O grande motivo para a senadora Kátia Abreu não ter conseguido os votos necessários para que fosse a indicada do Senado para o tribunal de Contas da União foi que o seu partido, o PP, não foi justo nem leal com ela.
Por Edson Rodrigues
O presidente nacional da legenda, Ciro Nogueira, ministro-chefe da Casa Civil do governo federal, não mostrou consideração nem respeito à senadora. Dentro do âmago do governo e sabedor da intenção de “tratorar” a eleição para a indicação, no Senado, ele deveria ter oferecido à Kátia uma saída honrosa desse processo, para evitar o constrangimento que a derrota causou.
Kátia discutia suas estratégias para conseguir a indicação com o próprio Ciro Nogueira e o avisou sobre o jantar com 40 senadores que aconteceu em sua residência na véspera da votação.
Senador Ciro Nogueira - ministro da Casa Civil
Pois foi munido dessas informações que o QG da presidência da República, segundo informações obtidas pelo Observatório Político de O Paralelo 13, na madrugada após o jantar, com orientações da própria Casa Civil, leia-se Ciro Nogueira, colocou em prática as articulações políticas que resultaram no “tratoraço” que vitimou não só Kátia, como Fernando Bezerra, líder do próprio governo no Senado, na votação do dia seguinte.
O senador Fernando Bezerra entregou o cargo de líder do governo no senado logo após a votação. Kátia Abreu pode ser substituída no comando do PP no Tocantins a qualquer momento.
Nosso Observatório Político já recebeu informações vindas da alta corte política de que o presidente Jair Bolsonaro quer escolher o candidato a senador, pelo PP, no Tocantins. E não será Kátia Abreu. Por essas e outras informações é que, mais tardar, até março de 2022 o PP do Tocantins pode ter uma nova Comissão provisória.
Senadora Kátia Abreu Dilma e Lula
Apesar disso, nosso Observatório Político, ouvindo várias lideranças com mandatos na Assembleia Legislativa, nos Executivos Municipais, nas Câmaras de Vereadores e na própria bancada federal tocantinense, detectou uma grande confiança na sabedoria e na capacidade combativa da senadora Kátia Abreu, que tem um passado ilibado, com passagens pela Confederação Nacional da Agricultura, pela presidência da Comissão de Relações Exteriores do Senado e pelo ministério da Agricultura, entre outros postos de grande relevância política, que pode surpreender a todos por reunir condições de ser aceita por outra legenda de forma triunfal, pela porta da frente. Essas lideranças ouvidas citam com um dos possíveis caminhos, o Partido dos Trabalhadores, que já concedeu um cargo de ministra à Kátia.
Por enquanto, tudo são apenas conjecturas, uma vez que ainda resta saber se o PT tocantinense tem compromissos com a vaga de candidato ao Senado com alguém de suas hostes.
Já outros cientistas políticos avaliam que, se o PT não puder oferecer a candidatura à reeleição para Kátia, existe uma alternativa de reconciliação entre ela e o ex-prefeito de Araguaína, Ronaldo Dimas, presidente estadual do Podemos e candidato ao governo, que já estiveram juntos no início das tratativas para uma união de forças, mas que acabaram tomando caminhos diferentes após a aproximação da senadora com o governador interino, Wanderlei Barbosa.
Outra alternativa seria o PDT, de Ciro Gomes, candidato à presidente da República, que acaba de ser alvo de uma operação da Polícia Federal e cujo desempenho nas pesquisas de intenção de voto está na casa dos sete pontos percentuais.
Kátia também pode fazer um recuo estratégico, vindo candidata a deputada estadual pelo PSD, partido comandado no Estado pelo seu filho, o também senador Irajá Abreu, com condições de ser a mais bem votada, com base na sua folha de serviços prestados ao povo tocantinense.
Kátia Com Governador Wanderlei Barbosa
Diante de tantas turbulência em sua vida política, Kátia Abreu pode tentar um pacto com o governador em exercício, Wanderlei Barbosa, para, juntos, formarem um mesmo palanque na campanha do ano que vem, com Wanderlei candidato à reeleição, assim como Kátia, em uma chapa majoritária forte e coesa.
A única unanimidade entre as lideranças e os cientistas políticos ouvidos pelo nosso Observatório, é que Kátia Abreu jamais aceitará continuar filiada a um partido que não lhe foi leal, muito menos honesto.
O momento de Kátia, agora, é esfriar a cabeça, aproveitar o aconchego familiar nas festas de fim de ano e, só depois disso, definir seu futuro político e escolher um partido que respeite seu passado e seu presente.