Governo de Rondônia desvia vacinas, frauda relatórios e exporta doentes
POR AUGUSTO NUNES | Do R7
Confrontados com a escassez de leitos de UTI, acossados pelo recrudescimento da pandemia, os governantes de Rondônia decidiram contornar o problema percorrendo a trilha da bandidagem. Entre outras delinquências, desde o começo de dezembro os relatórios diários sobre os estragos causados pelo vírus chinês reduziram sistematicamente o número real de portadores de COVID-19 internados nos hospitais.
A conta da fraude chegou no último fim de semana, quando foi escancarado o colapso do sistema estadual de atendimento à saúde, em frangalhos sobretudo na capital, Porto Velho. No sábado, o governador Marcos Rocha (PSL) atribuiu à falta de médicos o patético pedido de socorro: ele e o secretário da Saúde imploraram ao restante do país que recebesse os doentes sem leito.
No domingo, 15 deles foram transferidos para o Paraná. No mesmo dia, o Ministério da Saúde cobrou do governo de Rondônia explicações para o desvio de 8.805 doses de vacina contra a COVID enviadas pelo governo federal. Nesta terça-feira, enfim, comprovou-se que os relatórios fraudulentos pretendiam driblar o decreto de isolamento, que obrigaria o governador Marcos Rocha a adotar medidas mais duras no duelo com o coronavírus.
O presidente Tancredo Neves dizia que a esperteza, quando é muita, fica grande e come o dono. Os caciques de Rondônia, aparentemente, ainda não sabem disso. Terão tempo de sobra para aprender a lição se a justiça presenteá-los com merecidíssimas temporadas na cadeia.
Em meio a palavrões, declaração do presidente ocorreu em um almoço com cantores sertanejos. O presidente disse ainda que mostrará em live nesta quinta-feira (28/1) que Dilma comprou mais leite condensado do que ele durante o mandato
Por Ingrid Soares
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira (27/1) durante almoço em evento fechado com cantores sertanejos que os gastos do governo federal com alimentos, entre eles R$ 15 milhões em latas de leite condensado, são para “enfiar no rabo da imprensa”. O chefe do Executivo almoçou em uma churrascaria acompanhado do presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci, dos ministros Fabio Faria, Ernesto Araújo, Tarcísio Freitas, Mario Frias, do filho Jair Renan e de artistas, como Sorocaba, Amado Batista e Naiara Azevedo.
“Quando vejo a imprensa me atacar, dizendo que comprei dois milhões e meio de latas de leite condensado, vai para puta que o pariu. Imprensa de merda essa daí. É para enfiar no rabo de vocês aí, vocês não, vocês da imprensa, essa lata de leite condensado”, disparou alterado. Enquanto discursava, foi aplaudido e ovacionado ao som de "mito" pelos ministros presentes.
O mandatário rebateu ainda dizendo que os produtos não são destinados à presidência. "Não é para a Presidência da República essa compra de alimentos até porque nossa fonte é outra. São para alimentar 370 mil homens do exército brasileiro e também programas de alimentação via Ministério da Cidadania, também alimentação via Ministério da Educação, entre tantos e tantos outros. Essas acusações levianas não levam a lugar nenhum e se me acusam disso é sinal que não tem do que me acusar", apontou.
Ele também falou sobre a compra de chicletes, justificou que os mesmos são destinados ao Exército e que não se trata de "mordomia". "Me acusam de ter comprado R$ 4 milhões de chicletes e quem já esteve no exército, já teve um catanho, pessoal sabe o que é um catanho, quem serviu, tem um chicletinho lá dentro. Isso não é mordomia, não é privilégio".
O presidente disse que mostrará em live nesta quinta-feira (28/1) que Dilma comprou mais leite condensado do que ele durante o mandato. "E deixar bem claro, amanhã na live, junto com o ministro Wagner Rosário da CGU, vamos demonstrar tudo isso, inclusive, que em 2014, a Dilma comprou mais leite condensado do que eu".
Investigação aponta desvio de doses para furar fila. David Almeida nega crimes
Com Poder360
O Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado), ligado ao MP-AM (Ministério Público do Amazonas), pediu a prisão preventiva do prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), e da secretária municipal de Saúde, Shadia Fraxe. Eles são investigados em ação que apura irregularidades na vacinação no Estado.
A Justiça Estadual declarou que a decisão não é de sua competência e remeteu o caso à esfera federal. Eis a íntegra (769 KB) da decisão.
Em nota, o prefeito de Manaus se disse “profundamente indignado com a atuação ilegal e arbitrária” do MP-AM. Ele declarou ainda que “não há o menor indício de desvio de recursos públicos, ato lesivo ao erário ou repercussão criminal”.
Além da prisão do prefeito e da secretária de Saúde, o MP pediu o afastamento dos cargos públicos de todos os investigados.
O Estado do Amazonas começou a vacinação contra a covid-19 em 18 de janeiro. Na 1ª semana da imunização, prefeitos e servidores públicos que não atuam no combate ao coronavírus “furaram” a fila determinada pelo Ministério da Saúde no PNI (Programa Nacional de Imunização).
O MP afirmou que a “omissão na planificação e execução da vacinação, com a transparência de rigor, indica a utilização dolosa das vacinas, vez que estariam sendo desviadas para atender a interesses particulares, e não públicos, situação apta a configurar a prática de ilícitos penais, pelo prefeito de Manaus, em conjunto com a alta cúpula da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa)”.
O órgão denunciou também irregularidades na contratação de 10 médicos para o cargo de gerente de projetos. Segundo o MP, a medida configurou a prática de falsidade ideológica e peculato por parte do prefeito de Manaus.
Os promotores afirmaram que as nomeações foram feitas de 18 a 19 de janeiro, “no acender das luzes da vacinação”. Shadia teria participado de forma direta nas contratações.
O MP disse que o grupo era formado por profissionais com “ligações políticas e econômico-financeiras de apoio político e eleitoral ao atual prefeito”. Alguns dos médicos tinham feito o registro no CRM (Conselho Regional de Medicina) em períodos que vão de 10 a 35 dias antes da contratação.
Segundo o órgão, a remuneração dos médicos é superior à faixa salarial determinada para profissionais no município. O cargo de gerente de projetos prevê o salário de R$ 9.000. Já o valor pago para médicos temporários da prefeitura é de R$ 6.9000.
Em decisão dessa 4ª feira (27.jan.2021), o desembargador José Hamilton Saraiva dos Santos declarou incompetência da Justiça Estadual para julgar o caso e o remeteu ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região.
O Gaeco declarou que o entendimento de que a matéria é de competência estadual.
“O interesse nacional é de todos os entes federativos, mas a questão da burla da fila de vacinação ocorre em meio à competência material municipal, que é de aplicação das vacinas, razão pela qual a competência é da Justiça Comum Estadual”, disse o grupo em nota.
Eis a íntegra da nota do prefeito David Almeida:
“O prefeito de Manaus, David Almeida, profundamente indignado com a atuação ilegal e arbitrária de membros do Grupo de Atuação e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Amazonas (MP-AM), em descompasso com o histórico de atuação institucional do Parquet, informa que ingressará com as medidas cabíveis contra os responsáveis. A medida cautelar foi rejeitada pelo Poder Judiciário estadual, de forma correta, principalmente por não ter havido qualquer ato realizado pelo Prefeito.
Além disso, não há o menor indício de desvio de recursos públicos, ato lesivo ao erário ou repercussão criminal.
Reitera a confiança no Poder Judiciário, nas instituições e na gestão transparente da cidade de Manaus.”
O jornal inglês Financial Times, o mais influente de economia na Europa, fez nesta segunda-feira (25) em seu editorial diversas críticas à condução do presidente Jair Bolsonaro na economia.
Por Congresso Em Foco
De acordo com a publicação, o Brasil elevou muito os gastos durante 2020 com o auxílio emergencial, que dava uma renda para trabalhadores informais. No começo, o benefício era de R$ 600, mas passou a ser de R$ 300 de setembro a dezembro. Em janeiro, o auxílio deixou de existir.
"O presidente Jair Bolsonaro gastou mais que qualquer outro país emergente, de acordo com o Instituto Internacional de Finanças, impulsionando os gastos do governo federal em quase 40% entre janeiro e novembro de 2020", diz o Financial Times.
O jornal inglês também reclamou sobre a falta de análise da reforma administrativa."Reformas vitais para cortar altos salários e regalias dos trabalhadores do setor público continuam paradas no Congresso."
"A maior parte da dívida brasileira de R$ 4,8 trilhões é de curto prazo e os vencimentos estão ficando apertados, quase 30% vencem no próximo ano. A inflação, um antigo pesadelo, está marcando em cima. Os mercados estão estimando um forte aumento na taxa de juros, começando neste ano. Até Bolsonaro declarou que o país está quebrado", disse a publicação.
VEJA DIZ QUE INÍCIO DE VACINAÇÃO ELEVA PRESSÃO SOBRE BOLSONARO, ENQUANTO ISTOÉ CHAMA DÓRIA DE “HOMEM DA VACINA”. ÉPOCA FALA EM “ERA PÓS VACINA”
VEJA
Conquista da ciência sobre o negacionismo, imunização influencia a opinião pública e arranha imagem do presidente
A vitória da vacina
Levou um tempo bem maior do que o necessário, mas o Brasil finalmente deu início à vacinação contra a Covid-19. O primeiro passo ocorreu no domingo (17), no Hospital das Clínicas, em São Paulo. Tão logo a Anvisa autorizou o uso emergencial de dois imunizantes, o governo paulista realizou uma cerimônia para que a enfermeira Mônica Calazans se tornasse a primeira pessoa a receber a CoronaVac, o fármaco que surgiu como uma aposta do governo de João Doria (PSDB) e foi desenvolvido pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac.
Nos dias seguintes, cenas semelhantes foram vistas em vários outros estados. Esse momento histórico representa não só um marco para a ciência brasileira, como também a primeira medida capaz de efetivamente salvar vidas na pandemia.
Por mais que o presidente Jair Bolsonaro e o Ministério da Saúde sigam recomendando de forma irresponsável tratamentos precoces e sem comprovação de eficácia para o combate à doença, como a célebre e polêmica cloroquina, somente um amplo e irrestrito programa de imunização poderá interromper a escalada de mortes e, por tabela, reativar a combalida economia brasileira. Até a quinta (21), apenas 105 mil pessoas haviam sido contempladas, mas esses números devem subir rapidamente nas próximas semanas.
Os desafios para imunizar todos os brasileiros são enormes, mas o início do programa, ainda que feito a passos trôpegos na parte sob responsabilidade do governo federal, renova as esperanças no país enlutado por mais de 212 mil mortes.
As revelações do livro de Cunha sobre bastidores do impeachment de Dilma
Na antevéspera do feriado de Nossa Senhora Aparecida, em 2015, uma reunião secreta na sala do apartamento do deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ), no 9º andar de um prédio de luxo de frente para a praia de São Conrado, na Zona Sul do Rio de Janeiro, definiu os rumos da história recente do país. Na manhã daquele sábado ensolarado, quatro políticos — além do anfitrião Maia, o então poderosíssimo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Carlos Sampaio, à época líder do PSDB na Casa, e o também tucano Bruno Araújo, o atual presidente nacional da legenda — acertaram como encaminhariam os procedimentos que resultaram, dez meses depois, no impeachment da presidente Dilma Rousseff. Os detalhes da trama desenhada pelo quarteto, em meio a goles de café e água, estão no livro-bomba Tchau Querida, o Diário do Impeachment, de 740 páginas, escrito por Cunha, hoje um político em desgraça, cassado, condenado a catorze anos e seis meses de cadeia e cumprindo prisão domiciliar. VEJA teve acesso a trechos do livro do ex-deputado, que acaba de fechar contrato de publicação com a editora Matrix, com lançamento previsto para abril.
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Istoé
Chegou a vacina brasileira pela persistência de um homem
João Doria enfrentou a sabotagem do governo Bolsonaro para viabilizar a vacina que mudou a história da pandemia no Brasil. As cenas emocionantes do dia 17 foram possíveis após um esforço que começou em 2019, quando o governador de São Paulo abriu uma representação comercial em Xangai. Depois de meses de luta, o Instituto Butantan já distribui o imunizante. A ciência triunfou e os farsantes serão julgados pela história.
Há quase um ano, o Brasil esperava um sinal de esperança diante da pandemia que já vitimou mais de 210 mil brasileiros. Ele veio no domingo, 17, às 15h29. Este foi o dia D e a hora H do início da imunização no País, com a vacinação de Mônica Calazans, uma enfermeira negra e pobre da periferia de São Paulo.
O momento histórico, que traz otimismo para 210 milhões de brasileiros, só foi possível graças à persistência e à resiliência do governador João Doria, que em dez meses viabilizou a Coronavac, enfrentando a sabotagem e a campanha de difamação movida pelo Palácio do Planalto. As cenas de vacinação pelo País foram emocionantes. Mais do que foi uma inflexão na história da doença, elas mostram uma mudança de humor com os rumos do País. O negacionismo do presidente e seus comandados não apenas multiplicou o desastre humanitário. Tirou a esperança de todos com base em desinformação e cinismo. A vacina, ao contrário, mostra que a vida voltará ao normal e que a aposta na ciência, nos profissionais de saúde e na boa política já aponta tempos melhores.
O bufão
Derrotado, Jair Bolsonaro confisca a vacina Coronavac e mente ao dizer que jamais a criticou em defesa da cloroquina. É deprimente o espetáculo protagonizado por um presidente bobo da corte.
Nostalgia dos anos de chumbo
O procurador-geral da República, Augusto Aras, em nota oficial, amedronta e ameaça o País com a ditadura do “estado de defesa”.
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Época
A vida pós-vacina
No domingo (17), a enfermeira Mônica Calazans, de 54 anos, funcionária do Hospital Emílio Ribas, saiu feliz de casa, na Zona Leste de São Paulo. Já estava ciente de que, aprovado o uso emergencial da CoronaVac, ela seria a primeira pessoa a ser vacinada em território nacional. Calazans não só integra o grupo prioritário por trabalhar na Saúde, como também é diabética e tem sobrepeso, fatores que podem resultar em infecções mais graves por Covid-19. “É isso que todos os brasileiros querem e é para isso que os cientistas estão trabalhando. Aos poucos vamos poder voltar a nos abraçar, a nos beijar, a fazer as mesmas coisas que fazíamos antes”, celebrou.
A experiência de outros brasileiros vacinados pelo mundo desde dezembro mostra que as coisas não precisavam ter sido complicadas assim. A cantora Midian Almeida, de 45 anos, mora em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes. Foi vacinada em dezembro com o imunizante do laboratório chinês Sinopharm. O processo foi simples: “Eles primeiro vacinaram os grupos prioritários e em dezembro abriram a vacinação para todas as pessoas, independentemente da idade. A divulgação foi intensa, fiz o agendamento pelo aplicativo e corri para me vacinar”, disse.
A aplicação da segunda dose ocorreu no início da semana. Apesar disso, a cantora mantém os mesmos cuidados de distanciamento social até que o país tenha a maior parte de sua população vacinada. “A vacina nos deu alívio e esperança de que isso tudo vai acabar um dia. Mas acho que ainda vai demorar um tempo para nos libertarmos e termos uma vida normal”, relatou. Em Abu Dhabi e Dubai, estrangeiros viajando a turismo também já podem se vacinar, desde que cumpram as regras de isolamento pós-imunização dentro do país.
Já no Brasil, por um misto de inépcia diplomática e logística, não conseguiu ainda fazer chegarem os esperados 2 milhões de doses da AstraZeneca, feitas na Índia, e tampouco tem perspectivas de receber os insumos farmacêuticos chineses para produzir in loco os imunizantes. Só na tarde da quinta-feira (21), a diplomacia indiana confirmou à agência Reuters que o país havia liberado a exportação de vacinas para o Brasil.
Erros em série colocam em xeque a permanência de Pazuello no governo
Assessores de Bolsonaro avaliam, contudo, sua saída agora pode atrapalhar a aliança com centrão. A confirmação na noite da quarta-feira (20) de que o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, decolaria no dia seguinte rumo a São Paulo e depois seguiria para Manaus, no Amazonas, sem data específica para voltar para Brasília, foi entendida como a senha de que, a despeito dos erros e de todo o caos dos últimos dias na condução da pandemia da Covid-19, o general estava mantido, ainda que temporariamente, no cargo. Pesou a favor de Pazuello a avaliação de que demiti-lo agora seria admitir o fracasso de todo o governo na condução da pandemia.
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