam mudanças nas representatividades tanto na Assembleia, quanto na Câmara dos Deputados.
Mas, e os indecisos e os que pretendem votar em branco ou anular seus votos? O que querem esses eleitores?
Esses eleitores querem ser municiados de informações, saber o que os candidatos à reeleição para cargos proporcionais fizeram durante seus mandatos e o que os candidatos novatos pretendem fazer de diferente.
E isso só se consegue com um trabalho de marketing e de comunicação que dialogue especificamente com esses eleitores. O tempo do corpo a corpo do abraço e do tapinha nas costas já passou.
A campanha atual requer reuniões sem o clima festivo, mas com conteúdo didático, mostrando as propostas e as formas de aplica-las. Requer um investimento maior nas mídias tradicionais, jornais e sites de notícia, em que se possam detalhar ou o que já foi feito – e os resultados disso – ou o que se pretende fazer para mudar a realidade política atual.
E qual candidato proporcional tem feito isso? A resposta é poucos.
Isso deixa os candidatos a um primeiro mandato com um solo fértil para divulgar seus planos de ação, pois não têm medo de utilizar a mídia, sabem trabalhar nas redes sociais e estão mais antenados às novas formas de comunicação, enquanto que os candidatos à reeleição apostam em suas páginas de facebook, em seus sites parlamentares nos quais, se fizerem uma pesquisa, o total de acessos beira a nulidade, pois é nas mídias eletrônicas, nas redes sociais, nos veículos de comunicação que a população faz suas pesquisas.
Alguém, por acaso, já viu perfil de parlamentar aparecer em primeiro lugar nas pesquisas do Google?
Isso nunca aconteceu nem vai acontecer. São os sites de notícias e os veículos tradicionais de comunicação que estão sempre sendo consultados e são a primeira opção da população na hora da pesquisa por fatos.
Os tempos são outros, e o candidato que antes tinha seis meses para percorrer o Estado têm 45 dias para cumprir agenda, falar com as pessoas e neste cenário ter à imprensa tradicional e de credibilidade como aliada, pode abrir seu leque de divulgação e ter um número incalculável de pessoas alcançadas.
Fica a dica!
Foram anuladas, para todos os efeitos práticos, as garantias que a lei fornece para a sua palavra, o seu direito de reunião e o seu voto nas eleições para a Presidência da República
Por: J. R. Guzzo (Revista Oeste)
A opinião deixou de ser um direito básico do brasileiro. A “democracia”, nome que o ministro Alexandre de Moraes, a esquerda nacional e o seu candidato à presidência da República deram ao sistema de poder absolutista, ilegal e pervertido que o alto judiciário criou para governar a sociedade deste país, tornou-se mais importante que a vida de cada cidadão — mais que os seus direitos individuais, as suas preferências políticas e a sua liberdade. A proteção por escrito que a Constituição Federal lhe assegura não vale mais. Foram anuladas, para todos os efeitos práticos, as garantias que a lei fornece para a sua palavra, o seu direito de reunião e o seu voto nas eleições para a Presidência da República. Democracia no Brasil, hoje, é o que querem o ministro Moraes, as elites que o apoiam e o consórcio nacional contra a liberdade que se formou para apoiar a volta ao governo do ex-presidente Lula. Não existe outra opção. Ou você aceita isso — ou é condenado por ser “contra o regime democrático”, “a favor da ditadura” e outros crimes políticos hediondos. A Polícia Federal, por ordem pessoal de Moraes, pode invadir sua casa ao nascer do dia e levar de lá o que bem entender. Suas comunicações pessoais podem ser violadas. Suas contas bancárias podem ser bloqueadas. Podem “desmonetizar” os rendimentos do seu trabalho. Você pode ser interrogado pela polícia. Pode ser processado criminalmente. Podem lhe enfiar uma tornozeleira eletrônica. Podem lhe aplicar multas impossíveis de se pagar. Você pode ir para a cadeia; muitos já foram, inclusive um deputado federal em pleno exercício do seu mandato.
É essa a democracia de Moraes, do STF e dos seus devotos — a democracia que persegue emojis
Este é o mundo do ministro Moraes, do STF e de todos os que se uniram na guerra às liberdades públicas e aos direitos individuais. Ele funciona na base da perseguição policial, de uma lavagem cerebral agressiva contra o pensamento livre e do uso da máquina do Estado para impor o medo. Nega-se, basicamente, o direito de escolha — condição elementar para a existência de qualquer democracia. A questão-chave, aí, é muito simples: o STF, as classes intelectuais, a mídia em peso e os grupos com interesses materiais feridos, a começar pelos que perderam o poder e estão exigindo esse poder de volta, querem proibir as pessoas de votarem em Jair Bolsonaro para presidente. Não importa, minimamente, se ele fez um governo bom, ruim ou péssimo; isso mal chega a ser falado no meio da gritaria. A única coisa que interessa é que Bolsonaro seja destruído, e aí vale qualquer coisa — dizer que ele é genocida, impediu a população de tomar vacina, chefia “milícias” no Rio de Janeiro, é aliado do “centrão”, aumentou a fome e fez mais um monte de horrores cujo único traço em comum é a falta de nexo das acusações. Não se diz, é claro, que o governo federal comprou e pagou 500 milhões de doses de vacina, ou que o “centrão” é integralmente formado por deputados eleitos pelo voto popular, ou que o Brasil está entre os países do mundo que melhor resistiu aos desastres econômicos da Covid. Nada disso é argumento na “democracia” ora em vigor no complexo STF-Lula-elites. Só valem o Tribunal de Inquisição do ministro Moraes e as suas fogueiras; é o ponto mais baixo a que chegaram as liberdades políticas do Brasil desde a imposição do Ato-5.
Trata-se de um jogo que só tem piores momentos, mas ainda assim há momentos piores que os outros. O pior de todos eles até agora, por tudo o que contém de palhaçada grotesca, velhaca e mal-intencionada, bem que poderia ser essa “operação” contra os “empresários golpistas” que o ministro Moraes, a mídia e advogados lulistas acabam de levar ao ar. Pretendem ser heroicos; estão sendo apenas histéricos. Não há empresário golpista nenhum; há apenas um grupo de cidadãos que defende a candidatura de Bolsonaro para a Presidência da República. Não fizeram nada de mais. Apenas trocaram mensagens entre si, falando de desejos pessoais, de coisas que gostariam de ter visto, e não aconteceram, e uma porção de outros assuntos que fazem parte do repertório habitual das conversas políticas entre amigos, numa mesa de botequim ou na hora do churrascão — e nas quais, até onde se saiba, a lei garante que cada um diga o que bem entender. Não fizeram nenhum comício, não escreveram nada nas redes sociais, não produziram vídeos, nem áudios, nem cartazes — só conversaram entre si, num grupo fechado de WhatsApp cuja privacidade foi violada e teve o seu conteúdo publicado na imprensa. Só isso — o resto é pura conversa de polícia secreta em ditadura subdesenvolvida. Golpe pelo WatsAppp? Que diabo de história é essa? Um dos participantes do grupo manifestou a sua opinião através de emojis. Golpista por ter clicado uma figurinha de celular? Os inquisidores não percebem o que estão fazendo; não veem limites para a sua comédia. É essa a democracia de Moraes, do STF e dos seus devotos — a democracia que persegue emojis.
Por acaso esse grupo de WhatsApp tem armas pesadas para tomar o governo, ou estava organizando grupos armados?
Moraes, a imprensa e o restante do consórcio nacional contra a liberdade estão dizendo o seguinte: você não pode ter uma conversa particular com um amigo dizendo que “este país só tem conserto com um golpe”, que não admite a volta de “um bando de vagabundos” ao governo, ou coisas assim. Qual é a lei que impede alguém de dizer, só dizer, isso ou aquilo? E se o sujeito for a favor do AI-5, por exemplo — qual seria o problema? Onde está escrito que isso é ilegal? Por acaso é proibido falar dentro da sua própria casa? Se um vizinho (ou um jornalista) ouvir o que você está dizendo, ele pode sair correndo para denunciar ao ministro Moraes? É onde estamos neste momento de heroísmo e coragem, segundo a mídia, na “luta pela democracia”. Os participantes do grupo estão sendo apresentados na imprensa, diretamente e sem nenhuma dúvida, como “empresários golpistas” — isso mesmo, “golpistas”, como se fosse um fato provado e definitivo. Como assim, “golpistas”? Por acaso esse grupo de WhatsApp tem armas pesadas para tomar o governo, ou estava organizando grupos armados? Tem depósitos de munição ou campos secretos de treinamento? Pode mandar os tanques saírem para a rua? Dá ordens aos paraquedistas ou aos fuzileiros navais? Tem meios para controlar os aeroportos, as usinas de energia elétrica e o abastecimento de óleo diesel? Golpe é isso, entre dezenas de outras coisas da vida real — e não existe nada disso, é claro. Também não se informa como os “empresários golpistas” dariam o seu golpe, na prática. Qual é o seu plano de operações? Quem faz o que, quando e onde? Quem comanda? Não existe golpe de Estado sem comando; alguém ter de ser o novo presidente. Vai ser quem, e por quanto tempo? Esse mesmo, que já está no Palácio do Planalto? Outro? Vão fechar o STF? E o Congresso — o que será feito com o Congresso? Cassa todo mundo? E depois de cassar — vai haver eleição de novo? Quando? Quem pode concorrer? Os 27 governadores vão ficar nos seus cargos — ou serão substituídos por 27 interventores federais? Os nomes desses interventores já foram escolhidos? Por quanto tempo vão ficar nos cargos? Está na cara que ninguém organizou coisa nenhuma; é tudo perfeitamente ridículo, nessa armação grosseira que tem como único objetivo atemorizar os militantes da candidatura de Bolsonaro e tentar que calem a boca.
O “golpe dos empresários” se dá num ambiente de psicose política geral. Parece que Bolsonaro, ao longo desses últimos três anos e meio, provocou um curto-circuito definitivo na capacidade de raciocinar dos seus opositores. É uma espécie de queda maciça do sistema, como acontece nos computadores — “deu pau” em tudo. A argumentação lógica, aí, foi para o espaço. Não há mais debate político verdadeiro, nem livre trânsito de ideias contrárias; há, unicamente, uma guerra religiosa, fanática e sem limites morais contra o “bolsonarismo”, como é classificado hoje em dia todo o posicionamento de quem queira optar, segundo permite a Constituição, pela reeleição do atual presidente — ou de quem não queira votar em Lula. Os brasileiros a favor de Bolsonaro (foram quase 58 milhões nas eleições de 2018) são tratados como delinquentes sociais. Foram declarados inimigos do “estado de Direito”; na melhor das hipóteses, são considerados idiotas na fronteira da debilidade mental. Pede-se em público a sua eliminação física — da mesma forma como se exibe abertamente um vídeo no qual um grupo de pessoas aparece jogando futebol com a cabeça do presidente da República. Como na ditadura comunista da antiga Rússia, onde quem discordava do governo era trancado num hospício, a democracia do STF tem certeza de que os cidadãos que discordam das suas decisões só podem ser loucos. Se não forem loucos, são criminosos. Mordaça neles — ou o xadrez do STF.
É essa psicose coletiva que leva a momentos como os do Jornal Nacional, nessa sua última entrevista com Bolsonaro. Não foi um trabalho de jornalismo; foi um interrogatório em delegacia de polícia, com o delegado querendo falar mais que o interrogado. (A um certo momento, no que possivelmente terá sido uma inovação nas técnicas do telejornalismo contemporâneo, o entrevistador leu uma das perguntas — isso mesmo, leu.) É também o que faz da presença da população nas ruas, neste próximo Sete de Setembro, um ato ilegal a ser punido por lei, segundo se adverte — e se recomenda — em setores da “sociedade civil”. O recado é o seguinte: cuidado. Fique em casa, ou você pode ser preso. É, ainda, a proibição de um anúncio contra o comunismo na parede de um edifício em Porto Alegre; não era um outdoor de campanha, coisa que a “lei eleitoral” proíbe, mas apenas um outdoor com um pensamento. Não pode. O juiz decidiu que é “desnecessário”. Eis aí uma definição realmente admirável da nossa atual democracia — não é necessário pensar, e nem é recomendado pelas autoridades. A mesma neurose geral explica o pedido do PT para que a justiça proíba Bolsonaro de fazer campanha eleitoral durante o “horário de expediente”. Exigem que ele só fale ao público de madrugada, ou tarde da noite; querem impedir, simplesmente, que o homem faça campanha, uma das situações clássicas de eleição debaixo de ditadura.
A maioria da mídia está em guerra aberta contra Bolsonaro; a militância deixou as páginas de opinião e passou a contaminar todo o noticiário, onde é comum se ler, em vez de informação, que o presidente “mentiu” para os embaixadores estrangeiros, ou que ouviu “calado” o discurso de posse do ministro Moraes no TSE, esse cabide de empregos criado numa ditadura do passado e que controla as eleições no Brasil. Quando tem de publicar que a inflação está em queda, diz que não é grande coisa, pois ela também está caindo na Armênia; quando registra a volta do emprego aos níveis de antes da Covid, diz também que o governo não fez nada para diminuir “a fome” — sem demonstrar com fatos, em nenhum momento, que haja fome no Brasil. É uma coisa obviamente burra, antes de ser parcial, falsa ou desonesta — e mais uma demonstração da falência geral de órgãos que a ideia fixa do antibolsonarismo foi capaz de produzir no equipamento cerebral dos jornalistas. É, seguramente, a fase mais indigente a que a imprensa brasileira chegou em sua existência — situação que coincide, concretamente, com o pior momento em suas tiragens e com sua redução a produto de higiene para cães domésticos, por parte de distribuidores incomodados com material não vendido.
O consórcio nacional contra a liberdade criou um clima de opressão no Brasil: isso faz muita gente esconder que vai votar em Bolsonaro, com receio de represálias na vida social, ou no ambiente de trabalho, ou até na própria família. Outros, simplesmente, não abrem a boca para não levantarem a ira do ministro Moraes e a arbitrariedade dos seus inquéritos policiais. Que democracia é essa, onde a livre preferência política passa a ser um sentimento clandestino? Nunca houve no Brasil, como agora, tanto ódio político e tão pouca esperança na volta da paz. O fato é que Bolsonaro seria mais tolerado se fosse um ditador boçal que está no governo por força de um golpe de estado. Mas ele não é isso. Daí a democracia a la STF entra em parafuso. Não se admite que o governo tenha sido eleito, que seja popular e que esteja obtendo uma inflação de 7% ao ano. Não se admite que, ao fim de 2022, a inflação brasileira será menor que a dos Estados Unidos. Não se admite que esteja em vigor um auxílio familiar de R$ 600 por mês, em dinheiro, para os pobres. Não se admite que neste preciso momento haja queimadas na França e na Espanha e não na Amazônia — ou que os incêndios na floresta amazônica foram cinco vezes maiores nos governos Lula do que na gestão de Bolsonaro. Não se admite que o preço da gasolina esteja caindo.
“Essa gente” tem mesmo de ser detida, diz a democracia do ministro Moraes. Comete o crime de pensar
Não se admite, acima tudo, que possa haver vida inteligente no governo; os formadores de opinião ficam doentes com isso. Poucos episódios poderiam demonstrar essa frustração tão bem quanto uma comparação feita com humor, recentemente, numa visita do ministro Paulo Guedes à França. Guedes disse que seria idiota acusar o governo francês pelo incêndio da Catedral de Notre Dame, em Paris. Da mesma forma, observou, é idiota criticar o governo do Brasil pelas queimadas na Amazônia, que ocupa uma área territorial maior que a Europa — e não um quarteirão de cidade como a igreja matriz dos parisienses. Foi um ataque generalizado de nervos. Como um bolsonarista pode ter um momento como esse? Como pode dizer uma coisa espirituosa, ou engraçada? Não pode. “Essa gente” tem mesmo de ser detida, diz a democracia do ministro Moraes. Comete o crime de pensar — e isso é terminantemente proibido no Brasil que está a caça de “empresários golpistas”, de genocidas e de outros indesejáveis.