Por Edson Rodrigues
É com o mesmo sentimento de impotência, de tristeza e de abandono que os parentes dos pacientes com câncer sob a tutela do Estado, que iniciamos este editorial. Já sentimos na pele o que é ver um familiar sem cuidados médicos adequados, sem acesso à medicamentos que deveriam ser fornecidos pelo poder público e sem saber se, um dia, terão a atenção necessária que, como está na Constituição, é direito de todo cidadão.
É em nome dessas pessoas que faço um apelo ao governador Mauro Carlesse para que tenha piedade dos nossos irmãos tocantinenses e elenque a Saúde Pública como principal prioridade nas ações do governo do Estado, até que o acesso aos tratamentos, à medicação e a todo o Sistema de Saúde, esteja normalizado.
Tenho plena certeza de que o governado Mauro Carlesse não foi colocado a par da real situação do Hospital geral de Palmas e em todo o sistema de saúde do Estado. Como homem de ação, jamais concordaria com o que está acontecendo e, acreditamos que com este alerta, fará de tudo para mudar, imediatamente esse cenário.
CÂNCER
Os relatos de pacientes com câncer que tiveram o tratamento interrompido por falta de medicamentos são de doer na alma. Todos sabemos as mazelas, nas dores excruciantes, só aplacadas com morfina, que levam pessoas ao desespero e à humilhações indizíveis, que o câncer provoca tanto nos pacientes quanto nos seus familiares e ver pessoas minguando, murchando, literalmente, a olhos vistos, sem tomar nenhuma atitude, é desumano.
Tão desumano que pode até resultar em intervenções do Ministério Público e do Poder judiciário.
Mais desumano, ainda, se lembrarmos das dezenas de emendas impositivas para a realização de shows, vaquejadas, exposições agropecuárias e outros tipos de “circo”, quando o “pão” está em falta nos hospitais. Ainda dá tempo para revogar as rubricas para essas destinações de recursos e mudá-las para a compra de remédios oncológicos e para outras doenças graves, assim como insumos simples, como gaze, algodão, luvas, seringas....
Maior que o câncer patológico que atinge violentamente pessoas e famílias, é o câncer que impede que os recursos destinados para a Saúde cheguem ao seu destino final e, quando chegam, sejam aplicados devidamente.
AÇÃO
Não podemos ser omissos com esse descalabro que toma conta da Saúde Pública. Onde estão os valorosos membros do nosso Ministério Público, da Defensoria Pública? Precisamos de vocês! Precisamos de ação, de comoção, de compaixão!
O acesso à Saúde Pública é um direito de todo cidadão, assim reza a Constituição Federal, assim como reza o Código Penal que corrupção é crime. Basta ligar uma coisa à outra, e teremos o cenário perfeito para a tomada de atitudes. Será que seremos nós, jornalistas, que teremos que encabeçar essa reivindicação em prol da população? Será que teremos que chegar a esse ponto para que alguma coisa seja feita?
Voltamos a afirmar que acreditamos que o governador Mauro Carlesse não esteja a par do quão profundo é o poço das mazelas da Saúde Pública no Tocantins. Mas não podemos continuar com um sistema de saúde que age por provocação. Um paciente consegue a atenção da imprensa para o seu caso, a imprensa cobra o governo, e o governo resolve o caso daquele paciente.
Não é assim que funciona! Precisamos resolver os problemas de TODOS os pacientes. Não temos um jornalista para cada caso de descaso!
Conclamamos a população para que cobre dos seus representantes nas Câmaras Municipais, nas prefeituras, na Assembleia legislativa, na Câmara e no Senado Federal e o seu governador, para que se resolvam de vez os problemas da Saúde Pública em nosso Estado.
Para cada cantor que sobe no palco de um show gratuito, para cada peão que escoiceia bois e cavalos nas vaquejadas, há dez tocantinenses morrendo por falta de profissionais, insumos e medicamentos em nossos hospitais.
Que Nossa Senhora da Aparecida ilumine o nosso governador, Mauro Carlesse, mostrando o caminho para a redenção do sofrimento e da recuperação dos nossos enfermos!